Estudiosos analisam a capacidade de povos antigos de preservar
inalteradas as informações.
Um novo estudo sobre a memória dos povos demostra que as pessoas podem
reter e recitar grandes quantidades de informação. Isso pode dar credibilidade
científica à transmissão de histórias bíblicas por tradição oral.
Por causa da dependência de tecnologia, pode ser difícil para as
pessoas hoje em dia lembrar de coisas simples como número de celular ou datas
de aniversários. Mas a maneira como os povos antigos guardavam e passavam
adiante a informação ainda é um mistério. Segundo a tradição, pessoas que não
sabiam escrever eram capazes de lembrar histórias longas, além de canções e
poemas que possuíam milhares de versos.
Os estudiosos sempre tentaram comprovar como isso acontecia. A
doutora Lynne Kelly estudou as técnicas da memória dos povos aborígines, que
memorizam grandes quantidades de informação sobre plantas e zoologia.
O esforço dela é para entender como isso acontece. Ela lançou o
livro The
Memory Code [O Código da Memória], onde demonstra como os
anciãos aborígenes conseguiam lembrar de tanta informação. De acordo com Kelly,
eles tinham um conhecimento “codificado”, em forma de música, dança e história.
Além disso, usavam um processo que associava fatos com um lugar
específico, conhecido por historiadores e neurobiólogos como o “método de loci”
(ou método de lugar). A primeira referência a esta prática mnemônica está nos
escritos do orador romano Cícero, que o atribuiu ao poeta Simônides de Ceos.
Este método de associação de uma determinada informação com a imagem
mental de um local também é discutido em detalhe por Aristóteles. Recebeu
destaque nos escritos do orador romano Quintiliano, pois permitiu que oradores
antigos e políticos dessem longas palestras sem anotações.
Foi adaptado por monges e teólogos cristãos e permaneceu popular até o
século XVII, quando os sistemas mnemônicos fonéticos se popularizaram.
Memória coletiva
Para os cristãos faz diferença entender como funcionava a percepção de
que os povos antigos tinham excelente memória. Se não foi assim, como podemos
ter certeza de que as Escrituras preservam com precisão os acontecimentos
ocorridos séculos antes? Além disso, os evangelhos só foram escritos décadas
após a morte de Jesus.
Diferentes estudiosos têm se voltado para o estudo da memória e da
teoria da memória social, em particular para explicar a relação entre o que
realmente aconteceu e os eventos registrados no Novo Testamento.
Por exemplo, o biblista Richard Bauckham, autor do livro “Jesus and the
Eyewitnesses” [Jesus e as Testemunhas], analisa minuciosamente como as memórias
de testemunhas oculares da vida de Jesus impactaram a tradição subsequente.
Os professores Chris Keith e Anthony Le Donne, especialistas em teoria
da memória social e estudo do Novo Testamento defendem que mesmo que as pessoas
tivessem excelentes memórias no mundo antigo, essas memórias poderiam ter sido
“filtradas” pelas gerações subsequentes.
Em seu livro Jesus against the Scribal Elite [Jesus contra a elite dos
escribas] Keith monstra que no primeiro século cristãos tinham relatos
diferentes sobre como Jesus era. Contudo, nem mesmo memória individual pôde se
impor sobre a memória coletiva.
Por Jarbas Aragão
Com informações de The Daily Beast
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