Antes de tudo é preciso definir o que é a doutrina da Trindade, pois até
mesmo muitos cristãos se perdem nesse quesito. Por “Trindade” não queremos
dizer que acreditamos em três deuses, pois para nós há somente um Deus (Isaías
43:10). Ao invés disso, queremos dizer que na Divindade há três pessoas: o Pai,
o Filho e o Espírito Santo. Pode parecer um paradoxo, mas Deus é três e um
simultaneamente. Precisamos fazer distinção entre o termo “pessoa” e
“natureza”. As pessoas em Deus são três, mas uma só é a natureza, que consiste
na onipotência, onisciência, onipresença etc. Vários exemplos foram
apresentados para exemplificar esse caso; porém, o triângulo equilátero é o que
mais se aproxima desse conceito. Acompanhe:O triângulo é indivisível, assim
como Deus (simbolizado por toda a figura). Todavia, cada lado é distinto do
outro e, contudo, formam a mesma figura, que só existe com os três lados
iguais; assim, tomando a analogia, o Pai não é o Filho, o Filho não é o
Espírito Santo e vice e versa; porém, eles constituem o mesmo Deus. A
individualidade pessoal é mantida, bem como a unidade. Assim, Deus não é
somente o Pai, nem somente o Filho, e nem tampouco somente o Espírito Santo.
Deus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Analisando algumas objeções
Negam a doutrina da Trindade, alegando que é de origem pagã e que tal
palavra não aparece na Bíblia. Somente Jeová é o Deus verdadeiro. Ele não é
onipresente, ou seja, não pode estar em vários lugares ao mesmo tempo, pois
sendo uma pessoa, possui um corpo de forma específica, que precisa de um lugar
para morar. Assim, ele está confinado no céu. Para exercer seu comando sobre o
universo, ele usa seu poder, seu Espírito Santo”, que é sua “força ativa”. Sua
onisciência é seletiva, ou seja, Jeová não sabe o futuro de todas as coisas, a
menos que ele queira. Explicam isso da seguinte forma: Um rádio pode captar
qualquer onda, porém, é preciso sintonizá-lo na estação certa. Assim, se Jeová
quiser saber se alguém será fiel a ele ou não, deverá “sintonizar” na “estação”
dessa pessoa.
a) A palavra “Trindade” não aparece na Bíblia — A doutrina da Trindade está
fortemente enraizada nas Escrituras. A palavra “trindade” é um termo
extrabíblico utilizado para designar aquilo que é revelado nas Escrituras;
embora a palavra não apareça, a ideia está explícita na Bíblia. Outro fator que
torna sem fundamento a objeção das TJ é o fato de que utilizam termos como
“corpo governante” e “teocracia”, embora tais palavras também não apareçam na
Bíblia. Das duas, uma: ou aceitam o uso do termo “trindade” ou deixam de usar
as terminologias “corpo governante” e “teocracia”.
b) A Trindade e o paganismo — A objeção de que a doutrina da
Trindade é de origem pagã, uma vez que os pagãos cultuavam suas tríades de
deuses, também não faz sentido, pois a concepção dos pagãos em nada se
assemelha à doutrina trinitariana. Enquanto os pagãos são politeístas, ou seja,
creem na existência de vários deuses, sendo sua trindade mais um conjunto de
deuses em seu panteão, nós, cristãos, somos essencialmente monoteístas, pois
cremos que há um só Deus (Isaías 43:10), que subsiste em três “pessoas”: Pai,
Filho e Espírito Santo. Não são três deuses, posto que só há um Deus. Assim, o
Pai, o Filho e o Espírito Santo são ao mesmo tempo três pessoas distintas e um
só Deus. O termo “triunidade” resume melhor essa concepção bíblica de Deus. É
bom também lembrar que a Bíblia não é o único livro que fala de um dilúvio
universal. A literatura pagã também contém relatos sobre um dilúvio. Isso,
evidentemente, não faz do dilúvio uma concepção pagã; tampouco a doutrina da
Trindade deveria ser vista da mesma forma.
c) A Trindade e a razão humana — A acusação de que a doutrina
da Trindade não se conforma com a lógica ou a razão também é descabida, pois a
mente humana não pode apreender tudo sobre Deus. É impossível que o relativo
entenda com precisão o Ser Absoluto, que o finito atinja o Infinito, que a
criatura desvende todos os mistérios e segredos do Criador. Isso é pedir
demais. (Leia Romanos 11:33; 1ª Coríntios 2:11; Jó 11:7; Isaías 40:28). No
livro Raciocínios à base das Escrituras (publicado pelas TJ), página 123, há a
seguinte pergunta: “Será que Deus teve começo?” Daí, citam o Salmo 90:2, que
diz que Deus é Deus de “eternidade a eternidade”, ou seja, ele é incriado,
sempre foi, é e será eternamente. Diante desse mistério, o livro lança o
desafio: “Há lógica nisso? Nossa mente não pode compreender isso plenamente.
Mas não é uma razão sólida para o rejeitar”. Aplicando o mesmo princípio à
doutrina da Trindade, podemos perguntar: “Será que Deus é uma Trindade? Há
lógica nisso? Nossa mente não pode compreender isso plenamente. Mas não é razão
sólida para o rejeitar”.
d) A Trindade e a Matemática — Outra objeção argumenta que a
Trindade contraria a Matemática, pois se 1 + 1 + 1 = 3; então, Deus Pai + Deus
Filho + Deus Espírito Santo não podem ser um, mas três deuses. Ora, outro
argumento desprovido de bom senso, pois Deus não pode ser medido pelas Ciências
Exatas. No campo da Matemática, ele não pode ser somado, diminuído, dividido ou
multiplicado. Mas, se é matemática o que querem, a pergunta é oportuna: Na
Matemática, três podem ser um? Dependendo da operação que se escolher, sim.
Veja: 1 X 1 X 1 = 1.
A Trindade no Antigo Testamento
a) Gênesis 1:26, 27 —
Chegando o momento de criar o homem, Deus disse: “Façamos o homem à nossa
imagem, conforme nossa semelhança”. O verbo “fazer”, nesse caso, aponta para um
ato criativo, e somente Deus pode criar. Assim, ao ser criado, o homem não
poderia ter a imagem de um anjo ou de qualquer outra criatura, mas a imagem de Deus,
a imagem de seu Criador. No versículo 27, lemos: “Criou Deus, pois, o homem à
sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. O interessante,
porém, é que a Bíblia diz que Jesus Cristo também criou todas as coisas, as
visíveis e invisíveis (João 1:1, 3; Colossenses 1:16, 17; Hebreus 1:10), o que
inclui necessariamente o homem. Desse modo, concluímos, à luz da Bíblia, que o
homem tem a Jesus como seu Criador, logo, o homem carrega Sua imagem, pois
Jesus é Deus, uma vez que “à imagem de Deus” o homem foi criado. Já em Jó 33:4,
Eliú declara: “O Espírito de Deus me fez”. Afinal de contas, quem fez o homem?
A Bíblia diz: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o
criou”. E quem é esse Deus? Resposta: Pai, Filho e Espírito Santo. É digno de
nota que há outros textos em que Deus fala no plural: Gênesis 3:22; 11:7-9;
Isaías 6:8. Alguns dizem tratar-se de plural de majestade, ou seja, é uma forma
de expressão onde o indivíduo fala do plural que não revela necessariamente uma
pluralidade participativa. Todavia, isso não funciona em Gênesis 1:26, 27, pois
outros textos bíblicos deixam claro que o Pai, o Filho e o Espírito Santo
criaram o homem; logo, não está em jogo nenhum plural de majestade, mas um ato
criativo de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Os demais textos, portanto,
devem ser interpretados seguindo-se essa mesma linha de raciocínio.
b) Deuteronômio 6:4 — “Escuta, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só
Jeová” (TNM). Esse texto é usado para desacreditar a doutrina da Trindade, mas,
ao contrário disso, é o texto que prova que na unidade de Deus existe uma
pluralidade, dando abertura para a concepção trinitariana. Como assim? Na
língua hebraica, existem duas palavras para expressar unidade, a saber, ’ehadh
e yehidh. A primeira designa uma unidade composta ou plural. Exemplo: Gênesis
2:24 diz que o homem e a mulher seriam uma (’ehadh) só carne, ou seja, dois em
um. A segunda palavra é usada para expressar unidade absoluta, ou seja, aquela
que não permite pluralidade. Exemplo: Juízes 11:34 diz que Jefté tinha uma
única (yehidh) filha. Qual dessas palavras é empregada em Deuteronômio 6:4? A
palavra ’ehadh, o que indica que na unidade da Divindade há uma pluralidade.
A Trindade no Novo Testamento
A revelação da Triunidade de Deus no Antigo Testamento não é tão clara
quanto no Novo. Os textos bíblicos abaixo alistados (respeitando-se os devidos
contextos) mostram sempre juntos o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Levando-se
em conta que Deus é único (Isaías 43:10) e que ele não partilha sua glória com
ninguém (Isaías 42:8; 48:11), é interessante notar como o Pai, o Filho e o
Espírito Santo são postos em pé de igualdade, coisa que nenhuma criatura, por
melhor que fosse, poderia atingir, nem muito menos uma “força ativa” (agente
passivo).
a) Mateus 28:19 — A ordem de Jesus é para batizar em “nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo”. Ora, se Jesus fosse uma criatura e o Espírito Santo
uma “força ativa”, seria estranho que as pessoas fossem batizadas em nome do
Criador (que não divide sua glória com ninguém), em nome de um anjo, e de uma
“força ativa”; aliás, que necessidade há em batizar alguém em nome de uma
“força”? Tudo isso só faz sentido se Jesus e o Espírito Santo forem Deus, assim
como o Pai.
b) Lucas 3:22 — No batismo do Filho, lá estão o Espírito Santo e o Pai;
como sempre, inseparáveis. Essa é uma das razões pelas quais o batismo cristão
deve ser ministrado em nome das três pessoas.
c) João 14:26 — Jesus fala do Espírito Santo, que será enviado pelo Pai,
em seu próprio nome, isto é, de Cristo.
d) 2ª Coríntios 13:13 — Outra fórmula trinitária, onde aparece o Filho,
em primeiro lugar, com sua graça ou benignidade imerecida; depois, o Pai, com
seu amor; e finalmente, o Espírito Santo, com a comunhão ou participação que
dele procede.
e) 1ª Pedro 1:1, 2 — Pedro fala aos escolhidos, que foram eleitos
segundo a presciência do Pai, santificados pelo Espírito e aspergidos com o
sangue de Jesus Cristo.
f) Outros versículos — Romanos 8:14-17; 15:16, 30; 1ª Coríntios 2:10-16;
6:1-20; 12:4-6; 2ª Coríntios 1:21, 22; Efésios 1:3-14; 4:4-6; 2ª
Tessalonicenses 2:13, 14; Tito 3:4-6; Judas 20, 21; Apocalipse 1:4, 5 (compare
com 4:5) etc. É digno de nota que se o Filho fosse uma criatura e o Espírito
Santo uma “força ativa”, os dois não poderiam assumir o primeiro lugar em
algumas das passagens bíblicas acima citadas. Aliás, o que uma “força ativa”
estaria fazendo no meio de duas pessoas? As TJ objetam dizendo que mencionar as
três Pessoas juntas, não indica que sejam a mesma coisa, pois Abraão, Isaque e
Jacó (Mateus 22:32), bem como Pedro, Tiago e João (Mateus 17:1) sempre são
citados juntos; contudo, isso não os torna um. O que as TJ não perceberam foi o
seguinte: Abraão, Isaque e Jacó tinham algo em comum: o patriarcado. Já Pedro,
Tiago e João tinham em comum o apostolado. E o que o Pai, o Filho e o Espírito
Santo têm em comum? Resposta: a natureza divina, ou simplesmente, a divindade.
Jesus Cristo
É o Primogênito de Jeová (sua primeira criação). É seu Unigênito (o
único criado diretamente por ele). Sendo “Filho de Deus” é submisso e inferior
ao Pai. Recebeu o nome de Miguel e o título de Arcanjo (= anjo principal). É
“um deus”, assim como Satanás, no sentido de ser poderoso. É “Deus Poderoso”,
mas nunca “Deus Todo-Poderoso”, como Jeová. Morreu numa “estaca” (não numa
cruz). Ressuscitou em espírito (não fisicamente). “Voltou” invisivelmente em
1914. Somente as TJ o viram com os “olhos do entendimento”. Através do Corpo
Governante, ele exerce sua chefia sobre a organização.
Avaliação bíblica
A cristologia das TJ é uma ressurreição do arianismo, que surgiu com
Ário (256-336), um sacerdote do século IV, da cidade de Alexandria, no Egito.
Ário afirmou que Jesus Cristo era uma criatura, baseando principalmente em
Provérbios 8:22 e 1ª Coríntios 1:24. O primeiro é uma poesia, onde a sabedoria
diz ter sido “criada” por Deus. O segundo diz que Jesus Cristo é a sabedoria de
Deus. Assim, concluiu Ário, se Jesus é a sabedoria de Deus, então ele foi
criado. O problema de Ário foi o seguinte: ele utilizava uma tradução do que
hoje conhecemos como Antigo Testamento, escrito originalmente em hebraico, para
o idioma grego. O texto hebraico traz em Provérbios 8:22 o verbo qanáni
(possuir); contudo, o texto grego adotado por Ário verteu qanáni por bará, que
significa “criar”. Quando S. Jerônimo fez a Vulgata, tradução do hebraico para
o latim, traduziu corretamente qanáni por possédit me (possuiu-me). A pergunta
que se levanta é: qual é o termo correto – criar ou possuir? A resposta é
óbvia: possuir. Basta um pouco de raciocínio para perceber isso. Veja: Deus é
eterno, de eternidade a eternidade. Como ele é imutável, o que ele é hoje,
sempre foi e sempre será. Assim, não há variação em Deus. Então, se Deus é
poderoso, ele é poderoso de eternidade a eternidade. Nunca houve um momento em
ele não tenha possuído poder. Ele não poderia ter criado seu poder, pois isso
significaria que um dia ele não o teve. Ora, o mesmo se dá com a sabedoria de
Deus. Se dissermos que Deus criou sua sabedoria, chegaremos à conclusão que um
dia Deus não teve sabedoria. Daí, vem a pergunta: com que grau de inteligência
Deus percebeu que não tinha sabedoria e que precisaria criá-la? Assim, diante
dessa conclusão ilógica, afirmamos à luz da Bíblia: Deus é sábio de eternidade
a eternidade. Seus atributos são tão eternos quanto ele, pois Deus é o mesmo
ontem, hoje e eternamente. Diante disso, a leitura correta do Provérbios 8:22
deve ser: “O SENHOR me possuía no início de sua obra, antes de suas obras mais
antigas”. Para concluir, é preciso dizer que não se pode afirmar
categoricamente que o texto de Provérbio 8:22 faça referência a Jesus Cristo. O
texto simplesmente apresenta a sabedoria de Deus num estilo poético e, em
poesia, tudo pode acontecer: a sabedoria grita, ama, trabalha etc. Seja como
for, Provérbios 8:22 não pode ser usado para afirmar que Jesus é uma criatura.
Ao contrário, a Bíblia o apresenta como Criador de todas as coisas (João 1:3;
Colossenses 1:16,17; Hebreus 1:10 com 3:4).
Jesus não é o Arcanjo Miguel
Jesus e Miguel não são a mesma pessoa por duas razões:
Enquanto que em Daniel 10:13 Miguel é chamado de “um dos mais destacados
príncipes” (TNM), o que nos leva a concluir que ele não é o principal, o
primaz, em Colossenses 1:18 se diz que Jesus tem a primazia.
·Mateus 4:10, 11 e Marcos 1:25-27 apresentam Jesus Cristo repreendendo Satanás;
mas em Judas 9 está escrito que Miguel não se atreveu a censurá-lo, ao invés,
entregou para Deus tal responsabilidade. Jesus tem, portanto, diferente de
Miguel, a autoridade absoluta sobre Satã.
Jesus não é “um deus”
Já que Deus disse em Isaías 43:10 que antes dele Deus nenhum se formou e
que depois dele, Deus nenhum haverá, fica evidente que existe somente um Deus.
Tudo o que for além disso é uma falsa deidade. Assim, Jesus não poderia ser um
deus à parte. Além do mais, se Jeová fosse o Deus e Jesus “um deus” (como verte
a TNM o texto de João 1:1), então teríamos dois deuses: um maior (Jeová) e o
outro menor (Jesus). Ora, a crença em mais de um deus constitui-se em
politeísmo, o que é um grave pecado contra Deus.
Esclarecendo termos mal interpretados
Alguns grupos, como as TJ, se perdem na terminologia das Escrituras,
dando significados errôneos a certos termos aplicados a Jesus Cristo, como por
exemplo: primogênito, unigênito, princípio da criação e Filho de Deus. Tal
equívoco se dá devido ao fato de desconhecerem regras de uma boa hermenêutica
(interpretação) bíblica, e assim, separam esses termos de seu contexto imediato
ou local e o geral, bem como histórico e gramatical, e querem que afirmem
aquilo que originalmente não significavam no texto bíblico. Eis alguns
exemplos:
Primogênito (Colossenses 1:15) — Longe de significar nesse texto
“primeiro criado” ou “o primeiro de uma série”, o termo “primogênito” é um
título que indica preeminência ou primazia, apontando assim para a soberania de
Cristo sobre a criação, pois segundo os versículos seguintes, ele criou todas
as coisas; não podendo ser, portanto, uma criatura (veja 2.1.3. – letra c).
Outro ponto importante é que esse texto de Colossenses é uma aplicação do Salmo
89:27, que é messiânico. Originalmente foi aplicado ao rei Davi, que era o
caçula de sua família (Salmo 89:20); no entanto, segundo esse salmo, Deus o
colocaria como “primogênito”, e explica o porquê: “O mais excelso dos reis da
terra”, que equivale ao título “rei dos reis” (Apocalipse 17:14). Que a ideia
de soberania está implícita, basta conferir 1º Samuel 10:1, onde Samuel diz a
Davi que Deus o ungiu para ser o líder ou chefe de Israel. Assim, o termo
primogênito fala da posição soberana de Cristo sobre tudo e todos, e não que
ele seja o primeiro de um série.
Unigênito (João
3:16) — Este título fala da singularidade de Jesus Cristo, o eterno Filho de
Deus. Ele é único, não há ninguém semelhante a ele (Judas 4). Essa palavra é
composta por mono (único) + genus (tipo, espécie). A ênfase, portanto, está na
primeira parte: único , o que implica na ideia de singularidade, tal como
acontece com Hebreus 11:17. Neste texto, Isaque é chamado de unigênito de
Abraão. Ora, sabemos que Abraão não tinha apenas a Isaque como filho, não
podendo ser ele, a rigor, o único filho. Aliás, Ismael era o primogênito. Isso
mostra, portanto, que o termo “unigênito” abarca outros significados. Em que
sentido, então, Isaque era o unigênito? Porque ele era o único e singular filho
de Abraão. A ideia de um relacionamento íntimo e diferencial entre pai e filho
está implícita na passagem; logo, não está em questão a ordem de nascimento de
Isaque, mas sua posição diante do pai, sua singularidade. O mesmo se dá com
Cristo em relação ao Pai. Sendo, então, “primogênito” e “unigênito”, torna-se o
“herdeiro de todas as coisas”, sustentando, ele mesmo, “todas as coisas pela
palavra do seu poder” (Hebreus 1:2, 3).
Princípio da criação (Apocalipse
3:14) — A palavra grega arché, traduzida por princípio em muitas traduções da
Bíblia, também significa “governador”, “soberano”, “origem”. Assim, já que
diversas passagens bíblicas atestam a eternidade de Cristo, posto ser ele o
criador e sustentador de todas as coisas (Colossenses 1:16, 17; Hebreus 1:3),
fica evidente que entender arché como o “primeiro de uma série”, nesse caso em
particular, seria pedir demais. Se ele criou todas as coisas e as sustenta, o
termo “origem” cai como uma luva no contexto imediato e mais amplo. É assim que
o termo princípio deve ser entendido em Apocalipse 3:14. Essa é, aliás, a forma
traduzida pela versão espanhola La Bíblia de Estudio “Dios Habla Hoy”. É bom
também lembrar que na Tradução do Novo Mundo a expressão arché é usada em
relação a Jeová (Apocalipse 22:12), sendo entendida como fonte, origem, começo;
embora seja evidente, pelo contexto, que arché aplica-se ao Senhor Jesus
Cristo, pois ele também é descrito assim em Colossenses 1:18. De qualquer
forma, nenhum dos termos supracitados podem ser usados para defender a ideia de
que Jesus seja um ser criado.
Filho de Deus (Marcos
1:1) — Esse termo geralmente é usando para indicar a inferioridade do Filho em
relação ao Pai, pois um filho não pode ser igual ou maior que seu pai. Ora,
isso não faz o menor sentido, pois Jesus é chamado de “filho de Maria” (Marcos
6:3); “Filho de Davi” (Marcos 10:48); e “Filho do Homem” (Mateus 25:31), e nem
por isso, ele poderia ser considerado inferior a Maria, Davi ou ao homem. A
primeira expressão “filho de Maria” tem o significado de “filho” no sentido
comum da palavra, ou seja, ele era filho de Maria em sentido biológico. Ser
chamado de Filho de Davi pode significar não somente que ele é seu descendente,
mas também participante da linhagem real de Davi. Já o título “Filho do Homem”
aponta para a humanidade assumida por Cristo, ou seja, ele participou de nossa
natureza humana, contudo, sem pecado. E, finalmente, Jesus também é chamado de
“Filho de Deus”, não porque seja inferior, mas porque é participante da mesma
natureza divina da qual o Pai também participa. Aqui cabe bem o velho ditado:
“Tal pai, tal filho”.
Esclarecendo textos mal interpretados
Os textos apresentados a seguir são bastante usados pelos
antitrinitários para apoiar a ideia de que Jesus não era Deus, pois declarou
que o Pai era maior do que ele (João 14:28); que acerca do dia e hora de sua
vinda, somente o Pai sabe (Marcos 13:32); além disso, dizem que se ele orava ao
Pai (João 17:1), não poderia ser o próprio Pai (esta sentença, aliás, os
trinitários jamais afirmaram). Esses equívocos decorrem do fato de
desacreditarem de outra grande “riqueza insondável do Cristo” (Efésios 3:8), ou
seja, a sua Encarnação: o Verbo, que era Deus, “se fez carne e habitou entre
nós” (João 1:14). A doutrina da Encarnação é tão complexa quanto a doutrina da
Trindade. Mais uma vez vale ressaltar que por mais que tentemos, o ser finito
jamais poderá compreender com perfeição o Ser Infinito, mesmo quando este
assume nossa finitude. Ao assumir a natureza humana, tornando-se “Filho do
Homem”, Jesus Cristo assumiu a posição de “servo” (Filipenses 2:6 e 7).
Tornou-se “menor” que os anjos, sem se tornar inferior a eles (Hebreus 2:9).
Assim, sua humanidade, como a nossa, era limitada; mas, por outro lado, ele
ainda era 100% Deus, ou seja, ilimitado. E aí está o grande problema: como
compreender que numa única pessoa pudesse haver duas naturezas opostas
naturalmente entre si? Ao mesmo tempo em que dizia “o Pai é maior do que eu”
(João 14:28), também afirmava “Eu o Pai somos um” (João 10:30). Como resolver
essa questão? A coisa não é tão fácil assim. Se alguém achar a resposta a essa
pergunta, também terá descoberto como Deus veio a existir (aliás, ele nunca
veio a existir, pois ele foi, é e sempre será) e explicará satisfatoriamente a
Triunidade Divina. O que precisamos é recorrer ao testemunho das Escrituras
para ver o que ela tem a nos dizer sobre isso, mesmo que indiretamente. Uma
passagem reveladora é a de Mateus 8:23-27. Durante uma tempestade, o texto
relata que Jesus dormia, mas, Deus não dorme. Desesperados, os discípulos
acordaram-no, clamando por socorro. Nesse momento, Jesus acorda, repreende o
vento e o mar, e ambos se aquietam. Ora, o homem não tem esse poder. Segundo os
Salmos 65:5-7; 89:9 e 107: 29, somente Deus, como criador, tem poder sobre as forças
da natureza, e Jesus revelou tal poder (Hebreus 1:3). Percebe-se, portanto,
nessa Escritura, a plena humanidade e divindade de Jesus Cristo. Ele tornou-se
humano, sem deixar de ser Deus. Era Deus, assim como o Pai e o Espírito Santo,
mas também era verdadeiro homem. Alguns objetam afirmando que Moisés abriu o
Mar Vermelho, e nem por isso era Deus (Êxodo 14). O mesmo se deu na travessia
do rio Jordão, sob o comando de Josué (Josué 3). Mas, quem foi que disse que
Moisés abriu o Mar Vermelho? Segundo o livro de Êxodo, Deus mandou Moisés
erguer um bastão e estendê-lo sobre o mar (14:16), e no versículo 21 diz que
foi o próprio Deus, por meio dum forte vento, que fez o mar retroceder. O Salmo
114 poeticamente mostra que os acontecimentos ocorridos tanto no Mar Vermelho,
quanto no rio Jordão, foram promovidos pelo senhor do vento e do mar: Deus.
Assim, precisamos ler os textos abaixo tendo em vista o ensinamento bíblico da
dupla natureza de Cristo.
João 14:28 —
Quando Jesus disse “o Pai é maior do que eu”, subentende-se a sua posição de
servo, de humilhação à qual ele se submeteu voluntariamente, nada tendo haver
com sua essência, sua natureza divina (Filipenses 2:6-8; Atos 8:33; 2 Coríntios
8:9). Nessa posição, segundo a Bíblia, Jesus também era menor que os anjos
(Hebreus 2:6-9), pois em relação aos humanos, os anjos são “maiores em força e
poder” (2ª Pedro 2:11). Sendo menor que os anjos, Jesus podia dizer — sem
prejuízo para sua natureza divina — que o Pai era maior do que ele.
Marcos 13:32 —
Se em Cristo estão “ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”
(Colossenses 2:3), por que ele afirmou que acerca daquele dia e daquela hora
ele não sabia, mas unicamente o Pai? Essa é uma pergunta de difícil resposta;
contudo, convém lembrar do seguinte: Jesus disse que os anjos também não
sabiam; sendo assim, o que foi feito menor também não saberia (Hebreus 2:9).
Como homem Jesus não tinha sabedoria ilimitada. Aprendeu como qualquer um de
nós (Lucas 2:52). Não cabe ao homem saber os tempos e as épocas que Deus
determinou sob sua jurisdição (Atos 1:7).
João 17:1 — Acompanhado desse texto, normalmente vem a seguinte
observação dos antitrinitários: Visto que Jesus orou a Deus, pedindo que fosse
feita a vontade de Deus, não a sua (Lucas 22:42), os dois não poderiam ser a
mesma pessoa; e se Jesus fosse o Deus Todo-Poderoso, ele não oraria a si mesmo.
Para inicio de conversa, esse argumento revela certa ignorância do que
seja a doutrina da Trindade, pois não acreditamos que o Pai, o Filho e o
Espírito Santo sejam a mesma pessoa, mas, sim, o mesmo Deus, ou seja, possuem a
mesma natureza. O termo “Deus” pode ser aplicado individualmente a cada uma das
Pessoas da Trindade (1ª Coríntios 8:5; 1ª João 5:20; Atos 5:3, 4), como pode
ser usado como coletivo para abarcar as Três Pessoas Divinas, como em Gênesis
1:1. Assim, não sendo a mesma “pessoa” fica claro que não há nenhum impedimento
para que o Filho dialogasse com o Pai. Na Encarnação Jesus participou das
experiências humanas, menos o pecado (2ª Pedro 2:22); Jesus, como todo e
qualquer humano, tinha necessidade espirituais. Ele precisa ter contato com o
Pai (Mateus 4:4; João 4:34). Portanto, Jesus dialogou com o Pai, sem deixar de
participar da mesma natureza divina, pois ele mesmo disse: “Eu o Pai somos um”
(João 10:30). A objeção comum à frase “Eu e o Pai somos um” é a de que isso não
significa que Jesus tenha a mesma natureza que o Pai, que ambos sejam de fato
um, mas que Jesus apenas frisava sua unidade de propósito e pensamento com o
Pai. A base bíblica apresentada é a de João 17:11, 21, 22, onde Jesus em oração
pede que todos os seus discípulos sejam um, assim como ele e o Pai são um.
Argumentam que isso não significa que os discípulos serão a mesma pessoa ou que
possuirão a natureza divina. Mais uma fez enfatizamos que a ideia de serem os
dois, Pai e Filho, a mesma pessoa, jamais estará em questão. Quanto à ideia de
unidade de propósito e pensamento, dizemos que esta está presente em ambas as
passagens. Todavia, segundo o contexto de João 10:30, há muito mais incluído do
que simplesmente “unidade de propósito e pensamento”. Acompanhe os seguintes
raciocínios…
1º — Nesse
capítulo, Jesus fala diversas vezes de suas ovelhas. No versículo 28 ele diz
que dá a essas ovelhas a “vida eterna” e que elas jamais seriam destruídas (ou
pereceriam). Pergunta-se: Poderia uma criatura, por mais importante que fosse ,
conceder a outras criaturas a vida eterna e a indestrutibilidade? Não é somente
Deus, o Eterno, a fonte da vida? (Salmo 36:9; Atos 17:27, 28). Contudo, Jesus
disse de si mesmo: “Eu sou a ressurreição e a vida” (João 11:25). Disse mais:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14:6). Seria pedantismo demais
para um arcanjo, uma criatura, mesmo que fosse “o segundo maior personagem do
universo”, afirmar tudo isso; porém, não o seria para aquele que, junto com o
Pai e o Espírito Santo, vive e reina para sempre. Portanto, pelos versículos
precedentes a João 10:30, fica claro que, se o Pai e o Filho são fontes da
vida, então Jesus foi além da “unidade de propósito e pensamento” ao dizer “Eu
e o Pai somos um”. Vale a pena lembrar que, por mais que nos esforcemos, jamais
conseguiremos ser a ressurreição, a verdade e a vida. Assim, devemos nos
contentar com nossa “unidade de propósito e pensamento” para com Deus. Já Jesus
Cristo, além do que temos (e num grau mais elevado e incomparável), também
possui “toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9).
2º — Diante da frase “Eu e o Pai somos um”, a reação dos judeus foi
imediata: acusaram a Jesus de blasfêmia, pois, sendo homem, fazia-se Deus a si
mesmo (João 10:33). Eles entenderam exatamente o que Jesus queria dizer com
aquele “um”. Não faria sentido acusá-lo de blasfêmia pelo simples fato de
expressar com a palavra “um” uma “unidade de propósito e pensamento”. Na
Tradução do Novo Mundo, João 10:33 é vertido assim: “Nós te apedrejamos, não
por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, porque tu, embora sejas um
homem, te fazes um deus”. A frase mal traduzida “te fazes um deus” tenta
suavizar a força das palavras de Jesus, que evidentemente igualou-se ao Pai.
Ademais, a acusação de blasfêmia só faria sentido para os judeus se Jesus se
fizesse igual a Deus, o Pai, e não a “um deus”, termo mais do que genérico
nessa péssima tradução. É importante ressaltar que numa outra ocasião Jesus falou
aos judeus dizendo: “Meu Pai tem estado trabalhando até agora e eu estou
trabalhando” (João 5:17 – TNM). Diante disso, alguns dos judeus queriam
matá-lo, e uma das razões apresentadas foi a de que ele chamava Deus de Pai,
“fazendo-se igual a Deus” (João 5:18 – TNM). Percebe-se, portanto, que em ambas
as passagens (João 10:29-33 e 5:17, 18) as declarações de Jesus sempre são
entendidas como afirmações de igualdade com o Pai, ou seja, ele afirma fazer
aquilo do qual somente o Ser Supremo é capaz (compare com Marcos 2:5-11).
Assim, se Jesus não fosse tudo aquilo que afirmou ser, direta ou indiretamente,
não passaria de um impostor, mentiroso e megalomaníaco.
Espírito Santo
Muitos negam a personalidade e divindade do Espírito Santo, como as
seitas espíritas e as Testemunhas de Jeová. Para estas o Espírito Santo é uma
“força ativa”; para aqueles trata-se de uma “falange de espíritos”. Em ambos os
casos, o Espírito Santo é algo, não alguém.
6.1. A personalidade e divindade do Espírito Santo
a) É Deus, como o Pai e o Filho (Atos 5:3:4). Compare com Atos 16:31,
34.
b) É um ser pessoal, pois o Espírito Santo…
- Guia, fala, declara, ouve (João 16:13).
·Ama (Romanos 15:30).
·Clama (Gálatas 4:6).
·Toma decisões, administra (1ª Coríntios 12:11).
·Sabe e atinge as profundezas de Deus (1ª Coríntios 2:10, 11; compare com
Mateus 11:27 e Lucas 10:22).
·Pode ser contristado (Efésios 4:30). Comparar com Isaías 63:10.
·Implora e intercede (Romanos 8:26, 27; comparar com v. 34).
·Ensina (Lucas 12:12; comparar com 21:14, 15; veja João 14:26).
·Fala (Atos 10:19). Ver também 13:2; 10:19, 20; 21:11; Mateus 10:18-20).
·É resistido (Atos 7:51 comparado com Isaías 63:10; Salmo 78:17-19).
·Proíbe, põe obstáculo (Atos 16:6 e 7; comparar com o v. 7 com Romanos 8:9 e
Filipenses 1:19).
·Ordena, dirige e dá testemunho (Atos 8:29, 39 e 20:23).
·Designa, comissiona (Atos 20:28). Ver também 1ª Coríntios 12:7-11, comparando
com 12:28 e Efésios 4:10, 11.
·É mencionado entre outras pessoas (Atos 15:28).
c) 1ª Coríntios 6:19 –
“Ao lado do templo do verdadeiro Deus na antiga Jerusalém, as Escrituras
mencionam muitos outros templo — por exemplo: o templo de Dagom (1ª Samuel
5:2), o templo de Júpiter (Atos 14:13), o templo de Diana (Atos 19:35), e assim
por diante. Cada um era o templo de alguém, ou do Deus verdadeiro ou de um deus
falso. Mas a Bíblia também mostra que o corpo físico de cada cristão
individualmente se torna um templo. Templo de quem? Um ‘templo do Espírito
Santo’(1ª Coríntios 6:19)”. — Argumento extraído de As Testemunhas de Jeová
refutadas versículo por versículo, de David Reed, Juerp, pp. 89, 90.
6.2. Textos e termos mal aplicados ao Espírito Santo
a) Mateus 3:11 – João Batista disse que Jesus batizaria com o Espírito
Santo, assim como ele batizava em água; portanto, assim como a água não é
pessoa, tampouco seria o Espírito Santo. Refutação: É possível se batizado numa
Pessoa, sem que ela perca sua identidade pessoal.
Romanos 6:3 (batizados em Cristo/batizados em sua morte)
·Gálatas 3:27 (batizados em e revestidos de Cristo)
·1ª Coríntios 10:2 (batizados em Moisés)
b) 2ª Coríntios 6:6 –
O Espírito Santo é incluído entre várias outras qualidades, o que indicaria que
não se trata duma pessoa (Efésios 5:18; Atos 6:3; 11:24 e 13:52)
Refutação: Em Gálatas 3:27 e Colossenses 3:12 insta-se às pessoas a
ficarem revestidas de Cristo, assim como a se revestirem de qualidades como
humildade, compaixão etc., sem que isso faça de Cristo uma “força ativa”.
c) Atos 2:4 – Os 120 discípulos ficaram cheios duma “força ativa” não
duma pessoa.
Refutação:
Efésios 1:23 diz que Deus “preenche todas as coisas”, o que concorda com
Atos 2:4.
·Romanos 8:11 diz o Espírito Santo mora ou reside em nós, assim como Efésios
3:17 diz que Cristo reside em nossos corações, da mesma forma que João 14:23
também fala da habitação em nós tanto do Pai, quanto do Filho. Nada disso faz
com que o Pai e o Filho deixem de ser pessoas.
d) Atos 13:12 –
O fato de a Bíblia dizer que o Espírito Santo fala, isso não prova sua
personalidade, pois outros textos mostram que isso era feito através de seres
humanos ou de anjos.
Refutação:
Atos 3:21 mostra que Deus não falou diretamente, mas por meio da boca
dos seus profetas, assim como se diz do Espírito Santo (Atos 28:25).
·Comparar Mateus 10:19, 20 com Lucas 21:14, 15 e Jeremias 1:7-9.
e) Lucas 7:45, Romanos 5:14, 21, Gênesis 4:7 – Estes textos mostram que
coisas abstratas, como a sabedoria, o pecado e a morte são personificados; o
mesmo se dá com o Espírito Santo.
Refutação: A Bíblia personifica a sabedoria, o pecado e a morte porque
não são pessoas. No caso do Espírito Santo, Ele não é personificado, pois já é
uma pessoa. É apenas simbolizado, assim como Jesus e Jeová
Espírito Santo: Pomba (Lucas 3:22); línguas de fogo (Atos 2:3)
·Jesus Cristo: Leão (Apocalipse 5:5); cordeiro (João 1:29); Porta (João 10:9);
Videira (João 15:1)
·Jeová: Fogo (Deuteronômio 4:24); sol (Salmo 84:11)
f) Atos 7: 55, 56 –
Estevão só viu o Pai e o Filho, não diz ter visto o Espírito Santo.
Refutação: Estevão não podia ter visto o Espírito Santo pelo fato deste
estar na terra cumprindo a sua missão, uma vez que fora enviado pelo Filho, que
por sua vez fora enviado pelo Pai. Jesus disse que a menos que Ele próprio
fosse embora, o Espírito Santo não viria. Assim sendo, quando Jesus voltou ao
céu, enviou o Espírito, razão pela qual Estevão não poderia tê-lo visto. (Ver
João 16:7, 8).
A fórmula batismal
7.1. Argumentos mal aplicados para se batizar somente em nome de Jesus
Em Mateus 28:19, Jesus mandou que os discípulos batizassem em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em Atos 2:38 encontramos os apóstolos
batizando em nome de Jesus, porque Jesus é o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Refutação: Esse argumento não tem base bíblica, pois as Escrituras estabelecem
a distinção entre as pessoas da Trindade, por exemplo: João 10:30. Assim, é
absurda a suposição de que os apóstolos entenderam que Jesus quis dizer que
batizassem em seu próprio nome, porque ele era o Pai, o Filho e o Espírito
Santo, uma vez que 1ª João 4:14 diz claramente: “E nós (os apóstolos) temos
visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo”.
Afirma-se que “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” são apenas “títulos”,
não “nomes próprios”, mas que Jesus é “um nome próprio”. Refutação: Se
fizéssemos distinção entre “nome” e “título” na Bíblia, não poderíamos entender
os nomes bíblicos, porque seus nomes eram seus títulos. Em Gênesis 29:32, por
exemplo, “Rubem” (nome próprio) literalmente quer dizer “um filho”, mas “filho”
é um título segundo o Unicistas. Jesus (nome próprio) significa “Salvador”
(Mateus 1:21), o qual também é um título.
Ensina-se que em Mateus 28:19 se usa a palavra “nome” (singular) e não
“nomes” (plural). Refutação: A Bíblia muitas vezes usa a palavra “nome”
(singular) para referir-se a mais de uma pessoa. Veja este exemplo: Gênesis 5:2
¾ “Homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no
dia em que foram criados”. Veja também Gênesis 11:4 e 48: 6, 16.
Alega-se que os apóstolos nunca batizaram “em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”, mas somente “em nome de Jesus”.
a) É verdade, na Bíblia não encontramos os apóstolos batizando a pessoas
“em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”; tampouco, porém, encontramos na
Bíblia os apóstolos recitando a frase “eu te batizo em nome de Jesus Cristo”.
b) Eles afirmam que os apóstolos recitaram tal frase, quando leem na
Bíblia que algumas pessoas foram batizadas “em nome de Jesus Cristo”. A verdade
é que não há nenhuma evidência na Bíblia de que os apóstolos tenham recitado
tal frase ao batizar.c) Há somente uma pessoa na Bíblia que vemos como foi
batizada. Esta pessoa foi o eunuco etíope, que foi batizado por Filipe (At
8:36). Ali, não observamos Filipe dizendo: “Eu te batizo em nome de Jesus”. A
única coisa que encontramos é que o eunuco dizendo: “Creio que Jesus Cristo é o
Filho de Deus”.
d) As evidências mais remotas que temos sobre a maneira em que os
cristãos eram batizados na igreja primitiva se encontram num livro intitulado
Didache (ou: Ensinamentos dos Apóstolos). Este livro, que foi escrito por volta
do ano 110 d.C., diz: “Quanto ao batismo, procedam assim: Depois de ditas todas
essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo.” (Grifo acrescentado).
e) Fazer algo “em nome de” alguém significa fazê-lo em sua autoridade,
em obediência ao seu mandato, da parte de ou como seu representante, como por
exemplo: “E, pondo-os perante eles, os arguiram: Com que poder, ou em nome (=
na autoridade ou da parte) de quem fizestes isto?” (Atos 4:7). Veja também João
16:23-26; 1ª Coríntios 1″13-15 e Colossenses 3:17. Assim, a frase “em nome de”
não tem nada que ver com uma fórmula mágica que alguém diz durante cada ação.
Quando a Bíblia diz que alguns foram batizados “em nome do Senhor Jesus Cristo”
(Atos 2:38; 8:16; 19:5), não quer dizer que os apóstolos literalmente recitaram
a frase: “Eu te batizo em nome do Senhor Jesus Cristo” , antes, porém, que as
pessoas foram batizadas em obediência à ordem de Jesus, isto é, de acordo com o
ensino de Jesus.
Pr. Luis Antônio Ferraz
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