Você pergunta: Aqui no
Brasil é muito comum que as cidades tenham padroeiros ou padroeiras. Por
exemplo, agora no dia 12 de outubro se comemora o dia da padroeira do Brasil, a
Nossa Senhora Aparecida. Também já vi pessoas que têm seus padroeiros. Como
podemos analisar essa questão à luz da Bíblia? A Bíblia fala alguma coisa sobre
ter padroeiros?
Caro leitor, essa pergunta é bem interessante. Vamos entender
primeiramente o que significa padroeiro para depois avaliarmos à luz da Bíblia
Sagrada se essa prática de designar padroeiros para países, cidades,
coisas e até para pessoas é algo bíblico.
Ter padroeiros é bíblico?
(1) De acordo com
o Dicionário Online Priberan, padroeiro significa o seguinte: “que ou aquele que tem o padroado.
Patrono, protetor”. Por
sua vez, o padroado é o “direito de patrono (adquirido por quem funda, erige ou dota). Direito
de conferir benefícios eclesiásticos”. Ou seja, o padroeiro é uma espécie de protetor, alguém que teria direto
sobre algo ou alguém para realizar o bem.
(2) O costume de
colocar padroeiros sobre coisas ou pessoas vêm do catolicismo, que crê que
tantos anjos quanto santos (pessoas boas que já morreram) velam e intercedem a
Deus pelos vivos. Sendo assim, é comum estabelecer padroeiros para países,
cidades, igrejas, etc. É muito comum pessoas também elegerem seus padroeiros
preferidos e crerem que eles oferecerão intercessão e proteção especial para a
vida.
(3) No entanto,
uma análise bíblica nos indica que estabelecer padroeiros sobre coisas ou
pessoas não é uma prática orientada por Deus. É verdade que Deus envia seus
anjos para proteção especial de seu povo, como nos ensina, por exemplo, o
Salmos 91:11: “Porque
aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus
caminhos”. Mas de
forma alguma esses textos orientam a estabelecer anjos como padroeiros. A
Bíblia é clara quando ensina que existe apenas um mediador entre Deus e os
homens: “Porquanto
há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus,
homem”(1Timóteo 2:5). Ora, se existe apenas um mediador, fica claro que interceder a anjos, ou
a pessoas já mortas para que estas sejam mediadoras ou intercessoras, vai
contra aquilo que a Bíblia ensina. É uma usurpação da obra de Jesus.
(4) Um outro erro
grave é achar que pessoas que já morreram podem realizar qualquer tipo de
intercessão pelos vivos ou mesmo proteger localidades, pessoas ou coisas como
se tivessem algum poder para isso. A Bíblia é clara quanto aos mortos: “E, assim como aos homens está
ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo…” (Hebreus 9:27). Os mortos não têm qualquer
comunicação com os vivos e qualquer responsabilidade dada por Deus de cuidar
deles após as suas mortes. Não existe qualquer menção na Bíblia de vivos
intercedendo para que pessoas que já morreram os proteja ou mesmo intercedam
por estes a Deus. A intercessão, conforme nos orienta Jesus, é apenas ao
Pai: “Tu,
porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai,
que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mateus
6:6). Isso
nos indica que estabelecer padroeiros e alimentar as pessoas com esse falso
ensino vai contra aquilo que nos ensina a Bíblia Sagrada e as desvia do que
realmente devem fazer segundo a Bíblia.
(5) Apesar de ser
muito pregado que padroeiros não são adorados, mas sim venerados, observamos
claramente que isso não é a prática usual. Pessoas adoram sim os padroeiros que
estabelecem, intercedem a eles, acendem velas a eles, fazem penitências a eles,
fazem promessas e votos a eles, cantam músicas de louvor a eles, se ajoelham
diante deles, clamam a eles, atribuem milagres a ação deles, etc. Tudo isto é
totalmente contrário ao ensino Bíblico. Quando João ousou se prostrar perante
um poderoso anjo com o objetivo de adorá-lo, foi repreendido: “Prostrei-me ante os seus pés
para adorá-lo. Ele, porém, me disse: “Vê, não faças isso; sou conservo teu e
dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus; adora a Deus. Pois o
testemunho de Jesus é o espírito da profecia” (Apocalipse 19:10). Portanto, estabelecer
padroeiros e cultuá-los da forma como vemos, é também uma quebra clara do
primeiro e segundo mandamento (Êxodo 20:3-4).
(6) Deus é
bastante claro na Bíblia a respeito de não admitir em hipótese alguma que sua
glória seja divida: “Eu
sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem,
nem a minha honra, às imagens de escultura” (Isaías 42:8). Estabelecer padroeiros sobre qualquer
coisa é tirar da glória de Deus e transferir a quem não a tem. É usurpar o
louvor e a glória devida apenas a Deus, daí ser uma quebra de vários
mandamentos! Segurança e proteção vêm de Deus e não de padroeiros, sejam eles
anjos ou pessoas já falecidas, às quais alguns atribuem aquilo que não vem
deles e que eles não podem lhes dar. O escritor bíblico esclarece muito bem
isto: “Porque
o SENHOR será a tua segurança e guardará os teus pés de serem presos”
(Provérbios 3:26).
(7) Dessa forma,
o estabelecimento de padroeiros não pode ser sustentado biblicamente. É uma
tradição cultural e dogmática que não tem qualquer embasamento sólido na Bíblia
Sagrada, antes, é prejudicial à fé saudável de todos quantos desejam servir a
Deus da forma estabelecida por Ele nas Sagradas Escrituras.
Por Presbítero André Sanchez
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