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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Teologia da Prosperidade: O que é? E o que ensina?


Chega-nos dos Estados Unidos da América a notícia de que Jim Bakker, um dos mais influentes mestres da Teologia da Prosperidade (daqui para a frente indicada pela sigla TP) renunciou publicamente essa teologia como errônea, com a publicação do livro I WAS WRONG (Eu Estava Errado) – Revista A Seara, fev/1997, p.30.

Enquanto isso, na outra América, os líderes das igrejas pentecostais no Brasil se mostram empolgados com os ensinos da TP, afixando em seus templos faixas com dizeres bombásticos, para atrair pessoas com a promessa de se tornarem ricas. É verdade que os cultos realizados com essa finalidade superlotam os templos, com a presença de crentes e interessados no assunto. E o ensino é levado a sério a tal ponto, que alguns pregadores recomendam aos crentes que possuem veículos usados, como fuscas velhos, estacionarem seus veículos bem distantes do local dos cultos. Os que possuem carros modernos, do ano, devem estacionar seus carros mais próximos, a fim de estimular a fé daqueles que estão se orientando pelos ensinos da TP.

E assim, o povo pentecostal do Brasil se sente motivado a buscar em primeiro lugar as riquezas, e depois o reino de Deus, invertendo a ordem de Jesus em Mateus 6.33: “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.

COMO CHEGOU AO BRASIL

“Se a morte física de Jesus fosse suficiente para cobrar a dívida dos nossos pecados, então todo o cristão poderia pagar a pena dos seus pecados com a sua morte” (Essek William Kenyon, considerado o pai da Teologia da Prosperidade).

KENNETH HAGIN

São poucos os brasileiros que sabem ler o inglês. Com isso, os pregadores da TP, da outra América, eram praticamente ignorados no Brasil. Com a tradução dos livros de Kenneth Hagin para o português, pela Editora Betânia [1], os crentes passaram a ter conhecimento dos conceitos da chamada TP, e esses conceitos são realmente fabulosos quanto ao incentivo pela busca da riqueza material.

Conta Hagin que Deus lhe disse: “não ore mais sobre dinheiro… peça o que precisar”. O Senhor continuou “você diz: Satanás, tire as mãos do meu dinheiro! Diga ordeno …nomeando o que quer ou deseja”. Eu disse ao Senhor: “Senhor, não creio que queiras que as nossas necessidades sejam satisfeitas, mas sim os nossos desejos”. Ele replicou: “No Salmo 23 está escrito: O Senhor é o meu pastor, nada me faltará!”. Portanto Deus continua: “Peça o que precisas ou deseja. Diga: Satanás, tire as mãos das minhas finanças. Depois diga: Ide, espíritos ministradores, e façam o dinheiro chegar” – How God Taught Me, 16-19, citado no livro “Os Fatos Sobre o Movimento da Fé”, editora Obra Missionária Chamada da Meia-Noite.

Com tais ensinos, os pregadores brasileiros logo descobriram o “jeito brasileiro” de tornar os cultos diferentes. Convida-se um pregador que adotou a TP e ele começa com formas de culto estranhas, nunca vistas em igrejas tradicionalmente pentecostais. Diz ele: “Ponha a mão no bolso e retire da carteira a nota de maior valor”. Os crentes, sem saber do logro em que vão cair, inocentemente tiram sua nota. “Agora – diz ele – troquem a sua nota com a do seu irmão ao lado”. Isso é feito e ele prossegue: “Jogue a nota da sua mão no chão e pise sobre ela, amaldiçoando-a em nome do Senhor Jesus”. Depois ele pergunta: “Vocês vão querer ficar com essa nota amaldiçoada? Certamente que não. Vamos passar a sacola para recolhê-las”.

Os diáconos passam as sacolas e recolhem o dinheiro. O pregador passa as saolas para o pastor local, que para não ficar com a maldição na sua igreja devolve ao pregador visitante. Quem lucrou com toda essa forma de culto estranho? O eloquente pregador da TP. Se não funciona para os ouvintes, para ele é funcionai. Não falha. Logo, logo, estará rico.

O DINHEIRO É REALMENTE UMA MALDIÇÃO?

À luz da Bíblia não. Foi ordem divina que o homem com o suor do seu rosto comesse o seu pão (Gênesis 3.19). O que a Bíblia condena é o amor ao dinheiro, afirmando que tal sentimento pode levar à idolatria: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviarem da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Timóteo 6.10). Dessa forma, como meio eficaz de enriquecer – não os crentes, mas os próprios teólogos da prosperidade – é que se vão conduzindo algumas igrejas pentecostais do Brasil. E a moda está pegando. Aquele pregador que não aderir é incrédulo, vive fora do contexto bíblico.

BENNY HINN

Benny Hinn veio ao Brasil. Na primeira vez esteve em São Paulo, onde pregou no auditório do Memorial da América Latina. Foi um acontecimento notável no meio dos pentecostais. Formaram-se caravanas de várias cidades no interior e litoral de São Paulo com destino à Capital. Ônibus lotados. Ninguém queria perder a oportunidade de ouvir e presenciar milagres. A fama dos milagres já tinha chegado ao Brasil. Além disso, ele também foi convidado para pregar para uma assistência seleta de pastores do Conselho dos Pastores da Capital de São Paulo.

Logo após a sua retirada, começaram as novidades por ele deixadas a serem copiadas pelos líderes presentes: os pastores começaram a assoprar no microfone para derrubar as pessoas. Quando não funcionava o assopro no microfone, o paletó era jogado. Quando ainda o paletó não derrubava, eram então aplicados empurrões na testa. E pessoas já adredemente preparadas para segurar os que caiam para trás. Não caiam com o rosto no chão, em humildade diante da augusta presença de Deus, como se observa em algumas partes da Bíblia. Sempre caiam para trás, para não se machucarem ao cair.

Ninguém pergunta se os ensinos de Benny Hinn são ortodoxos. Querem novidade que atraia os crentes. Que encham os templos. E Hinn – sabemos – tem ensinos estranhos:

Que a pobreza vem do diabo e que Deus quer que todos os cristãos prosperem;

Que cada pessoa da Divindade tem seu próprio espírito, alma e corpo espiritual, passando as três pessoas da Trindade a ser nove pessoas;

Que o homem é divino e que se conscientiza disso ao repetir seguidamente ser um homem de Deus;

Que nunca se deve dizer na oração “Se for da tua vontade”, pois tais palavras são destruidoras da fé;

Que o Espírito Santo lhe revelara que as mulheres haviam sido originalmente criadas para dar à luz pelo lado de seus corpos;

Que o primeiro super-homem a existir foi Adão, dado que Deus lhe dera autoridade sobre os peixes do mar, logo ele podia viver debaixo da água como o homem submarino das histórias de quadrinhos; que podia também voar, pois Deus lhe dera poder sobre as aves do céu.

Mas, de todos os ensinos errôneos de Hinn, o mais contundente é ele afirmar: “Eu sou um ‘pequeno messias’, caminhando sobre a terra” – Praise-o-Thon, 6 de novembro de 1990, citado em Cristianismo em Crise, p. 119.

MODELO DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (IURD)

Dentre as chamadas igrejas neopentecostais, a que mais cresceu e se tornou a vedete das denominações pentecostais é a IURD. Até poucos anos atrás, quando alguém queria referir-se a uma igreja pentecostal equilibrada e progressiva se referia às Assembleias de Deus. Hoje, o modelo de igreja pentecostal próspera, igreja que serve de modelo de avanço no meio do povo brasileiro, é a lURD. Qual é o ensino fundamental da IURD? É a prosperidade material.

Todo o povo brasileiro, através da TV Record, está vendo e ouvindo diariamente os testemunhos eloquentes de como certas pessoas enriqueceram frequentando a lURD. Relatos emocionantes de alguém chegar arrasado financeiramente na IURD, e que agora fala de ter dois, três carros do ano, apartamentos, casas de praia e de campo, lojas, dinheiro no banco e por aí adiante: uma prosperidade alcançada em curto espaço de tempo frequentando a IURD. Será tudo verdade?

As correntes milagrosas para alcançar esse derrame de bênçãos materiais são incontáveis. Cada semana se inventa um título pomposo, novo. E os pentecostais tradicionais não querem ficar atrás. Por incrível que pareça, enviam “espiões”, ou seja, obreiros disfarçados de crentes para aprenderem como se maneja com o povo (2Pedro 2.3), como se faz propaganda espalhafatosa, a fim de aplicarem os mesmos métodos em suas igrejas. São bíblicos tais métodos? Não importa. O que importa é que funciona: templos sempre lotados, dinheiro entrando com facilidade.

E, como afirma o Pastor Joaquim de Andrade “Edir Macedo construiu um império às custas dos dízimos, ofertas e do ensino da Teologia da Prosperidade. Daí as correntes de oração de Jericó, do trabalhador, do desafio, da prosperidade, dos dizimistas, dos empresários etc.” – Os Fatos Sobre o Movimento da Fé, p. 90.

IDENTIFICAÇÃO DO MOVIMENTO

Teologia da Prosperidade é o título pelo qual se identifica o ensino segundo o qual o cristão autêntico é conhecido por possuir ótima saúde física e boa situação financeira. Cristão que vive choramingando com doenças e problemas financeiros, é porque não está bem espiritualmente: ou está em pecado ou tem falta de fé. Não se deve ser pobre nem estar doente. Pobreza e doença são as marcas de pessoas dominadas pelo diabo.

Ridicularizando a situação da maioria dos evangélicos, questão notadamente da classe pobre, inclusive os membros da IURD, o Pastor Jorge Tadeu declara: “Pobreza é uma maldição, e não uma bênção” – Finanças – Princípios Bíblicos Para a Vida de Sucesso, p. 9, 1ª Edição, junho de 1993, Igreja Maná, Portugal.

Os títulos dos grupos que se baseiam na TP são: Evangelho da Saúde e Prosperidade, Movimento da Fé, Palavrá da Fé, Confissão Positiva e Avivamento da Verdade.

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE SER POBRE?

“Bem aventurados, vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lucas 6.20).

“O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres” (Lucas 4.18).

“Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me” (Marcos 10.21).

“Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem” (Marcos 14.7).

“Porque todos ali deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua pobreza, deitou tudo o que tinha, todo o seu sustento” (Marcos 12.44).

AS ADVERTÊNCIAS DE DEUS AOS RICOS

“Mas ai de vós ricos, porque já tendes a vossa consolação” (Lucas 6.24).

“Não ajunteis tesouros na terra… mas ajuntai tesouros no céu… Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Mateus 6.19-21).

“É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus” (Marcos 10.25).

Como mencionou o Jornal Mensageiro da Paz (Junho de 1991, p. 15): “A TP é um insulto aos cristãos do Terceiro Mundo. Milhões de crentes zelosos no Terceiro Mundo nada têm de posses materiais. Estão eles enganados ou fracos na fé? Eles entendem mais sobre a cruz do que de carro do ano, e a única riqueza de que se ufanam é a vida eterna”.

É FALTA DE FÉ FICAR DOENTE OU SOFRER?

Os mais fervorosos servos de Deus do passado e do presente não ficaram imunes às doenças e sofrimentos. Isso se vê na vida de José, de Jeremias e de Paulo. Paulo fala de prisões, açoites sem medida, perigos de morte, varadas ou chibatadas, apedrejamento, naufrágios, fome, sede etc. (2Coríntios 11.23-29). Paulo orou pela saúde de Trófimo, mas não obteve resposta (2Timóteo 4.20).

OUTROS ENSINOS ESTRANHOS

Os crentes não devem morrer antes dos 70 anos. “A maneira como o cristão deve morrer depende da sua fé. O mínimo que você deveria viver são 70 anos. Você deveria viver até os 120 anos. É o que a Bíblia afirma. Deus pronunciou com a sua própria boca o número de seus dias para 120 anos. Não fui eu que escrevi isso. Deus disse isso. O mínimo a ser atingido são 70 anos e esses anos não devem ser acompanhados de doenças e dores” – Fred Price, “Is Healing for All?”, p. 104, citado no livro “A Different Gospel, p. 157.

Resposta bíblica: É verdade que a Bíblia afirma que há tempo de nascer e tempo de morrer (Eclesiastes 3.1-2), mas conhecer o nosso tempo de nascer, e ocasião de morrer, só pertence a Deus (Jó 14.5; Salmos 39.4-6).

Crianças que nascem mortas ou que morrem na infância

“As crianças que nascem mortas, que não têm controle sobre suas vidas, esse controle passa para os pais. Entretanto, se os pais não conhecem a Palavra de Deus, e não clamam por seus direitos em Cristo, as crianças morrem prematuramente” – Ibidem, Ever Increasing Faith Messenger, citado no livro “A Different Gospel”, p. 158.

Resposta bíblica: Davi orou por seu filho recém nascido, usando sua condição de servo de Deus, e não obteve resposta favorável. A criança morreu (2 Samuel 12.16-23).

Confissão negativa produz enfermidades

“Uma confissão negativa dá a Satanás o direito de infringir a doença. Falar sobre a doença é um modo de adorar o Diabo e deve ser expressamente proibido” – E. W. Kenyon, em “Jesus The Healer”, p. 44.

Kenneth Hagin afirma: “Nunca falo de doença… Nunca falo no fracasso… Nunca falo sobre o que o diabo fez”. E continua: “Mas, se eu tivesse dor de cabeça, não contaria a ninguém. E se alguém me perguntasse como estava me sentindo, eu diria: Estou ótimo, obrigado” – Words, p. 21, citado em “Os Fatos Sobre o Movimento da Fé”, p. 75.

Resposta bíblica: Daqui para frente, leitor, cuidado com as suas palavras. Por exemplo, se você disser: “Eu vou morrer de rir” ou “Isso me intriga até a morte” e outros ditados parecidos, isso levará à morte mesmo. Paulo confessou: “Temo, pois, que indo ter convosco, não vos encontre na forma em que vos quero… que haja entre vós contendas, invejas, iras…” (2 Coríntios 12.20-21). Paulo continua: “em nós opera a morte… mesmo que a nosso homem exterior se corrompa…” (2 Coríntios 4.12-16).

Os crentes não devem procurar a medicina

“O mundo tem um sistema de cura que é um fracasso miserável” – Kenneth Hagin, God‘s Medicine, p. 17-18, citado no livro “A Different Gospel”, p.154.

“Eu não uso remédio… Tenho a minha fé operando de tal modo que não necessito dele” – Faith, Foolishness or Presumption?, p. 65.

Resposta bíblica: A Bíblia recomenda: “orai uns pelos outros para que sareis” (Tiago 5.16), mas não proíbe o recurso médico ou a medicina. Paulo recomendou a Timóteo, que sofria de frequentes enfermidades, o uso de vinho como remédio: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do estômago e das tuas frequentes enfermidades” (1Timóteo 5.23).

Ser pobre é pecado

“Não só a preocupação é pecado, mas também ser pobre é pecado, porque promessa de Deus é a prosperidade” – Robert Tilton, Success in Life, programa de TV em 27/12/1990.

“Se a Máfia roda sobre um Lincoln Continental, por que não pode usar um bom carro um filho do Rei? Os filhos do Rei devem rodar com um Rolls Royce” – Fred Price, Faith Foolishness or Presumption?, p. 23, citado em “A Different Gospel, p. 175.

Quando lemos acerca de Pedro e João responderem ao coxo junto à Porta Formosa do Templo não terem prata nem ouro, estariam eles em pecado? Tinham mais do que riqueza material: tinham o nome excelso de Jesus operando com poder em suas vidas, e assim puderam ordenar ao coxo que se levantasse no nome de Jesus (Atos 3.6). Esse negócio de filho do Rei usando Rolls Royce mais parece uma justificativa dos pregadores da TP para usarem tais veículos como prova da bênção material de Deus sobre suas vidas: um ministério aprovado medido por ostentação de riqueza.

CONCLUSÃO

Jesus justificou a necessidade da sua partida para o céu, a fim de que o Espírito Santo viesse a habitar com os seus seguidores (João 14.16,20).

A missão do Espírito Santo aqui na terra, dentre outras, seria promover o convencimento do pecado. O homem está endurecido pelo pecado. O deus deste século tem cegado a mente dos homens, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo (2Coríntios 4.4). Sem a ação do Espírito Santo no coração do perdido sem perdão de Deus é impossível alguém se converter. Paulo falou que o evangelho de Cristo é poder de Deus para a salvação de todo o que crer (Romanos 1.16-17). Mas como crer, se não há quem pregue contra o pecado? O pecado faz separação entre o homem e Deus e impede a entrada do pecador no céu (Isaías 59.1-2). Ora, se nos tornamos agradáveis aos homens, pregando que o evangeiho traz prosperidade material e saúde física, atraímos, com certeza, grandes multidões, mas não estamos sendo fieis a Bíblia (Marcos 15.15-16). Estamos dando paliativos, estamos esquecendo o principal e a razão precípua a da existência da Igreja na terra. As multidões precisam de Jesus: o Senhor e Salvador, sem o qual ninguém se salva do pecado (Atos 4.12; 16.30-31) e não se salvando doa pecado se perderá eternamente. Paulo alertou contra outro evangelho (2Corintios 11.4). O evangelho de saúde e prosperidade da TP é outro evangelho. É apostasia (1Timóteo 4.1).

Por Pr. Natanael Rinaldi


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