INTRODUÇÃO
Há pelo menos dez
anos atrás, vivia-se a era da incredulidade. Naquela época, tudo o que
concernia ao metafísico, ao transcendente, ao espiritual, era rechaçado. O
“bonito” era ser cético quanto ao mundo religioso. Aliás, esta era a “religião”
da maioria. O precursor deste mundo incrédulo foi o marxismo que influenciou
todas as áreas da sociedade e, por incrível que pareça, também à religião.
No entanto, em
nossos dias, com a virada do milênio, percebe-se uma volta à espiritualização-
muito semelhante à era medieval. É tão notória esta mudança de cosmovisão que é
possível ver-se cientistas – outrora, a categoria que levava a bandeira do
ceticismo- com seus amuletos da sorte, pirâmides na cintura ou em baixo da cama
para atrair “bons fluídos”, etc.
Como foi no período
do ceticismo, esta nova filosofia de vida, também têm influenciado a
muitas áreas da sociedade, inclusive à religião. E nesta categoria, encontram-se
os evangélicos.
No mundo
evangélico, nunca se viu tanta ventilação de novas doutrinas como se tem visto
em nossos dias. Entre as novas doutrinas, encontra-se o Movimento de Batalha
Espiritual. Este, oferece uma nova cosmovisão sobre a esfera espiritual,
especialmente sobre os demônios, e como enfrentar este mundo de espíritos.
Creio que o
Movimento de Batalha Espiritual é uma antítese da cosmovisão, principalmente
norte americana, de que o diabo não existe. Porém, como antítese, tem-se
exacerbado em várias áreas, em seu afã por demônios, e, por isso, deixado a
desejar em muitas doutrinas bíblicas.
De início,
estaremos mostrando, biblicamente, a realidade da guerra espiritual; em
seguida, mostraremos as origens do Movimento de Batalha Espiritual e seus
ensinos, confrontando-os com as Escrituras. Em seguida, veremos a proposta das
Escrituras sobre a guerra espiritual, e, por fim, veremos os prós e os contra,
do Movimento em questão.
A nossa proposta é
analisar doutrinariamente o Movimento de Batalha Espiritual e não “atacar
pedra” em quem está trabalhando, como muitos possam crer. Nosso propósito, é
ser “bereano”; ou seja, analisar até que ponto o que está sendo pregado nos
púlpitos do Movimento de Batalha Espiritual, está de acordo com a sã doutrina.
I – DEFININDO
“BATALHA ESPIRITUAL”
1.1 A batalha
espiritual nas Escrituras
A Bíblia está
repleta de relatos de batalhas, guerras, confrontos e todo tipo de coisas que
denotam conflitos. Só para termos uma ideia de como este assunto é tratado em
grande escala nas Escrituras, a palavra “batalha”- assim como foi traduzida-
encontra-se em cinqüenta trechos das Escrituras. A palavra sinônima “guerra”,
encontra-se em duzentos e oito versículos. São referências que descrevem a luta
entre nações, pessoas individuais, Deus e o homem, o homem cristão e a sua
velha natureza, a Igreja e o mundo, a Igreja e o diabo.
Esta última a ser
referida, revela-nos uma espécie de guerra que é bastante diferente da que
estamos acostumados a ver nos noticiários de T.V, mas, não menos horrenda e,
até mais terrível: a Batalha Espiritual.
Em Ap. 12:4,
encontramos a referência à primeira batalha espiritual que foi travada:
“arrasta a terça parte das estrelas do céu, as quais lançou para a terra”. Esta
é uma referência de João a Satanás que rebelou-se contra Deus e arrastou
consigo a terça parte dos anjos. Desde então, nós vemos, através da Bíblia,
Satanás fazendo guerra contra Deus e o Seu povo:
“Então ele me
mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e
Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor”. (Zc. 3:1).
Encontramos,
também, citações da batalha que o crente deve fazer contra Satanás: “..não deis
lugar ao diabo”. (Ef. 4:7); Revesti-vos de toda armadura de Deus para que
possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo”. (Ef. 6:11). Em Tg
4:7, está escrito: “Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele
fugirá de vós”. Esta palavra “resisti”, a qual Tiago refere-se, no grego é
“anqi(sthte”, ela é derivada de ”anqi)sthmi”, que traduzido é “colocar-se
contra, opor-se, permanecer firme”. Esta palavra é aplicada da mesma forma- o
combate que o crente deve fazer ao diabo- em, pelo menos, mais duas formas no
Novo Testamento: Ef 6:13 e 1 Pe 5:8,9. Isso denota, de forma direta, uma luta
espiritual que está se travando. Sobre isso, Paulo Romeiro comenta de forma
plausível: “A Bíblia fala muitas vezes sobre tal conflito. Sim, existe uma
contínua e intensa batalha entre a luz e as trevas, entre Cristo e Satanás,
entre a Igreja e o inferno”[1].
Para entendermos
melhor esta batalha, precisamos tomar conhecimento de como ela começou
1.2 A origem da
batalha espiritual
Procurar saber a
origem desta guerra cósmica leva-nos a indagar sobre a origem do mal. No
entanto, não iremos nos deter neste assunto. Aqui, é necessário sabermos que
existe uma origem para o mal e que esta, é identificada com o diabo.
De acordo com as
Escrituras, o Diabo é o chefe da apostasia. Em Is 14:12, Satanás é identificado
como sendo a Estrela da Manhã e Filho da Alva. Isso quer dizer que houve um
tempo em que este ser angelical criado por Deus, rebelou-se contra o seu
Criador (Ez 28:12-19), querendo ser igual a Ele e, consequentemente, foi
expulso do céu juntamente com os seus seguidores (Mt 25 41; 12:24; Ef 2:2; Ap
12:7).
É aí que começa
toda a guerra, com o propósito de Satanás de ser igual a Deus e, por isso,
opor-se a tudo o que Deus faz ou o que se chama pelo Seu nome ( Mt 13: 24-30;
Lc 22:3).
2- O MOVIMENTO
“BATALHA ESPIRITUAL”
“Precisamos nos
guardar contra dois perigos extremos. Não podemos tratá-lo com muita
leviandade, para não subestimar seus perigos. Por outro lado, também não
podemos nos interessar demais por ele.”2
Tudo o que foi dito
sobre ele está no paganismo… Falar em línguas, ter uma força descomunal e
outras atitudes que indicam que alguém está possuído pelo demônio, tudo isso
pode ser explicado pela psicologia ou pela parapsicologia.3
Existem outros que
crêem na existência dos demônios, mas mantêm indiferença a respeito do assunto.
Aqui no Brasil, principalmente, está havendo uma super-valorização deste tema.
Na novela global: “suave veneno”, está uma curiosidade: o diabo, personagem
vivido pelo autor Aguinaldo Silva. Para vencê-lo, tem o paranormal Uálber,
personagem vivido pelo autor Diogo Vilela.
As livrarias foram
invadidas por uma série de livros que tratam deste tema. Livros que têm
exercido grande influência no meio evangélico como o de Frank Peretti, Este
Mundo Tenebroso ( Ed. Vida).
Pensando sobre a
ideia de como conciliar evangelismo e intercessão, Peter Wagner reuniu um grupo
de cinqüenta intercessores para orarem em um hotel, localizado em frente do
local onde seria o segundo congresso de Lausanne.
Durante esta
intercessão, Peter Wagner diz que recebeu de Deus o que denominou de “parábola
viva”. Ele deu esse nome a um acontecimento durante a intercessão. Uma das
intercessoras, Juana Francisco, foi acometida de uma crise asmática,
rapidamente levaram-na às pressas para o hospital. Esperando a recuperação da
amiga no hospital, outras duas intercessoras, Mary Lance e Cidy Jacobs, tiveram
uma mensagem que logo identificaram como sendo de Deus. Juana Francisco havia
sido atacada por um espírito da macumba. Recebendo a revelação, as duas
intercessoras fizeram uma oração quebrando o poder do demônio enquanto, no
mesmo momento, Bill Bright, estava com a enferma orando em prol da cura. O que
aconteceu foi que no mesmo momento a mulher ficou boa.
Peter Wagner
interpretou este episódio como sendo uma lição de Deus ao Seu povo. A partir
daí ele tomou para si os seguintes princípios: (1) A evangelização do mundo é
uma questão de vida ou morte; (2) A chave para a evangelização do mundo
consiste em ouvirmos a Deus e obedecermos àquilo que tivermos ouvido. “Elas sabiam
que Deus queria que a maldição fosse anulada, pelo que entraram em ação”5; (3)
Deus usará a totalidade do corpo de Cristo para completar a tarefa da
evangelização do mundo.
Naquela mesma
conferência de Lausanne, em Manila, foram abordados os temas de espíritos
territoriais e da intercessão espiritual em nível estratégico.
O interesse sobre o
assunto cresceu e foi organizado um grupo de pessoas que se interessavam por
guerra espiritual. Peter Wagner tornou-se o líder deste grupo que
posteriormente foi denominado de “Rede de Guerra Espiritual”. Entre os membros
deste grupo podemos mencionar Larry Lea, John Dawson, Cindy Jacobs e Edgardo
Silvoso.
2.2. Seus ensinos
2.2.1. Duas forças
contrárias: Deus X Diabo
O termo “dualismo”
é uma transliteração da palavra latina “dualis” , que quer dizer aquilo que
contém dois. Esta expressão foi cunhada para transmitir a ideia do
Zoroastrismo, que é a crença em um poder bom, chamado Ormazd, e um poder mal,
chamado Ahriman. Neste sistema, acredita-se que existem duas forças opostas: a
boa e a má. Estes poderes estão sempre em conflito entre si, podendo resultar
em vitórias temporárias, de um lado ou de outro. Apesar destas vitórias, nunca
nenhum dos dois deixarão de existir.
Agora que sabemos o
que é dualismo, vejamos algumas declarações:
“Estamos em guerra!
É a guerra de todas as guerras… a grande batalha espiritual entre Deus e o
diabo no campo de batalha de nossas almas, com a eternidade toda pendendo na
balança.”6
e também :
“Pai celestial, eu
me ajoelho em adoração e louvor diante de ti. Eu me cubro com sangue do Senhor
Jesus Cristo para me proteger durante este período de oração.
Eu me submeto a ti
completamente e sem reservas em todos os setores de minha vida. Eu tomo posição
contra toda operação de Satanás que possa me impedir neste período de oração e
me dirijo exclusivamente ao Deus vivo e verdadeiro, recusando-me a qualquer
envolvimento com Satanás em minha oração.” 7
Ainda podemos citar
esta:
“Quando Satanás e
suas tropas interferem com a obra de Deus na terra, então você sabe que é hora
de entrar em ação. A guerra espiritual está rugindo em um nível cósmico. E
talvez você seja convocado para participar da mesma.” 8
Diante de tais
citações podemos pensar que elas vem da boca de adeptos do Zoroastrismo ou de
alguém que prega as idéias do Yin e Yang, do Neo-confucionismo ou do Taoísmo.
No entanto, quem pensa isso está redondamente enganado, estas declarações vêm
da boca de pregadores cristãos propagadores do Movimento de Batalha Espiritual.
Quando começamos a
estudar sobre “batalha espiritual”, o ensino com que logo nos deparamos é o de
que existem duas forças- ainda que não iguais em poder- lutando entre si para
ganhar a posse das almas dos mortais.
Embora entre os
pregadores do Movimento de Batalha Espiritual se negue o dualismo em seus
ensinos, podemos ver a realidade da doutrina dualista de Deus X diabo, entre
declarações como vimos a cima.
No cristianismo não
existe lugar para o dualismo, ou o cristão crê que Deus é soberano sobre todas
as coisas- e isso inclui a natureza, o coração humano, os governos e o diabo-
ou vive em angústia temendo o demônio.
2.2.2 Espíritos
Territoriais
De acordo com o
ensino do Movimento de Batalha Espiritual, o Diabo designou um demônio, ou
vários deles, para controlarem cidades, regiões e países. O objetivo destes
“governantes espirituais” seria impedir a glorificação de Deus em seus
respectivos territórios.
C. Peter Wagner diz
em seu livro Oração de guerra:
“As estruturas
sociais não são, por si mesmas, demoníacas, embora possam ser e com freqüência
sejam endemoninhadas por alguma personalidade demoníaca extremamente perniciosa
e dominante, às quais tenho chamado de espíritos territoriais”, e “Grande parte
do antigo Testamento alicerça-se sobre a suposição que os seres espirituais sobrenaturais
exercem domínio sobre esferas geopolíticas.” 9
Dr. Neuza Itioka em
seu livro A Igreja e a Batalha espiritual, diz:
“Estes poderes
(principados e potestades) exercem controle não apenas sobre vidas, mas também
estruturas sociais, eclesiásticas e políticas de comarcas, cidades e regiões
geográficas… Quando analisamos determinadas estruturas sociais ou econômicos, o
que podemos concluir? O sistema social e econômico injusto que o Brasil vive,
não estaria ligado com o principado e a potestade do escravagismo que ainda se
perpetua, estendendo os seus tentáculos para aprisionar a nossa
sociedade?…Atrás da incapacidade dos governantes arrumarem a casa, contornarem
a economia e estabelecerem justiça o que podemos discernir? Apenas o espírito
corrupto dos governantes? Apenas o espírito sem escrúpulo dos que estão sem
poder? Não estariam eles ligados a algo mais?”. 10
Neuza Itioka também
disse o seguinte em um curso sobre Batalha Espiritual:
“A nossa luta deve
se dirigir mais e mais contra os grandes príncipes demoníacos das regiões,
nações e cidades.
São eles que
presidem a corrupção e fraude, por exemplo, perpetuam um estilo de vida e
comportamento por trás da repartição pública, do marajá que preside a corrupção
da orfandade; do aborto; perpetua a violência; a miséria; a pobreza; a
sensualidade e a perversidade, que originam a morte e o suicídio.” 11
Ainda argumentando
sobre os Espíritos Territoriais, o Movimento de Batalha Espiritual cita alguns
textos bíblicos para fundamentar sua ideia. Os mais comuns são: Dn 10:13,20;
12; Mt 4:8,9; Mc 5:10; Ef 6:12.
2.2.2.1. “Espíritos
territoriais” à luz das Escrituras
Nossa preocupação é
analisar o que nos tem sido pregado. Já que tomamos as Escrituras como única
autoridade de fé e prática, queremos invocar o seu testemunho à respeito de tal
ensino.
Por isso queremos
analisar os textos bíblicos que, supostamente, falam do assunto, intencionando
chegar a uma conclusão bíblica.
O texto mais usado
para defender a ideia de territorialidade de espíritos é Dn 10:13 e 20:
“Mas o príncipe do
reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias: porém Miguel, um dos
príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.”
“e ele disse: Sabes
porque eu vim a ti? Eu tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e,
saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.”
O que este texto
quer dizer ao referir-se ao príncipe da Pérsia e príncipe da Grécia? Não
poderíamos chegar a outra conclusão além da que estes eram espíritos angelicais
que atuavam nos reinos da Pérsia e Grécia.
Halley diz em seu
livro “Manual Bíblico”:
“Deus levantou o
véu e mostrou a Daniel algumas realidades do mundo invisível- a prossecução de
conflitos entre inteligências super-humanas, boas e más, num esforço por
controlar os movimentos das nações, algumas das quais procurando proteger o
povo de Deus. Miguel era o anjo guardião de Israel, vv. 13,21. Outro anjo,
anônimo, falou com Daniel. A Grécia tinha seu anjo, v. 20; e igualmente a
Pérsia, vv. 13, 20. Parece que Deus mostrava a Daniel alguns de Seus agentes
secretos em operação para levar a efeito a volta de Israel.” 12.
Baldiwin em seu
livro “Daniel: Introdução e Comentário”, diz o seguinte: “Pensa-se aqui num
representante da Pérsia nas regiões celestiais; a Grécia igualmente tem um
correlativo angélico (20), e Miguel, um dos primeiros príncipes, pertence a
Israel.” 13.
Caio Fábio em seu
livro “Batalha Espiritual”, também faz um comentário sobre este texto:
“…as manifestações
espirituais se relacionavam com o mundo visível e suas expressões políticas… O
princípio que fica é este. Por mais estranho que isso possa parecer a algumas
mentes teológicas sofisticadas, a Bíblia é clara quanto à atuação dos
principados e potestades no seio da história, agindo sobre nações, de maneira
tão íntima, tão intrínseca que a Bíblia os especifica, referindo-se à área de
atuação deles, como o príncipe da Nações.” 14.
Dr. Russell Shedd
também tem algo a nos falar sobre isso em seu comentário na Bíblia Shedd: “O
príncipe do reino da Pérsia. O poder espiritual satânico manifesto através do
culto pagão dos persas.” 15
Portanto, creio que
este texto, realmente, fala de espíritos malignos que influenciam um sistema
social.
Um outro texto que
se usa para apoiar a ideia de territorialidade espiritual é Mt 4:8,9 diz:
“Levou-o ainda o
diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória
deles e lhe disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”.
Parece, aqui, que
Satanás estava reclamando um domínio sobre o mundo, o qual Jesus não
questionou. Neste texto, podemos ver que Satanás exerce de influência sobre os
reinos do mundo (planeta Terra), através da ordem má das coisas. No entanto,
não encontramos explícita no texto a ideia de que cada nação tem o seu espírito
maligno.
Outro texto que,
casualmente, podemos enxergar o pensamento de Espíritos Territoriais é Mc 5:10:
“E rogou-lhes
encarecidamente que os não mandasse para fora do país.”
Observando este
texto, a pergunta que nos salta à mente é: o que eles quiseram dizer com “fora
do país”? A palavra no original grego é “cwraV” que significa “região”. Este
problema pode ser selecionado com o texto correspondente, Lc 8:31: “Rogavam-lhe
que não os mandasse sair para o abismo”.
Não se trata, aqui,
de territorialismo de demônios, mas, sim, que os demônios não queriam ir para o
abismo, mas ficar nesta região, ou seja, nesta esfera espiritual.
Um outro texto bem
conhecido é Ef 6:12:
“porque a nossa
luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades,
contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do
mal, nas regiões celestes.”
O apóstolo Paulo
fala de quatro expressões que podemos estar destacando: (1) Principados e
potestades- aqui inferindo a uma hierarquia espiritual ( gr.: a(rxa)j e
e)zousi)as ); (2) Príncipes do mundo (gr.:kojmokra)toras). Esta expressão
significa “governante mundial”; foi usada por Paulo para descrever a ação dos
demônios sobre a esfera da existência humana; (3) Forças espirituais do mal
(gr.: pro)j ta) pneumatika) te@j poneri)aj). Esta expressão indica uma força
opositora ao bem. Uma espécie de exército do mal; (4) Regiões celestiais (gr.
e)pourani)oij). Esse termo é usado por Paulo cinco vezes na carta aos Efésios.
Denota a esfera espiritual em que os espíritos, maus ou bons, operam.
Analisando estes
termos, podemos ver que o diabo é ordenado, possuindo hierarquia entre os seus
subordinados, e atua, nas regiões espirituais, influenciando as nações. Porém,
a partir deste texto, não podemos ter a crença na territorialidade dos
demônios. O próprio Peter Wagner comenta sobre este texto em seu livro “Oração
de Guerra”:
“Coisa alguma,
neste versículo, indica que uma ou mais dessas categorias ajustam-se à
descrição de espíritos territoriais.” 16
Analisando,
sinceramente, estes textos e observando a crítica que fazem alguns autores
sobre o assunto, podemos concluir que apenas o texto de Daniel 10:13,20,
expressa o pensamento na existência de um espírito maligno influenciando cada
nação; portanto, torna-se perigoso basearmos toda uma doutrina em apenas um
texto.
No entanto, não
podemos ignorar a existência do texto de Dn 10: 13,20; por isso, não rejeitamos
a idéia do Movimento de Batalha Espiritual de que cada nação é influenciada por
um espírito maligno. Nossa opinião pessoal é que realmente os demônios são
ordenados ( e todos os textos acima estudados expressão isso) ao ponto de
organizarem-se em distritos, influenciando a cada nação. Todavia, o nosso
conhecimento sobre a organização distrital dos demônios para por aqui, por que
a Bíblia não nos fala mais sobre o assunto; por isso, qualquer informação a
mais sobre isso seria mera especulação.
2.2.3 A Terra é de
Satanás
De acordo com os
ensinos do movimento de Batalha Espiritual, a administração e governo terrenos
pertencem a Satanás. Isso deveu-se ao pecado de Adão. Ao primeiro homem foi
dada administração e governo sobre a criação; no entanto, ele, quando pecou,
entregou a autoridade ao diabo. Decorrente disto, o diabo tem controle sobre os
governos, e Deus não interfere nisso, por questões éticas e legais. Satanás tem
todo o direito legal de administrar o sistema terreno, e Deus romperia com a
ética se interferisse nesse direito. Foi por isso que Jesus veio, para devolver
o direito ao homem de governar. A partir de Jesus, portanto, temos a autoridade
de governar sobre a criação.
Para apoiar essa
ideia, citam-se textos como Mt 4:8,9 e 2 Co 4:4.
2.2.3.1. O que a
Bíblia diz sobre a terra ser de Satanás?
Quando nos voltamos
para a Bíblia e nos deparamos com Deus julgando a humanidade através do dilúvio
Gn 6:11-26, com textos como Sl 24:1: “Do Senhor é a terra e sua plenitude, o
mundo e aqueles que nele habitam”… – Como abraçar a idéia de que Satanás é
governante da terra e concorrente de Deus? Quando nos deparamos com Sl
50:10-12: “…meu é todo o animal da selva e as alimárias sobre milhares de
montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do
campo… pois meu é o mundo e a sua plenitude.” e Dn 2:21: “…é Ele quem muda o
tempo e as estações, remove reis e estabelece reis.” – Que fazemos com eles?
No Livro do profeta
Isaías ficamos vislumbrados em saber que Deus usou o rei da Assíria para julgar
a Israel e depois também julga à Assíria, Is 10:5-12. Em I Sm 2:6,7,
encontramos Ana orando da seguinte forma: “O Senhor é o que tira a vida e a dá;
faz descer à sepultura e faz subir. O Senhor empobrece e enriquece; abaixa e
também exalta”. O salmista inspirado, declara em Sl 103:19 : “Nos céus
estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo.” (grifo meu)
Deus é soberano e
governa sobre todas as coisas, inclusive sobre o diabo. Porventura diante
destes textos encontramos alguma coisa que sobrou para Satanás governar? Tenho
certeza que não.
No entanto o que
fazer com textos bíblicos que dizem que satanás é o deus deste mundo? A fim de
responder esta pergunta, precisamos nos perguntar que “mundo” que é este.
Russell Shedd nos da um esclarecimento sobre isto:
“…trata do sistema
de valores alienado de Deus, que orienta o pensamento dos homens em oposição a
Ele. Assim, o kosmos jaz no maligno ( o diabo, 1 Jo 5:19; cf. Jo 12:31; 14:30).
As trevas dominam este mundo (Jo1:5; 12:46) e o pecado macula sua existência
como um todo.” 17
Por isso não nos
estranha Jesus e Paulo atribuírem este título a Satanás. Ele é o deus de um
mundo pecaminoso e que se nega a submeter ao único Deus.
E é exatamente
disso que se refere os textos de Mt 4:8, 2 Co 4:4 e outros. No entanto, é
necessário notarmos que inclusive sobre o mundo pecaminoso Deus é soberano. No
sentido de delimitar a ação maligna. Vemos isso na crucificação, onde era um
ato soberano de Deus para cumprir os seus propósitos, mas também um ato
pecaminoso do homem incitado pelo diabo: “sendo este Jesus entregue pelo
determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por
mãos de iníquos”.( At 2:23). Erickson comenta sobre o assunto da seguinte
forma:
“Há várias maneiras
pelas quais Deus pode relacionar-se e de fato se relaciona com o pecado: ele
pode (1) preveni-lo; (2) permiti-lo; (3) dirigi-lo ou (4) limitá-lo. Note que
em cada caso, Deus não é a causa do pecado humano, mas age em relação a ele.”
18
C. Peter Wagner diz
em seu livro “Oração de guerra”:
“Dóris e eu
começamos a ir para as linhas de frente na Argentina, em 1990. Dentro de alguns
meses, tivemos a pior desavença em família em quarenta anos de casados, tivemos
um problema sério com um de nossos mais chegados intercessores, e Dóris ficou
incapacitada por quase cinco meses por motivos de discos vertebrais deslocados,
e cirurgia nas costas e em um joelho. Em nossas mentes, ou nas mentes de outras
pessoas envolvidas, que oram por nós, não há o menor sinal de dúvida que essas
coisas foram revides diretos da parte dos espíritos que ficaram irritados por
termos invadido o seu território.” 19
Robson Rodovalho
concorda com a ideia de Peter Wagner comentando da seguinte forma:
“Como então, o
apóstolo Paulo nos fala da possibilidade de Satanás levar vantagem sobre nós na
guerra espiritual? Isto se chama retaliação. Retaliação é quando Satanás tem
oportunidade de nos retaliar, de nos contra-atacar. E ele faz isto. Ele usa as
oportunidades que encontra para retaliar os filhos de Deus, trazendo, assim,
aparente derrota, desânimo, e situações semelhantes.” 20
Este pensamento é
uma constante na vida dos participantes do movimento de batalha espiritual. Por
isso, explicasse a constante oração por proteção e o ato “místico” de vestir a
armadura espiritual.
Esta preocupação
mostra-se evidente nas orações. Em uma apostila sobre Batalha espiritual, a
Missão Evangélica Shekinah ensina seus alunos a orar da seguinte forma:
“Eu me cubro com o
sangue do Senhor Jesus Cristo para me proteger durante este período de
oração…eu me cinjo com a verdade, revisto-me da couraça da justiça, calço as
sandálias da paz e coloco o capacete da salvação. Levanto o escudo da fé contra
todos os ardentes dardos do inimigo e tomo em minha mão a espada do Espírito,
que é a Palavra de Deus, e uso a Tua Palavra contra todas as forças do mal em
minha vida” 21
2.2.4.1 Retaliação”
à luz das Escrituras
Vejamos o que a
Bíblia pode nos dizer sobre este assunto. Na obra missionária de Cristo, o
diabo estava presente em alguns momentos da sua vida para fazer com que a sua
obra fosse frustrada. Na tentação do deserto ( Mt 4) – no início do ministério
de Jesus -, Satanás esforçou-se para impedir à Cristo.
Quando Pedro foi
usado pelo diabo ( Mt 16:23), vemos Satanás tentando induzir Jesus a se
acomodar. Na cruz, quando Jesus está sendo crucificado ( Mt 27: 33-44), vemos o
diabo usando as pessoas que passavam para fazer com que Jesus desistisse do que
estava fazendo.
Durante todo o
ministério de Cristo aqui na terra, vemos o diabo contra-atacando-o. Notamos
isso ocorrer, também, na vida de Paulo. No ministério paulino em Tessalônica,
observa-se a resistência de Satanás à obra que estava sendo feita. As pessoas
estavam sendo libertas e salvas. Muitos judeus creram na Palavra e numerosos
gentios deixaram a adoração à ídolos e renderam-se ao Senhor. No entanto, qual
foi o resultado disso? Uma perseguição levantou-se contra Paulo e os seus
companheiros, instigada pelo ódio, inveja e incredulidade dos judeus. Parece,
aqui, que Satanás estava usando estes sentimentos da parte dos judeus para
retalhar a obra de Deus em Tessalônica. Foi tão séria a resistência de Satanás
contra a obra de Paulo que , este, disse o seguinte em 1 Ts 2:18: “Por isso,
quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, não somente uma vez, mas duas);
contudo, Satanás nos barrou o caminho.” Ainda a respeito disso, Ladd comenta:
“Ele é o tentador,
que procura, através da aflição, desviar os crentes do Evangelho (I Ts 3:5),
obstruir os servos de Deus em seus ministérios (I Ts 2:18), e que cria falsos
apóstolos, para perverterem a verdade do Evangelho (II Cor 11:14), que está
sempre tentando derrotar o povo de Deus ( Ef 6:11,12,16), e que é até mesmo
capaz de praticar seus ataques sob a forma de sofrimentos corporais, aos servos
escolhidos de Deus ( II Co 12:7)” 22.
MacArthur também
nos dá a sua contribuição sobre o assunto: “É evidente, pois, que os crentes
não estão imunes à oposição de Satanás; nem é o plano de Deus que estejamos
sempre livres de toda a situação má.” 23
De acordo com os
textos mencionados acima, cremos que o diabo, realmente, pode reagir (
“retaliar”, ou seja lá como quiserem denominar essa ação satânica) contra a
obra missionária do povo de Deus.
Cremos que é
evidente que o diabo, tentando se opor à obra de Deus, faça de tudo para que o
crente não obtenha sucesso em seu trabalho missionário. Esse “fazer de tudo”, implica
em semear discórdias, desavenças, contendas, enfermidades e tudo o que o diabo
costuma fazer.
No entanto, esta
resistência é limitada pelo próprio Deus. Satanás não é um ser autônomo que
vive independentemente. Muito pelo contrário, ele é um ser limitado que age com
limitações impostas pelo próprio Deus. Em Jó 1:12, vemos Deus limitando a ação
satânica sobre a vida de um crente: “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo
quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a mão. E
Satanás saiu da presença do Senhor”.
Também em Lc 22:31,
vemos que Satanás precisou pedir permissão para atacar a Pedro: “ Simão, Simão,
eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo.” Em 2 Co 12:7, vemos
que o apóstolo Paulo estava acometido de um ataque satânico ( o espinho na
carne); porém, este ataque servia aos propósitos soberanos de Deus: “…para que
não me ensoberbecesse.”
Sobre isso Michael
S. Horton comenta em seu livro “O cristão e a cultura”:
“ Conforme Lutero
disse, ’o diabo é o diabo de Deus’, Calvino também argumentava que todas as
influências demoníacas e satânicas do mal estavam sob o comando soberano de
Deus e estão sob o controle do verdadeiro Soberano do Universo.” 24
Penso que Frank
Peretti, o Escritor do livro “Este mundo tenebroso”, de acordo com a visão de
muitos crentes, deveria passar por muitos problemas, sendo “retaliado” pelo
diabo, ao escrever o seu livro, que foi um “despertar” para o mundo espiritual.
No entanto, em uma
entrevista dada à revista “Vida Mix”, ele responde à pergunta: “Você enfrentou
lutas espirituais ou problemas, enquanto escrevia algum livro?”, da seguinte
forma:
“Não que eu saiba.
Nunca tive uma experiência sobrenatural. Coisas como desânimo, depressão e
dúvidas já experimentei; mas não coloco a culpa no diabo. Podem ser problemas
hormonais ou coisa parecida. Todo aquele que serve ao Senhor passa por algum
tipo de tribulação e os meus problemas são típicos de alguém que se dedica a
Deus. Muita gente perguntou se eu fui atacado pelo diabo, enquanto escrevia os
livros. Acho que não. Imagino que a maior luta foi quando fiquei saturado com o
tema. Era um peso que me deixou desanimado, porque eu não sabia o que iria
acontecer. Afinal, o corpo de Cristo vencerá ou não? Veja bem, acabei de
assistir o programa do clube 700 na televisão e eles mencionaram o que está
acontecendo em uma igreja que, no momento, experimenta um grande avivamento em
Pensacola, na Flórida. Eu disse: “Glória a Deus! Até que enfim uma boa
notícia.” 25
Podemos concluir
dizendo que Satanás se opõe a obra da igreja e anela em destruí-la; no entanto,
jamais o faz sem a permissão, limitação e supervisão divina. O problema é
quando nos preocupamos demais no que Satanás nos “aprontará” se fizermos isso
ou aquilo para o Reino de Deus.
2.2.5 “Brechas”
Este é um outro
ensino amplamente divulgado pelo movimento de batalha espiritual. De acordo com
os pregadores do movimento, “brechas” são pecados que cometemos que,
invariavelmente, dão toda a autoridade legal para o diabo agir contra nós.
Robson Rodovalho, em
seu livro “Por trás das Bênçãos e maldições”, fala-nos sobre isso:
“Quando uma pessoa
pratica o pecado, ela abre brecha em sua vida. A proteção espiritual está sendo
levantada, e a partir daí as maldições poderão tocá-la. Por exemplo: nós
encontramos Satanás dizendo a Deus que não poderia tocar a vida de Jó, pois ele
estava protegido por esta sebe… Sempre que uma pessoa peca inconscientemente ou
voluntariamente, ela abre uma brecha nesta cerca. Consequentemente, os
espíritos maus começam a Ter acesso à vida e ao coração dela. Os espíritos
malignos entram aonde foi feita a brecha. Somente o perdão de Deus poderá
repará-la.” 26
Ainda sobre isso
Neuza Itioka comenta:
“Tanto Thomas White
como Robert Linthicum confirmam através dos seus escritos que corporativos de
uma comunidade cristã local podem se transformar numa abertura para a invasão
de principados e potestades que, por sua vez, vão se fortalecer com os mesmos
pecados, para se Ter todos os direitos legais para oprimir e definhar a
igreja.” 27
Dentro do pensamento
do movimento de batalha espiritual, a freqüência de um determinado pecado na
vida do crente, do incrédulo, de uma comunidade, cidade, nação, concede ao
diabo legalidade para intentar contra aquele que comete o pecado.
A santidade nas
Escrituras é algo que é constantemente falado. A palavra “santo” e seus
derivados, aparecem em 464 versículos. Portanto, é mais que evidente que o
crente deve buscar a santidade cada vez mais em sua vida.
No entanto,
precisa-se observar a motivação pelo qual deve-se buscar a santificação.
Deve-se buscar a santificação com interesse que o diabo não tenha legalidade
sobre a vida, ou deve-se buscar a santificação por amor e temor a Deus?
Creio que a
santificação, que é fruto do trabalhar do Espírito santo na vida do crente, tem
como fim maior o agradar a Deus. ( Lv 11:44; 19:2; Ef 1:4; Hb 12:14; 1 Ts 4:7)
A santidade trás os benefícios de estar em paz com Deus e consigo mesmo. Quando
as Escrituras escrevem exortando-nos a buscar a santidade, ela o faz pensando
no sucesso do relacionamento entre o homem e um Deus santo e, também, pensando
no nosso bem estar. Quando buscamos a santidade, o fazemos porque amamos o
Senhor e não para que o diabo não tenha legalidade. Quando nossa conduta não
está de
acordo com os
padrões de Deus para nós, nós temos que nos ver com Deus e não com o diabo. É
por isso que somos exortados a buscar o arrependimento.
Pensemos no pecado
de Davi com Bate-Seba ( 2 Sm 11). Davi adulterou e cometeu homicídio. Este
pecado horrendo trouxe grandes males para Davi, sua família e seu povo. A
partir daí poderíamos dizer que o diabo passou a ter legalidade sobre a vida de
Davi?
De forma alguma, a
vida de Davi ainda pertencia a Deus e Este o tratou conforme seu pecado:
2.3.1 Mapeamento
Espiritual
Um método de guerra
usado pelo Movimento de Batalha espiritual é o mapeamento espiritual. Antes de
mais nada, segundo os pregadores do movimento, o evangelista precisa conhecer
historicamente, politicamente, socialmente e espiritualmente a região onde vai
trabalhar. Mapeamento Espiritual consiste em estudar a história do lugar onde
deseja-se evangelizar e “discernir” a entidade espiritual que atua nesta
determinada região.
Seria o estudo da
história da região e das características econômicas, políticas, sociais e
morais que lhe são próprias. Em seguida, faz-se uma identificação com o demônio
que poderia lhe atribuir estas qualidades.
Peter Wagner diz o
seguinte sobre o assunto:
“Uma área
relativamente nova da pesquisa e do ministério cristãos, ligada de perto com a
questão de nomear as potestades, chama-se “mapeamento espiritual… Trata-se de
uma tentativa para ver uma cidade, uma nação ou o mundo inteiro conforme
realmente é, e não como parece ser. ” 28
Neuza Itioka também
fala sobre o assunto da seguinte forma:
“É importante
ressaltar que a identificação dos principados e potestades de alta hierarquia
espiritual, não se dá apenas pelo dom espiritual, mas, por analisar as
características da cidade, conhecendo a história da sua fundação, do seu
desenvolvimento.” 29
No esforço em
amarrar, expelir e amordaçar demônios “territoriais”, os pregadores do
movimento de batalha espiritual ensinam que devemos procurar saber o nome do
demônio que estamos guerreando para que possamos ter mais autoridade sobre ele.
Peter Wagner deixa
isso bem claro em seu livro “Oração de guerra”:
“Até onde for
possível, os intercessores deveriam buscar saber os nomes, próprios ou
funcionais, dos principados distribuídos na cidade como um todo e entre os
vários segmentos geográficos, sociais ou culturais da cidade.” 30
O mistério de
libertação Shekinah, dando ouvidos a este conselho, em seus cursos de libertação,
cita uma lista de nomes de demônios:
“Principados
ligados a Satanás: Brumaus, Krucitas ( atrás das cruzes), Ashtoreth ( governa
as estrelas), Tremus ( tem subordinado leviathan, governador, aprisionando sob
aceano – triângulo das Bermudas), Diana ( idolatria e prostituição- culto a
deuses, tem subordinado 3 autoridades mundiais- Damian, Asmodeus e Belzebu),
Dagon ( Sacrifício de animais e crianças), Nimrod ( guerreiro que prepara a
guerra do Armagedom), Dragon Astrologia- consome a sabedoria dos homens-
Anticristo), Syria ( guerreiro como o príncipe do reino da Pérsia de Daniel).
Autoridades mundiais: Damian, Asmodeus, Belzebu, Arios, Mengue-Lesh,
Nosferasteus. Outros demônios: Amishie ( Costa Rica), Aurius (Protege e leva
mensagens a Satanás, como Gabriel faz com Deus), Cumba (África), Izmaichia (
Europa e meio Oeste), Krion ( América Central), Kruonos e Krutofor ( Atacam
igrejas que praticam batalha espiritual), Mamom ( riqueza), Sinfiris ( sede de
sangue) e Yemanjá (América do sul).” 31
Uma certa Magnólia
de Campos Araújo, teve uma revelação que foi escrita por Mátiko Yamashita 32
(Ministério Batalha Espiritual). Nesta revelação ela entrevista uma série de
“principados e potestades”. Essa entrevista, segundo ela, foi dada sob
juramento.
O primeiro demônio
a ser entrevistado foi Lúcifer. Segundo Magnólia, ele tem a aparência de um
cabrito preto, vestido de homem, luvas e sapatos, no pescoço aparecem os pêlos
de cabrito. Tem chifres pequenos e bigodes, cavanhaques pequenos e finos. Este
disse que são sete príncipes negros, e cada um tem nove subordinados, e cada
subordinado tem 32 outros subordinados. Desses 32, 9 são ligados diretamente a
ele.
Magnólia perguntou
a Lúcifer qual era o príncipe do Brasil. Este, lhe respondeu que atualmente
está vago, pois Yemanjá (Aparecida) foi destronada no dia 12 de outubro de
1990. Magnólia perguntou sobre os príncipes de São Paulo e Rio de Janeiro.
Lúcifer respondeu-lhe que são o príncipe do inconformismo e o “língua de fogo”,
respectivamente.
Um outro demônio
entrevistado foi o Minotauro. Segundo as informações do próprio demônio, ele é
originado da Grécia antiga. Possui corpo de homem, cabeça de touro, com chifres
voltados para o centro da cabeça. Segundo ele mesmo falou, é anjo caído e gênio
da destruição.
Um outro
entrevistado por Magnólia foi a Yemanjá. As informações a respeito deste
demônio não foram dadas por ele mesmo, mas pelo “Pomba-gira”. Yemanjá é um
príncipe comandado por Diana e Dionísio. Tem a aparência de mulher, cabelos
longos, usa vestido decotado, longo, azul ou branco.
Quem pensa que para
por aí, esta enganado. Magnólia “identificou” uma série de outros demônios:
Bonzo, Buda, Centauro, Lísipe, Gênio, Fauno Pan Sátiro, Pitonisa de Delfos,
Pomba Gira, Espírito de Aborto, Espírito de Bronquites, Benzai-tem ou Benten,
Exú Caveira, Xangó e Espírito de Jezabel.
2.3.1.1 O que a
Bíblia diz sobre mapeamento Espiritual?
Tento imaginar
Paulo escrevendo aos crentes da igreja primitiva a fim de exortá-los a fazer um
mapeamento espiritual das cidades onde moravam. Talvez, invés de Paulo falar
sobre justificação pela fé aos Romanos, ele diria para que estes identificassem
e combatessem o demônio romano. Quem sabe se Paulo não falasse sobre conduta
cristã aos Coríntios, ele falasse sobre como amarrar a potestade que regia
aquele lugar? Imagino Paulo incentivando aos Colossenses a mapear o seu
território ao invés de alertá-los contra as influências do judaísmo e
gnosticismo.
Éfeso era uma
cidade profundamente religiosa. Os efésios adoravam à Diana, a deusa da fertilidade.
Foi construído para ela um templo que durou trinta anos para ser concluído. No
seu término, foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. A imagem
de Diana ficava neste templo, era conhecida e adorada por todos cidadãos
daquela cidade. De acordo com o relato bíblico ( At 19: 1-20), Paulo pregou
naquela cidade por três anos.
Houve tal
avivamento decorrente da pregação de Paulo que enfermos traziam peças de roupas
para que Paulo as tocasse a fim de que seus donos fossem curados, os praticantes
de artes mágicas , arrependidos, traziam seus livros para que fossem queimados
em praça pública. Em Éfeso, Paulo fundou a igreja mais forte do primeiro
século. Tal foi a obra que Deus fez naquela cidade, que o culto a Diana foi
perdendo o seu vigor até que em 262 d.C, seu templo foi saqueado e incendiado
pelos godos, e fechado pelo édito de Teodósio que fechou todos os templos
pagãos.
Qual foi a fórmula
de tal sucesso evangelístico? A Bíblia não diz que Paulo antes de entrar a
cidade de Éfeso ficou mapeando-a, tentando identificar o demônio que ali
estava. Se isso é tão importante fazer, porque Lucas ao dar o relato histórico
não nos da as diretrizes? Na verdade, Lucas conta-nos o segredo do sucesso:
“Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da
Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.”(At 19:10) A
pregação da Palavra de Deus, eis o segredo do sucesso.
Os pregadores do
ensino de mapeamento espiritual argumentam que Paulo mapeou a cidade- ainda que
não conste no relato bíblico. No entanto, imagino que se este fato fosse
concreto, esperávamos que Paulo não enfrentasse maiores resistências do povo
daquela região, conforme ensina o movimento de batalha espiritual. Porém, de
acordo com o relato bíblico (AT 19: 23-41), Paulo enfrentou muita oposição.
Jesus nos ordenou:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas
que vos tenho ordenado.” (Mt29: 18,19); “Ide por todo o mundo e pregai o
evangelho a toda criatura”. ( Mc 16:15). Jesus ao enviar aos doze disse: “… à
medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus.” (Mt 10:7).
Quando enviou os setenta, Jesus disse: “Curai os enfermos que nela houver e
anunciai-lhes: a vós outros está próximo o reino de Deus.”(Lc 10:9). Jesus, em
momento algum, nos orienta a mapear regiões, descobrir nomes de demônios e
amarrá-los. Se isso fosse de suma importância para o sucesso evangelístico,
Jesus nos teria ordenado fazê-lo.
Paulo Romeiro
comenta sobre isso com muita propriedade: “Ora, não se destrona principados e
potestades para depois pregar a Palavra de Deus, mas primeiro se prega a
Palavra, pois ela, sim, tem o poder para vencer as potestades malignas.” 33
Horton também
comenta sobre isso da seguinte forma:
“O Mapeamento
espiritual, promulgado por crescente número de missiólogos, tenta identificar
‘pontos quentes’ de atividade demoníaca com o alvo de ‘amarrar’ os opressores
malignos da região. Naturalmente, soa como algo saído de um livro medieval de
superstições, mas é levado muito a sério por bom número de líderes evangélicos…
Naturalmente, as Escrituras não relatam nenhum exemplo de pessoas se salvando
antes de ouvir a pregação da Palavra.” 34
Quero concluir este
assunto dizendo que não encontro nas Sagradas Escrituras nenhum respaldo para o
ensino de mapeamento espiritual.
Cabe a nós pregar o
evangelho do Cristo ressurrecto a toda criatura, crendo que ele é poderoso para
a salvação de todo aquele que nele crê e também para expulsar principados e
potestades.
Chegamos ao cerne
da doutrina do Movimento de Batalha Espiritual. Este é o centro, a essência de
toda a sua teologia. Todas as demais coisas giram em torno do seu conceito de
como fazer guerra a Satanás.
De acordo com os
propagadores do Movimento de Batalha Espiritual, existem três níveis de guerra
espiritual: (1) O nível solo- que seria a expulsão de demônios; (2) O nível de
ocultismo- que seria o confronto a atividades demoníacas expressas em seitas
ocultistas; (3) O nível estratégico- que é a guerra que se faz a espíritos
territoriais.
A oração de guerra
é feita neste último nível, o nível estratégico. Consiste em identificar os
poderes espirituais malévolos atuantes em um determinado lugar e expulsá-los.
Como expulsá-los? Ordenando que o façam, declarando, determinando, impedindo os
seus atos através da palavra falada.
Neuza Itioka, em
seu livro “A igreja e a Batalha Espiritual”, comenta sobre o assunto:
“ Exercer
autoridade sobre os demônios significa, não apenas expulsar demônios das
pessoas oprimidas, mas, também, exercer autoridade sobre as forças do mal que
têm domínio e controle sobre os pecados e vícios, tais como materialismo,
violência, sensualidade, miséria e injustiça social bem como resistir e
destronar principados e potestades que tem jurisdição sobre áreas geográficas.”
35
Cesar Augusto em
seu livro “Guerra Espiritual”, também fala algo semelhante:
“Quando estamos
guerreando contra as forças das trevas, sejam dominadores de enfermidades,
homossexualismo ou drogas, necessitamos da declaração contra esses demônios,
pois através dela, podemos alcançar a vitória.
Há momentos na luta
espiritual, que não necessitamos mais de uma oração intercessora e sim usar a
autoridade que o Senhor nos deu e declarar a vitória através do nome do Senhor.
A declaração ordenativa muda situações e ambientes e nos da a vitória.” 36
De acordo com o
ensino do movimento de batalha espiritual, a oração de guerra é a chave para o
sucesso da evangelização. A evangelização só pode ocorrer se antes
repreendermos, amarrarmos e expulsarmos o “homem forte” que domina no lugar
onde evangelizarmos. Tal é a seriedade que este princípio é apregoado que é
também chamado de “evangelismo de oração”.
Peter Wagner, em
seu livro “Oração de Guerra”, comentando sobre o assunto faz uma citação de
outro proeminente pregador da oração de guerra:
“Edgardo Silvoso,
assevera que Annacondia e outros proeminentes evangelistas argentinos
incorporam em seu trabalho evangelístico uma nova ênfase sobre a guerra
espiritual- o desafio aos principados e potestades, bem como a proclamação do
Evangelho ao povo, mas também aos carcereiros espirituais que conservam as
pessoas cativas. A oração é a variável principal, de acordo com Silvoso. Os
evangelistas começam a orar pelas cidades, antes de proclamarem o evangelho
ali. E somente depois de sentirem que os poderes espirituais que
Em seu livro “Que
nenhum pereça”, Ed Silvoso, sugere uma estratégia de guerra espiritual que
consiste em seis passos. No quinto passo, ele aconselha aos leitores da
seguinte forma: “Dê início ao ‘assalto total’. Dê início a ‘conquista’
espiritual da cidade, confrontando, amarrando, e expelindo os poderes
espirituais que governam a região.” 38
Neuza Itioka, em um
curso sobre Batalha Espiritual também da uma estratégia de oração de guerra:
“(1) Louvando e
entronizando ao Senhor, declarando o seu senhorio; (2) confessando os pecados
da cidade ou da nação; (3) Pedindo perdão por elas; (4) Identificando os
demônios e os príncipes; (5) Amordaçando, amarrando, imobilizando e
destronando; (6) Agradecendo a vitória do Senhor; (7) Pedindo que Jesus Cristo
venha agir.” 39
Em uma apostila
sobre libertação e cura interior, a Missão evangélica “Shekinah” nos oferece um
modelo de oração de guerra:“…Satanás, eu te ordeno, em nome do Senhor Jesus Cristo,
que saias da minha presença com todos os teus demônios e eu coloco o sangue do
Senhor Jesus Cristo entre nós.” 40
Diante de tais
ensinos, as seguintes perguntas nos atiça a curiosidade: Até que ponto tudo
isso é bíblico? Será mesmo que a Bíblia nos ensina a identificar demônios, nas
regiões celestiais, e expulsá-los? Será que a forma de Batalha Espiritual nas
Escrituras é a oração de Guerra?
2.3.2.1 “Oração” de
guerra à luz das Escrituras
A fim de analisar
se é bíblico o conceito de repreender potestades e principados, vejamos alguns
casos, nas Escrituras, em que o ser humano foi diretamente ou indiretamente
atacado por forças malignas.
Primeiro vejamos o
caso de Jó. Deus havia dado permissão a Satanás para tocar na vida de Jó:
“Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder;
somente contra ele não estendas a mão. E Satanás saiu da presença do Senhor.”(
Jó 1:12). Decorrente da permissão de Deus, Satanás tirou de Jó bens, família e
saúde. No entanto, em nenhum momento vemos Jó dirigindo-se a Satanás e dizendo:
“Satanás, você está manietado, amarrado, amordaçado, eu te ordeno que saias da
minha vida.”.
Muito pelo
contrário, em Jó 1: 21b, nós vemos a incrível declaração deste homem de Deus:
“O Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor.” Talvez
pensemos que Jó estava errado ao dizer isso, porém, no versículo seguinte, o
testemunho bíblico comenta a respeito: “Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu
a Deus falta alguma.”
Também podemos ver
o caso de Daniel. Em Dn 10, diz que Daniel estava intercedendo a Deus quando o
anjo do Senhor apresentou-se a ele e, nos versículos 12 e 13, explicou o que
estava acontecendo:
“…Não temas,
Daniel, porque, desde o primeiro dia em que aplicaste o coração a compreender e
a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e, por causa
das tuas palavras, é que eu vim. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu
por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiro príncipes, veio para
ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia.”
Observe que
revelação estupenda foi dada a Daniel- Já vimos que este texto realmente se
refere a espíritos territoriais-. Estava havendo uma guerra angelical no reino
espiritual. E desta batalha dependia a resposta da oração. Pensemos no que
Daniel fez. Será que ele fez “oração de guerra”? Talvez ele tenha ordenado ao
espírito maligno da Pérsia que saltasse o anjo. Quem sabe ele não manietou o
espírito para poder fortalecer o anjo que estava em apuros? Talvez ele tenha
ordenado que Miguel viesse acudir o seu amigo. Não, absolutamente, não. Daniel
nem sabia o que estava acontecendo. Ele simplesmente perseverou em oração a
Deus, em intercessão, em súplicas diante de Deus.
Também podemos
pensar sobre a estratégia missionária de Paulo. Em sua primeira viagem
missionária, Paulo viajou juntamente com Barnabé e João. Ele iria passar por
cidades como Salamina, Pafos, Perge, Listra, Antioquia da Pisídia, Icônio e
Derbe. Nestes lugares, eles iriam ter que enfrentar um mago, pregar para os
incrédulos, passar por perseguições, curar um coxo, enfrentar uma multidão que
queria sacrificar-lhes e serem apedrejados.
Diante de tantos
acontecimentos que estavam por vir, nada melhor do que manietar, amarrar,
destituir o diabo. Eles tinham- segundo o pensamento do movimento de Batalha
espiritual- que Ter, primeiro, amarrado o principado de cada cidade a se
visitar e depois disso pregar as boas novas. Com certeza, eles não teriam, se
assim o fizessem, que enfrentar perseguições, e a pregação do evangelho seria mais
fácil.
No entanto não foi
isso que aconteceu. O Espirito Santo separou a Barnabé e Paulo para esta viagem
missionária (At 13: 2). O versículo posterior mostra o que eles fizeram antes
de enviar a Barnabé e Paulo: “Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles
as mãos, os despediram.” Aí não diz que eles fizeram “oração de guerra”. Não
diz que eles primeiro amarraram os demônios das cidades que estavam por passar.
Simplesmente fizeram o que se espera de todo homem e mulher de Deus: Jejuaram e
oraram a Deus e receberam a bênção daqueles que os estavam enviando.
Outro caso que
merece a nossa atenção é quando Paulo quis ir visitar os crentes tessalônicos.
Em 1 Ts 2:18, diz: “Por isso, quisemos ir até vós ( pelo menos eu, Paulo, não
somente uma vez, mas duas); contudo, Satanás nos barrou o caminho.” Vejamos
bem. Paulo iria à igreja para fazer a obra de Deus; no entanto Satanás lhe
barrou o caminho.
Daí segue-se a
pergunta: porque que Paulo – o apóstolo, o homem que revolucionou o mundo de
então com o evangelho, o homem que Deus confiou as revelações- não,
simplesmente, amarrou o diabo? Seria simples, somente bastava manietar aquele
principado de Tessalônica.
Tenho respeito por
aqueles que pregam a ideia da “oração de guerra”. No entanto, não vejo apoio
bíblico para tal prática. Muito pelo contrário. Judas, irmão de Jesus, ao
escrever sua carta e repreender àqueles que estavam agindo com arrogância,
disse:
“Mas quando o
arcanjo Miguel, discutindo com o diabo, disputava a respeito do corpo de
Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor
te repreenda.” Jd 9
Penso que este
texto clama àqueles que vivem a identificar espíritos e repreendê-los.
Champlin, comenta:
“Miguel deixou nas
mãos de Deus o ‘repreender’ a Satanás. Somente Deus pode fazer isso. Assim os
gnósticos supunham um poder tão alto que fazia o que somente deus pode fazer. A
lição geral deste versículo é que devemos Ter respeito por elevadas autoridades
e poderes espirituais. Devemos respeitar o invisível. Isso repreende tanto o
ceticismo como a doutrina falsa.” 41
Sobre a oração de
guerra, MacArthur comenta:
“Não podemos lutar
no nível humano. Não há palavras ou técnicas carnais que possam vencer uma
guerra espiritual. Devemos depender de um plano e de armas espirituais para a
batalha. Nossa suficiência em Cristo inclui armas que são divinamente
poderosas, as quais podem destruir as fortalezas do mundo dos espíritos e todos
seus pensamentos altivos que se levantam contra o conhecimento de Deus. Quais
são essas armas? Elas não são frases místicas ou chavões. Não fornecem o poder
de repreender ou dar ordens aos demônios. Não há coisa alguma secreta ou
misteriosa a respeito destas armas. Elas não são astuciosas ou complicadas.” 42
Ainda falando sobre
a oração de guerra, Ricardo Gondin comenta:
“A expulsão de
demônios de uma área geográfica parece muito mais uma ação que acontece através
de um avivamento da igreja que avança com seu poder de influenciar e converter
pessoas e sociedades, que uma ordem que se dê aos principados e potestades.” 43
Por fim, não
acredito que expulsar espíritos territoriais através da ordenança seja uma
prática eficiente, pois não é bíblica. Entre as armas do crente contra Satanás
não se encontra o “ordenar”.
2.3.3 Quebra de
Maldição
Um outro método de
batalha espiritual, amplamente ensinado, é o de quebra de maldição. Aqui no
Brasil os mestres desta doutrina são: Robson Rodovalho, Neuza Itioka, Jorge
Linhares, Missão Evangélica Shekinah, entre outros.
De acordo com os
mestres da doutrina de maldição hereditária, “maldição” são sofrimentos (
mortes prematuras na família, contínuo dividendo financeiro, abortos
constantes, separações conjugais, etc.) que afligem as pessoas, ou lugares,
ocasionados por “pragas” lançadas por meio de palavras, ou pecados cometidos
pelas pessoas ou lugares. Estas aflições repetem-se ao longo da descendência do
indivíduo, ou lugar, pela gerência de espíritos maus. Assim, no futuro, será
praticado o mesmo pecado que foi praticado no passado e haverá os mesmos
sofrimentos que houveram no passado.
Rebecca Brown
define maldição da maneira como se segue:
“Muitos cristãos
frequentam a igreja com regularidade e esforçam-se de todo o coração para
terem uma vida piedosa. Entretanto, a despeito de todos os seus melhores
esforços, tudo parece não dar certo. Não importa quanto se esforcem, ou quanto
aconselhamento recebam, parece que nada funciona. Por exemplo, com que
freqüência a gente ouve alguém fazer um comentário como este: “A minha vida ia
indo muito bem até o dia em que aceitei Jesus Cristo. Então tudo passou a não
dar certo!” Pode até ser que você mesmo tenha declarado algo assim!
Alguns cristãos não
conseguem entender por que, apesar de tudo o que fazem, seus filhos viram-se
contra eles e contra Deus e caminham pela vereda da destruição. Outros crentes,
que aceitaram o Senhor com alegria, cresceram espiritualmente por algum tempo,
e então descobriram não terem condições de manter um relacionamento chegado com
o Senhor. Sentem-se sem condições de ler e estudar a Bíblia ou de orar, e acabam
perdendo o interesse, e vão de mal a pior. Outros ainda lutam durante toda a
vida, num andar ora de novo com o Senhor, ora longe do Senhor, não conseguindo
estabelecer e manter um permanente andar com ele.
Tais problemas
afetam igrejas inteiras, assim como a vida de pessoas em particular. Muitas
igrejas caracterizam-se por nelas ocorrerem muitos divórcios e outros problemas
dessa ordem em sua membresia. Muitas lutam por anos mas nunca prosperam nem
crescem espiritualmente. Com freqüência se dividem e mudam sempre de pastor.
Mesmo quando parece que passam por um período de avivamento e de crescimento,
logo tudo se perde: muitos membros saem, e a igreja acaba voltando à condição
em que estava antes. Por que esse ciclo destrutivo ocorre?
Tais situações
desencorajadoras podem resultar de vários fatores diferentes, mas uma razão,
que normalmente é desapercebida, é haver uma maldição na vida de alguém, ou em
sua família, que nunca foi quebrada. Muitas igrejas estão também debaixo de
maldições. Esta é uma área que tem sido muito negligenciada no ensino cristão
hoje em dia.” 44
Neuza Itioka, por
sua vez, cita alguns casos que são tidos como maldição:
Vários exemplos são
citados para ilustrar esta ideia. As constantes guerras entre tribos no
continente africano é um desses exemplos. Segundo a doutrina de maldição
hereditária, as guerras na África são conseqüências de pecados de adoração a
demônios, ódio e massacres entre as tribos, cometidos por seus antepassados.
Assim “cada tribo é
governada por um determinado demônio”48 que se encarrega que as tribos cometam
os mesmos pecados e sofram as mesmas aflições de seu antepassados. Até mesmo na
América ocorre violência entre gangues. Esta violência entre as gangues é
ocasionada porque elas são compostas de negros que são alvo da maldição de seus
antepassados africanos.
Desta forma, faz-se
necessário reconhecer o pecado cometido pelos antepassados e confessá-los a
Deus. Para apoiar esta ideia usa-se uma série de textos bíblicos (
principalmente vetero-testamentários) onde mostram que “toda vez que houve um
avivamento em Israel, a primeira coisa que aconteceu na nação dos hebreus foi a
confissão da iniquidade de seus antepassados”49. Dentre estes textos pode-se
citar Neemias que incitou o povo a confessar os pecados de seus pais ( Ne
9:1-3); Daniel que confessou os pecados de seus antepassados ( Dn 9:16-17) e
Esdras, que de semelhante forma, confessou os pecados de gerações passadas ( Ed
9:7).
Ilustrando este
pensamento, Rebecca Brown em seu livro “Maldições não Quebradas”50, cita o caso
de sua amiga Sandy. Sandy era uma cristã dedicada. No entanto foi-se constatado
que estava com câncer no pâncreas. Sandy sabia que esta doença era uma maldição
da família, pois todos os membros de sua família haviam morrido de câncer no
fígado ou no pâncreas, ainda jovens. Porém, esta jovem senhora, por mais que
tentasse não conseguia quebrar esta maldição.
Sob o conselho de
Rebecca, Sandy fez uma pesquisa da causa desta maldição em sua família e
constatou que sua família possuía uma história de imoralidade sexual e divórcios.
Somente ela possuía um casamento duradouro. Além de que poucos haviam-se
convertido a Cristo. Depois de confessar estes pecados, Sandy foi fazer a
cirurgia, e, neste momento, foi constatado que não estava mais com câncer.
3.3.2 Maldição em
Objetos
De acordo com os
mestres da doutrina de maldição hereditária, os objetos podem ser amaldiçoados.
Isso significa que eles podem estar sob influência demoníaca ou, até mesmo,
demonizados. Estando assim, estes objetos teriam o poder de influenciar
negativamente o local ao seu redor e às pessoas envolvidas com ele. A simples
presença desses objetos malditos em algum lugar, ou o seu uso, ou, até mesmo,
um simples toque, pode acarretar em muito sofrimento para o indivíduo. Desta
forma, faz-se necessário todo um cuidado com os pertences que há em casa, como
também com aqueles que vai-se adquirir; por isso, “vasculhe a sua casa. Será
que você tem estatuetas de entidades demoníacas em sua casa? […] fique atento,
porque muitos dos brinquedos infantis na verdade são estatuetas de demônios.”51
Estes objetos,
geralmente, são pertencentes ao rito do culto afro, estatuetas e suvenirs
indígenas, símbolos de outras religiões ou brinquedos infantis.
Para respaldar esta
ideia, são citados vários versículos bíblicos como Lv 5:2; Ez 44:23; Nm 16:26;
Dt 7:25-26; 2 Co 6:17.
Jorge Linhares, em
seu livro Bênção e Maldição, expressa seu pensamento sobre o assunto da
seguinte forma:
“Precisamos
verificar se não temos permitido adentrar em nosso lar objetos que são por
natureza amaldiçoados — objetos que temos de lançar fora e de preferência
queimar ou destruir.
• Imagens de
escultura ou ídolos. Deus proibiu terminantemente que tenhamos por objeto de
culto qualquer imagem à semelhança de homem, de nada que existe nos céus, na
terra, nem nas águas debaixo da terra; imagem, quadros ou gravura de santos,
esculturas de Buda, etc. (Êx: 20.2,3).
• Objetos usados ou
levados a centro espírita e terreiros de macumba para serem benzidos: lenços,
roupas íntimas, garrafas com chá, patuás, correntes, braceletes, figas, pedras,
amuletos em geral.
• Objetos de
práticas ocultistas: baralho, cartas de tarô, horóscopo, búzios, roda de
numerologia, pirâmides, duendes.
• Quadros ou
objetos artesanais, de origem desconhecida, e que transmitem mensagem deprimente,
de pavor, de tristeza. As vezes pensamos que estamos lidando apenas com peças
de artesanato, quando na verdade são símbolos de cultos ou cerimoniais
pagãos.”52
Rebecca Brown
concorda com Jorge linhares e, em seu livro, fala algo semelhante:
“Qualquer objeto
que foi feito para uso no culto a Satanás é amaldiçoado e não pode ser
purificado. Tem que ser destruído. Exemplos de coisas assim são ídolos,
estátuas de santos e entidades, e jóias com símbolos ocultistas. Cerca de
metade das lembranças de turismo encontradas nas lojas em todo o mundo são
objetos amaldiçoados. Por quê? Porque com freqüência são artigos pertencentes à
cultura local que geralmente têm envolvimento com algum tipo de culto a
demônios.
Você já viajou para
o exterior e trouxe para casa imagens esculpidas de entidades, como souvenirs?
Em muitas igrejas por onde passei, a primeira coisa que vi ao entrar no
gabinete pastoral foi um conjunto de lembranças trazidas de suas viagens ao
exterior, e de suas viagens missionárias. Muito freqüentemente tais “lembranças”
incluíam estátuas de deuses demoníacos! Essas coisas trazem uma maldição para a
vida do pastor e para a igreja.”53
Ainda argumentando
sobre o conceito de maldição em objetos, Rebecca conta sua experiência com os
artefatos do rei egípcio Tutancâmon. De acordo com Rebecca, em seu tempo como
estudante de medicina, foi a uma exposição, realizada em seu país, dos objetos
escavados do túmulo do Rei Tutancâmon do Egito. De corrente desta visita aos
artefatos, Rebecca ficou muito doente por treze anos. Depois de muito
sofrimento, chegou à conclusão que suas enfermidades foram conseqüência de sua
exposição aos objetos amaldiçoados de Tuntancâmon.
2.3.3.3 Maldição em
lugares
Os mestres da
doutrina de maldição hereditária acreditam que não só objetos podem ser
amaldiçoados mas, também, que lugares podem sê-lo. De acordo com estes mestres,
casas, vilarejos, bairros, cidades, nações inteiras e, até mesmo, igrejas podem
ser vítimas de maldição, acarretando aos seus moradores sofrimentos crônicos de
miséria, pobreza, adultério, mortes prematuras, etc.
Jorge Linhares,
ensinando sobre isso, diz que as “cidades também podem estar amaldiçoadas;
portanto, tudo o que há nelas – o povo, o solo, hospitais, fábricas, etc. –
está sob maldição.”54
Rebecca Brown também
fala do assunto:
“Uma terra e uma
propriedade podem tornar-se amaldiçoadas por diversas razões. A primeira delas
pode ser porque alguém, a serviço de Satanás, lançou uma específica maldição
sobre uma determinada área. Muitas terras nos Estados Unidos acham-se
amaldiçoadas pelos índios americanos. Um exemplo disso é a região do
desfiladeiro do rio Colúmbia, na fronteira dos estados de Oregon e Washington.
Os dois lados do rio Colúmbia estão pontilhados por uma série de pequenas
cidades. Nessas cidades há muitas igrejas que são pequenas e derrotadas. Nunca
ocorreu um avivamento ou um movimento maior do Espírito Santo naquela região.
A segunda maneira
pela qual propriedades podem estar amaldiçoadas para os cristãos é por terem
sido dedicadas ao serviço de Satanás e de espíritos demoníacos. Todo cristão
que venha à propriedade para nela viver é oprimido por espíritos demoníacos
residentes no local, e é amaldiçoado por esses demônios.55
Finalmente,
determinadas propriedades às vezes têm uma maldição em si por causa dos pecados
dos antigos proprietários e residentes. Os espíritos demoníacos tomam
residência na propriedade pelo pecado das pessoas que a possuem ou que moram
nela. Uma outra pessoa que depois vem morar no local ficará sob opressão por
aqueles demônios (por suas maldições), a menos que a propriedade seja
purificada.
Da mesma forma, a
doutrina de Maldição hereditária têm ensinado que as palavras proferidas pelo
indivíduo têm o poder de trazer, a ele mesmo ou a outros, bênção ou maldição.
Assim, o indivíduo deve prestar mais atenção no que diz, principalmente nas
palavras negativas como: “você é um burro, não sabe fazer nada”, etc. Estas
palavras são respaldadas por espíritos maus (demônios) que fazem com que se
realizem.
Jorge Linhares fala
sobre o assunto da forma como se segue:
“Maldição é a
autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para
causar dano à vida do amaldiçoado. Na maioria das vezes não temos consciência
de estar passando-lhe essa autorização; em geral o fazemos mediante
prognósticos negativos, o que é popularmente conhecido como “rogar praga”. E um
dizer profético negativo sobre alguém.
A maldição é a prova
mais contundente do poder que têm as palavras. Prognósticos negativos são
responsáveis por desvios sensíveis no curso de vida de muitas pessoas,
levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus.
As pragas se
cumprem.É por desconhecermos o poder de nossas palavras que vivemos
amaldiçoando nossos filhos, nossos parentes, as autoridades, e, inclusive,
nossos próprios negócios.
Quando usamos os
lábios para amaldiçoar estamos chamando a nós o que existe no inferno.
É temerário
amaldiçoar porque as maldições podem acarretar grandes consequências, dentre
elas a opressão e a possessão demoníacas.”56
Kenneth Copeland,
falando sobre o poder da palavra de trazer maldição, diz o seguinte:
“A língua de vocês
é o fator decisivo na sua vida.. Vocês podem controlar Satanás aprendendo a
controlar a própria língua. Vocês têm sido condicionados, desde o nascimento, a
falar palavras negativas, carregadas de sentimentos de morte.
Inconscientemente, em sua conversação diária, vocês usam palavras que se
referem a morte, enfermidade, ausência, temor, dúvida e incredulidade: Quase
morri de susto! Estou morrendo de vontade de fazer isso ou aquilo. Pensei que
ia morrer de tanto rir. Ainda morro disso! Isso me deixa doente! Essa confusão
está acabando comigo. Acho que vou pegar um resfriado. Não aguento mais isso.
Duvido que… Quando proferem essas palavras vocês nem suspeitam do que acontece,
mas estão trazendo sobre si mesmos forças negativas e brasas incandescentes…
Suas palavras liberam os poderes de Satanás.”57
A Missão Shekinah
também fala sobre isso da seguinte forma:
A doutrina de
maldição hereditária crê que maldições podem ser lançadas, com sucesso, à
pessoas ( inclusive cristãs) e lugares, através de rituais de Feitiçaria, Magia
Negra, Vodu, Umbanda, Candomblé e outros. Rebecca Brown comenta sobre isso:
“Pessoas envolvidas
no ocultismo freqüentemente se voltam contra os cristãos. Eles têm que realizar
vários rituais, ou ‘trabalhos’, para fazer com que os demônios realizem as
tarefas que eles desejam.”59
Para melhor compreensão
faz-se necessário ver alguns destes rituais. Um ritual muito interessante são
os desenhos. Crê-se que existem determinados desenhos – feitos em muros, casas,
igrejas, empresas, etc. -, de procedência ocultista, que são alojamento de
demônios “observadores”. Então, estes demônios teriam a função de observar a
região em redor e impor sofrimentos a quem ele foi destinado. Para quebrar esta
maldição fa-ze necessário ungir com óleo o desenho e, em seguida, apagá-lo do
local em que foi desenhado.
Um outro ritual
usado para lançar maldições é o uso de objetos pessoais. Nesse ritual, o
feiticeiro utiliza um objeto pessoal para realizar seu agouro à pessoa objeto.
Alguns, comumente
usados, são as “fotos, fios de cabelo, pedaços de unha e roupas da pessoa.
Essas coisas são usadas como marcadores. O espírito demoníaco envolvido com
tais rituais exige essas coisas para que possa identificar a pessoa a quem ele
está sendo enviado para afligir.”60 Para quebrar esta maldição, faz-se
necessário pedir para Deus destruir o objeto que está de posse do feiticeiro e,
em seguida, expelir todos os demônios oriundos desta maldição.
Um outro conceito
da doutrina de maldição hereditária, amplamente divulgado, é o de “espíritos
familiares”. Espíritos familiares são demônios que, devido ao pecado de algum
antepassado, acompanha geração a geração, impondo-lhes aquele mesmo pecado. Se
uma determinada pessoa comete o pecado de adultério, por exemplo, ela deu
oportunidade a demônios de transmitirem os mesmos pecados à sua descendência.
Ricardo Mariano
define esta ideia da seguinte forma:
“Os que pregam
acerca de tais espíritos creem que um indivíduo, crente ou não, tendo ancestral
que pecara ou mantivera ligações com espiritismo, idolatria ou quaisquer
práticas religiosas antibíblicas, carrega consigo a maldição provocada pelo
demônio herdado. Para libertar-se, precisa renunciar ao pecado e às ligações
demoníacas de seus ancestrais e ‘quebrar’, por meio do poder de Deus posto em
ação pelo culto de intercessão, as maldições hereditárias.”61
O texto mais usado
para defender esta ideia é Lv 19:31, na versão “King James”:
“Não vos voltarei
para os que tem espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou
o Senhor.”
Robson Rodovalho,
em seu livro “Quebrando as maldições”, explica este pensamento da maneira como
se segue:
“Deus tão somente
entrega aquela família ou indivíduo, a sofrer as ações dos espíritos familiares
que induziam seu antepassados àquelas práticas pecaminosas. Desta forma, as
heranças espirituais são transmitidas de geração a geração e é por isso que se
cumpre o provérbio popular: Tal pai… Tal filho.”62
“Há um
acompanhamento, por parte destes demônios, sobre as famílias. E eles transmitem
os mesmos vícios, comportamentos e atitudes de que temos falado.”63
Segundo Robson
Rodovalho, estes espíritos familiares são encarregados de transmitir maldições
para as gerações posteriores. Seus campos de atuação são: casamento, violência,
enfermidade, vícios, loucura e destruição das finanças.
A Missão Evangélica
Shekinah ainda fala sobre isso da seguinte forma:
“O problema
teológico é facilmente explicado. O pecado dá direito legal à satanás de gerar
consequências nas gerações futuras.
Ele se utiliza de
espíritos malignos familiares, demônios específicos que controlam cada família.
Veja porque no
espiritismo realiza-se uma sessão chamada de consulta ao morto (falecido).
Muitos, por ignorância, creem que o espírito que incorporou no médium é
verdadeiramente do falecido, pois ele fala como se fosse o falecido, diz as
coisas que ele gostava, etc. Mas na verdade, é o espírito familiar maligno que
acompanha aquela família, por alguma legalidade. Estes espíritos familiares
cumprem a função descrita em I Pedro 5: 8 “…o diabo, vosso adversário, anda em
derredor…”, pois ele não é onipresente. Eles acompanham aquela família, geração
após geração, esperando uma brecha para penetrar (assim como no caso de Judá
até Davi). Também se utilizam da ignorância do homem.”64
A Missão Shekinah
ainda falando sobre isso, oferece uma lista de áreas onde estes espíritos
familiares atuam. Entre estas está:
“Espíritos
familiares na área de temperamentos e caráter: 01. Injustiça 02. Dolo 03.
Detratação (depreciar, reputação) 04. Assaltos 05. Assassinatos 06. Furtos 07.
Fraudes 08. Falta de misericórdia 09. Difamação 10. Maldade 11. Calúnia 12.
Injúria 13. Crueldade 14. Malignidade 15. Orgulho 16. Vaidade 17. Presunção 18.
Cobiça 19. Covardia 20. Mentira 21. Rebeldia 22. Maledicência 23. Malícia 24.
Ganância 25. Avareza 26. Dissenção 27. Brigas 28. Rixas 29. Língua Desenfreada
30. Ciúmes 31. Inimizades 32. Porfias 33. Criticismo 34. Murmuração 35. Timidez
36. Vingança 37. Ódio 38. Ira 39. Inveja 40. Engano 41. Medo 42. Pânico 43.
Devaneios (fantasias) 44. Procrastinação (demora em tudo) 45. Infidelidade a
Deus e aos homens 46. Maus tratos às crianças(espancamento, julgamento, falta
de respeito) 47. Delação de pessoas inocentes 48. Amaldiçoar os pais e os
descendentes 49. Morte 50. Suicídio 51. Acidentes e desastres 52. Vícios,
Álcool, drogas, jogos, etc. Espíritos familiares ligados à seitas e religiões:
01. Espiritismo – Kardecismo, Umbandismo, Candomblismo, Macumbaria,
satanismo,etc. 02. Idolatria – católica romana 03. Seitas diversas: Maçonaria,
Rosa Cruz , Pró-Vida, Nova Era, Mormonismo, Testemunha de Jeová, etc. 04.
Cangaço, Canibalismo, Guerras religiosas, Sacrifício de crianças, pessoas e
animais. Perseguição aos judeus e cristãos (italiano, alemão) 05. Incredulidade
em todas as formas. Colaboração para construção de templos pagãos. Espíritos
familiares ligados à área de comportamento social: 01. Guerras (todos os tipos,
politico, social, religioso); 02. Revolução (esp. revolucionário) 03. Fascismo;
04. Nazismo 05. Comunismo 06. Racismo 07. Racionalismo 08. Despotismo (poder
absoluto) 09. Intelectualismo 10. Materialismo 11. Anarquismo 12. Consumismo
13. Feudalismo 14. Terrorismo 15. Colonialismo 16. Preconceitos 17. Fazer
acepção de pessoas 18.Traição 19. Máfia 20. Contrabando 21. Autoritarismo
22. Controle 23.
Mau uso de poder 24. Opressão aos pobres 25. Prejudicar viúvas, órfãos, pobres,
utilizando-se de meios escusos 26. Falsos testemunhos 27. Derrota 28.Miséria
29. Síndrome de bancarrota 30. Violência social 31. Mutilação de pessoas 32.
Cárcere privado 33. Executor como carrasco, pistoleiro 34. Pirataria 35.
Tráfico de escravos 36. Escravatura 37. Roubo de tesouro e terras 38. Espólio
(tirar por fraude
Vejamos o que diz
Robson Rodovalho, em seu livro “Quebrando as maldições” :
“…quando percebemos
existir maldições hereditárias nas pessoas, pedimos para que ela faça uma
gráfico da árvore genealógica, até a Quarta ou Quinta geração ou até onde tem
informações. E tentem escrever como foram aqueles antepassados. Como foram suas
práticas, vícios e a história da vida deles.
A partir dali,
tentamos discernir se existem maldições que entraram na família, e em oração os
quebrar. Temos que até interceder, pedir perdão por pecados que aqueles
antepassados tiveram, e quebrar os pactos que fizeram.”66
Ainda instruindo
seus leitores a realizar tal prática, Robson Rodovalho indica como fazer esta
árvore genealógica: (1) Começar desenhando as raízes que representam a herança
familiar; (2) Desenhar o solo que representa o apoio com que conta a família;
(3) Pensar e desenhar o tipo de árvore que deseja representar; (4) Desenhar um
galho representando cada pessoa da família; (5) Colocar o nome da família na
parte superior do desenho; (6) Comentar sobre o desenho ao cônjuge.
2.3.3.8 Outros
Procedimentos para se quebrar a maldição
Fazer a árvore
genealógica não basta para quebrar uma maldição, isso somente informa sobre os
motivos pelos quais ela está afligindo alguém. Quais seriam, então, os
procedimentos, a se tomar, depois que se descobre a existência da maldição? De
acordo com os mestres da doutrina da maldição hereditária, existem certos
procedimentos que deve-se tomar a fim de quebrar as maldições:
(1) Reconhecer que
Cristo tomou sobre si as nossas maldições; i. é, reconhecer que não se precisa
tolerar a maldição, pois, Cristo, levou o fardo de todas as maldições;
portanto, qualquer maldição que, porventura, o indivíduo possa levar é,
meramente, fruto de seu conformismo.
(2) Pedir perdão
pelos antepassados. Deve-se assumir o pecado cometido pelo antepassado,
confessando e arrependendo-se dele.
(3) Orar quebrando,
rejeitando, anulando, negando, renunciando as maldições. Assim fazendo, todos
demônios ligados a maldição são expelidos.
Sobre isso, Robson
Rodovalho fala da seguinte forma:
“Faça uma lista das
características pecaminosas da sua família e ore fazendo campanhas, renúncias,
para quebrar estas maldições em seu viver, Que não haja nenhuma maldição ,
nenhum legado sobre a sua vida, que seus pais possam Ter transmitido, mas que
seja quebrado trazendo a única herança da bênção, a bênção de Cristo Jesus.”67
Rebecca Brown
instrui a quebrar a maldição da seguinte forma:
“Se a maldição
proveio de Satanás, e ele teve direito legal para fazer isso, tome os seguintes
passos:
§ PRIMEIRO PASSO:
Confesse e reconheça o pecado que deu a Satanás e/ou a seus servos o direito de
lançar uma maldição em você. Arrependa-se e peça a Deus perdão e purificação.
§ SEGUNDO Passo: Em
voz alta, tome autoridade sobre a maldição em nome de Jesus Cristo e ordene que
ela seja quebrada de imediato.
“Por exemplo: “Em
nome de Jesus Cristo eu tomo autoridade sobre esta maldição e ordeno que ela
seja quebrada agora!”
§ TERCEIRO PASSO:
Ordene a todos os espíritos demoníacos relacionados com tal maldição que saiam
de sua vida imediatamente, em nome de Jesus.
Por exemplo: “Em
nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta
maldição saiam da minha vida agora!”
Se Satanás o
amaldiçoou sem ter tido o direito legal para tanto, então tome os seguintes
passos:
§ PRIMEIRO PASSO:
Falando em voz alta, tome autoridade sobre a maldição, em nome de Jesus Cristo,
e ordene que ela seja quebrada de imediato.
Por exemplo: “Em
nome de Jesus Cristo, eu tomo autoridade sobre esta maldição de… e, ordeno que
seja quebrada agora!”
§ SEGUNDO PASSO:
Ordene a todos os espíritos demoníacos relacionados com a maldição que lhe
deixem imediatamente.
§ Por exemplo: “Em
nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os demônios relacionados com esta maldição
vão embora da minha vida agora!”68.
2.3.4 A
Maldição hereditária à luz das Escrituras
2.3.4.1 Etimologia
da palavra “Maldição”
Segundo o Novo
Dicionário de língua portuguesa69, “maldição” vem do Latim “maledictione” e
significa o ato ou o efeito de amaldiçoar ou maldizer; praga; desgraça,
infortúnio, calamidade.
Existem quatro
palavras hebraicas que, geralmente, são traduzidas como maldição. São elas:
‘arar ( gr. Kataraomai), ‘alâ ( gr. Epikataratos), qälal (gr. Kataraomai) e
qäbab.
‘arar
A palavra hebraica
‘arar é um verbo que tem como raiz ‘-r-r. Citando Brichto, o Dicionário
Internacional de Teologia do Antigo Testamento diz que ‘arar vem da palavra
acadiana aräru que tem o sentido de “capturar, prender”. Segundo o Dicionário,
‘arar significa, portanto, “prender (por encantamento) , cercar com obstáculos,
deixar sem forças para resistir”70. O sentido é de banimento ou estado de
inexistência de Bênçãos.
Segundo o
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento71, quando a palavra
‘arar é usada, ela está envolvendo três categorias gerais: (1) Declaração de
punição ( Gn 3:14,17); (2) proferir de ameaças ( Jr 11:3; 17:5; Ml 1:14); (3)
proclamação de leis ( Dt 27:15-26; 28:16-19).
Assim sendo, todas
estas categorias envolvem a conseqüência da quebra do relacionamento de alguém
com Deus, i. é, o estado a que se chegou por ter quebrado a aliança, um estado
de separação, de banimento.
‘älâ
Esta palavra é
usada 35 vezes no Antigo Testamento. É um substantivo usado para expressar o
juramento solene entre os homens ( Gn 24:41; 26:28) e entre Deus e os homens (
Nm 5:21 e ss; Jz 17:2; 1 Rs 8:31).
A palavra derivada
ta’älâ tem o sentido de “punição para um juramento quebrado”. Ela ocorre
somente uma vez no Antigo
Testamento, em Lm
3:65: “Tu lhe darás cegueira de coração, a tua maldição imporás sobre eles.”
Qälal
Esta palavra é
usada 42 vezes no Antigo Testamento. Significa “ser sem importância,
insignificante, coisa pouco valorizada”. A raiz desta palavra, q-l-l, ocorre
130 vezes e exprime a ideia de desejar a outra pessoa uma posição inferior. Em
Ne 13:25, vê-se Neemias pronunciando uma qälal, i, é, uma fórmula de maldição.
Em 2 Mac 4:2 encontramos esta expressão traduzida da seguinte forma: “ falar
mal de…”
Qelälä é o
substantivo derivado de qälal.. A ênfase dada neste substantivo exprime a ideia
de ausência de um estado abençoado e o rebaixamento a um estado inferior. Ou
seja, a fórmula de maldição seria a expressão do estado de maldição. É a idéia
( pensamento) da posição de insignificância. Esta palavra representa o estado
descrito e possível ( Dt 11:26; 30:19), enquanto que ‘arar é o próprio estado a
que se chegou.
O Dicionário
internacional de Teologia do Antigo Testamento, tratando sobre isso, comenta da
seguinte forma:
“Os pagãos achavam
que os homens eram capazes de manipular os deuses. É por isso que Golias
amaldiçoou Davi ( 1 Sm 17:43) e Balaão foi chamado a amaldiçoar Israel ( Nm
22:6). Entretanto a maldição infundada não possui efeito algum ( Pv 26:2).
Somente as fórmulas divinas ( de Bênção e maldição) são eficazes ( Sl 37:22).
Conforme Deus disse a Abraão, “os que te amaldiçoarem [ qälal ]” ( i. é,
pronunciarem uma fórmula) “[ eu os] amaldiçoarei [‘arar]” ( i. é, eu os porei
na posição de vergonha que te desejarem). Amaldiçoar o profeta de Deus eqüivalia
a atacar o próprio Deus e a trazer sobre si o juízo divino, como foi o caso com
os rapazes que difamaram ( cf. qälas) Eliseu e foram por este amaldiçoados (
qälal, 2 Rs 2:24)”72.
Qäbab
Uma outra palavra
traduzida como maldição é qäbab. Esta palavra ocorre 15 vezes no Velho
Testamento. Ela exprime a idéia de pronunciar uma fórmula com o propósito de
trazer malefícios ao seu alvo. A ênfase desta palavra é o poder inerente às
palavras para provocarem o mal desejado. Ela aparece, principalmente, nas narrativas
de Balaão e Balaque ( Nm 23:8). Isso se da, talvez, porque Balaque cria na
possibilidade da magia ( fórmulas que prejudicavam ao objeto) e por querer
utilizar-se desta magia.
2.3.4.2 A Maldição
nas culturas antigas
Nas culturas
antigas, era ordinária a busca pelo sobrenatural quando os métodos naturais não
tinham eficácia diante de suas necessidades. Essa busca pelo sobrenatural era
conhecida como “magia”. A magia era “ a exploração de poderes miraculosos ou
ocultos, por métodos cuidadosamente especificados para atingir finalidades que
doutro modo não podiam ser alcançadas.”73 Sobre isso comenta Antônio Neves:
“Desde tempos
imemoriais se cultivava a magia. A ideia fetichista de que o mundo está povoado
de maus e bons espíritos e que os maus podem ser propiciados por meio de
oferendas, rezas e tantos outras invenções pagãs, oferecia vasto campo a
explorações nas crendices populares. Todos os povos palestinos eram dados a
essas práticas, mesmo que não sejam considerados propriamente povo fetichista,
mas apenas idólatras.”74
Lothar Coenen
também fala da seguinte forma:
“No pensamento da
antiguidade, a palavra tem poder intrínseco que é liberado pelo ato de
pronunciá-la, e independente deste ato. A pessoa amaldiçoada é assim exposta a
uma esfera de poder destrutivo. A maldição opera de modo eficaz contra a pessoa
execrada, até que se esgote o poder inerente na maldição.”75
No Egito, a magia
era efetivada através de rituais que representavam o resultado desejado; i, é,
se o mágico quisesse destruir o inimigo, ele faria uma imagem de cera de seu
inimigo e, em ritual, destruiria o boneco. A magia também era efetivada através
de pronunciamentos de palavras que eram tidas como eficazes para a efetivação
do encantamento. Em geral, a magia era utilizada para beneficiar os vivos e os
mortos.
Segundo Douglas, as
funções das magias egípcias podem ser classificadas da maneira como se segue:
“Defensiva, produtiva, prognóstica, malévola, funerária e operadora de
maravilhas.”76
A magia defensiva
visava a defesa contra coisas que podiam lhes afligir, como serpentes,
escorpiões, etc. A magia produtiva era utilizada para facilitar diversas
ocasiões da vida como o parto, a relação sexual e abrandar más condições
atmosféricas. A magia prognóstica tinha como finalidade a predição de
acontecimentos futuros. A magia malévola, ainda que punida pela lei, era
empregada para acometer alguma espécie de mal aos outros. A magia funerária
visava prover capacitação aos mortos para vencerem dificuldades no mundo
vindouro. Por fim, a magia operadora de milagres concedia aos mágicos renome,
por desvendar suas habilidades miraculosas.
Os medos e persas
também tinham elementos de magia em sua cultura e, principalmente, em sua
religião oficial. Sua magia originou-se, principalmente, dos sumérios de 3.000
a.C. O Zoroastrismo é uma religião de origem persa. Interessante notar ( a fim
de ressaltar o envolvimento desta cultura nas artes mágicas) que os sacerdotes
do zoroastrismo são chamados de “magi” e esta é a origem da palavra portuguesa
“mágica”. Esta mágica era praticada com o mesmo sentido que era praticada no
Egito. Ela visava os interesses tanto dos vivos como dos mortos. Como no caso
do Egito, a magia era praticada por sacerdotes eruditos. Chanplim divide em
três as técnicas empregadas pelos medo-persa na magia:
“1. técnicas
puramente práticas; 2. técnicas cerimoniais; 3. técnicas que combinam o prático
com o cerimonial. Na magia prática, o indivíduo simplesmente faz algo que foi
declarado como bom pelo feiticeiro ou sábio. Realiza certos atos. Na magia
ritualística, há encantamentos e agouros, algumas vezes acompanhados por ritos
sacrificiais elaborados. Divindades, demônios, forças cósmicas, forças da
natureza, etc., são invocados como auxílios. Acredita-se que certas palavras
revestem-se de poder, e que certas orações, declarações, etc., necessariamente
atraem os poderes superiores. Certos atos podem ser reforçados por rituais e
orações, e nisso temos algo que pertence à terceira classificação de
técnicas.”77
A civilização hindu
elaborou-se por volta de 1500 a 800 a.C. Sua religião era marcada pelo
conformismo às regras e costumes, como também às práticas mágicas bastante
numerosas. Também era marcada pelo panteísmo, onde a divindade ficava à
disposição do homem que pode manipulá-la através do sacrifício ou devoção. A
magia nesta civilização era comum. Ela envolvia todos os aspectos da vida:
saúde, trabalho, sexo, etc. Suas principais maneiras de se fazer magia são
alistadas por André Aymard e Jean Auboyer:
“Fórmula murmurada
(mantra), as transferências dos problemas humanos para objetos ou animais,
enfim, encantos e amuletos que devem assegurar a longa vida, curar ou combater
as doenças, afastar as más influências, banir os aborrecimentos e sofrimentos,
conquistar o amor do ser amado etc.”78
A vida civilização
chinesa era marcada pela crença em um mundo divino e demoníaco, cujo favor deve
ser buscado. Para que isso acontecesse, o indivíduo deveria saber quais os
deuses e espíritos que lhe correspondiam, a partir de sua posição social,
função e dever. No ritual para se buscar o favor desses espíritos “a oração tem
um valor de certo modo mágico e opera por si mesma, se pronunciada
corretamente, no momento desejado e nas circunstâncias pedidas.”79
Assim, era comum a
crença em maldições. Para estes povos, a maldição era um desejo exteriorizado
em forma de palavras ou, até mesmo, de ritos; estas palavras e ritos, segundo
se pensava, tinham o poder intrínseco de realizar o desejo expresso.
William L. Coleman,
definindo o termo “encantamento”, diz o seguinte:
“Eram formas de
tentar afetar a vida de outrem para o bem ou para o mal por meio de dizeres ou
magias. Tais práticas foram largamente empregadas durante o período da história
bíblica… Aquele povo tinha muita fé em bênção e maldições.”80
De semelhante forma,
Chanplin define encantamento da seguinte forma:
“Os encantamentos
são aquelas práticas, comuns entre os povos primitivos, de usar fórmulas
verbais ou ritos mágicos que encorajariam os poderes sobrenaturais a entrar em
ação, praticando o bem ou o mal, abençoando ou amaldiçoando as pessoas,
exorcizando os demônios, provocando experiências místicas ou curando
enfermidades. Essas fórmulas verbais são faladas ou entoadas e, geralmente,
fazem parte de rituais para todos os tipos de ocasiões.”81
Mary J. Evans,
também comenta sobre o assunto da seguinte forma:
“Na Mesopotamia,
parece que aquela vida foi dominada lidando com o terror de maldições e
agouros. Estas maldições eram invocadas por indivíduos e a sensação é que os
deuses não podiam escolher não agir. A pessoa tinha a impressão que a maldição
age totalmente independentemente da relação entre o indivíduo e os deuses
dele.”82
Um exemplo desta
crença antiga, é o caso de Balaão e Balaque ( Nm 22,23). Balaque era um rei
Moabita que contratou Balaão para amaldiçoar Israel. As palavras de Balaque
expressam sua crença no poder intrínseco das palavras em trazer benefícios ou
malefícios ao seu objeto:
“Vem, pois, agora,
rogo-te, amaldiçoa-me este povo, pois é mais poderoso do que eu; para ver se o
poderei ferir e lançar fora da terra, porque sei que a quem tu abençoares será
abençoado, e a quem tu amaldiçoares será amaldiçoado.” ( Nm 22:6).
Já vimos que a
palavra hebraica usada por Balaque foi “qäbab”, que exprime a ideia de
pronunciar uma fórmula com o propósito de trazer malefícios ao seu alvo. Isto
ilustra, como diz Russel Shedd, “ a crença popular que o próprio fato de um
profeta prenunciar algo traria o efeito profetizado.”83
2.3.4.3 A Maldição
em Gênesis
O nome do primeiro
livro da Bíblia vem da palavra hebraica berëshît, “no princípio”. Quando foi
transliterada para o grego da LXX, teve o significado de “origem, fonte”. Este
nomes são perfeitamente adequados para o teor do livro. O livro trata das
origens de todas as coisas. Sobre a estrutura do livro, Lasor, Hubbard e Bush,
falam da seguinte forma:
“O livro tem duas
partes distintas: capítulos 1-11, a história primeva, e capítulos 12-50, a
história patriarcal ( tecnicamente 1.1-11.26 e 11.27-50.26). Gênesis 1-11 é um
prefácio à história da salvação, tratando da origem do mundo, da humanidade e
do pecado. Gênesis 12-50 reconta as origens no ato de Deus escolher os
patriarcas, juntamente com as promessas de terra, posteridade e aliança.”84
Desta forma, o
livro de Gênesis relata a origem do pecado e, diretamente ligada a ele, a
origem da maldição. Nós vemos a ocorrência da maldição no capítulo 3, 4, 9, 12,
27 e 49. A primeira passagem que ocorre a palavra “maldição”, é Gn 3:14:
“ Então, o Senhor
Deus disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os
animais domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o
teu ventre e comerás pó todos os dias da tua vida.”
Pode-se perceber
neste texto que é impossível separar a maldição do pecado. A palavra hebraica
usada aqui para “maldição” é ‘arar. Portanto, o sentido aqui, é que a serpente
seria “banida” de todos os animais, i. é, ela passaria a viver em um estado de
inexistência de Bênçãos devido ao seu pecado e, semelhantemente, o solo
(“maldita é a terra por tua causa”) seria impedido de conceder sua fertilidade
ao homem, devido ao pecado deste.
É como diz Kaiser:
“Em cada caso foi declarada a razão da maldição: (1) Satanás logrou a mulher;
(2) a mulher escutou a serpente; e (3) o homem escutou a mulher – ninguém
escutou a Deus.”85
Da mesma forma,
Caim foi “maldito desde a terra” ( 4:11), ou seja, “banido de usufruir de sua
produtividade”86, ou melhor, “os labores de Caim como agricultor seriam vãos;
portanto, ele teria de andar pela terra como um vagabundo”87 , e essa maldição
foi conseqüência de seu pecado, o homicídio. Da mesma maneira, Canaã tornou-se
maldito ( Gn 9:25); ou seja, foi colocado em um estado inferior ( como diz
Davidson: “talvez significasse a subjugação final dos cananeus a Israel”88; e
Halley : “Os descendentes de Cão seriam raças de servos”88), por ter
participado vulgarmente do triste incidente.
Em Gn 12: 3, essa
ideia também é expressa. Deus diz a Abraão que abençoaria o que o abençoassem e
amaldiçoaria aos que o amaldiçoassem. A maldição ( ‘arar) de Deus; i, é, o
estado de inexistência de Bênçãos, alcançaria aqueles que desejassem, e
expressassem em palavras, esse estado para Abraão.
Nesse mesmo
contexto, é importante notar-se o entendimento que Jacó tinha desta ligação do
pecado com a maldição. Em Gênesis 27: 11,12, vê-se o estratagema de Jacó e sua
mãe para usurpar a bênção de
Esaú. Receoso, Jacó
diz à sua mãe: “Dar-se-á o caso de meu pai me apalpar, e passarei a seus olhos
por zombador; assim, trarei sobre mim
maldição e não
bênção.” A palavra hebraica traduzida aqui como maldição é qelälâ. Como já
vimos, a ideia básica desta palavra é a ausência de um estado abençoado e o
rebaixamento a um estado inferior. Assim, Jacó tinha receio que suas
maquinações lhe provocassem um estado imediatamente inferior do estado de Bênção.
Da mesma forma,
Jacó, mas à frente ( Gn 49:7), expressa, ainda, este conceito, quando diz que
Simeão e Levi eram malditos. É importante notar-se que este “rebaixamento” de
Simeão e Levi se deu por causa do massacre que infringiram à Siquém.
Portanto, no livro
de Gênesis, a maldição está diretamente ligada ao pecado e significa
basicamente um estado. Estado esse que seria desfavorecido em relação ao estado
anterior que era abençoado por Deus, por conseqüência da quebra do
relacionamento com Ele.
2.3.4.4 A Maldição
Em Deuteronômio
A origem da palavra
portuguesa “deuteronômio” remonta à expressão hebráica ‘ëlleh haddebärîm, “são
estas as palavras”. Esta expressão hebraica foi transliterada para a palavra
grega “deuteronomion” que significa “segundo livro da lei” ou “segundo
pronunciamento da lei. Assim, os tradutores intitularam este livro fazendo uma
alusão clara a primeira ocorrência da lei, em Êxodo. Fizeram isso por que o
conteúdo do livro é exatamente esse. Em Êxodo, Levítico e Números as leis foram
promulgadas, agora, prestes a entrar em Canaã, a lei estava sendo recapitulada.
Pensando assim, o
livro de Deuteronômio tem sido dividido em três discursos. Lasor, Hubbard e
Bush tecem o seguinte esboço de Deuteronômio:
“Introdução (1.1-5)
Primeiro Discurso:
Atos de Javé (1.6—4.43)
Sumário Histórico
da Palavra de Javé (1.6-3.29)
Obrigações de
Israel para com Javé (4.1—40)
Nota sobre Cidades
de Refúgio (4.41-43)
Segundo Discurso:
Lei de Javé (4.44—26.19)
As Exigências da
Aliança (4.44—11.32)
Introdução
(4.44-49)
Dez Mandamentos
(5.1-2 1)
Encontro com Javé
(5.22-33)
Grande Mandamento
(6.1-25)
Terra da Promessa e
Seus Problemas (7.1-26)
Lições dos Atos de
Javé e Reação de Israel (8.1—11.25)
Alternativas diante
de Israel (11.26-32)
Lei (12.1—26.19)
Acerca do Culto (12.1—16.17)
Acerca dos Juízes
(16.18—18.22)
Acerca dos
Criminosos (19.1-21)
Acerca da Guerra
(20.1-20)
Miscelânea de Leis
(21.1—25.19)
Confissões
Litúrgicas (26.1-15)
Exortações Finais
(26.16-19)
Cerimônia a Ser
Instituída em Siquém (27.1—28.68)
Maldições pela
Desobediência (27.1-26)
Bênçãos pela
Obediência (28.1-14)
Maldições pela
Desobediência (28.15-68)
Terceiro Discurso:
Aliança com Javé (29. 1—30.20)
Propósito da
Revelação de Javé (29.1-29)
Proximidade da
Palavra de Deus (30.1-14)
Escolha Colocada
diante de Israel (30.15-20)
Conclusão
(31.1—34.12)
Palavras Finais de
Moisés; seu Cântico (31.1—32-47)
Morte de Moisés
(32.48-34.12)”.89
Deste modo, pode-se
notar que a lei é o tema dominante em todo o livro. No entanto, diretamente
ligado a este assunto, pode-se ver o subtema: maldição. A maldição está
presente nos capítulos 11, 27, 28, 29 e 30. É importante notar-se que em todas
as ocorrências, a maldição está diretamente ligada com o tema: lei. No capítulo
11: 26-28, o autor adverte:
“Eis que, hoje, eu
ponho diante de vós a bênção e a maldição: a bênção, quando cumprirdes os
mandamentos do Senhor, vosso Deus, que hoje vos ordeno; a maldição, se não
cumprirdes os mandamentos do Senhor, vosso Deus, mas vos desviardes do caminho
que hoje vos ordeno, para seguirdes outros deuses que não conhecestes.”
No capítulo 27,
inicia-se uma série de instruções sobre as cerimônias de bênçãos e maldições.
Seis tribos deveriam subir ao monte Gezirim e as outras seis deveriam subir no
monte Ebal. As primeiras realizariam um ritual de Bênção e as outras
realizariam um ritual de maldição. A lista de maldições era constituídas por
doze declarações. Todas, iniciavam da forma como se segue: “maldito o homem..”
ou “maldito aquele…”. Esta expressão tem o propósito de revelar o estado decorrente
da quebra de mandamentos espirituais, sociais e sexuais.
No capítulo 28
têm-se relatado algo semelhante ao capítulo imediatamente anterior: o estado
decorrente da desobediência da lei. Paul Hoff comenta sobre estas maldições da
seguinte forma:
“A obediência
traria bênçãos e a desobediência acarretaria em maldição… A desobediência traia
as seguintes maldições ( 28: 15-68):
1) Maldições
pessoais ( 16-20);
2) Peste (21,22);
3) Estiagem
(23,24);
4) Derrota nas
guerras ( 25-33);
5) Praga (
27,28,35);
6) Calamidade (
29);
7) Cativeiro (
36-46);
8) Invasões dos
inimigos (45-47);
a. Devastação da
terra, 47-52 (cumpriu-se na invasão dos assírios e babilônicos)
b. Canibalismo em
tempo do cerco, 53-57 ( ver II Rs 6:28; Lm 2:20).
9) Pragas ( 58-62);
10) Dispersão entre
as nações ( 63-68).”90
Nos capítulos 29 e
30 também vemos a mesma proposta dos capítulos anteriores; i, é, a bênção para
os obedientes e a maldição para aqueles que quebrarem a aliança.
Pode-se notar,
portanto, que a maldição no livro de Deuteronômio é um estado de ausência de
bênção, decorrente da quebra dos mandamentos da aliança. Assim, maldição é
consequência. É a “perda da presença e favor especiais de Deus… e a perda da
condição de povo do reino de Deus.”91 Lasor resume o assunto com as seguintes
palavras:
“A afirmação do
apóstolo Paulo, “o salário do pecado é a morte”
Falando em uma
perspectiva histórica, os livros históricos do Antigo Testamento contêm a
história da ascensão e queda de Israel. Os livros poéticos pertencem a era
dourada Judaica. Já, os livros proféticos estão inseridos nos dias da queda de
Israel.
Os livros
proféticos são 17, contendo 16 autores. Desses 16 autores, 13 relacionaram-se
com o período de destruição da nação hebraica e 3 com a restauração da mesma.
O período do
profetas cobriu por volta de 400 anos, de 800 a 400 a.C. Iniciou-se com a
apostasia das dez tribos ao término do reinado de Salomão. O reino do norte
adotou, como religião oficial, o culto ao bezerro ( uma estratégia política) e
logo depois somaram ao culto a Baal, consequentemente deixando o culto a Javé.
O ápice desta apostasia e o acontecimento central deste período foi a
destruição de Jerusalém. Diretamente relacionados a este acontecimento
estiveram 7 dos 16 profetas. Esse fato histórico desencadeou a maior
intensidade de atividade profética para, se possível, evitá-lo.
A mensagem
profética é resumida por Halley da maneira como se segue:
“1. Procurar salvar
a nação de sua idolatria e impiedade.
1. Falhando nisso,
anunciar que a nação seria destruída.
2. Não porém
completamente destruída. Um remanescente seria salvo.
3. Do meio desse
remanescente sairia uma influência que se espalharia pela terra e traria a Deus
todas as nações.
4. Essa influência
seria um grande Homem, que um dia se levantaria na família de Davi. Os profetas
chamaram-no de “REBENTO”. A árvore da família de Davi, que fora a mais poderosa
do mundo, foi cortada nos dias dos profetas, para governar um reinozinho
desprezado que tendia a desaparecer; uma família de reis sem reino: esta
família faria uma volta espetacular. Reaparecia. Do seu tronco brotaria um
renovo, um rebento tão grande que se chamaria O Rebento.”93
Lasor também da uma
contribuição ao assunto dizendo:
“Um estudo
cuidadoso dos profetas e de sua mensagem revela que estão profundamente
envolvidos na vida e na morte da própria nação. Ele falam do rei e de suas
práticas idólatras, de profetas que dizem o que são pagos para dizer, de
sacerdotes que não instruem o povo na lei de Javé, de mercadores que empregam
balanças adulteradas, de juízes que favorecem o rico e não oferecem justiça ao
pobre, de mulheres cobiçosas que levam o marido a práticas malignas para que
possam nadar no luxo.”94
Pode-se notar,
portanto, que a mensagem profética está diretamente ligada com o pecado do
homem; i, é, Israel e as nações haviam infringido as leis de Deus e agora
estavam sendo exortados a arrepender-se e, se não o fizessem, estariam a mercê
do julgamento divino.
A palavra
“maldição” e seus derivados, encontra-se em 25 capítulos dos livros proféticos.
É relevante notar-se que em todas essas referências, a maldição possui o mesmo
significado que possui em Gênesis e Deuteronômio; i, é, um estado de ausência
de Bênçãos por conseqüência do pecado. Assim, Isaías profetizando contra Tiro,
diz que “Na verdade, a terra está contaminada por causa dos seus moradores,
porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna.
Por isso a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados;
por isso, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão” ( Is
24:6); da mesma forma, profetizando contra Israel, Jeremias diz: “Por que assim
diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Como se derramou a minha ira e o
meu furor sobre os habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha
indignação sobre vós, quando entrardes no Egito; sereis objeto de maldição, de
espanto, de desprezo e opróbrio e não vereis mais este lugar ” ( Jr 42:18).
Também neste mesmo teor, pode-se ver Daniel chegando à conclusão do motivo do
sofrimento da nação: “Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se,
para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão
escritas na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos
pecado contra ti ” ( Dn 9:11). Zacarias também expressa o mesmo pensamento
quando diz que a maldição alcançará todo aquele que não guardar toda a lei ( Zc
5:3), e, também, Malaquias, quando diz que os sacerdotes seriam infligidos pela
maldição por não temerem ao Nome de Javé ( Ml 2:1).
Rebecca Brown em
seu Livro “Maldições não quebradas”95, explica que as maldições podem ser
divididas em categorias. Essas categorias são: as maldições dadas por Deus, as
maldições feitas por Satanás e os seus subalternos com direito para fazê-lo, e
as maldições feitas por Satanás sem direito para fazê-lo.
A crença na
maldição respaldada por Satanás é corroborada pelo renascimento do dualismo
Zoroastro, onde se cria que, no universo, existem duas forças iguais em poder e
força, lutando entre si para dominar a espécie humana. Essa concepção tem sido
difundida em larga escala no meio evangélico. Todavia, não encontra respaldo
Bíblico. Não encontra-se um texto se quer onde descreva que Satanás tem o poder
autônomo de amaldiçoar alguém ou algo sem a devida autorização divina. O
conceito, principalmente Vetero-testamentário, é que a maldição está
diretamente ligada à quebra da aliança com Deus. O pensamento Bíblico é que o
homem sofre as conseqüências de seu estado de rebeldia contra Deus. Assim, a
maldição é um estado a que se chegou, decorrente da rebelião contra as leis de
Deus.
Talvez sejamos
tentados a pensar que Satanás estava por detrás dos deuses antigos de forma que
quando as imprecações eram pronunciadas, era Satanás que agia para que estas se
cumprissem. No entanto, precisa-se atentar para dois fatos: (1) A crença, como
já vimos, no poder autônomo das imprecações respaldadas por espíritos era
própria das nações vizinhas de Israel e não era compartilhada pelos homens de
Deus. (2) Isaías ( Is 44: 9 ss.) argumenta que os deuses são sem valor, não tem
poder algum para livrar quem quer que seja; assim, não se pode crêr que estes
deuses tivessem a capacidade de amaldiçoar.
Sobre isso, o
dicionário Internacional de Teologia do Antigo testamento é feliz em comentar:
O conselho dos
mestres da maldição hereditária para se fazer um histórico familiar, a fim de
colher informações sobre alguma maldição que porventura tenha entrado na
família, não encontra respaldo bíblico.
Uma primeira
consideração a ser feita é que a Bíblia nos ensina que cada um é responsável
por aquilo que faz. O profeta Ezequiel fala sobre isso:
“Veio a mim a
palavra do Senhor, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel,
proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos
filhos é que se embotaram? Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais
direis este provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como a alma
do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá.”(Ez
18:1-4)
No contexto deste
texto, muitos estavam colocando a culpa de seus fracassos em seus antepassados.
Mas, Deus trata com cada um individualmente.
É claro que com os
pecados dos pais, os filhos podem colher o fruto deste pecado, sendo
influenciados a cometerem os mesmos pecados, e a sofrerem as conseqüências
disto (Gl 6:7). No entanto, isto é quebrado quando a geração se arrepende de
seu pecado. A Bíblia nos diz que cada um dará conta de si mesmo a Deus (Rm
14:12). Não se pode arrepender-se em lugar de outro.
Uma segunda consideração
a ser feita é que fazer árvores genealógicas assemelha-se muito com a prática
da seita mórmon. Eles fazem isso com o intuito de resolver problemas
espirituais de seus mortos, através do batismo pelos mortos. Isso, é
antibíblico. A Palavra de Deus condena tal prática ( I Tm 1:4; Tt 3:9).
O texto bíblico
mais usado para apoiar a ideia da árvore genealógica é Ex 20:
“…eu sou o Senhor,
teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à
terceira e Quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil
gerações daqueles que amam e guardam os meus mandamentos.”
Para aqueles que
costumam procurar textos bíblicos para apoiar seus conceitos, este é um “prato
cheio”. No entanto, precisamos fazer algumas considerações a respeito deste
texto:
(1) Os números não
devem ser encarados literalmente.
(2) O contexto
trata do pecado de idolatria.
(3) O texto trata
daqueles que “aborrecem a Deus”
(4) O texto trata
das conseqüências do pecado que refletem até outras gerações.
A base bíblica que
os mestres da doutrina de quebra de maldições apresentam para apoiar o
pensamento de “espíritos familiares”, é Lv 19:31, na versão King James:
“Não vos voltareis
para os que tem espíritos familiares, para serdes contaminados por eles. Eu sou
o Senhor.”
Sobre este texto,
Robson Rodovalho escreve que “é esta a base bíblica que temos para demonstrar
que estes espíritos de adivinhação, necromancia e feitiçaria, passam de geração
a geração.” 97
Se este é o único
texto – e é o único- para apoiar a doutrina de espíritos familiares não é
difícil chegarmos à conclusão de que não tem base bíblica.
O Velho Testamento
foi escrito em hebraico e não em inglês. Por isso, faz-se necessário
consultarmos o hebraico.
A palavra em
questão é “‘ob”. Esta palavra indica aqueles que consultam espíritos.
Literalmente é “o vaso”, ou “instrumento dos espíritos”. Portanto, a feiticeira
de Endor é uma ‘ob (1Sm 28); em Lv 19:31, o povo de Israel é instruído a ficar
longe destes ‘ob.
Uma série de outras
passagens envolvendo a palavra ‘ob, são encontradas nas Escrituras ( Lv 20:27;
Dt 18:10,11; Is 8:19), sempre denotando pessoas que se envolvem na consulta de
mortos.
Àquilo que os
mestres da quebra de maldição chamam de espírito de prostituição, de inveja, de
lascívia, etc., a Bíblia chama de obra da carne (Gl 5), e só se pode vencer,
arrependendo-se do pecado, através da submissão ao Espírito Santo (Gl 5:16; 1
Co 6:9-11).
3.1 .1 A pregação
do Evangelho
Eis uma arma eficaz
contra o inimigo: a pregação da verdade.
“Todo aquele que
invocar o nome do senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não
creram? E como crerão naquele de que nada ouviram? E como ouviram, se não há
que pregue? E como pregarão se não foram enviados? Como está escrito: Quão
formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho;
pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem
pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.”( Rm 10:13-17).
Diante desta
maravilhosa declaração do apóstolo Paulo, pode-se chegar à conclusão que a
pregação do Evangelho é poderosa, por si só, para salvar o perdido. A fé vem
pela pregação da Palavra de Deus e não através de “oração de guerra”.
Champlin comenta
sobre este texto da seguinte forma:
“O propósito da
pregação cristã é o de despertar a fé nos homens, dirigindo-lhes a alma para o
seu destino apropriado. Paulo reitera aqui a mensagem constante nos versículos
catorze e quinze, mostrando que a pregação com que os missionários da cruz
obtinham convertidos, e que precisava ser ouvida para que pudesse haver fé, é a
mensagem de Cristo.” 98
Em Jo 8:32, está
escrito: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” É a verdade de
Deus, Cristo, que liberta. Não é ordenando a demônios que liberem as pessoas;
este poder quem tem é o evangelho, e é exatamente por isso que devemos
comunicá-lo.
Jesus não
comissionou seus discípulos a “amarrar” demônios nas regiões celestiais.
Jesus
comissionou-os a pregar o Evangelho: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho
a todo a criatura.” (Mc 16:15); “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações…”(Mt 28:19).
O apóstolo Paulo,
quando se converteu foi logo pregar o evangelho na sinagoga (At 9:20); em suas
viagens missionárias pregava o evangelho (Rm 15:18-20); exortou ao seu filho na
fé, Timóteo, que pregasse a Palavra (2 Tm 4:2), e, no final de sua carreira,
quando estava preso, ainda pregava o evangelho (At 28:31).
Jesus Cristo e o
apóstolo Paulo, enfatizaram a pregação do evangelho como arma para converter os
incrédulos. Se amarrar e destituir principados e potestades antes de anunciar a
Cristo fosse tão importante, porque Jesus e Paulo não nos chama atenção para um
fator tão importante?
Sobre isto Ricardo
Gondin comenta:
“O triunfo dos
cristãos na batalha espiritual acontece muito mais como o resultado da
proclamação da verdade que confrontos de poderes. O poder por si só não pode
libertar os cativos. A verdade liberta (Jo 8:32).”99
Paulo, em sua carta
a Timóteo, reconhece o valor da súplica em parceria da pregação do evangelho
para a salvação:
“Antes de tudo,
pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de
graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se
acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com
toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,
o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento
da verdade.”
É necessário
observar-se que a forma de oração que Paulo exorta para que se faça é: súplica,
intercessão e ação de graça. Quando olha-se para a oração que Paulo exorta que
se faça, pode-se denominá-la de “oração evangelística”. Esta é a oração-
constituída por súplicas, intercessões e ações de graça- feita por todos
homens, com o propósito de viver-se tranquilamente e salvar aqueles que estão
perdidos.
A intercessão é uma
arma para lutar contra o diabo pelas vidas que estão perdidas. Em Ef 6:8, o
apóstolo Paulo ainda fala sobre o valor da oração para:
“para que me seja
dada no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o
mistério do evangelho.”
Quando se observa
os modelos de oração nas Escrituras, palavras do tipo: suplicar, rogar, segundo
a tua vontade, são comuns e significativamente repetitivas. Elas têm grande
significado para o cristão. Nelas, encontra-se intrínseca a confiança em Deus
para todas as ocasiões da vida, inclusive para o dever de evangelização.
Quando o cristão
vale-se das armas de ataque, bíblicas, para saquear o território do inimigo, é
lógico que este irá reagir; e quando isto acontecer…o que fazer?
Ao descrever a
armas espirituais do crente, Paulo, em Efésios 6:13, diz o propósito: “…para
que possais resistir no dia mau.” Este vocábulo, “resistir”, é um verbo:
(Gr.)”)anqisthmi”. Ele exprime a ideia de opor-se, defender-se, fazer face a,
colocar-se contra, permanecer firme. A ideia que exprime este vocábulo é a de
não retroceder diante dos ataques do inimigo, para não lhe conceder nenhuma
vantagem ou vitória. Ele aparece, também, em passagens como Tg 4:7 e I Pe 5:9.
Quando Paulo cita a
armadura, ele tinha em mente o soldado romano preparado para a guerra. Ele usa
esta figura para exemplificar a luta do crente e como, este, pode vencer. A
metáfora denota o revestimento do Senhor Jesus que o crente deve Ter. Todas as
partes da armadura são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo
crente através do Espírito Santo.
Alguns vestem a
armadura como algo místico de eficácia instantânea, ao proferir algumas
orações. No entanto, não creio que seja isso que Paulo tinha em mente. É certo
que o apóstolo, quando advertia os crentes a vestirem a armadura de Deus,
estava pensando no revestir-se da natureza moral de Cristo; revestir-se do
próprio Cristo.
O cinto, ou
cinturão, era posto em torno da cintura, usado com a finalidade de apertar a
armadura em volta do corpo e sustentar a adaga e a espada.
A couraça era uma
peça da armadura romana que constituía-se em duas partes: a primeira, cobria a
região do tórax, e a outra parte cobria a região das costas. Esta peça, tinha a
finalidade de proteger as regiões vitais do corpo.
A sandália romana,
usada como figura pelo apóstolo Paulo, era feita de couro e possuía vários
cravos, formando uma camada espessa. Esta peça tinha a finalidade de proteger
os pés do soldado, onde quer que ele fosse.
O escudo, usado
como ilustração pelo apóstolo, era grande o bastante para proteger o corpo
inteiro do soldado. Ele era formado de duas partes de madeira, recobertas de
lona e, depois, de couro.
O capacete, usado
por Paulo para exemplificar a salvação, era formado de couro grosso ou metal.
Era usado para proteger o soldado de golpes de espada, proferidos em sua cabeça.
A salvação do
crente, recebida pela graça divina, mediante a fé, é o que o livra dos ataques
aterradores do diabo. Ela é uma proteção divina para o guerreiro que é crente.
Quando a pessoa é salva da morte e do pecado através de Cristo, ela está
escondida em Cristo e o diabo não a toca.
Poder-se-ia pensar
que a espada é uma arma de ataque, e realmente o é; no entanto, ela, também,
pode ser usada como defesa, e o contexto do texto de Efésios, nos da o subsídio
necessário para pensar que aqui, ela é usada para defesa.
O que Paulo queria
dizer usando a espada como ilustração? Certamente ele estava falando da atuação
do Espírito na vida do crente, de tal forma, que torna a Palavra de Deus uma
força viva na vida diária, a torna eficaz em nós e torna vigoroso o uso que
fazemos dela.
Assim como a espada
é morta quando não manuseada, assim é a Palavra sem o atuar do Espírito na vida
de quem a lê. A Palavra de Deus respaldada pelo Espírito Santo, da vida é mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes e é apta para discernir as
intenções do coração (Hb 4:12).
Por vezes, a Igreja
é tentada a acomodar-se entre as quatro paredes do templo e esquecer-se da
grande comissão. É real a cosmovisão eclesiástica – errônea, por sinal – de
achar que evangelismo é só para missionários ou pessoas tecnicamente preparadas
para isso.
As Escrituras são a
única regra de fé e de prática. Nada pode tomar esse lugar que lhe é próprio;
nem os estatutos eclesiásticos, nem as experiências pessoais.
O movimento de
Batalha Espiritual trás- e se baseia nelas para suas doutrinas- muitas
informações que não procedem das Escrituras. A pergunta que se segue, é esta:
Se não vem da Bíblia, de onde vem? Vejamos, com a finalidade de saber de onde
vem as informações que nos são passadas, algumas declarações dos expoentes da
Batalha Espiritual.
Em uma apostila
sobre uma “profecia” concedida a Magnólia de Campos Araújo, Mátiko Yamashita,
do ministério de Batalha Espiritual, concede algumas informações sobre
Espíritos demoníacos100; o interessante é que ela repete, insistentemente, a
fonte com o qual obteve tais informações:
“Eu comando o
sheol. Sou capaz de transformar pedra em pão”, disse Lúcifer. “Perguntei sobre
Ninrod: disse que é comandante geral de batalha e guerra de sombras. Perguntei
sobre o príncipe do Brasil: Atualmente está vago, pois yemanjá foi destronada
no dia 12 de outubro de 1.990.”
Depois disso,
Mátiko fala sobre o Buda e escreve:
“segundo o Buda, há
tipos de bonzos: os de roupa amarela e de grená. Este é feroz, é como javalí e
se transformam em javalis ( grifo meu)”. Também fala do “Minotauro ou tauro:
segundo sua informação é anjo caído. É gênio de destruição ( grifo meu)”.
Depois, Mátiko cita
como obteve tais informações:
“Recebemos as
revelações no dia 3.11.90, quando fomos fazer um trabalho de libertação na casa
da Silvia, e o minotauro e o centauro dominavam e controlavam outro demônio de
casta mais baixa, chamado “amoran”, tipo de uma lesma que atua nos
homossexuais. São destituídos de inteligência, se alimenta apenas de carne do
homem, isto é todo tipo de pecado sexual pervertido. Só pode ser exterminado,
dividindo em dois ou queimando com o “o fogo do Espírito”, não se expulsa, pois
ele não entende a linguagem dos humanos”.
Mátiko segue
citando sobre o centauro:
“quando a morte
pairar sobre a cabeça dos cristãos, diz Zohohet, que eu, Magnólia vou ver
centauro. Diz Zohohet: avisa a igreja. Diz que vai voltar para falar mais” (
grifo meu).
Mátiko segue
comentando da seguinte forma: “todas as informações foram dadas sob juramento,
no dia 04.11.90 para Magnólia Campos de Araújo”; e, também: “Estas informações
foram dadas pela Pomba-Gira, à Magnólia Campos Araújo”; outra vez, fala:
“Segundo o próprio demônio, ela amacia o caminho para outros agentes de
destruição do sexo. Desfaz casamentos” (Grifo meu).
Gostaria de Ter
palavras para exprimir minha completa indignação diante de tais declarações.
Temo não Ter as palavras adequadas, mas iremos esforçar-nos para tal.
Magnólia está
assumindo o papel de profetiza do diabo. Ele fala, ela repete. Ele manda avisar
para a igreja e ela avisa.
Fico imaginando
como tais informações devem chegar ao ceio de nossas igrejas. O diabo fala,
alguém ouve e repete. Um pastor- como a Mátiko-, sem compromisso com as
Escrituras, ensina para a Igreja porque “não tem nada melhor para ensinar”. Os
membros ficam impressionados com tais informações e começam a propagá-las. Daí,
se forma o que Paulo disse: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos
últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos
enganadores e a ensinos de demônios”. ( 1 Tm 4:1)
O termo
“pragmatismo”, foi cunhado do vocábulo grego “pragma” que quer dizer: ato,
coisa, evento, ocorrência, fato, matéria.
O pragmatismo
ensina que conceitos, ideia e pensamentos só têm valor quando seguidos de
conseqüências práticas. A respeito da verdade, o pragmatismo diz que somente as
idéias que produzem conseqüências; ou seja, se funcionam, é porque são
verdadeiras; em outras palavras, aquilo que funciona tem, por de trás, um
princípio verdadeiro.
Este pensamento
filosófico nasceu nos E.U.A, em meios do fim do séc. XIX para o séc. XX.
Influenciou extremamente o ensino norte-americano, inclusive os seminários
evangélicos. Os principais filósofos pragmáticos foram: Charles Sanders Peirce,
William James, Royce, entre outros.
Levando a bandeira
do pragmatismo, estão os pregadores da Batalha espiritual. Invariavelmente,
para respaldar suas idéias, selecionam experiências, e dizem: se deu certo…é de
Deus. Vejamos o que diz Peter Wagner sobre isso:
“Sou um teórico,
mas sou um daqueles que tendem por defender teorias que funcionam. Meu
principal laboratório, onde submeto a teste essas teorias, tem sido a
Argentina, pelo que o leitor lerá sobre muitos incidentes que ocorreram naquele
país.” 101
Em outra ocasião,
ele fala da seguinte forma: “Sou uma pessoa muito pragmática, no sentido de que
as teorias que mais me atraem são aquelas que funcionam.” 102
Diante de tal
perspectiva filosófica, podemos responder com as palavras de Claudionor Corrêa
de Andrade:
“A experiência tem
demonstrado, porém, ser o pragmatismo mui relativo. O que é útil, hoje, pode
não o ser amanhã. Exemplo: a escravidão. O que foi considerado útil nos séculos
passados, hoje é tido como desrespeito aos direitos humanos. O pragmatismo, por
conseguinte, é próprio das sociedades totalitárias. A utilidade imediata quase
sempre é efêmera.” 103
Quando estudamos a
doutrina cristã, um dos assuntos que, primeiramente deve ser encarado é a fonte
da qual extrairemos nosso conhecimento. Existem várias abordagens: Teologia
natural, Tradição, Experiência e Escrituras. Aqueles que decidem-se pelas
Escrituras tomam-nas “como o documento definidor ou a constituição da fé
cristã”. Ela é a regra de fé e prática. Esta é a atitude tomada no meio
ortodoxo.
Aqueles que optam
pela experiência religiosa (pragmáticos), consideram que ela provê informações
divinas autorizadas. Esta última posição é extremamente perigosa.
O Apóstolo Paulo
advertiu-nos:
“ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos
anunciamos, seja anátema” (Gl 1:8).
Note que a
autoridade é o Evangelho e não a experiência. Para Paulo, a verdade é absoluta,
e mesmo que experiências queiram provar ao contrário, consideremos tal coisa
anátema.
É certo que a
Palavra de Deus é respaldada pelas experiências sobrenaturais de pessoas. No
entanto, nem toda experiência resultou em doutrina cristã. É extremamente
perigoso respaldarmos nossas convicções, conceitos e doutrinas em experiências,
por que as experiências são relativas.
Não podemos usar
métodos apenas porque funcionam, devemos usar métodos se são bíblicos. Não
devemos crer que tal coisa é de Deus apenas porque funciona, devemos crer
porque possui respaldo bíblico. Assim pensando; i, é, como os pragmáticos,
segue-se que o Islamismo é uma religião de Deus, pois, é a que mais cresce no
mundo. No entanto, seus conceitos são diabólicos. Nem tudo aquilo que dá certo
é de Deus.
Sobre isso,
Champlin, também comenta da seguinte forma:
“Existem grandes
verdades espirituais que em coisa alguma são afetadas pela experimentação
humana…Tentar investigar a verdade exclusivamente através de meios pragmáticos,
limitados à experiência humana, é abordar a verdade de uma maneira muito
parcial.” 104
O filosofia
pragmática tem inserido sérios problemas doutrinários na igreja, e a doutrina
de batalha espiritual é um deles.
5.3 Confusão entre
obra do diabo e obra da carne
Um outro perigo
doutrinário que acedia o movimento de batalha espiritual é a confusão feita
entre as obras da carne e as obras do diabo.
Costumeiramente,
quando alguém está envolvido em algum pecado, atribui-se este envolvimento a
espíritos malignos. Assim, uma prostituta, é prostituta, por causa do espírito
de prostituição que a possui; de semelhante forma, se um crente rouba, é por
que o espírito de roubo o influenciou. Nesta concepção, para estirpar
determinados costumes nas vidas das pessoas, é necessário identificar o demônio
que lhe acedia e repreendê-lo. Daí, vem a nomenclatura de espírito de lascívia,
de inveja, de fofoca, de dissolução, etc.
A Bíblia chama
estas manifestações- que os mestres da batalha espiritual chamam de espíritos-
de obras da carne (Gl 5). O homem é responsável pelos seus atos, e como tal
deve reconhecê-los, arrepender-se e deixá-lo ( 1 Jo 1: 5-9; 2: 1,2).
A Bíblia não nos
instrui a repreender espíritos quando estamos em pecado. Devemos tratar o
pecado como pecado, que é a escolha pessoal de rebelar-se contra Deus.
Quando não
encontram mais argumentos para defender suas idéias, os pregadores do movimento
de batalha espiritual tendem a dizer que esta é uma revelação de Deus para os
últimos dias.
Através da análise
de textos como At 2:16,17; 1 Co 10:11; 1 Jo 2:18, pode-se perceber que os
apóstolos já viviam nos últimos dias. Será que Paulo era tão imaturo na fé para
que Deus não o revelasse este ensino? Será que o Cânon ainda não foi concluído,
necessitando, portanto, que livros de batalha espiritual sejam inseridos? Se a
igreja do primeiro século não tinha esta revelação, porque obteve tanto sucesso
evangelístico?
Não se pode confiar
em qualquer revelação só porque ela contém a fórmula: “assim diz o Senhor”.
Assim fizeram Charles T. Russell, que começou a seita Testemunhas de Jeová,
dizendo-se ter uma nova revelação; também Ellen Golden White, detentora de
novas revelações e grande propagadora do Adventismo do sétimo dia; podemos
citar, também, Joseph Smith, que recebeu revelações e, por isso, fundou a seita
mórmon.
Não descreio em
revelações; porém, penso que estas, precisam ser analisadas à luz das
Escrituras, pois, não possuem autoridade final. A credulidade dos crentes é
cativas à Palavra de Deus. Não se pode obrigá-los a crer em algo que não é
bíblico.
Diante disso,
gostaria de citar, novamente, as palavras do apóstolo Paulo:
Neste trabalho,
estivemos observando o que as Escrituras tem a nos dizer sobre guerra
espiritual. Vimos, também, sobre o novo Movimento de Batalha Espiritual, sua
origem, seus ensinos, suas estratégias de guerra. Fizemos isso, com o objetivo
de analisar, à luz das Escrituras, o Movimento de Batalha Espiritual. Em
seguida, oferecemos a solução bíblica para a guerra espiritual.
Deste trabalho,
podemos observar que o Movimento compromete as doutrinas cristãs ortodoxas.
Doutrinas como a soberania de Deus, a suficiência da obra da cruz para a
salvação do homem, e para aniquilar as obras do diabo, são comprometidas.
Hoje, invés de
Pastores ensinarem ao seu povo sobre a soberania de Deus, o valor da
intercessão, o poder do evangelho, estão ensinando o poder que o diabo tem e
estratégias para combatê-lo.
O resultado disso,
é que encontra-se pessoas, cada vez mais, com medo do sobrenatural, outras
considerando-se o ápice da espiritualidade, os detentores da revelação e,
exacerbadamente, legalistas.
O argumento comum
para se explicar a ênfase que dão ao diabo é que o primeiro princípio de
guerra, é se conhecer muito bem o inimigo. Concordo, em partes. A qualquer
guerra, este princípio é fundamental; entretanto, a batalha espiritual que
travamos já foi ganha na cruz do calvário. É claro que não devemos ignorar os
ardis do inimigo, mas devemos nos aplicar a conhecer ao Senhor, e não ao diabo,
pois, quanto mais conhecemos àquele que servimos, percebemos que o diabo não
passa de criatura, diante do Criador.
O povo de Deus tem
perecido, não por falta de conhecimento de quem é o inimigo, mas por falta de
conhecimento de quem é o Criador. Por isso, como nunca, precisamos de uma volta
às doutrinas básicas da fé cristão e; para isso, precisamos orar para que Deus
levante verdadeiros mestres que tenham compromisso com a verdade das Escrituras
e não com o resultado das igrejas cheias.
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………………………………………………………………………………………………………………………..
[1] Paulo Romeiro-
EVANGÉLICOS EM CRISE- pág. 114
2 Millard J. Erickson-
INTRODUÇÃO A TEOLOGIA SISTEMÁTICA- Pág. 200
3 Revista Época, 29 de
março de 1999
4 Revista Veja, 11 de
agosto de 1999, pág. 142
5 C. Peter Wagner-
ORAÇÀO DE GUERRA- pág. 44
6 Larry Lea- AS
ARMAS DA SUA GUERRA- p. 12
7 Missão Evangélica
Shekinah- Preparação de ministradores na área de libertação e cura interior- p.
4
8 C. Peter Wagner-
Oração de Guerra
9 Ibid. p. 92 e 98
10 Neuza Itioka – A
Igreja e a Batalha Espiritual- p. 37
11 Neuza Itioka- Curso
sobre Batalha Espiritul-
12 H. H. Halley- MANUAL BÍBLICO- p. 311
13 Joyce G. Baldwin-
INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO- p. 192
14 Caio Fábio D’Araújo
Filho- BATALHA ESPIRITUAL- p. 139, 140, 141.
15 Russell Shedd- BÍBLIA SHEDD- pág. 1243
16 C. Peter Wagner-
ORAÇÃO DE GUERRA- pág. 18
17 Russell Shedd- O
MUNDO A CARNE E O DIABO- pág. 12
18 Millard J. Erickson
– INTRODUÇÃO A TEOLOGIA SISTEMÁTICA- Pág. 175
19 C. Peter Wagner –
ORAÇÃO DE GUERRA- pág. 176
20 Robson Rodovalho-
POR TRÁS DAS BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES. p. 67
21 Missão Evangélica
Shekinah- PREPARAÇÃO DE MINISTRADORES NAÁREA DE LIBERTAÇÀO E CURA INTERIOR- p.
4
22 Georg Eldon Ladd-
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO- p. 395
23 Jhon F. MacArthur
Jr.- NOSSA SUFICIÊNCIA EM CRISTO- p. 192
24 Michael S. Horton-
O CRISTÃO E A CULTURA- p. 17
25 Vida Mix, No 1, ano
1, pág. 8
26 Robson Rodovalho-
POR TRÁS DAS BÊNÇÃOS E MALDIÇÕES- p. 29
27 Neuza Itioka- A IGREJA
E A BTALHA ESPIRITUAL- p. 67
28 Peter Wagner-
ORAÇÃO DE GUERRA- p. 144
29 Neuza Itioka- A
IGREJA E A BATALHA ESPIRITUAL- p. 55
30 Peter Wagner-
ORAÇÃO DE GUERRA- p. 170
31 Missão Evangélica
Shekinah- PREPARAÇÃO DE MINISTRADORES NA ÁREA DE LIBERTAÇÃO E CURA INTERIOR-
p.19
32 Cf. declaração de
Magnólia de Campos Araújo, escrito por Mátiko Yamashita, 30.10.90. Obra não
publicada
33 Paulo Romeiro-
EVANGÉLICOS EM CRISE – p.141
34 Michael S. Horton-
O CRISTÃO E A CULTURA- p. 16
35 Neuza Itioka- A
IGREJA E A BATALHA ESPIRITUAL- p. 54
36 Cesar Augusto-
GUERRA ESPIRITUAL- p. 35
37 Peter Wagner-
ORAÇÃO DE GUERRA- p. 26
38 Ed. Silvoso- QUE
NENHUM PEREÇA- p. 317
39 Neuza Itioka- CURO
SOBRE BATALHA ESPIRITUAL- p. 18
40 Missão Evangélica
Shekinah- PREPARAÇÀO DE MINISTRADORES NA ÁREA DE LIBERTAÇÃO E CURA INTERIOR- p.
4
41 R. N. Chanplim-
NOVO TESTAMENTO INTERPETADO, VERSÍCULO POR VERSÍCULO- p. 336
42 John F. MacArthur,
Jr. – MOSSA SUFICIÊNCIA EM CRISTO- p. 192
43 Ricardo Gondin- OS
SANTOS EM GUERRA- p. 174
44 Rebecca Brow –
Maldições Não Quebradas – p. 5
45 Neuza Itioka- Curso
Sobre Batalha Espiritual- p. 31
46 Rebecca Brown –
Maldições não Quebradas – p. 21
47 Robson Rodovalho-
Quebrando As Maldições Hereditárias- Koinonia Edit., p. 10
48 Rebecca Brown –
Maldições não Quebradas – p. 25
49 Ibid. p. 26
50 Ibid. p. 28
51 Ibid. p. 43
52 Jorge Linhares –
Bênção e Maldição – p. 41
53 Rebecca Brown
-Maldições não quebradas- p. 40
54 Jorge Linhares –
Bênção e Maldição – p. 43
55 Rebecca Brown
-Maldições não quebradas-
56 Jorge Linhares.
Bênção e Maldição. p. 16
57 Hank Hanegraaff.
Cristianismo Em Crise. Op. Cit. p. 278
58 Missão Evangélica
Shekinah- Preparação de ministradores na área de libertação e cura interior.
p.59 Obra não publicada
58 J. D. Douglas – O
Novo dicionário da Biblia – pág. 978
59 Rebecca Brown –
Maldições não quebradas – pág. 83
60 Rebecca Brown –
Maldições não quebradas – p. 95
61 Ricardo Mariano –
Neo Pentecostais – p. 139
62 Robson Rodovalho-
Quebrando As Maldições Hereditárias- p. 10
63 Ibid. p. 12
64 Missão Evangélica
Shekinah- Preparação de ministradores na área de libertação e cura interior.
p.56 – Obra não publicada
65 Ibid. p. 62
66 Robson Rodovalho-
Quebrando As Maldições Hereditárias- p. 29
67 Robson Rodovalho-
Por Trás Das Bênçãos E Maldições- p.61
68 Rebecca Brown –
Maldições não quebradas – p. 19
69 Novo Dicionário
Aurélio da Línga Portuguesa – p. 1069
70 HARRIS et al.
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento – p. 126
71 Ibid. p. 126
72 Ibid. p. 1346
73 J. D. Douglas – O
Novo dicionário da Bíblia – p. 978
74 Antônio Neves de
Mesquita. Estudo nos livros de Números e Deuteronômio – p. 66
75 Lothar Coenen.
Dicionário de Teologia do Novo Testamento. p. 184
76 . D. Douglas – O
Novo dicionário da Bíblia – pág. 978
77 R. N. Chanplim –
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – p. 24
78 AYMARD et al. O
oriente e a Grécia Antiga. p. 241
79 Ibid. p. 277
80 William L. Coleman
– Manual dos tempos e costumes Bíblicos – p. 286
81 R. N. Chanplim –
Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – p. 362
82 Mary J. Evans. “A plague on both your houses” cursing and
blessing reviewed. p. 4
83 Russel Shedd – Bíblia Shedd – p. 224
84 LASOR et
al. Introdução ao Antigo Testamento. p. 16
85 Walter C. Kaiser,
Jr – Teologia do Antigo Testamento – p. 80
86 HARRIS et al.
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. p. 126.
87 F. Davidson – O
Novo Comentário da Bíblia – p. 88
88 Ibid. p. 93
88 Henry H. Halley – Manual Bíblico – p. 74.
89 LASOR et al.
Introdução ao Antigo Testamento. p. 123
90 Paul Hoff – O
Pentateuco – p. 239
91 J. J. Von Allmen –
Vocabulário Bíblico – p. 235
92 LASOR et al.
Introdução ao Antigo Testamento. p. 134
93 Henry H. Haley –
Manual Bíblico – p. 253
94 LASOR et al.
Introdução ao Antigo Testamento. p. 247
95 Rebecca Brown – Maldições
não quebradas – p. 12
96 HARRIS et al.
Diconário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. p. 127
97 Robson Rodovalho-
QUEBRANDO AS MALDIÇÕES HEREDITÁRIAS- p. 12
98 R. N. Champlim- O
NOVO TESTAMENTO INTREPRETADO, VERSÍCULO POR VERSÍCULO- p. 780
99 Ricardo Gondin – OS
SANTOS EM GUERRA- P. 174
100 Declaração de
Magnólia de Campos de Araújo, escrita por Mátiko Yamashita, obra não publicada
101 C. Peter Wagner-
ORAÇÃO DE GUERRA, p. 13
102 Ibid. P. 26
103 Claudionor Corrêa
de Andrade- DICIONÁRIO TEOLÓGICO- p. 206
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