“Mas a hora está chegando, e de fato já chegou, em que os verdadeiros
adoradores adorarão o Pai, em espírito e em verdade; pois são esses que o Pai
procura para seus adoradores.” João 4.23
Jesus quebrou vários paradigmas (modelos). Na realidade não porque Ele
era algum agitador revoltado ou ativista ou reacionário, mas porque Ele trouxe
as verdadeiras perspectivas sobre os paradigmas que ele quebrou, trazendo luz
às nossas compreensões e estabelecendo o que era pra ser real desde a
antiguidade.
Sobre adoração Ele não hesitou em também trazer verdades profundas que o
homem havia deixado de lado, convenientemente. Já você compreenderá esta
conveniência.
O primeiro espanto é a denúncia tácita de que há falsos adoradores,
falsos prestadores de culto. Então logo vem a pergunta: “Quem é este tal
indivíduo (o verdadeiro adorador) que Deus está à procura, alterando a lógica a
que estamos tão acostumados que é o homem buscar a Deus e não o contrário”?
Para chegarmos a esta conclusão é necessária uma leitura com lupa nas
escrituras e um coração sincero para aceitar as duras verdades acerca do
assunto.
Quando falamos em adoração no velho testamento, nossa mente já associa a
imagens de sacerdotes, sacrifícios, templo, sangue, etc.
Da mesma sorte, ao falarmos em adoração depois de Cristo, e nos dias
atuais, a nossa mente já associa a imagens relacionadas às canções que embalam
os cultos nas igrejas, ou a expressões como o levantar de mãos, o dobrar de
joelhos, o derramar de lágrimas, etc.
Mas gostaria de dizer-lhe algo: nossa mente está errada! Ou ao menos
parcialmente errada.
A expressão máxima da adoração é a OBEDIÊNCIA!
Estas expressões de culto cerimonial no AT tinham como base a
obediência. Ora, imagine a vida de um sumo sacerdote. Ele entrava no Santo dos
Santos com uma corda amarrada em sua cintura e sinos em seus pés e tinha que
ficar andando de um lado para o outro sem parar, para que as pessoas lá fora
ouvissem continuamente seu barulho. Se o barulho parasse: MORREU! Era puxado
imediatamente. E o quê exatamente causava a morte de um sumo sacerdote? Seus
PECADOS, logo, sua desobediência!
Concluímos assim que a expressão máxima da adoração no VT era a
obediência. Vejamos as palavras do profeta Samuel:
Contudo, Samuel declarou: “Agrada-se mais a Yahweh com holocaustos e
sacrifícios do que com a sincera OBEDIÊNCIA à sua Palavra? De modo algum, a
OBEDIÊNCIA é melhor do que o sacrifício, e a SUBMISSÃO DO CORAÇÃO mais do que a
gordura dos carneiros”. 1 Sm 15.22
A desobediência sempre desapontou ao Criador. Se você ler atentamente o
início do livro de Isaías, especificamente o capítulo 1, perceberá o Senhor
repreendendo Israel por preferir mais as cerimônias do que fazer o bem. Deus
repreende as cerimônias que Ele mesmo estabeleceu, no entanto vazia de
sentimento e obediência.
Não é diferente na Nova Aliança.
Jesus diz à mulher no poço de Jacó que nem em Jerusalém (local de
adoração judaica) e nem em Gerizim (monte samaritano) se prestaria mais culto.
Acabara a geografia da adoração. Agora o verdadeiro culto a Deus aconteceria em
local não visível: em espírito e em verdade. Lá onde tomamos nossas decisões,
onde projetamos o mal ou o bem que faremos.
Fica fácil compreender quando lemos as palavras de Jesus falando acerca
de sua expectativa sobre como devemos expressar nosso amor à Ele: “Se alguém me ama, OBEDECERÁ à minha
Palavra;” (Jo 14.23a.).
Deus ainda tem como perspectiva que O obedeçamos na Nova Aliança através
de seus mandamentos expressos pela boca de Jesus.
Este é o culto racional. A expressão de comportamentos práticos e não de
espiritualidade expressa em cerimônias, pois estas já estão ultrapassadas.
O culto cerimonial pertencia aos judeus, cf. o apóstolo Paulo escreve:
“os quais são israelitas, de quem são a adoção, a glória, as alianças, a
promulgação da Lei, o CULTO (grifo meu) e as promessas” Romanos 9.4
Há uma abismal diferença entre estes dois conceitos. Em verdade, em
nenhum momento, no Novo Testamento, a reunião dos crentes foi tratada pelos
escritores como culto, mas sim como REUNIÃO, congregação. Nela havia o ensino
dos apóstolos (mesmo de Jesus), a comunhão, o partir do pão (assunto do próximo
artigo) e as orações, acrescentando ainda os cânticos de louvor e ação de
graças.
A modalidade de culto, em verdade, foi alterada por Jesus, ampliando seu
significado e sua forma. Agora a adoração (prestação de culto) é “em espírito e
em verdade”, cf. João 4.23. Logo, este culto é realizado não mais em algum
LOCAL ou de alguma FORMA, ainda que fatalmente será expresso em algum
comportamento.
Quando Paulo escreve o maior tratado teológico de todos os tempos, a
carta aos Romanos, ele esmiúça sua teologia do capítulo 1 ao 11, e como toda
teologia tem sua prática, Paulo vai explanar esta prática do capítulo 12 ao 16,
deixando claro àquela igreja (Roma) qual a modalidade de culto a ser oferecido
a Deus. Ele começa o capítulo 12 com o clássico:
“Portanto, caros irmãos, rogo-vos pelas misericórdias de Deus, que
apresenteis o vosso corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o vosso culto lógico.” Romanos 12.1
Acerca do culto lógico (ou racional), transcrevo as palavras do
comentarista da Bíblia King James Atualizada, edição de estudo 400 anos (2012,
p. 2173):
“A partir desse momento, até o final desta epístola apostólica, Paulo
vai apresentar uma série de aplicações práticas à teologia explanada de 1 a 11.
Segundo Paulo, a fé sincera e verdadeira em Jesus Cristo manifesta-se na
obediência amorosa e dedicada à Sua Palavra. Jesus foi o último e suficiente
sacrifício, e pagou todo o pecado humano diante da lei de Deus, concedendo ao
crente livre acesso à presença do Pai. De Cristo em diante, os sacrifícios
passaram a ser oferecidos no templo do corpo humano, no santo dos santos do
coração, onde habita o Espírito Santo. Como toda doutrina tem seu lado prático,
o ensino de Paulo vem acompanhado de exortações éticas muito semelhantes ao
ensino de Cristo nos quatro evangelhos, principalmente no conhecido Sermão do
Monte (Jo 13.17; Mt 5 a 7).
Paulo usa a palavra grega parastesai, a qual já havia usado em 6.13-19,
com o sentido de apresentação, dedicação, oferta. Temos aqui uma descrição mais
abrangente das virtudes proporcionadas pela ação do Espírito Santo à vida dos
cristãos sinceros. Paulo ainda esclarece que o culto prestado pelos cristãos é
diferente do culto meramente cerimonial prestado no templo em Jerusalém. Ao
usar o termo grego logikos, Paulo caracteriza o culto cristão como sendo uma
atitude pessoal e diária de devoção, adoração e serviço a Deus e aos
semelhantes. A expressão logikos confere ao culto a qualidade de “espiritual e
autêntico”, algo um tanto diferente da expressão “racional” publicada por
algumas versões (1Pe 2.2)”
Mediante o exposto, o culto cristão é traduzido em comportamentos,
elencados de Romanos 12 a 16, na vida dos nossos semelhantes, e o destinatário
(Igreja de Roma) entenderia muito bem esta prática de culto, pois em seu
arcabouço de deuses, muitos deles eram tidos como pessoas comuns e a prática da
adoração (serviço) era realizada em suas vidas. No entanto agora com o sentido
correto e tendo como alvo da obediência o próprio Senhor Jesus.
Concluo sem medo de errar que a vontade do Senhor a nosso respeito é que
O obedeçamos de todo nosso coração, que é a verdadeira adoração. Que prestemos
toda atenção às palavras que Jesus ensinou e a pratiquemos, como p.ex. dar a
outra face quando agredido, amar o inimigo, abençoar os que nos amaldiçoam,
etc.
Por isso falei no início sobre a conveniência. Parece-me que é mais
conveniente ficar com o culto cerimonial, que cala a boca de nossa alma sedenta
pelo sagrado. O cerimonial é muito mais fácil que o RACIONAL, mas o racional é
a vontade de nosso Senhor e é a expressão total de nosso amor para com Ele.
Quem assim O adora, é o tal do VERDADEIRO ADORADOR, do contrário é falso, é
fake.
“Afinal, o que desejo é o VOSSO AMOR, e não sacrifícios; entendimento
quanto à pessoa de Elohim, Deus, mais que ofertas e holocaustos” Os 6.6
Por Douglas Suckow
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