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quinta-feira, 15 de abril de 2021

A infalibilidade (papal) foi ensinada na Bíblia

 

II Pedro 1:13-15 : “Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo.”

É notável o silêncio das Escrituras quanto ao fato de Pedro ser um papa infalível. Um pouco de bom senso já seria por si mesmo suficiente para desacreditar tal ideia. A característica mais notável do papado, aquilo que a destaca de todas as outras igrejas, é a sua reivindicação da supremacia, autoridade e infalibilidade de Pedro, mais tarde estendida aos seus sucessores, os outros bispos de Roma.

Mas perceba que, se houvesse mesmo esta fonte infalível de autoridade na igreja, como ensinam nossos amigos católicos,  seria inconcebível que Pedro, (que sabemos na verdade nunca ter sido bispo de Ro­ma, segundo a Bíblia e a história),  ao escrever as duas epístolas gerais e mencionar a sua partida, que segundo ele estava próxima (II Pedro 1: 13-15), não avisou os membros da igreja sobre que orientação ou autoridade eles deviam seguir depois que ele não estivesse mais entre deles.  Não é incrível que o único homem infalível da Igreja, aquele que carregava o fardo de ser a fonte de autoridade inerrante, não deixou normas nenhuma sobre como o próximo papa deveria ser escolhido?

A coisa se torna mais espantosa ainda se lembrarmos que a Igreja havia passado por algo semelhante em Atos, logo no capítulo 1 e foi exatamente Pedro que se levantou para resolver a questão. Lemos a partir do verso 15 que  Pedro levantou-se no meio dos irmãos, em uma assembleia de umas cento e vinte pessoas e disse:

“É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição.”

Sabemos o final da história. Foram propostos dois nomes para substituir Judas. José, chamado Barsabás, cognominado Justo, e Matias. Orando, disseram: “Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido para preencher a vaga neste ministério e apostolado, do qual Judas se transviou, indo para o seu próprio lugar. E os lançaram em sortes, vindo a sorte recair sobre Matias, sendo-lhe, então, votado lugar com os onze apóstolos.”

  Não é incrível que o mesmo Pedro que se preocupou em achar um substituto para Judas não se preocupou, nem ele nem ninguém em deixar instruído o modo, ou até mesmo quem seria o próximo “papa infalível”, soberano sobre os outros, e em cuja pessoa a igreja encontraria a fonte de autoridade infalível?

Porque não vemos Pedro dizendo “Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, e revelou me que estou prestes a deixar este tabernáculo, revela-nos qual destes apóstolos tens escolhido para preencher esta vaga tão importante, essencial neste ministério e apostolado, do qual estou partindo, indo ao Seu encontro?“

Porque não vemos uma assembleia reunida após a morte de Pedro para escolher quem seria seu sucessor em um lugar vital para a igreja, segundo ensinam nossos amigos católicos?

Na verdade Pedro sequer menciona o assunto. Por outro lado, Cristo e os apóstolos advertiram contra os falsos Cristos, os falsos profetas, os falsos mestres que se levantariam com tais reivindicações.

 A Bíblia diz:

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm. 8:14).

Mas a Igreja de Roma exige que todos creiam cegamente e com fé implícita à interpretação da Bíblia dada pelo papa e sua hierarquia. Ao fazê-lo, ela usurpa o lugar do Espírito Santo como mestre e líder. Que Pedro, o primeiro papa segundo se alega, não foi infalível como mestre da fé e moral fica evidente de sua conduta inconsistente em Antioquia quando ele recusou-se a comer com os cristãos gentios para não ofender certos judeus de Jerusalém (Veja Gl. 2:11-16).

Pelo contrário, ele teria acrescentado as exigências ritualísticas do Judaísmo à nova igreja cristã. Isto não teria constituído nenhum problema para ele, se ele tivesse recebido a orientação do Espírito Santo reivindicada pela Igreja de Roma para o papa. Não haveria todos de aceitar suas exigências ritualísticas do Judaísmo? Porque então Paulo não aceitou, indo ainda mais longe, repreendendo Pedro à vista de todos, quando este veio a Antioquia ?

Se Pedro era infalível, porque Paulo lhe resistiu face a face ? A Bíblia mesmo nos responde, dizendo que Pedro, o infalível, se tornara repreensível ao defender uma doutrina que Paulo entendeu perfeitamente.

Não é incrível, o infalível sendo repreendido e corrigido porque antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar -se, temendo os da circuncisão?

Como pode Paulo dizer que o “infalível papa” não procedia corretamente segundo a verdade do evangelho ?

Como pode Paulo dizer ao “infalível papa” na presença de todos: “se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?”

E aí vem o mais estranho de tudo: Paulo dá um banho de teologia e doutrina na fonte infalível e inerrante de autoridade da igreja, segundo nossos amigos católicos, ao ensinar ao papa infalível que “que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.”

De uma coisa não podemos acusar os católicos: incoerência.  Escolheram Pedro como papa infalível e permanecem firmes até hoje, defendendo o mesmo erro que foi corrigido por Paulo. Insistem em não aceitar que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, e que somos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.

Se nós protestantes tivéssemos que escolher qualquer um dos apóstolos para ser a cabeça infalível da igreja, esse seria Paulo, e não Pedro, pois tanto como homem quanto como mestre Paulo foi uma personalidade muito maior. Mas o fato é que o Novo Testamento não indica em parte alguma, ainda que ligeiramente, que qualquer homem deveria ser escolhido para essa posição.

No Novo Testamento, além das duas cartas escritas por Pedro, temos treze escritas por Paulo. Mas em nenhuma delas ele se refere a Pedro como bispo de Roma, ou qualquer outra igreja. Na mais importante carta de Paulo, à igreja de Roma, também não menciona Pedro. Em sua carta a Timóteo ele menciona o cargo de bispo ou ancião, mas não menciona arcebispo, supremo bispo, tampouco papa. Certamente se um cargo assim tão importante como o de supremo bispo ou papa existisse, Paulo o teria mencionado. Nem na literatura da igreja primitiva, durante o segundo ou terceiro século, houve qualquer referência a um bispo supremo ou papa.

Há referências a Cristo como Pastor Supremo, mas nenhuma a qualquer homem com esse ou qualquer outro título semelhante.

O fato é que nós temos nossa infalível regra de fé e moral nas Escrituras do Novo Testamento. E tendo isso, não se faz necessário conceder infalibilidade a qualquer homem. Para aquele que deseja conhecer a verdade, nós lhe mostramos as Escrituras dizendo: “Aqui está. Creia e pratique o que está ensinado aqui e você viverá. Aquele que se afasta desta regra não terá vida”.

 (Este artigo é de autoria de Franck Toledo Lenzi, e  é uma adaptação do texto encontrado no livro Catolicismo Romano, de Loraine Boettner, pág 193 – IBR, 1a Edição – 1985. O original, Roman Catholicism, by Presbyterian and Reformed Publish ing, Co. foi publicado em 1962.)



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