Podemos observar que desde o início da história da humanidade os planos
de Deus para a edificação de uma sociedade bem estruturada – segundo seu plano
original – só seria possível por meio da família. Gênesis 1.27-28 diz: “Criou
Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Deus os abençoou, e lhes disse: “Sejam férteis e multipliquem-se! (…)” A
“família” é de fato a instituição à qual devemos nossa humanidade. Não
conhecemos outra maneira de formar seres humanos capazes de atuar como homens e
mulheres, os quais por sua vez formem famílias e criem filhos, senão por meio
da instituição familiar.
Nos últimos anos tornou-se perceptível que o retrato da família saudável
vem sendo apagado da nossa sociedade. Hoje, boa parte da sociedade conhece a
dor e os problemas de uma família disfuncional, não sabe como viver em uma
família feliz e experimentar um ambiente familiar que busque se desenvolver de
acordo com os propósitos estabelecidos por Deus em sua Palavra.
A família não cumpre somente a função de procriar e de sustentar
fisicamente o indivíduo, mas também é o principal meio de transmissão da
cultura de uma determinada sociedade. O Artigo 226 da Constituição Federal
Brasileira diz: “A família é a base da sociedade” (EC no 66/2010).
A própria definição de “família” tem sofrido ataques, bem como o
conceito de família – marido, esposa e normalmente filhos – como a pedra
fundamental da sociedade, dando margem às mudanças que atualmente têm
subvertido os valores e os relacionamentos familiares, criando um contexto de
desestruturação familiar. Neste estudo vamos analisar algumas das principais
questões que estão por trás da propagação de disfuncionalidade da família.
Destruição dos fundamentos
“Destruídos os fundamentos, o que poderá fazer o justo?” (Sl 11.3). O
que acontece na família afetará o país, e até mesmo o mundo, para o bem ou para
o mal.
Sendo a família a base, o fundamento que rege a sociedade, podemos
entender que o retrato da sociedade atual é o reflexo da realidade vivenciada
pelas famílias. Quando a família se disfuncionaliza (não funciona como deveria
funcionar de acordo com a verdadeira realidade para qual foi instituída), o
resultado é uma dinâmica multigeracional de propagação de iniquidades, gerando
no ambiente familiar fragilidade nos relacionamentos dos membros, e os
princípios que norteiam a relação marido e mulher, pais e filhos tornam-se
enfraquecidos de tal forma que é impossível definir os limites entre o que é
permitido e o que é proibido.
Existem elementos fundamentais que fortalecem a estrutura familiar:
amor, proteção, identidade, segurança, lealdade, respeito e apoio mútuo. Quando
a família não consegue desenvolver esses elementos, os membros da família ficam
vulneráveis a todo tipo de violência, drogas, crimes e abusos. Dessa forma, a
edificação da família o crescimento saudável do núcleo familiar, entra em
desordem, naufragando a sociedade em imoralidade sexual, pobreza, violência e
insegurança, conduzindo a família e subsequentemente à sociedade a uma situação
caótica.
Para compreender melhor as influências vividas por nossas famílias,
mencionaremos quatro grandes revoluções que aconteceram na história humana e
que até os dias de hoje têm influenciado a sociedade:
Primeira Revolução: Jesus e a Igreja Primitiva
Teve o seu auge no ministério de Jesus, alcançando a profundidade,
estabilidade e abrangência como crescimento e o impacto causado pela Igreja
Primitiva. Jesus desconstrói a ideia de que a mulher tinha um valor inferior,
resgatando o valor da mulher. como imagem e semelhança de Deus, levando-a
novamente à dignidade estabelecida por Deus ao criar a mulher: varoa, aquela
que é tirada do varão e sua auxiliadora.
E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
auxiliadora idônea para ele (Gênesis 2.18). Idônea significa à mesma altura,
que tem condições, competência, habilidade ou conhecimento necessário para
desempenhar determinado cargo ou tarefa – permanece ao lado do homem, não atrás
e nem à frente – aquela que olha nos olhos, moralmente correta, honesta,
íntegra.
Jesus, ao restaurar o valor da mulher, confrontou a cultura sacerdotal
contemporânea de divórcio e adultério, condenando indiretamente a poligamia
praticada pela maioria, restabelecendo assim o propósito original de Deus para
o casamento monogâmico. “Por realidade de
uma nação, pois a poligamia desvaloriza a mulher e enfraquece os filhos. O
fator conjugal fortalece a mulher física, intelectual, social e moralmente,
nutrindo crianças seguras, homens maduros, comunidades sadias e nações fortes.
Segunda Revolução: Movimento monástico
O movimento monástico começou em resposta à politização da igreja após
Constantino se converter ao Cristianismo. Muitos Cristãos, com o intuito de
preservarem sua espiritualidade, optaram por um estilo de vida que propunha o
isolamento da contaminação mundana. O isolamento do mundo ímpio acabou
construindo, ao longo dos anos, uma cultura religiosa rigidamente celibatária.
Fazia parte da vida nos mosteiros estudar várias disciplinas como matemática,
física, astronomia, artes, línguas, etc., fazendo com que o pensamento
científico fosse aprimorado ao longo dos séculos.
Martinho Lutero denunciou os mosteiros e promoveu o casamento e a
família. Ele sabia que apesar do seu sucesso no desenvolvimento da
racionalidade, os mosteiros não desenvolviam o cará- ter. O movimento monástico
foi desenvolvido sobre uma crença errada, a de que a santidade requeria a
virgindade e o celibato. A prática da espiritualidade reduziu-se tanto na busca
por solidão, fazendo com que o conceito de santidade se baseasse
fundamentalmente na abstinência sexual e conjugal, o sexo passou a ser visto
como algo carnal, não associável com a espiritualidade. Com o passar do tempo,
isso produziu uma grande mudança social e religiosa no Ocidente, mantida até
hoje pelos sacerdotes católicos.
Deus instituiu o casamento (por meio do qual se institui a família)
antes do pecado entrar no mundo. “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e
se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2.24).
Terceira Revolução: Reforma Protestante
Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero deu início ao movimento
protestante.
Lutero viveu em uma das épocas de maior escuridão espiritual. Seu
ministério ajudou a demarcar o fim de uma época conhecida como: “Os mil anos de
trevas”.
Justificação pela fé, um duro golpe nos cofres e nos abusos da igreja,
trazendo uma libertação financeira e religiosa. Esse foi um dos motivos por que
a reforma de Lutero fez tanto sucesso: o forte impacto que ela causou no bolso
da população.
Porém, o aspecto principal da reforma veio no campo da sexualidade e da
família, quando Lutero confrontou o conceito de santidade praticado pela igreja
que se fundamentava na abstinência conjugal. Ficou para ele evidente que o
princípio original de Deus para produzir santidade de caráter e maturidade
emocional está associado ao casamento e à procriação.
O casamento monogâmico desafia o caráter humano, por não poder ser
sustentado sem uma espiritualidade que ordena amor acima do egoísmo, constitui
uma aliança por toda a vida, demanda aprender a conviver com uma pessoa do sexo
oposto, totalmente diferente um do outro, requer fidelidade, confiança,
compromisso, transparência entres outros valores implícitos na natureza divina.
“Um ano de matrimônio me santificou mais que dez anos de monatério”, afirmou
Lutero.
Quarta Revolução: Revolução sexual de 1960
A revolução sexual de 1960 separou os prazeres do sexo do papel
fundamental que ele desempenha na construção de relações estáveis e seguras.
Suscitando na sociedade uma geração de homens que assumem pouca ou nenhuma
responsabilidade com as mulheres que amam ou os filhos que geram, ao mesmo que
transformando as mulheres fortes em mães solteiras e donas de casas
fragilizadas e desesperadas.
Pesquisa recente no Brasil aponta que os homens, em geral, estão
chegando à fase adulta apenas aos 45 anos de idade, em média, um retardamento
moral e emocional crônico. Essa revolução apresenta duas principais fases:
Mudança sociológica:
■ Ascensão americana.
■ O movimento feminista.
■ O poder
da pílula.
■ O divórcio sem culpa.
■ Banalização do casamento.
Consequências sociológicas – anos 70
■ Epidemia de adolescentes grávidas e pais precoces.
■ A indústria do aborto.
■ Aumento exponencial das desordens psicoemocionais.
■ Abuso, violência e exploração sexual de crianças e
adolescentes.
■ Abuso e violência física e psicológica de
crianças.
■ Delinquência: distorções no campo da moralidade e
da sexualidade.
■ Conceito de família sem casamento.
Todos querem uma família; porém, ao destruir os fundamentos – princípios
– que sustenta a união familiar, as próximas gerações pagarão um preço cada vez
mais elevado.
O esquecimento de Deus e a desobediência às suas leis reveladas na
Bíblia
“Que todas estas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração! Tu
as ensinarás com todo zelo e perseverança a teus filhos. Conversarás sobre as
Escrituras quando estiveres sentado em tua casa, quando estiveres andando pelo
caminho, ao te deitares e ao te levantares” (Deuteronômio 6.6)
“Ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a
seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Malaquias 4.6).
Os fatores mais importantes para o bom funcionamento da família são:
■ Buscar a Lei de Deus – estudar e procurar compreender as Escrituras; (Os 4;6 e
Dt. 7.26, Mt 22.29)
■ Cumprir a Lei de Deus – não ser apenas ouvintes,
mas praticantes da Palavra de Deus; (Tg 1.22)
■ Ensinar a Lei de Deus – comunicar e explicar as
verdades da Bíblia. (Pv 22.6, At 5.42, Rm 15.4, Dt 6.6-7)
■ Na sociedade, todos vivem submersos em uma rede de
valores, direitos e obrigações familiares adquiridas por meio de um extenso
processo de socialização, que inicia com o nascimento.
É evidente a importância da família em toda a sociedade, responsável por
cumprir funções muito importantes para a vida humana e social.
Devido a ausência de valores bíblicos no ambiente familiar, a família
tem se tornado cada vez mais vulnerável a essas e outras influências culturais,
deficiências e conflitos que têm contribuí- do para a disfuncionalidade da
família e de toda a sociedade, pois a família é o coração da sociedade.
“O pai que almeja ensinar seu filho a buscar um relacionamento íntimo
com o Pai celestial deve cultivar um relacionamento íntimo com seu filho.
Quando o pai falha nessa tarefa fundamental, é possível que seu filho conclua
que Deus é um mito ou que a importância desse relacionamento é mínima,
certamente, menor que a de um jogo de futebol ou outra fonte de prazer qualquer”
(Russell Shedd).
Pr. Washington de Sá e Josileide Paz
Fonte: Verdade e Transformação, de Vishal Mangalwadi, Editora Jocum.
Jornal Atos Hoje
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