Angel
Manuel Rodriguez
Diretor Associado do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação
Geral
Silver Spring, MD, abril de 2001
Tradução de Naor G. Conrado
Conteúdo
I.
Introdução
II.
Fundamento Teológico
- A.
Conceitos Teológicos Gerais
- B.
Conceitos Teológicos Específicos e o Dízimo.
1. Origem
e Perpetuidade: O Caráter Benigno da Lei
2. O
Pecado, Deus, o Dízimo e a Interação Divino-humana
- C.
A Natureza do Dízimo
- D.
Conclusão
III. A
Motivação Para Dar o Dízimo
- A. A
Qualidade da Vida Espiritual e o Dízimo
- B. A
Motivação Para Dar o Dízimo
- C.
Retendo o Dízimo
- D.
Conclusão
IV. A
Logística do Dízimo
- A.
Ensinando o Sistema Dizimal
- B.
Arrecadando o Dízimo
- C.
Fontes Que São Dizimáveis
- D.
Conclusão
V. Usos
do Dízimo
- A.
Determinando o Uso
- B.
Uso Específico do Dízimo
- C.
Uso Excepcional do Dízimo
- D.
Uso Incorreto do Dízimo
- E.
Conclusão
VI. Uso
Pessoal do Dízimo de Ellen G. White
VII. O
Segundo Dízimo
VIII.
Conclusão Geral
I. Introdução
Este
artigo examinará o conceito, a prática e o fundamento teológico para o ato de
dizimar nos escritos de Ellen G. White. Pormenores históricos farão parte da
argumentação quando for necessário, mas o enfoque principal estará nos níveis
conceituais e pragmáticos. Seus escritos denotam desenvolvimento na compreensão
do assunto do dízimo, mas quase nenhuma modificação significativa em seus
pontos de vista.1 Não encontramos uma teologia explícita do
dízimo, elaborada de modo sistemático, e sim conceitos que ela relaciona com
ele e que nos servem de janela para investigar os aspectos teológicos que
moldaram os seus pontos de vista e os conselhos que ela deu à Igreja. É óbvio
que os materiais bíblicos que tratam da importância e do uso do dízimo
exerceram a principal influência sobre a sua compreensão do dízimo.
II. Fundamento Teológico
Examinar
o fundamento teológico para o dízimo nos escritos de Ellen G. White requer que
seja identificada a conexão histórica e conceptual entre a própria pessoa de
Deus e o dízimo e o tipo de relação que o ato de dizimar pressupõe entre Deus e
o indivíduo. Precisamos encontrar respostas para estas perguntas: Quem é o Deus
que requer o dízimo dos seres humanos e com base em que razões Ele o
reivindica? Qual é a natureza do dízimo? Qual é o significado do dízimo para a
qualidade do relacionamento entre Deus e a pessoa?
A. Conceitos Teológicos
Gerais
No
contexto de suas considerações sobre o dízimo, há diversos lugares em que Ellen
G. White se refere a Deus como Criador.2 Ao usar esse título
para Deus, sua intenção não é estimular especulações teológicas a respeito de
Sua natureza ou sobre o mistério de Seus atos e poderes criativos, mas
estabelecer ou definir claramente a relação entre Deus e o Universo. Quanto ao
Universo, Ele, como Criador, é o seu proprietário e pode declarar autorizadamente:
“Eu sou o dono do Universo.”3 O Criador não abandonou o mundo
criado por Ele, deixando-o sob o controle dos seres humanos ou dos poderes do
mal; Ele é o Senhor. Divino domínio universal só pode ser, devidamente,
reivindicado por Ele. Essa convicção teológica específica irá determinar a
maneira pela qual Ellen G. White compreende a função dos seres humanos para com
Deus e tudo o mais da criação.
O direito
de propriedade do Universo, da parte de Deus, revela Seu poder sobre tudo que
Ele criou, mas não determina necessariamente a natureza desse poder.
Simplesmente confirma que Ele tem o direito de ser o Senhor sobre Sua criação e
que “tem direito sobre nós e tudo o que temos”4. Por isso, Ellen G.
White apresenta outro aspecto do caráter de Deus que atua como fundamento
teológico para o dízimo, a saber, Seu amor e bondade. É em virtude da Sua
“bondade e amor” que Ele nos tem livrado de “terríveis desgraças e morte”.5 Para
ela, a própria essência do Proprietário do Universo não é o egoísmo, mas amor e
bondade que se manifestam na preservação da vida. No âmago desse amor está a
constante disposição de Deus para dar. Não há nada do que temos que não
encontre sua fonte ou origem em Deus. Ela parece argumentar, porém, que a maior
dádiva que recebemos dEle, não é algo que Deus criou e agora partilha
alegremente conosco. Na obra redentiva de Cristo em nosso favor, Deus deu-Se a
Si mesmo em Seu Filho. Ela pôde dizer, então, que “para essa obra de redenção,
Deus deu o mais precioso Dom do Céu”.6 O direito de propriedade
da parte de Deus baseia-se, agora, em um amoroso ato de abnegação que resulta
em redenção. Fomos “comprados por preço” e somos, portanto, “a propriedade do
Senhor”.7 Pertencemos-Lhe não apenas em virtude do Seu poder
criador, mas especialmente devido ao poder de abnegado e redentivo amor. Todas
as outras dádivas a nós concedidas só se tornam possíveis em virtude e por meio
desse desprendimento divino.8 Por isso, o Doador está presente
em toda dádiva que recebemos dEle. Na verdade, Ele nos tem “dado tudo. Ao nos
assentarmos à nossa mesa, é Ele quem nos dá esta provisão; ela nos advém por
meio de Cristo. A chuva, a luz do Sol, o orvalho e tudo que constitui uma
bênção para nós, é Ele quem nos dá.”9 Com efeito, “Ele nos dá
com abundância.”10 O Proprietário do Universo é, para Ellen G.
White, um “benfazejo Pai”.11
Nos
escritos de Ellen G. White, o ato de dar o dízimo é relacionado com dois dos
principais aspectos da misteriosa pessoa de Deus: Seu poder criador e Sua
natureza de amor. O primeiro denota que Ele é o Proprietário do Universo; o
segundo aponta para Sua obra redentora por meio do abnegado sacrifício de
Cristo. Como veremos mais adiante, estes aspectos são usados tanto para
defender Sua reivindicação do dízimo, como para incentivar os seres humanos a
aceitarem essa reivindicação divina. Estes importantes postulados teológicos
determinam e modelam toda a teologia da mordomia nos escritos da Sra. White e a
função do dízimo dentro deles.
B. Conceitos Teológicos
Específicos e o Dízimo.
Os
conceitos da propriedade divina e do amor redentor provêem uma estrutura
conceptual de referência geral para o dízimo, bem como para qualquer outro
aspecto da vida cristã. O que desejamos examinar agora é a razão da natureza
específica e particularidade da lei do dízimo nos escritos de Ellen G. White, o
fundamento teológico mais restrito em que se baseia o próprio sistema do
dízimo. Trataremos aqui da legitimidade do dízimo; de sua justificativa,
caráter normativo e perpetuidade mais pormenorizados. Ela não diz muita coisa
sobre este assunto, mas o pouco que diz é significativo para o nosso propósito.
A teologia do dízimo em Ellen G. White está diretamente relacionada com a
origem da noção e prática do dízimo e suas funções específicas. Para ela, o
fato de que o ato de dizimar pode ser delineado até à benévola vontade de Deus
é de grande importância conceptual e prática.
1. Origem e Perpetuidade: O
Caráter Benigno da Lei
Não há,
nos escritos de Ellen G. White, nenhuma tentativa sistemática para demonstrar
pelas Escrituras que o dízimo ainda é obrigatório aos cristãos. Encontramos,
porém, diversos argumentos bíblicos usados para demonstrar a perpetuidade desse
sistema. Com efeito, suas considerações sobre a origem e a perpetuidade do
dízimo têm uma função teológica que enriquece a compreensão que ela tem a esse
respeito. De acordo com a Bíblia, as histórias dos patriarcas no livro de
Gênesis revelam que o ato de dizimar era praticado antes da formação da
teocracia durante o tempo de Moisés. Abraão (Gên. 14:20) e Jacó (28:22) já o
praticavam. Essa informação bíblica é usada para por Ellen G. White para
afirmar que “desde os primitivos tempos o Senhor reivindicava como Seu o
dízimo” e que, portanto, o sistema não se originou com os hebreus”.12 No
Sinai, a lei do dízimo foi simplesmente “confirmada” no contexto da aliança que
Deus fez com Israel.13 Mas, com discernimento profético, ela
vai além do que é claramente indicado nas Escrituras, a fim de revelar a
verdadeira origem do dízimo. Ela contesta implicitamente que essa prática foi
instituída por seres humanos, como resultado de modificações sociais,
religiosas ou financeiras que pudessem ter ocorrido no mundo do antigo Oriente
Próximo. Ela situa a origem da idéia e prática no próprio Deus. “O sistema do
dízimo foi ordenado” por Ele;14 “é divino em sua origem”.15 O
ajuste peculiar de devolver o dízimo a Deus “foi estabelecido pelo próprio
Cristo”16 e remonta, segundo ela parece afirmar, “aos dias de
Adão”,17 provavelmente após a queda. Assim como o casamento,18 o
sábado19 e o sistema sacrifical, 20 o
dízimo é por ela removido do âmbito do espírito inventivo e da criatividade
humana, e colocado no âmbito da mente divina. Por si mesma, nenhuma explicação
sociológica pode esclarecer devidamente a origem do dízimo. Isso, para ela,
aponta à natureza singular e à perpetuidade da lei do dízimo, e também à
benévola vontade de Deus nela expressa.
A
natureza permanente dessa lei foi defendida por Jesus, o qual, de acordo com
Ellen G. White, “reconheceu como dever o dar o dízimo”.21 Depois
de citar Mateus 23:23, onde Cristo condenou a escrupulosidade com que os
fariseus davam o dízimo, até mesmo de coisas não requeridas pela lei, ela
comenta: “Nessas palavras Cristo torna a condenar o abuso das obrigações
sagradas. Não põe de lado a própria obrigação.”22 Portanto, o
ato de dar o dízimo “não foi rejeitado ou afrouxado por Aquele que lhe deu
origem”.23 O fato de que sua origem precedeu a entrega da lei
no Sinai denota que o dízimo não deve ser identificado com a lei cerimonial.
Ele “não deveria caducar com as ordenanças e ofertas sacrificais que
tipificavam a Cristo”.24 Em outras partes do Novo Testamento,
dar o dízimo, assim como a observância do Sábado, é considerado um dever
cristão,25 e ainda é tão “obrigatório ao povo de Deus, nestes
últimos dias, como era para o antigo Israel”.26
Afigura-se
que, pouco depois da queda de Adão e Eva, a noção e prática do dízimo foi
instituída pelo próprio Deus. Ellen G. White cita estas Suas palavras dirigidas
a nós: “Quando Eu vos confiei os Meus bens, especifiquei que uma parte deveria
ser vossa, para suprir as vossas necessidades, e uma parte deveria retornar a
Mim.”27 Isso pode muito bem ser uma repetição do que Deus disse
para o primeiro casal. A dedução óbvia é que desde os albores da história
humana, fora do Jardim do Éden, o dízimo foi instituído por Deus com base em
Sua autoridade como Criador e Redentor. A lei era uma expressão de Sua vontade
para nós, e devia ser obedecida. No entanto, para Ellen G. White, a lei não foi
arbitrariamente imposta aos seres humanos por um Senhor todo-poderoso. A
vontade de Deus nunca é estabelecida arbitrariamente, pois sempre visa ao bem
de Suas criaturas.28 Por conseguinte, o sistema dizimal29 é
uma expressão da benévola vontade de Deus para a raça humana, visto que Ele a
originou “para ser uma bênção ao homem”.30 Qual era o bem que
essa lei especial procurava produzir? Como a amorosa solicitude de Deus pelos
seres humanos é expressa por seu intermédio?
2. O Pecado, Deus, o Dízimo e a
Interação Divino-Humana
Respondendo
a essa pergunta, Ellen G. White nos conduz aos efeitos imediatos e diretos do
pecado sobre a raça humana. Com a entrada do pecado no mundo, um novo poder, de
natureza perversa, passou a reivindicar o domínio sobre o gênero humano. “Um
demônio tornou-se o poder central no mundo. Onde devia estar o trono de Deus,
colocou Satanás o seu trono.”31 Deus abriu um caminho para os
seres humanos retornarem a Ele pela obra salvífica de Cristo, possibilitando
que todos sejam reintegrados como Seus mordomos: “Foi então que o grande amor
de Deus manifestou-se a nós num só Dom, o de Seu querido Filho.”32 Contudo,
a natureza humana se corrompera e reivindicava auto-suficiência e independência
de Deus. “Um elemento discordante, oriundo do egoísmo, penetrou na vida humana.
A vontade do homem e a vontade de Deus não estavam mais em harmonia. Adão
unira-se às forças desleais e a obstinação pôs-se em campo.”33 É
no contexto dessa tragédia extremamente perturbadora que, por razões muito
específicas, o sistema de dízimos e ofertas foi instituído por Deus.
a) Dar
o Dízimo Como Reconhecimento da Soberania de Deus: O desígnio de Deus, por
meio do dízimo, era “convencer o homem de que Deus é o Doador de todas as suas
bênçãos.”34 Isso agora era necessário num mundo em que havia um
conflito entre senhores, quanto à lealdade dos seres humanos. Por meio do
dízimo, as pessoas deveriam ser lembradas da bondade de Deus para com elas, e
reconhecê-la, a fim de que mantivessem bem nítido na memória o fato de que Deus
era o legítimo Senhor de sua vida. Por meio das muitas bênçãos que Ele vertia
constantemente sobre a raça humana, Deus procurava “atrair os homens para Si”,35 com
a intenção de não somente salvá-los, mas também de ser reconhecido como o seu
Senhor. Dar o dízimo denota que os seres humanos só podem encontrar o
verdadeiro centro de sua vida em Deus, num espírito de voluntária e grata
submissão a Ele. Mediante o sistema do dízimo, Deus estava Se revelando a eles
como seu Senhor.
b) Dar
o Dízimo Como Testemunho do Poder de Deus Para Preservar a Vida: Em
estreita relação com os comentários anteriores, Ellen G. White declara que dar
o dízimo é um “testemunho [da parte dos seres humanos] de que reconhecem sua
dependência de Deus.”36 A compreensão de que a vida humana e
sua preservação dependem diretamente de Deus, e não de algum outro poder, era
uma resposta direta à falsa promessa de Satanás a Adão e Eva, de que a
realização pessoal só seria possível na total independência de Deus. Ellen G.
White parece estar dizendo que a rejeição dessa mentira é expressa
concretamente no ato de dar o dízimo. No tocante aos cristãos em particular,
ela comenta que, por serem participantes da graça de Deus mediante a obra da
salvação em Cristo, deveriam demonstrar seu apreço por essa dádiva, dando um
dízimo fiel.37 O dízimo foi instituído por Deus para
ensinar-nos a confiar nEle, para a preservação de nossa vida, e não em nós
mesmos ou em algum outro poder.
c) O
Ato de Dizimar e a Restauração da dignidade Humana Diante de Deus: Por meio
do dízimo, Deus estava tornando os seres humanos cientes do fato de que Ele
lhes confiava novamente a responsabilidade de serem mordomos de Seus bens. Ao
trazermos o nosso dízimo, Ellen G. White comenta, estamos “declarando que Deus
é o possuidor de todos os nossos bens e que nos tornou mordomos a fim de
usá-los para Sua glória.”38 Ela está enfatizando aqui o
grandioso privilégio que Deus nos concedeu ao escolher-nos como Seus mordomos.
Ele estava chamando os seres humanos de volta a um relacionamento pessoal
consigo, com todos os privilégios e responsabilidades que tal relação envolvia.
O propósito desse relacionamento era trazer glória a Deus, e não a seres
humanos. De acordo com ela, a alternativa para usar o dízimo e tudo que temos
para a glória de Deus, é a “condescendência egoísta.”39 uma
horrenda e pecaminosa distorção do Seu amoroso desígnio para nós.
d) O Ato
de Dar o Dízimo Como Instrumento no Desenvolvimento do Caráter: O sistema do dízimo foi
instituído por Deus como “um ensino adaptado a extirpar toda a estreiteza egoísta
e cultivar largueza e nobreza de caráter.”40 Inquestionavelmente,
diz Ellen G. White, “o egoísmo constitui a base do pecado”,41 e
Deus está nos ajudando constantemente, numa grande variedade de maneiras, a
vencê-lo em nossa vida. Um dos meios usados por Ele é a prática de Lhe
devolvermos nossos dízimos e ofertas. Fazendo isto, não retemos egoisticamente
para nós mesmos o que o Senhor nos provê em Sua amorosa bondade, mas nos
tornamos condutos de Suas bênçãos para os outros.42 O desígnio
de Deus para nós é que “sejamos Sua mão auxiliadora para abençoar a outros”.43
Ellen G.
White atribui o dízimo diretamente à vontade de Deus, o qual originou essa
idéia e prática pouco depois da queda de Adão e Eva. O Cristo pré-encarnado
estabeleceu este sistema, e durante o Seu ministério na Terra confirmou-o como
expressão da vontade divina para os seres humanos. De acordo com ela, esta
conexão entre o dízimo e a vontade de Deus aponta não somente para a
perpetuidade do próprio dízimo, mas especialmente para o fato de que ele foi
instituído como expressão do amor de Deus para benefício da raça humana depois
da queda. Tornou-se um instrumento didático nas mãos de Deus para manter bem
nítida na mente dos seres humanos a importante verdade de que, a despeito da
presença do pecado e dos poderes do mal, neste planeta, Ele é quem nos abençoa
e tem o direito de ser o nosso Senhor. Ellen G. White parece dizer que o
sistema do dízimo foi instituído por Deus a fim de ajudar-nos a compreender que
a preservação de nossa vida depende totalmente da benévola e salvífica bondade
de Deus para nós, e não da satânica alegação de absoluta autonomia dEle. Dar o
dízimo também contribui para o desenvolvimento de nosso caráter e
auto-imagem. Ellen G. White argumenta vigorosamente que, pelo poder de Deus, o
sistema do dízimo procura destruir a hegemonia do egoísmo em nossa natureza
pecaminosa, auxiliando-nos a desenvolver nobreza de caráter. Instituindo este
sistema, Deus estava confirmando permanentemente nossa designação como
despenseiros de Seus bens neste planeta e, por conseguinte, reintegrando-nos
num relacionamento pessoal com Ele como proprietário de tudo. O pecado não
seria capaz de separar-nos permanentemente de Deus.
C. A Natureza do Dízimo
Ellen G.
White não redefine o conceito bíblico da natureza do dízimo, mas o reafirma e
desenvolve, esclarecendo algumas de suas implicações. A declaração bíblica a
respeito da natureza do dízimo — “santo é ao Senhor” (Lev. 27:30) — é muitas
vezes repetida por Ellen G. White.44 Ela usa o sábado para ilustrar
a natureza do dízimo: “Pois, como o sábado, um décimo da renda é sagrado.”45 Menciona
também: “Usa-se a mesma linguagem quanto ao sábado que se usa na lei do dízimo:
`O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus.” … De igual maneira, o dízimo de
nossas rendas `santo é ao Senhor’.”46 A clara inferência é que
“Deus reservou para Si uma porção especificada do tempo do homem e de seus
meios.”47 Foi esse ato divino que transformou uma fração de
tempo e uma parte de nossos meios em elementos sagrados; eles tornaram-se
propriedade exclusiva de Deus. O dízimo é, em realidade, segundo ela declara,
“a parte de Deus, e de modo algum a propriedade do homem.”48 O
dízimo Lhe pertence de um modo peculiar e único, que o distingue do Seu domínio
sobre o Universo.
Visto que
o dízimo é sagrado e santo, não foi colocado sob o controle humano, mas sob o
controle divino. Diante da santidade do dízimo, e afim de demonstrar respeito
pelo que é sagrado, os seres humanos devem perguntar: “Que devo fazer com ele?”
A resposta dada por Ellen G. White é concisa e objetiva: Para conservá-lo santo
precisamos devolvê-lo a Deus. Ela encontra apoio para essa posição na ordem de
Deus registrada em Malaquias 3:10: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro.”
Ela observa, com muita perspicácia, que na ordem divina “não se apela para
gratidão ou generosidade”,49 o que quer dizer que o Senhor não
está apelando para a gratidão ou generosidade das pessoas para incentivá-las a
trazer o dízimo. Para ela, o fator determinante no ato de dar o dízimo não é a
gratidão ou a generosidade, mas algo mais sério e significativo baseado na
natureza sagrada do dízimo. Ela declara inequivocamente: “É uma questão de
simples honestidade. O dízimo é do Senhor; e Ele nos ordena que Lhe devolvamos
aquilo que é Seu.”50 Ela ergueu o dízimo do âmbito de uma
prática cerimonial ou cultural para o nível de uma responsabilidade moral que
não deve ser controlada pelo estado das emoções ou tendências humanas, e sim
pelo inabalável princípio e valor da honestidade.51
O dízimo
recebido de todos os membros da Igreja, inclusive pastores e obreiros,52 é
considerado por Ellen G. White como “um fundo sagrado”.53 Isto
tem algumas implicações importantes para os que lidam com ele depois de ter
sido entregue pelos membros da Igreja. No nível da igreja local, a natureza
sagrada do dízimo é reconhecida quando ele é remetido para a tesouraria de
Deus. Nem mesmo o pastor local tem autoridade para colocar a mão no dízimo.
Ellen G. White acrescenta que os pastores não devem apoiar nenhum plano, presumivelmente
de membros da igreja local, para desviar o dízimo a algum uso ilegítimo, mas
preservar-lhe a natureza sagrada colocando-o na tesouraria de Deus.54
Falando a
administradores de igrejas, ela declarou: “O dinheiro do dízimo deve ser
mantido como sagrado.”55 Transferir o dízimo da igreja local
para as organizações superiores não altera a sua natureza; ele continua sendo
santo. E os que administram o dízimo têm a responsabilidade de preservar-lhe a
natureza sagrada. Como podem fazer isso? De acordo com ela, o dinheiro do
dízimo é “um fundo consagrado a um propósito sagrado“56 por
Deus mesmo,57 e enquanto os administradores o usarem de acordo
com esse propósito sagrado, ele é mantido como tal.58 Parece,
portanto, que a natureza sagrada do dízimo não está simplesmente relacionada
com o fato de pertencer a Deus, nem é somente determinada por isso. Sua
santidade se acha ligada ao propósito que Deus lhe atribuiu. De acordo com
Ellen G. White, não existe tal coisa como dízimo sagrado no sentido abstrato;
sua natureza e função, obviamente, são inseparáveis. É somente o uso impróprio
do dízimo que tende a profaná-lo, e não, por exemplo, a pasta ou bolsa usada
para transportá-lo, ou tocá-lo com mãos por lavar. Esta compreensão da natureza
do dízimo como santo no sentido de que pertence exclusivamente a Deus, para o
propósito especial que Ele lhe designou, desempenha uma parte muito importante
no que Ellen G. White tem a dizer sobre o sistema do dízimo em seus escritos.
D. Conclusão
A
teologia implícita do dízimo, presente nos escritos de Ellen G. White, se
baseia em diversos conceitos teológicos importantes, que determinarão os
aspectos mais pragmáticos do sistema dizimal. Ele se fundamenta primeiro no
conceito de Deus que, como Criador, é o proprietário do Universo e de tudo
quanto se encontra nele. Em segundo lugar, esta dimensão de Deus é acompanhada
por outra, que descreve a natureza deste poderoso Deus, sob o aspecto de Seu
amor e bondade para com Suas criaturas. Ele preserva e sustenta a todas elas,
em virtude de Sua disposição amorosa para dar não somente do que criou, mas
também de Sua própria Pessoa. Isto é especialmente assim na salvação que Ele
provê para os seres humanos, por meio da obra de Cristo.
Em
terceiro lugar, o sistema do dízimo é uma expressão da benévola vontade de Deus
para com os pecaminosos seres humanos a quem está procurando restaurar a
perfeito companheirismo com Ele, e libertar da destrutiva incursão do pecado em
sua existência. Isto é indicado: a) pelo fato de que o dízimo foi instituído
pelo próprio Deus, pouco depois da queda de Adão e Eva, e confirmado por Cristo
durante o Seu ministério terrestre. É em virtude da boa qualidade dessa lei
como expressão da vontade de Deus, que ela ainda deve ser observada; b) tem
sido usada por Deus para ajudar-nos a reconhecer que Ele é o nosso Senhor, que
dependemos dEle para nossa existência, e não de algum outro poder, e que Deus
quer que preservemos Seu relacionamento conosco ao reintegrar-nos na função de
mordomos de Sua bondade e bênçãos. Mediante a expressão da benévola vontade de
Deus para nós, no sistema do dízimo, Ele também está procurando libertar-nos do
escravizante poder do egoísmo. O sistema do dízimo é fundamentalmente uma
expressão da amorosa natureza de Deus para com os pecaminosos seres humanos.
III. A Motivação Para Dar o
Dízimo
Ao tratar
da motivação cristã para trazer o dízimo ao Senhor, Ellen G. White torna claro
que dar o dízimo é essencialmente uma resposta à soberania e aos atos
salvíficos de Deus em nosso favor, e não o meio pelo qual obtemos Sua
aceitação. Não há vestígios de uma abordagem legalista do assunto do dízimo, no
que ela tem a dizer sobre ele. Isto é significativo porque, a apesar do fato de
grande parte do que escreveu sobre o assunto ter o objetivo de incentivar
os membros da Igreja a devolverem o dízimo ao Senhor, ela permaneceu claramente
concentrada na função teologicamente correta do dízimo na vida cristã. Há
diversas maneiras pelas quais aborda o assunto da motivação, a começar com a
qualidade da vida espiritual do crente.
A. A Qualidade da Vida
Espiritual e o Dízimo
De acordo
com Ellen G. White, dar o dízimo requer, previamente, genuína dedicação a
Cristo como Salvador e Senhor na vida e experiência dos membros da Igreja. Do
contrário, o ato de dar o dízimo seria rejeitado ou poderia tornar-se uma
formalidade destituída de profunda significação espiritual.
1) Ela
assinala que dar o dízimo precisa ser precedido de verdadeira conversão.
Isto significa que “o mero assentimento à verdade não é o suficiente”, e
que devemos, com diligência e oração, “trabalhar com os que aceitam a verdade,
até que se convençam de seus pecados e busquem a Deus e se convertam. Então,
devem ser instruídos no tocante às reivindicações de Deus quanto a eles, nos
dízimos e ofertas.”59 A experiência da conversão é de
fundamental importância no contexto de dar o dízimo.
2) Dar
o dízimo é o resultado de uma vida santificada. Uma experiência religiosa
formal poderá incluir o ato de dar o dízimo, mas carece de significação
espiritual. Ela argumenta vigorosamente que “a religião não consiste meramente
num sistema de áridas doutrinas, mas de fé prática, que santifica a vida e
corrige a conduta no círculo familiar e na igreja. Muitos podem dizimar a
hortelã e a arruda, mas negligenciar as questões mais importantes — a
misericórdia e o amor de Deus.”60 Ela crê que uma vida santa se
caracterizará por atos compassivos e amorosos, como evidência da interiorização
da verdade. Ao mesmo tempo, essa vida proporcionará o verdadeiro ambiente
espiritual dentro do qual o ato de dizimar funcionará corretamente.
3) Dar
o dízimo requer sensibilidade espiritual. A sonolência espiritual tende a
tornar-nos inconscientes da voz e orientação de Deus, fazendo com que seja
difícil reconhecê-Lo como Senhor em todos os aspectos de nossa vida. Ela
escreve que se os crentes “estivessem espiritualmente despertos, ouviriam na
renda de cada semana, quer seja muita quer pouca, a voz de Deus e a da
consciência, requerendo com autoridade os dízimos e as ofertas devidos ao Senhor”.61 Para
ouvir essa voz, a pessoa precisa ser espiritualmente sensível e atenta. Tal
sensibilidade conduz ao ato de dar o dízimo, e este demonstra “que a graça de
Deus está operando no coração”.62
B. A Motivação Para Dar o
Dízimo
Há um
conjunto de conceitos religiosos e teológicos fundamentais que são usados por
Ellen G. White para incentivar os crentes a dar o dízimo. Examinaremos, aqui,
alguns dos mais importantes.
1)
Há uma motivação soteriológica. De acordo com ela, na obra de
redenção de Deus, por meio de Cristo, Ele deu “o mais precioso dom do Céu”,63 e
o mínimo que devemos fazer é mostrar “que apreciamos a dádiva do amado
Filho de Deus”, que “O amamos com não dividido afeto” e que estamos
dispostos a manifestar essa dedicação por nossos dízimos e ofertas.64 Portanto,
a motivação apropriada para dar o dízimo é o amor a Deus pelo que Ele realizou
em Cristo para nós. Obviamente, dar o dízimo como resposta à salvação que nos é
concedida por meio de Cristo é praticamente uma resposta insignificante. Ellen
G. White está plenamente ciente dessa resposta desproporcional. É impossível —
ela diz — “avaliar o precioso resgate pago para redimir o homem caído. As
melhores e mais santas afeições do coração devem ser dadas em agradecimento a
tão maravilhoso amor”. Então, ela menciona o sistema do dízimo e declara:
“Quão escasso isso parece ser na minha opinião! Quão pequena a estimativa! Como
é inútil o empenho para avaliar, com regras matemáticas, tempo, dinheiro e
amor, um amor e sacrifício que é incomensurável e incalculável! Dízimos para
Cristo! Oh! mísera bagatela, vergonhosa recompensa do que tanto custou! Da cruz
do Calvário, Cristo solicita uma entrega incondicional.”65 Essa
declaração desconsidera toda tentativa de usar o dízimo a fim de contribuir de
algum modo para nossa aceitação por Deus. No entanto, “o pequeno dízimo”,66 como
Ellen G. White o chama, é dado como amorosa resposta a esse amor
insondável.
2)
Há a motivação teológica do universal domínio de Deus. Ela insinua
que, neste caso, são combinadas duas idéias importantes. O universal domínio de
Deus denota que Ele possui tudo, inclusive todos nós que fomos comprados pelo
sangue de Cristo, e o fato de que Ele nos designou como Seus mordomos.67 Em
ambos os casos, a ênfase recai sobre a nossa responsabilidade para com Deus, o
qual, como Proprietário, nos designou para atuar como Seus administradores. Em
certo sentido, cada um de nós “pode-se tornar um tesoureiro para o Senhor”.68 Mas
o Seu domínio também significa que tudo o que temos provém dEle, e, por
isso, devemos, agradecida e alegremente, devolver-Lhe nossos dízimos e ofertas.
Ela escreveu: “A constante bondade de Deus requer algo melhor do que a
ingratidão e o esquecimento que os homens Lhe prestam. Não havemos de devolver
e apresentar nossos dízimos e ofertas a Deus, com coração agradecido?”69 Conquanto
a gratidão não seja a razão para dar o dízimo, este deve ser
devolvido com espírito de gratidão.70
3)
Há a motivação moral para dar o dízimo. Deus apela para nossa
percepção moral e senso de responsabilidade ética como razões fundamentais para
darmos o dízimo. O pagamento do dízimo é um dever religioso e moral.71 Isto
se baseia na compreensão de Ellen G. White da natureza do dízimo considerada
mais acima, e, de acordo com a qual, o dízimo pertence a Deus. Ele o reservou
para um propósito sagrado. Retê-lo é uma violação do oitavo mandamento: “Não
furtarás.” (Êxodo 20:15). Ela cita a Deus, dizendo: “Empregando o Meu fundo de
reserva para satisfazer vossos próprios desejos, … tendes-Me roubado a Mim, subtraindo
as Minhas reservas. Por isso, `com maldição sois amaldiçoados’ (Malaquias
3:9).”72 O conselho que ela dá, é: “Estrita, honesta e
fielmente, seja-Lhe devolvida essa parte.”73 Evidentemente,
para que esta motivação apele à pessoa, é necessário que tenha reconhecido a
Deus como Salvador e Senhor.
4) Há
também uma motivação missiológica. De acordo com Ellen G. White,
esta motivação para dar o dízimo baseia-se na junção da obra de salvação da
parte de Cristo e das abundantes bênçãos de Deus a nós: “Aumentando-se as
nossas bênçãos e privilégios — e, acima de tudo, tendo nós presente o
sacrifício sem par do glorioso Filho de Deus — não deveria a nossa gratidão ter
expressão em dádivas [dízimos e ofertas] mais abundantes, a fim de levar a
outros a mensagem da salvação?”74 A pergunta retórica espera
uma resposta positiva. O plano de Deus é que o evangelho eterno de salvação
seja pregado por todo o mundo. No cumprimento desse objetivo, Deus tem chamado
pessoas especiais para pregarem a Palavra; mas, por meio do sistema do dízimo,
“tornou Ele privilégio de toda a Igreja participar da obra pela contribuição de
seus meios para a sua manutenção”.75 Ela comenta que, pelo
sistema dizimal, “todos podem sentir que lhes é possível ter parte em promover
a preciosa obra de salvação”.76 Convida-nos a dar “de nossos
meios para salvar aqueles por quem Cristo morreu”.77 A
motivação missiológica procura identificar o nosso interesse com o de Cristo na
salvação de almas para o Seu reino.78
5)
Há a motivação da bênção. É um pouco difícil definir esta
motivação, porque dar o dízimo pressupõe que já fomos abençoados pelo Senhor.
Isto é o que Ellen G. White quer dizer ao perguntar: “Havemos de receber todas
as bênçãos da mão de Deus, sem que no entanto retribuamos — nem mesmo o dízimo,
a porção que Ele reservou para Si mesmo? … Havemos de receber continuamente
Seus favores com indiferença, sem Lhe corresponder ao amor?”79 Deus
não pode esperar que demos o dízimo antes de abençoar-nos, pela simples razão
de que seria impossível fazermos isso sem Suas bênçãos precedentes. Deus toma,
portanto, a iniciativa e nos abençoa a nós, pecadores indignos, esperando que
reconheçamos ser Ele a fonte dessas bênçãos, mediante uma resposta de amor
expressa por meio de nosso dízimo.80
De acordo com Ellen G. White, as palavras
do Senhor, registradas em Malaquias 3:10, são dirigidas a um povo que perdeu
sua fé em Deus. Ele os encoraja a confiarem nEle e levarem seus dízimos ao
templo. Se manifestarem fé nEle, experimentarão as bênçãos de Deus.81 Precisam
ser lembrados de que “a condição de prosperidade depende de levar à tesouraria
do Senhor aquilo que é Seu”.82 Como o que Lhe damos já
pertence a Ele, fundamentalmente a bênção não é o elemento motivacional no ato
de dar o dízimo. Esta conclusão parece ser apoiada pela maneira em que Ellen G.
White correlaciona o ato de dar o dízimo e a bênção em outros contextos. Notem
o seu conselho: “O dízimo fiel é a parte do Senhor. Retê-lo, é roubar a Deus.
Deve todo homem trazer livre, voluntária e alegremente os dízimos e ofertas à
casa do tesouro do Senhor, pois, em fazê-lo há uma bênção.”83 A
leitura apressada dessa declaração talvez dê a entender que a bênção é uma
motivação para dar. Notem, porém, que a razão para dar, a verdadeira motivação
para o ato de devolver o dízimo, é moral — “O dízimo é a parte do Senhor.
Retê-lo, é roubar a Deus.” Qual é, então, o papel da bênção? Ela é um benefício
acrescentado! Deus nos criou, diz Ellen G. White, e nos proporcionou “todas as
bênçãos” que desfrutamos, mas quando damos o dízimo, há uma bênção especial,
mediante a qual Deus faz com que os nove décimos que guardamos valham mais “do
que os dez sem essa bênção”.84 Deus aumenta os nossos
benefícios para darmos mais a Ele. Buscando a bênção, estamos buscando o
privilégio de dar mais para a Causa do Senhor.
C. Retendo o dízimo
Há uma
condição sob a qual seria correto reter o dízimo ou fazer mau uso dele? Havendo
considerado as motivações para dar o dízimo, a óbvia resposta é negativa. Não
há nenhum pretexto válido que alguém possa apresentar para não trazer o dízimo
ao Senhor. Ellen G. White rejeita a pobreza como justificativa. Visto que o
dízimo é dado em proporção à renda, o dízimo do pobre “será relativamente uma
pequena quantia, e suas dádivas estarão de acordo com a sua capacidade. Mas não
é o vulto da dádiva que torna a oferta aceitável a Deus; é o propósito do
coração, o espírito de gratidão e amor que ela expressa.”85 A
dívida também não é uma razão válida para reter o dízimo. Aqueles que usam o
dinheiro pertencente a Deus para saldar suas dívidas têm, ela diz, um grave
problema religioso e espiritual: não tomaram “a posição sincera e decidida de
obedecer a Deus”.86 Seu verdadeiro problema é o egoísmo.87
Ellen G.
White também rejeita a falta de confiança nos administradores da Igreja como
razão válida para reter o dízimo ou para não dá-lo de modo algum. Sua reação
diante do que sucedia na Associação de Michigan, em 1890, ilustra sua atitude
para com esta questão.88 Ela descreve a condição do ministério
em Michigan em termos muito negativos e necessitando de reavivamento e reforma.
A linguagem que ela usa é, às vezes, vigorosa e direta, como por exemplo: “Eles
não são ricos em conhecimento espiritual e sabedoria celestial, mas pessoas
áridas e destituídas de Cristo”; “o coração do orador não foi transformado pela
graça”.89 Ela chegou a dizer que “as igrejas estariam muito
melhor sem tais pastores e ministros. É tirado dinheiro da tesouraria do Senhor
para sustentar pessoas não convertidas e necessitando que alguém lhes ensine os
principais princípios do evangelho, que é Cristo formado no íntimo, a esperança
da glória.” 90
A
condição espiritual dos pastores teve um efeito adverso sobre os membros da
Igreja, que decidiram reter o seu dízimo. Ela chamou-lhes a atenção para
Malaquias, e perguntou: “Não podeis ver que, sob quaisquer circunstâncias, o
melhor não é reter os dízimos e as ofertas, por não concordardes com tudo o que
vossos irmãos fazem? Os dízimos e as ofertas não são propriedade de homem
algum, mas devem ser usados em fazer certa obra para Deus.”91 Aqui,
ela está usando a natureza do dízimo para expor o seu caso. Então, porém, passa
a usar o argumento da responsabilidade moral para reafirmar o dever de os
membros da Igreja darem o dízimo: “Pastores indignos talvez recebam parte dos
meios assim arrecadados, … mas não cometais pecado, vós mesmos, retendo do
Senhor o que Lhe pertence.”92 Os administradores da obra de
Deus serão considerados responsáveis ao Senhor pelo seu próprio pecado,93 mas
ninguém deve usar a sua falha para justificar o ato de roubar a Deus.
Ao tratar da questão de reter o dízimo,
Ellen G. White menciona, muitas vezes, a maldição registrada em Malaquias 3:10.
Ela encara essa maldição com muita seriedade, e a interpreta como a ausência da
bênção prometida aos que dão o dízimo. É a privação de um bem celestial ou do
“benefício adicional” que advém de dar o dízimo e possibilita que demos ainda
mais ao Senhor. Por conseguinte, ela pôde dizer: “Quando roubamos a Deus no
dízimo, também roubamos a nós mesmos, pois perdemos o tesouro celestial.
Privamos a nós mesmos da bênção de Deus.”94 A propósito, por
que alguns que retêm o dízimo prosperam? Ela responde: “Algumas dessas pessoas
estão, no entanto, em aparente prosperidade. Em Sua grande misericórdia, Deus
ainda as está poupando para que vejam e abandonem seu pecado.”95 Ele ainda está procurando
persuadi-las de que essas bênçãos provêm de Sua bondosa mão. Há outros,
porém, “que já estão sentindo Sua maldição sobre eles. São levados a
circunstâncias probantes e percebem que têm cada vez menos capacidade para dar,
quando, se houvessem dado a primazia às reivindicações de Deus, e, com coração
voluntário, trazido suas ofertas a Ele, teriam sido favorecidos com mais
recursos para dar.”96 Neste caso, a falta de abundantes
bênçãos de Deus é designada para incentivá-los a dar o primeiro lugar a Deus em
sua vida. Notem que o objetivo da bênção, como já indicamos, é habilitar-nos a
dar mais.
Finalmente,
de acordo com Ellen G. White, “o dízimo de tudo com que Deus vos favoreceu
pertence a Ele; e tendes roubado a Deus ao usá-lo para os vossos próprios
empreendimentos. Ele colocou a questão acima de qualquer dúvida.” 97
D. Conclusão
De acordo
com Ellen G. White, a motivação da pessoa para dar o dízimo não se baseia
meramente na dimensão emocional do ser humano, mas nos aspectos espirituais,
afetivos, morais e racionais de sua personalidade. Dar o dízimo requer inteira
dedicação a Deus, mediante arrependimento e conversão, uma vida consagrada ao
Senhor, que seja sensível à orientação do Espírito de Deus em nossa vida, ao
conduzir-nos para a obediência à revelada vontade de Deus.
Ellen G.
White dá a entender que a morte sacrifical de Cristo na cruz requer uma
resposta de amor dos crentes, a qual se expresse de muitas formas, inclusive
dando o dízimo. A soberania de Deus e Sua boa vontade para designar-nos a uma
posição de confiança, como Seus mordomos, devem levar-nos a corresponder a essa
confiança devolvendo o nosso dízimo a Ele, como despenseiros fiéis,
reconhecendo assim a Sua soberania. Ela acrescenta, porém, que o dízimo também
apela para nós como agentes morais que, estando cientes da reivindicação de
Deus sobre o dízimo, como Sua propriedade exclusiva, consideraríamos o roubo a
Ele uma grande fraqueza moral e uma ofensa gravíssima.
A
proclamação do evangelho à raça humana recai pesadamente sobre o coração dos
que já receberam seus benefícios, e deve incentivá-los a prover os recursos,
especialmente por meio do dízimo, para possibilitar que muitos outros ouçam as
boas novas. Se a prometida bênção de Deus aos que Lhe devolvem o dízimo
funciona como poder impelente para dar o dízimo, deve-se dar a devida ênfase ao
desejo de receber mais do Senhor, para poder dar mais. Conquanto haja diversas
razões que nos incentivem a dar nosso dízimo ao Senhor, não há razão alguma
para retê-lo dEle. Até mesmo o mais grave caso de deficiência ou falha
ministerial e administrativa, no devido uso do dízimo, não provê nenhuma
justificativa para que os membros da Igreja o retenham ou usem como julguem necessário.
IV. A Logística de Dar o
Dízimo
O sistema
dizimal, assim como o procedimento desenvolvido durante o tempo de Ellen G.
White para arrecadá-lo, era bem simples e prático. O próprio sistema, da
maneira descrita na Bíblia, era “belo em sua simplicidade e eqüidade”, e não
requeria “profundidade de saber” para ser compreendido e executado.98
A . Ensinando o Sistema
Dizimal
O
primeiro passo no processo era instruir os membros no tocante ao fundamento
bíblico para dar o dízimo, e nos seus aspectos práticos. Ellen G. White muitas
vezes lembra os pastores de instruírem os membros da Igreja quanto ao seu dever
de trazerem os dízimos e ofertas ao Senhor. Evidentemente, ela estava ciente da
relutância de alguns pastores em apresentar este assunto em suas igrejas,
especialmente a novos conversos, e identificou alguns problemas que poderiam
resultar disso. “Se vem um segundo ministro, e apresenta as reivindicações de
Deus quanto a Seu povo, alguns voltam atrás, dizendo: `O ministro que nos
trouxe a verdade, não mencionou essas coisas.’ E se escandalizam com a Palavra.
Alguns recusam aceitar o sistema do dízimo; afastam-se, e não se unem mais com
os que crêem na verdade e a amam.” A solução, ela disse, era que todo
mensageiro da verdade educasse “fiel e cabalmente” esses conversos “quanto a
todos os aspectos essenciais”.99
Ela
ensinou que se esperava ensinassem os ministros do evangelho que o sistema
dizimal “é tão obrigatório ao povo de Deus, nestes últimos dias, como o era
para o povo de Israel”,100 que tem de ser um dízimo fiel e
honesto101 e que deve ser dado ao Senhor “como testemunho
de que reconhecem sua dependência de Deus”,102 denotando assim
que seu propósito não era obter o favor divino. Essa instrução devia ser
reforçada pelo pastor, “por preceito e exemplo”.103
B. Arrecadando o Dízimo
O
processo começa com a compreensão de que o dízimo pertence a Deus e que deve
ser reservado para Ele. Portanto, é necessário separar a parte do Senhor logo
que se recebe o rendimento. Ninguém, diz Ellen G. White, deve “ensinar que
devemos gastar nossos recursos com nós mesmos e trazer o resto para o
Senhor, mesmo que de outro modo fosse um dízimo honesto. Separai primeiro a
parte do Senhor.”104 A razão para isso é provavelmente tanto
teológica como pragmática. Separar primeiro o dízimo torna-se um “ritual” por
meio do qual expressamos uma verdade teológica, a saber: que Deus ocupa o
primeiro lugar em nossa vida. No nível pragmático, separar primeiro o dízimo
protege-o do mau uso ou da apropriação indébita. Ela esclarece que isso deve
ser feito no lar, com a participação tanto dos pais como dos filhos.105
Uma vez
separado o dízimo, ele deve ser levado à igreja. Para ela, a ocasião mais
apropriada para apresentarmos nossos dízimos e ofertas a Deus é durante o culto
divino, no sábado. A idéia parece ser que o sábado proporciona o ambiente
espiritual necessário para adorarmos a Deus por meio de nossos recursos, porque
é um dia especial para termos comunhão com Ele. “No sábado meditamos em
Sua bondade. Contemplamos Sua obra na criação como evidência de Seu poder na
redenção. Nosso coração se enche de gratidão por Seu grande amor. E agora,
antes que comece a labuta de uma nova semana, devolvemos-Lhe o que pertence a
Ele, junto com uma oferta para demonstrar nossa gratidão.”106 Devolver
nossos dízimos e ofertas a Deus é realmente um ato de adoração realizado
durante o dia de culto, o sábado, quando o povo de Deus se reúne para adorá-Lo.
O
dinheiro do dízimo devia, então, ser enviado ao tesoureiro do escritório da
Associação, e o presidente tinha a responsabilidade de certificar-se de que um
dízimo fiel era trazido para o tesouro.107 De acordo com Ellen
G. White, “mordomos fiéis devem colocar o dinheiro do Senhor no Seu tesouro”;108 de
fato, ela diz: Deus “requer que esta parte seja colocada no Seu tesouro”.109 Espera-se
que os administradores usem o dízimo trazido à tesouraria de acordo
com o propósito de Deus para ele.
C. Fontes Que São
Dizimáveis
Quanto de
dízimo a pessoa deve dar e quais são as fontes de que devemos dar o dízimo? Sua
resposta é clara: “Quanto à quantia requerida, Deus especificou um décimo da
renda como a parte que Lhe é devida”;110 “o dízimo de tudo
aquilo com que Deus vos abençoou”;111 “o dízimo de toda a nossa
renda é do Senhor”.112 Escrevendo a “homens ligados às
instituições designadas por Deus”, ela os aconselha a “dar o dízimo de tudo o
que possuem e de tudo o que recebem.”113 Falando de maneira
mais específica, ela se refere `a “consagração a Deus de um décimo de toda a
renda, quer … dos pomares quer dos campos, dos rebanhos ou do trabalho mental e
manual”.114 Sua ênfase principal é sobre dar o dízimo de todas
as rendas e aumentos. No entanto, ela reconhece que as quantias variarão duma
pessoa para outra, não somente por serem proporcionais às rendas ou aumentos,115 mas
porque os detalhes e, talvez, a definição do que é renda e aumento “fica com a
consciência e beneficência dos homens, cujo juízo nesse sistema dizimal deve
ser livre”.116 Contudo, ela acrescenta imediatamente: “E ao
passo que isto fica com a consciência, foi estabelecido um plano bastante
definido para todos. Não se exige compulsão.”117 O contexto
indica que o plano a que ela se refere foi estipulado na Bíblia, e segundo o
qual a décima parte de todas as rendas devia ser devolvida ao Senhor. Alguns
anos mais tarde, ela comentou outra vez: Deus “deixa todos livres para
dizerem quanto seja o dízimo, e se querem ou não dar mais que isso”.118 Seus
escritos parecem mostrar uma espécie de esclarecimento progressivo das fontes
de que damos o dízimo, mas não da natureza dele.
D. Conclusão
De acordo
com Ellen G. White, o sistema do dízimo é intencionalmente simples, a fim de
possibilitar que todos se sujeitem a ele. Os pastores devem ensinar o sistema
aos membros da Igreja e instruí-los sobre a sua responsabilidade de trazer o
dízimo ao Senhor. Antes de usar uma parte da renda, deve-se separar o dízimo em
casa, quase como um ato de adoração. Depois, então, deve ser levado à igreja,
no sábado, como ato de adoração e reconhecimento de nossa constante dependência
das bênçãos e da graça de Deus. Deve-se pagar o dízimo de todas as rendas e
aumentos, ficando a determinação dos detalhes a critério de cada pessoa.
V. Usos do Dízimo
Muita
coisa do que Ellen G. White escreveu sobre o dízimo trata de perguntas e dos
conselhos que ela deu a respeito de como usar o dinheiro do dízimo. Sem dúvida,
neste caso, houve um aumento na sua compreensão, pois, numa carta ao Pastor A.
G. Daniels, em 16 de março de 1897, ela mesma disse: “Nunca compreendi tão
plenamente este assunto como o compreendo agora. Como me foram enviadas
perguntas, para que as respondesse, recebi especiais instruções do Senhor, de
que o dízimo é para um propósito especial.”119 São essas
instruções que consideraremos agora.
A. Determinando o Uso
Quanto a
isso, a questão básica é quem decide como deve ser usado o
dízimo. Esta é, provavelmente, a questão mais difícil que enfrentamos ao
examinar o dízimo nos escritos de Ellen G. White. Lendo o que ela declara sobre
o assunto, ficamos impressionados com a constante ênfase que é dada ao que o
Senhor lhe revelou a respeito do uso do dízimo. Ela enfatiza esse ponto de
diversas maneiras. Por exemplo: “Deus deu instruções especiais quanto ao
emprego do dízimo”;120 ele deve ser colocado na tesouraria de
Deus e “mantido sagrado para o serviço dEle, de acordo com o que designou”;121 “Recebi
especiais instruções do Senhor, de que o dízimo é para um propósito especial.”122 Isto
está em perfeita harmonia com o ensino bíblico de que o dízimo pertence a Deus,
e é Ele quem decide sua finalidade e como deve ser usado.
Ellen G.
White parece estar dizendo que, por intermédio do seu ministério profético, o
Senhor comunicou agora à Igreja como Ele quer que o dízimo seja usado. Qualquer
tentativa de usar o dízimo de um modo que não era compatível com o que o Senhor
lhe revelara foi imediatamente condenada por ela. Em 1901, até censurou alguns
administradores na Associação Geral que estavam tomando decisões acerca do uso
do dízimo. Ela escreveu: “Não é o … desígnio [de Deus] que dois ou três
homens planejem por toda a Associação e decidam como deve ser usado o dízimo,
como se o dízimo fosse um fundo que lhes pertencesse.”123 A
óbvia dedução é que os administradores e obreiros da Igreja são protetores do
sistema do dízimo e, como tais, responsáveis por certificar-se de que esteja
sendo usado de acordo com a revelada vontade de Deus.
B. Uso Específico do
Dízimo
Em geral,
Ellen G. White ensina que Deus “reclama o dízimo como Sua propriedade, e o
mesmo deveria ser sempre considerado uma reserva sagrada a ser
depositada no Seu tesouro, para o benefício de Sua causa“.124 Em
outro lugar ela escreveu: “Ele [Deus] tem um tesouro, esse tesouro deve ser
abastecido pelo dízimo, e esse dízimo deve ser um dízimo sagrado, o dízimo de
Deus, e ser tão liberal que sustente a obra em grande medida”,125 ou
simplesmente “para que a obra possa ser mantida”.126 No Antigo
Testamento, Deus designou o dízimo aos levitas, para a sua obra no santuário,
mas agora Ele o designou para ser usado na obra da Igreja, a qual consiste
basicamente na proclamação do evangelho, ou, como ela declara, “para sustento
do ministério evangélico”127 Ela é, porém, muito específica
sobre como ele deve ou não ser usado.
1. Usado
Para Sustentar os Ministros do Evangelho: O dízimo deve ser usado para
prover sustento financeiro aos que se acham engajados no ministério,128 isto
é, “manter os obreiros evangélicos em seu labor”.129 Estes
obreiros são definidos por Ellen G. White como “aqueles que ministram na obra
sagrada como os escolhidos do Senhor, para realizar Seu trabalho não somente
pregando sermões, mas ministrando”,130 e ensinando as
Escrituras aos que não compreendem a lei de Deus.131
2. Usado
Para Sustentar Professores de Bíblia: Este uso especial do dízimo se baseou
nas instruções que Deus lhe deu: “Tem sido comunicada a luz de que os que
ministram em nossas escolas, ensinando a Palavra de Deus, explicando as
Escrituras, educando os alunos nas coisas divinas, sejam sustentados com o
dinheiro do dízimo.”132 Ela escreveu isso em 1900, mas na mesma
declaração, acrescentou o seguinte: “Estas instruções foram dadas há muito
tempo, e mais recentemente têm sido aqui e ali repetidas.”133 Entre
esses professores de Bíblia, ela inclui mulheres que estão “ensinando moças a
trabalhar com êxito como visitadoras e instrutoras bíblicas.”134
3. Usado
Para Sustentar Esposas de Pastores, Que Trabalham no Ministério
Evangélico: Ela fala em favor de uma esposa de pastor a quem “o Senhor
confere … o encargo do trabalho, e se ela dedica o tempo e as forças para
visitar uma família após a outra, abrindo-lhes as Escrituras, está realizando
uma obra que faz parte do setor do ministério, embora não lhe tenham sido
impostas as mãos da ordenação”,135 e deveria ser paga pelo seu
trabalho com recursos provenientes do dízimo.136 Ellen G. White
afirma claramente que “o dízimo deve ser para os que trabalham na palavra e na
doutrina, sejam eles homens ou mulheres”.137
4. Usado
Para Sustentar Médicos-Missionários: Quando alguns estavam se opondo à
idéia de usar o dízimo para sustentar médicos-missionários, ela escreveu: “Sou
instruída a dizer que … um ministro do evangelho que seja também
médico-missionário … é um obreiro muito mais eficiente do que aquele que não o
pode fazer.”138 Ela defendia, portanto, o uso do dízimo para
pagar-lhes os salários.
5. Usado
Para Sustentar Ministros Aposentados e Suas Famílias: Em 1904, ela
encorajou os administradores a proverem benefícios de aposentadoria para viúvas
de pastores.139 Quando, em 1911, a Igreja criou um plano de
aposentadoria para o qual cada Associação deveria contribuir com cinco por
cento de seus dízimos, ela o apoiou plenamente.140
6. Usado
Para Sustentar Diretores do Departamento de Publicações: Não há nenhuma
declaração de Ellen G. White apoiando o uso do dízimo para pagar diretores do
Departamento de Publicações. Entretanto, há uma carta de W.C. White para W. S.
Lowry, datada em 10 de maio de 1912, na qual ele afirma: “Sempre que esta
questão tem sido apresentada a Mamãe, ela tem dado sua aprovação ao plano que
geralmente é adotado por nosso povo.”141
7. Usado
Para Sustentar Campos Missionários em Necessidade: Ela aconselha
Associações que têm excedentes de dízimos a partilhá-los com regiões situadas
fora de suas fronteiras na América do Norte e Além-Mar. Ela apela: “Há missões
a serem mantidas em campos nos quais não há igrejas e dízimos, e onde também os
crentes são novos e o dízimo é limitado. Se tiverdes meios que não sejam
necessários depois de acertardes as contas com vossos ministros, de maneira
liberal, enviai o dinheiro do Senhor para esses lugares privados de recursos.”142
C. Uso Excepcional do
Dízimo
Há alguns
casos em que Ellen G. White estende o uso do dízimo a algumas situações que não
fazem parte dos usos anteriores, que acabamos de considerar.
1. A
Obra Médico-Missionária no Sanatório: Ellen G. White aprovou um plano que
lhe foi submetido pelo Dr. John Harvey Kellogg. De acordo com esse plano, uma
quantia equivalente ao dízimo pago à Associação pelos obreiros do sanatório foi
apropriada para ser usada em levar avante a obra missionária ligada ao
sanatório.143 A obra consistia em ajudar os pobres. No entanto,
ao dar sua aprovação, ela teve o cuidado de lembrar os dirigentes da Igreja de
que a nossa principal responsabilidade é a proclamação da mensagem do terceiro
anjo.144
2. Edificar
Casas de Culto: Isto só deve ser feito em casos muito excepcionais. Ela
escreve: “Há lugares excepcionais, em que a pobreza é tão intensa que para
conseguir o mais humilde local de culto talvez seja necessário fazer uso dos
dízimos.”145
3. Pagar
um Arrecadador de Dízimos: Este uso do dízimo não é abordado por Ellen G.
White em parte alguma de seus escritos; mas, de acordo com W. C. White, Ellen e
Tiago White o apoiaram. O arrecadador do dízimo não só era um tesoureiro, mas
tinha a clara responsabilidade de arrecadar o dízimo dos membros da Igreja.
Tais
exceções eram raras, e Ellen G. White não tencionava que se tornassem uma
prática comum adotada por toda a Igreja, mas cada caso envolvia determinadas
circunstâncias que requeriam medidas especiais. O que é significativo aqui, é
que os dirigentes da Igreja buscavam o seu conselho para terem certeza de não
estarem violando a santidade do dízimo. Eles, evidentemente, reconheciam que
era Deus quem decidia como o dízimo devia ser usado.
D. Uso Incorreto do
Dízimo
Durante o
seu ministério, Ellen G. White teve de responder a muitas perguntas acerca do
uso do dízimo e teve também de enfrentar algumas práticas específicas nas
igrejas e entre os obreiros. Seus conselhos identificam certos usos do dízimo
que não se harmonizam com a natureza do dízimo e o sagrado propósito que lhe
foi designado por Deus.
1. Mau
Uso Pessoal: Escrevendo aos membros da Igreja, ela diz: “A porção que Deus
reservou para Si, não deve ser desviada para nenhum outro desígnio que não
aquele por Ele especificado. Ninguém se sinta na liberdade de reter o dízimo,
para empregá-lo segundo seu próprio juízo. Não devem servir-se dele numa
emergência, nem usá-lo segundo lhes pareça justo, mesmo no que possam
considerar como obra do Senhor.”146 Notem que seu conselho se
baseia na natureza do dízimo.
2. Mau
Uso Pastoral: Nas igrejas locais, os pastores tinham acesso imediato ao
dízimo trazido ao Senhor pelos membros da Igreja e podiam, com facilidade,
fazer mau uso dele. O pastor não devia achar que podia “retê-lo e aplicá-lo de
acordo com o seu próprio critério, porque era um ministro. O dízimo não é
seu. Ele não tem liberdade para dedicar a si mesmo o que pensa ser-lhe
devido.”147
3. Colportores:
Alguns administradores da Igreja eram favoráveis à idéia de pagar colportores
com o dízimo. Ela escreveu: “Comete-se grande erro quando se retira o dízimo do
fim em que deve ser empregado — o sustento dos ministros.”148
4. Mau Uso Pelas Igrejas: De acordo com Ellen G. White, o dízimo não
devia ser usado para prover melhorias ou conforto às igrejas,149 para
suprir as necessidades ou o cuidado da casa de Deus,150 para
prover suas necessidades comuns,151 para pagar débitos de
igrejas,152 ou para custear-lhes as despesas.153 Também
não devia ser empregado na construção de edifícios institucionais.154
5. Despesas
da Escola: Ellen G. White declara inequivocamente que o dízimo não deve ser
“aplicado para fins escolares”,155 nem como fundo de auxílio a
estudantes.156
6. Ajudar
os Pobres e Doentes: A responsabilidade cristã de cuidar dos pobres e
ajudá-los é constantemente defendida por Ellen G. White. No entanto, ela indica
que o dízimo não deve ser usado com essa finalidade; ele “não deve ser
considerado um fundo para os pobres. Deve ser dedicado especialmente ao
sustento dos que estão levando a mensagem de Deus ao mundo; e não deve ser
desviado desse propósito.”157 Ela aconselha cada igreja a
“sentir sua responsabilidade de ter especial interesse nos fracos e nos idosos.
… O dízimo não deve ser reservado para esta obra.”158
7. Pastores
na Política: O zelo político expresso por meio de discursos políticos é,
segundo Ellen G. White, incompatível com a obra de um pastor, e “o dízimo não
deve ser empregado para pagar alguém a fim de discursar sobre questões
políticas”.159
E. Conclusão
De acordo
com ela, o uso do dízimo foi determinado por Deus, o qual o santificou para um
propósito muito específico. Com freqüência, ela indicou que o que tinha a dizer
sobre o emprego do dízimo lhe foi comunicado pelo Senhor, e quando
administradores, pastores ou membros da Igreja usavam o dízimo incorretamente,
ela falava contra isso. Os dirigentes da Igreja também reconheciam que é Deus
quem determina como o dízimo deve ser usado, e eles demonstravam essa convicção
buscando o seu conselho quando precisava ser tomada alguma decisão a respeito
do uso do dízimo.
Ela
ensinava fundamentalmente que o dízimo devia ser usado para o ministério
evangélico. Houve algumas exceções quando isto se tornou necessário, mas não
deveriam tornar-se práticas permanentes. O emprego muito específico do dízimo,
defendido por ela, talvez seja interpretado sob o aspecto da situação econômica
da Igreja durante o tempo em que ela viveu. Visto que a Igreja não tinha
abundantes recursos financeiros naquele tempo, poderá ser que alguém afirme que
a limitada quantidade de dízimo que chegava à tesouraria era cuidadosamente
guardada e usada para a proclamação do evangelho. Alterações na condição
financeira da Igreja poderiam requer um emprego diferente do dízimo, que
permitisse o que ela não permitiu.
Semelhante
interpretação das evidências não seria aceitável para Ellen G. White. Ela
insiste em que sua descrição do emprego do dízimo é a maneira pela qual o
Senhor espera que a Igreja o utilize. Visto que o dízimo é sagrado e constitui
exclusiva propriedade de Deus, Ele é a única pessoa que pode determinar como
deve ser empregado. O apoio para esta interpretação das evidências provém do
conselho que ela deu a uma Associação que tinha dízimo excedente. Em vez de
permitir que eles fossem criativos no uso desse excedente, ela recomendou que o
partilhassem com outros campos.160
O fato de
que ela admitiu que houvesse algumas exceções a suas instruções específicas
denota que há certa liberdade no uso do dízimo. Entretanto, tais casos não
deveriam passar a fazer parte da regra. Além disso, ela ainda estava viva para
orientar os dirigentes da Igreja nos casos em que deveria haver exceções.
Qualquer exceção, hoje em dia, teria de ser estudada com muito cuidado e oração,
lembrando que o dinheiro do dízimo não é nosso, para ser usado como nos apraz.161
VI. O Uso Pessoal do Dízimo de
Ellen G. White
O emprego
do dízimo pessoal de Ellen G. White foi meticulosamente estudado por outras
pessoas, tornando desnecessário que entremos em todos os pormenores da questão.162 É
claro que ela enviava seus dízimos para a tesouraria da Associação, mas em
alguns casos apropriou-se dele para uma necessidade específica. Ela estava
muito preocupada com a obra nos Estados do Sul dos EE.UU. e com a falta de
adequado apoio financeiro para os pastores que labutavam ali. Por isso,
apropriou-se do dinheiro de seu dízimo “para o campo mais necessitado e mais
desalentador no mundo”.163 Além disso, estava disposta a
aceitar o dízimo de outras pessoas que o entregavam a ela, pedindo que o
utilizasse onde soubesse que era “mais necessário”.164 Usava o
dinheiro “para ajudar pastores brancos e negros que estavam sendo
negligenciados e não recebiam o suficiente para sustentar suas famílias”.165 Em
alguns casos, ela indicou claramente que o dinheiro devia ser “aplicado em prol
dos pastores negros, para ajudá-los em seus salários”.166
Ela
também usou parte do seu dízimo para suprir as necessidades de algumas esposas
de pastor que trabalhavam o tempo integral, mas não eram pagas pela Associação.
Essas mulheres estavam realizando trabalho ministerial e se preocupavam com a
salvação de pessoas que não conheciam a mensagem.167 Ela
considerava uma injustiça deixar que tais pessoas dedicassem todo o seu tempo à
obra missionária sem receberem pagamento, e achava que tinha “o dever de criar
um fundo, com o dinheiro do meu dízimo, para pagar essas mulheres que estão
realizando uma obra tão essencial como a que é efetuada pelos pastores”.168
Quanto à
sua prática, ela primeiro esclarece que “durante anos, tem-me sido apresentado
que meu dízimo devia ser apropriado por mim mesma para ajudar os pastores
brancos e negros que estavam sendo negligenciados e não recebiam o suficiente
para sustentar devidamente suas famílias”.169 Em outras
palavras, como profetisa, ela fora orientada por Deus para fazer o que estava
efetuando. Essa era sua “obra especial”. Em segundo lugar, ela declara que o
dízimo “não era retido do tesouro do Senhor”,170 pois o estava
utilizando para o sustento do ministério. Em terceiro lugar, ela não
aconselhava ou incentivava ninguém a pegar o dinheiro do dízimo e utilizá-lo da
maneira que achasse conveniente.171 Percebia que o que estava
fazendo era singular para ela, devido às instruções que lhe tinham sido dadas
por Deus. Em quarto lugar, não solicitava o dízimo de outras pessoas para
aplicá-lo em campos necessitados. As evidências de que dispomos indicam que
algumas pessoas lhe entregaram o dinheiro do dízimo, mas não há indícios de que
ela o tenha solicitado.172 Em quinto lugar, mantinha um
registro de responsabilidade pelo dinheiro que era entregue aos seus cuidados,
dava um recibo dele, e contava como fora utilizado aos que lho tinham entregue.173
É
evidente que Ellen G. White, nas ocasiões em que se apropriou do seu dízimo e
do que lhe foi entregue por outras pessoas, tinha boas razões para fazê-lo, e o
apoio do Senhor. O dízimo não estava sendo mal empregado, mas cumpria o
desígnio de Deus para esse fundo sagrado. Devido ao seu ministério muito especial
dentro da Igreja, sua prática nesse aspecto não pode ser usada como modelo para
que alguém se aproprie do dízimo para projetos particulares. Também devemos ter
em mente que suas utilizações do dízimo para sustentar instrutores bíblicos e
obreiros aposentados tornaram-se práticas adotadas pela igreja.
VII. O Segundo Dízimo
O livro
de Deuteronômio legisla sobre um dízimo que devia ser comido pelos israelitas
no templo ou em suas próprias cidades e partilhado com os pobres e os levitas
(12:6 e 17; 14:22-29; 26:12-15). Ellen G. White faz distinção entre esse
dízimo e o dízimo regular totalmente designado aos levitas e sacerdotes, para o
seu trabalho no santuário. Ela o chama de “segundo dízimo”.174 Este
dízimo era levado ao santuário de dois em dois anos, como oferta de
agradecimento, e comido numa festa religiosa de que participavam os levitas, os
estrangeiros, os órfãos e as viúvas.175 Durante o terceiro ano,
“este segundo dízimo devia ser usado em casa, hospedando os levitas e os
pobres” e era “um fundo para fins de caridade e hospitalidade”.176 Ela
esclarece que esse era “um dízimo além do que era dado cada ano para o serviço
de Deus, e inteiramente distinto dele”.177
Dar um
segundo dízimo na época atual não é desaconselhado por Ellen G. White, mas
também não é fortemente promovido por ela. Enquanto se encontrava na Austrália,
ela incentivou os membros da Igreja a trazerem suas ofertas para aumentar o
fundo destinado à construção do Sanatório de Sydney. Ela relata: “Nossos
companheiros de trabalho na Australásia responderam animosa e
entusiasticamente. O segundo dízimo foi reservado para aumentar o fundo de
construção. Houve muitos donativos de dinheiro, trabalho e materiais,
representando indizível abnegação.”178 Não nos é declarado se
ela solicitara, ou não, um segundo dízimo para o projeto. O importante é que,
evidentemente, pelo menos em algumas ocasiões, os membros da Igreja deram um
segundo dízimo.
Quando a
obra educacional estava se desenvolvendo, surgiu a questão de como financiá-la,
e perguntaram a Ellen G. White: “O segundo dízimo não poderia ser usado para
manter a obra da escola da Igreja?” Sua resposta imediata foi a seguinte: “Ele
não poderia ser utilizado com melhor finalidade do que esta.”179 Quando,
porém, os dirigentes procuravam cobrir quase todas as despesas da escola com o
segundo dízimo, ela declarou: “Fui instruída de que o plano de não cobrar nada
dos alunos pela taxa escolar, dependendo do segundo dízimo para manter a
escola, sempre deixará a escola em precárias condições financeiras.”180
Nada mais
foi escrito por ela sobre o segundo dízimo. Parece que não o considerava
obrigatório à Igreja, mas não dissuadiu os que estavam dispostos a dá-lo para
projetos específicos.
VIII. Conclusão Geral
É claro
para mim que os conselhos que Ellen G. White dá a respeito do dízimo, bem como
os seus constantes apelos para que os membros da Igreja trouxessem seus
dízimos ao Senhor, não se baseiam originariamente em interesses financeiros
pragmáticos, mas foram determinados por sua especial compreensão teológica
do dízimo. Seu conceito de Deus como justo proprietário do Universo, bem como
Sua bondade revelada nas constantes dádivas e bênçãos que nos tem concedido e
que culminaram no supremo Dom de Seu Filho único, provêm uma sólida base
teológica para as reivindicações de Deus sobre nós, sobre tudo o que temos, e
especialmente sobre o nosso dízimo.
O sistema
do dízimo foi instituído pelo próprio Deus, para que fosse uma bênção a uma
raça decaída, dominada por incontrolável egoísmo. A boa qualidade dessa lei é
revelada pelo fato de que procedeu de Deus e foi confirmada por Jesus, como
tendo permanente valor para Seu povo. Por meio do dízimo, Deus tencionava
impressionar-nos com a realidade de que Ele é o doador de todas as nossas
bênçãos. É Ele quem preserva nossa vida, e devemos reconhecê-Lo como nosso
Salvador e Senhor. Ele também tencionava restaurar nossa dignidade pessoal,
reintegrando-nos como Seus mordomos, segundo é evidenciado no ato de dar o
dízimo. Pelo poder de Deus, dar o dízimo deveria ser um poderoso
instrumento para subjugar o nosso egoísmo natural.
Portanto,
para Ellen G. White, o dízimo era um instrumento nas mãos de Deus para
abençoar-nos. Ele era exclusivamente propriedade de Deus, e santo. Devolvê-lo a
Deus é um dever religioso e moral, pois pertence a Ele, e é sagrado. É mantido
assim quando os membros da Igreja o reservam para o Senhor e o colocam em Seu
tesouro, na Associação. Este fundo sagrado é preservado assim quando usado
pelos administradores da Igreja para o propósito que Deus lhe designou.
Para
Ellen G. White, dar o dízimo é o resultado de um relacionamento pessoal com o
Senhor, baseado em uma completa dedicação a Ele. Ela incentiva os crentes a
darem o dízimo com base no fato de que Cristo deu Sua vida por eles, de que
Deus é o Senhor do Universo, de que temos a responsabilidade moral de devolver
o dízimo e de que precisam ser providos recursos para levar o evangelho a um
mundo que perece. Se somos abençoados, como Deus prometeu, isto acontece para
habilitar-nos a dar mais para a Causa de Deus.
Os
pastores e administradores têm a responsabilidade de ensinar aos membros da
Igreja que lhes compete trazer ao Senhor um dízimo fiel. Ela sugere que ele
seja separado em casa e levado à igreja no sábado. Deve basear-se em nossos
lucros e rendas, mas cada pessoa deve estar livre para determinar os
pormenores. Quanto ao seu emprego, o dízimo deve ser usado para a proclamação
do evangelho pelos pastores e outras pessoas que dedicam a vida ao ministério
evangélico. Para Ellen G. White, a natureza do dízimo (ele é santo e pertence a
Deus) é inseparável de seu uso. É Deus quem determina como deve ser usado o que
Lhe pertence. Neste sentido, a função do ministério profético de Ellen G.
White, como instrumento de Deus, tem sido uma bênção para a Igreja. Por meio
dela, nosso Senhor nos informou o que Ele quer que façamos com o Seu dízimo.
Ela corrigiu abusos e confirmou o uso correto do dízimo. Ao mesmo tempo e em
determinadas circunstâncias, Deus permitiu que ela utilizasse o seu dízimo para
ajudar os que trabalhavam no ministério com recursos financeiros muito
limitados.
Embora
Ellen G. White não enunciasse sua teologia do dízimo de maneira sistemática, é
óbvio que possuía tal teologia, e que esta influiu sobre tudo o que tinha a
dizer acerca do dízimo. Há segurança para a Igreja em atender ao que ela disse.
Notas e Referências
1. O
sistema do dízimo desenvolveu-se vagarosamente entre os pioneiros adventistas.
À medida que a Igreja ia crescendo, tornou-se evidente que havia necessidade de
recursos financeiros para proclamar a mensagem e pagar os obreiros de tempo
integral. Em 1858, uma classe bíblica, sob a direção de J. N. Andrews, estudou
os princípios bíblicos para o sustento do ministério. Como resultado, um plano
chamado “Beneficência Sistemática” foi formulado em 1859 e posto em prática
para incentivar os membros da Igreja a proverem os fundos necessários. O
sistema bíblico do dízimo, originariamente, não fazia parte dele; mas foi-lhe
acrescentado mais tarde, em 1860. Nesse plano, o dízimo se restringia à renda
das propriedades, e esperava-se que os que não tinham propriedades fizessem
doações pessoais. Tal sistema rudimentar foi apoiado por Ellen G. White, a
qual, desde 1857 vinha encorajando os membros da Igreja a serem liberais em
suas doações para a Causa (Testimonies, 1: 170). Em 1859 ela referiu-se
ao plano da Beneficência Sistemática como “agradável a Deus” (Ibidem,
pág. 190). Em 1861, era claro para ela que o plano devia incluir o ato de
trazer a Deus dízimos e ofertas. Ela escreveu: “Não roubeis a Deus,
retendo-Lhe vossos dízimos e ofertas. O primeiro dever sagrado é entregar
a Deus uma proporção adequada (Ibidem, pág. 221). Ela não definiu,
porém, aquilo de que se deveria dar o dízimo, nem especificou o seu uso. Na
realidade, os pioneiros, a princípio, não faziam distinção entre o uso dos
dízimos e o uso das ofertas. Por volta de 1876, os dirigentes da Igreja
perceberam que havia defeitos no plano, especialmente quanto ao que devia
servir de base para calcular o dízimo. Então foi declarado e votado que se
deveria dar um décimo de todos os rendimentos. Dessa ocasião em diante, Ellen
G. White muitas vezes escreveu sobre o que constituía um dízimo apropriado e o
modo específico como devia ser usado. Para mais detalhes a respeito da história
do dízimo na Igreja ASD, ver o artigo de Arthur L. White, “Destaques do Começo
do Sistema do Dízimo”, documento inédito guardado numa estante do Patrimônio
Literário de Ellen G. White, 1990; Arthur L. White, Ellen G. White: The
Early Years, vol. 1 (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1985), págs.
380-393; “Beneficência Sistemática”, SDA Encyclopedia, vol. 2,
editada por Don F. Neufeld (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1996), págs.
735-738.
2. E.
g., Amazing Grace, pág. 151; “Dízimos e Ofertas”, Southern
Watchman, 14 de fevereiro de 1905, par. 6.
3. Special
Testimonies for Ministers and Workers, n.o 9, pág. 71.
4. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 71.
5.
“Reunião Campal em Williamsport, Pensilvânia”, Review and Herald,
13 de agosto de 1889, par. 8.
6. Manuscript
Releases, 12:228.
7.
“Dízimos”, Pacific Union Recorder, 10 de outubro de 1901, par. 4.
8. Ela
escreveu o seguinte a respeito da conexão entre a dádiva de Cristo, da parte de
Deus, e todas as outras dádivas: “Dando-nos a Jesus, o Senhor nos concedeu o
mais valioso tesouro do Céu. Com Ele, nos tem dado gozar abundantemente todas
as coisas. Os produtos da terra, abundantes colheitas, os tesouros de ouro e de
prata, são dádivas Suas. Casas e terras, o alimento e o vestuário colocou-os na
posse dos homens. Pede que O reconheçamos como o Doador de todas as coisas; e,
por essa razão, diz: `De todas as vossas posses reservo a décima parte para
Mim, além das dádivas e ofertas, que devem ser trazidas à casa do Meu
tesouro.’” – “Uma Prova de Gratidão e Lealdade”, Review and Herald,
4 de fevereiro de 1902, par. 4; ver também “O Dever de Dar Dízimos e
Ofertas”, Review and Herald, 17 de dezembro de 1889, par. 2.
9.
“Necessidade da Obra e do Batismo do Espírito Santo”, Sermons and Talks,
1:182.
10. Testemunhos
Seletos, vol. 3, pág. 35.
11.
“Dízimos”, Pacific Union Recorder, 10 de outubro de 1901, par. 3.
12. Patriarcas
e Profetas, pág. 525; cf. O Desejado de Todas as Nações, pág.
616.
13. Patriarcas
e Profetas, pág. 525.
14. O
Desejado de Todas as Nações, pág. 616.
15. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 73.
16. Testemunhos
Seletos, vol. 3, pág. 35.
17. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 69.
18. O
Lar Adventista, págs. 25 e 26; A Ciência do Bom Viver, pág.
356.
19. Spiritual
Gifts, vol. 3, pág. 254; e Profetas e Reis, pág. 183.
20. Patriarcas
e Profetas, pág. 71; e Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 230.
21. O
Desejado de Todas as Nações, pág. 617.
22. O
Desejado de Todas as Nações, pág. 616.
23. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 75.
24. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 67.
25. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 66.
26. Gospel
Workers (1892), pág. 98.
27. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 46. Nessa declaração, ela está tratando de dízimos e
ofertas, dando a entender que a prática de dar ofertas também foi instituída
por Deus.
28. Ela
escreveu: “Todas as coisas na Natureza testificam do cuidado terno e paternal
de nosso Deus, e de Seu desejo de tornar felizes os Seus filhos. Suas
proibições e ordens terminantes não se destinam simplesmente a ostentar Sua
autoridade; antes, em tudo que Ele faz, tem em vista o bem-estar de Seus
filhos. Ele não exige que estes abandonem coisa alguma que seria de seu máximo
interesse conservar.” — Patriarcas e Profetas, pág. 600.
29. A
expressão “sistema do dízimo” é muitas vezes usada por Ellen G. White para
referir-se à lei e prática de dizimar, mas às vezes ela parece usá-la para
designar o dever e a prática de trazer dízimos e ofertas ao Senhor. Neste
artigo nós a usaremos para designar apenas a prática de dizimar.
30.
“Dízimos”, Pacific Union Recorder, 10 de outubro de 1901, par. 7.
31. Mente,
Caráter e Personalidade, vol. 2, pág. 566.
32. Review
and Herald, 27 de outubro de 1885, par. 4.
33.
“O Sacrifício de Cristo Pelo Homem”, Signs of the Times, 13 de
junho de 1900, par. 3.
34. Manuscript
Releases, 2:133.
35.
“Reunião Campal em Williamsport, Pensilvânia,” Review and Herald,
13 de agosto de 1889, par. 8.
36. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 105.
37.
Ela escreveu: “Quando Ele vê um fiel cumprimento do dever no pagamento do
dízimo, muitas vezes, em Sua sábia providência, abre caminhos pelos quais este
possa aumentar. Os que se têm tornado participantes da graça de Deus não devem
ser vagarosos em demonstrar seu apreço por essa dádiva. Não devem considerar o
dízimo como o limite de sua liberalidade.” – “Cooperadores de Deus”, Review
and Herald, 24 de agosto de 1886, par. 9.
38. “Uma
Prova de Gratidão e Lealdade”, Review and Herald, 4 de fevereiro de
1902, par. 8. A palavra “mordomo”, quando aplicada por Ellen G. White a seres
humanos, denota sua responsabilidade para com Deus, bem como o reconhecimento
de que “não são proprietários”. (“Dízimos”, Pacific Union Recorder,
10 de outubro de 1901, par. 4.)
39. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 299.
40. Educação,
pág. 44.
41.
“Vitória Sobre a Tentação”, Signs of the Times, 11 de abril de
1900, par. 7.
42. Ela
comenta: “O Senhor inventou este plano porque é melhor para nós. Satanás
trabalha constantemente para promover nos homens mundanidade, cobiça e avareza,
de modo que possa arruinar-lhes a alma e prejudicar a obra de Deus. O Senhor
está procurando cultivar em nós gratidão e liberalidade. Ele deseja
libertar-nos do egoísmo, que é tão ofensivo a Ele, por ser tão contrário ao Seu
caráter.” – “Uma Prova de Gratidão e Lealdade”, Review and Herald,
4 de fevereiro de 1902, par. 6.
43.
“Dízimos”, Pacific Union Recorder, 10 de outubro de 1901, par. 3.
44.
E.g. Conselhos Sobre Mordomia, págs. 66, 67, 71 e 93; Testimonies,
vol. 3, pág. 395; vol. 6, pág. 386; vol. 9, pág. 249.
45. Testemunhos
Seletos, vol. 1, pág. 374.
46. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 66; cf. “Roubará o Homem a Deus?”, Review and
Herald, 16 de maio de 1882, par. 28.
47. Patriarcas
e Profetas, pág. 526.
48.
“Nosso Dever Como Professores e Membros”, Indiana Reporter, 15 de
agosto de 1906, par. 6.
49. Educação,
pág. 138.
50. Educação,
pág. 139.
51. Esse
conceito não é novo. Malaquias já havia considerado a retenção do dízimo um ato
imoral , um roubo cometido contra Deus, denotando que dar o dízimo é uma
questão de moralidade. Mas Ellen G. White expôs claramente a idéia,
desenvolveu-a e a expressou na terminologia moral moderna.
52. Special
Testimonies for Ministers and Workers – no 10 (1897),
pág. 16; Medical Ministry, pág. 216.
53. Manuscript
Releases, 13:198.
54. Testimonies,
vol. 9, págs. 247 e 248.
55. “A Igreja
e Sua Missão”, East Michigan Banner, 12 de abril de 1905, par. 1.
56. “O
Dízimo: Seu Uso e Abuso”, General Conference Bulletin, 1.o de
julho de 1897, par. 3. Os itálicos fazem parte do texto original.
57. Ela
escreveu: “Deus deu instruções especiais quanto ao emprego do dízimo” (Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 101). Ver mais abaixo, para maiores informações sobre
o uso do dízimo.
58. “A
Igreja e Sua Missão”, East Michigan Banner, 12 de abril de 1905,
par. 1. Ellen G. White não diz muita coisa sobre a santidade do dízimo depois
que ele atingiu seu propósito sagrado. Ela raramente trata da questão de como
os pastores usam seus salários. A única exceção significativa parece dizer
respeito ao uso do dinheiro, por pastores, para comprar alimentos nocivos, especialmente
alimentos cárneos: “Não devemos dar um testemunho decidido contra a
transigência com o apetite pervertido? Porventura os ministros do evangelho,
que estão a proclamar a verdade mais solene já enviada aos mortais, devem
constituir-se exemplo no regresso às panelas do Egito? É lícito que os que são
sustentados pelos dízimos dos celeiros de Deus se permitam a
condescendência que tende a envenenar a corrente vivificadora que lhes flui nas
veias? Desprezarão a luz que Deus lhes deu e as advertências que lhes faz? A
saúde do corpo deve ser considerada como essencial para o crescimento na graça
e para a aquisição de bom temperamento.” – Testemunhos Seletos,
vol. 3, pág. 360.
59.
“Mensagem e Apelo: Apresentando a Importância da Obra Missionária”, Review
and Herald, 12 de dezembro de 1878, par. 9.
60. Testimonies,
vol. 4, pág. 337.
61. Testimonies,
vol. 4, pág. 474.
62. Conselhos
Sobre Saúde, pág. 590.
63. Manuscript
Releases, 12:228.
64.
“Quanto Deves?”, Signs of the Times, 6 de janeiro de 1890, par. 4.
65. Testimonies,
vol. 4, pág. 119.
66. Testimonies,
vol. 4, pág. 474.
67. Ver
“Dízimos”, Pacific Union Recorder, 10 de outubro de 1901, par. 4.
68. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 73.
69.
“Quanto Deves?”, Signs of the Times, 13 de janeiro de 1890, par. 5.
70. Testemunhos
Seletos, vol. 2, pág. 41: “A única maneira que Deus ordenou, para fazer
avançar Sua causa, é abençoar os homens com propriedades. Dá-lhes a luz do Sol
e a chuva; faz a vegetação medrar; dá saúde e habilidade para adquirir meios.
Todas as nossas bênçãos provêm de Suas munificentes mãos. Por sua vez, deseja
que os homens e mulheres mostrem sua gratidão devolvendo-Lhe uma parte em
dízimos e ofertas – em ofertas de gratidão, ofertas voluntárias e ofertas pelo
pecado.”
71.
Ver O Desejado de Todas as Nações, pág. 617.
72. Testemunhos
Seletos, vol. 3, pág. 38.
73. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 82. Ela escreveu essa declaração em 1896, mas
modificou-a em 1900, a fim de reconhecer que poderá haver circunstâncias em que
uma pessoa talvez não seja capaz de levar o dízimo imediatamente ao tesouro
(como em caso de doença): “Exata, honesta e fielmente, se possível sem alguma
falha, o dízimo deve ser trazido ao tesouro de Deus.” – “Quanto Deves?”, Review
and Herald, 25 de dezembro de 1900, par. 5.
74. Patriarcas
e Profetas, pág. 528.
75. “Nos
Lugares Celestiais”, pág. 303. A palavra “meios” é usada por Ellen G. White
para referir-se às vezes aos dízimos e ofertas. Isto não significa, porém, que
os dois sejam equivalentes. Ela sempre considerava o dízimo como sem igual, e
chamava-o de “uma oferta especial, para uma obra especial” (“A Reivindicação de
Deus Sobre Nós”, Review and Herald, 8 de dezembro de 1896, par. 2).
Por sua própria natureza, o dízimo pertence a Deus e deve “ser dedicado
unicamente à manutenção dos que se entregam à pregação do evangelho” (“Nos
Lugares Celestiais”, pág. 303). Mais adiante, diremos algo mais sobre isso.
76. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 73.
77.
“Cooperadores de Deus”, Review and Herald, 11 de junho de 1901,
par. 7.
78. Ela
escreveu: “O Senhor nos tem dado o privilégio de sermos cooperadores Seus, para
que a verdade de origem celestial possa ser colocada ao alcance de todas as
pessoas, em todos os países. O homem tem tido o privilégio de tornar-se um
instrumento para executar, não os seus próprios planos, mas os planos do Céu.”
– “O Dever de Pagar Dízimos e Ofertas”, Review and Herald, 17 de
dezembro de 1889, par. 5.
79. Mensagens
aos Jovens, pág. 306.
80.
Ver Conselhos Sobre Mordomia, pág. 97.
81. Testimonies,
vol. 6, pág. 389.
82. Testemunhos
Para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 305.
83. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 67.
84. Testimonies,
vol. 3, pág. 404.
85. Conselhos
Sobre Mordomia, págs. 73-74.
86. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 93.
87.
Cf. Testimonies, vol. 1, pág. 225.
88. Ver
“A Obra em Michigan”, Sermons and Talks, 2:71-79. G. Edward Reid
reimprimiu esse artigo e colocou proveitosos resumos na margem de cada página.
89. Ibidem,
pág. 73.
90. Ibidem.
91. Ibidem,
pág. 74.
92. Ibidem.
93. Ibidem.
Deve ser salientado que, ao mesmo tempo, Ellen G. White incentivou os membros
da Igreja a expressarem suas preocupações aos que haviam errado (Ibidem,
pág. 75). Em 1907, ela deu alguns conselhos mais específicos: “Roubareis … a
Deus, por pensardes que a direção da obra não é correta? Apresentai vossa
queixa franca e abertamente, no devido espírito, e às pessoas competentes.
Solicitai em vossas petições que se ajustem as coisas e se ponham em ordem; mas
não vos retireis da obra de Deus, nem vos demonstreis infiéis porque outros não
estejam fazendo o que é correto.” (Obreiros Evangélicos, pág. 227). Isso
é tudo o que Deus espera dos membros da Igreja, mas Ele os conforta, dizendo:
“Mesmo que os meios assim consagrados sejam mal aplicados, de modo que não se
realize o objetivo que o doador tinha em vista — a glória de Deus e a salvação
de almas — os que fizeram o sacrifício em sinceridade de alma, visando
unicamente a glória de Deus, não perderão sua recompensa” (Testimonies,
vol. 2, pág. 518). Ellen G. White também salienta a responsabilidade dos
dirigentes da Igreja no trabalho que realizam e no uso dos dízimos e ofertas:
“O tesouro de Deus deve ser abastecido pelo dízimo, o qual deve ser considerado
como um fundo sagrado. Ele é de Deus e deve ser dado liberalmente, para que a
obra possa ser sustentada. Aqueles que ocupam posições de responsabilidade
devem agir de tal maneira que as pessoas tenham firme confiança neles. Estes
homens não deveriam ter receio de trazer à luz tudo que diz respeito à
administração da obra” (Manuscript Releases, 13:198).
94.
“Dízimos”, Pacific Union Recorder, 10 de outubro de 1901, par. 3.
95.
“Dádivas de Dias Festivos”, Review and Herald, 26 de dezembro de
1882, par. 16.
96. Ibidem.
97. “O
Dever de Dar Dízimos e Ofertas”, Review and Herald, 17 de dezembro
de 1889, par. 1.
98. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 73; cf. “A Igreja e Sua Missão N.o 1”, East
Michigan Banner, 18 de janeiro de 1905, par. 3.
99. Evangelismo,
pág. 321.
100. Gospel
Workers (1892), pág. 98.
101. Testimonies,
vol. 9, pág. 251.
102. Obreiros
Evangélicos, pág. 370.
103. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 101.
104. “Uma
Prova de Gratidão e Lealdade”, Review and Herald, 4 de fevereiro de
1902, par. 7.
105. Ibidem.
Ela comenta que os princípios que se encontram em I Cor. 16:2 e II Cor. 9:7 se
aplicam ao dízimo. O princípio mais importante é que cada pessoa deve separá-lo
antes de usar o resto do dinheiro.
106. Ibidem,
par. 8.
107. Testemunhos
Para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 305. Em outro lugar ela declara
que “o dízimo é pago à Associação”, a qual, no contexto, é identificada
com “o tesouro” (Manuscript Releases, 7:366).
108. Testimonies,
vol. 9, pág. 59,
109. Testimonies,
vol. 6, pág. 386.
110. “O
Sistema Bíblico de Dízimos e Ofertas”, Signs of the Times, 18 de
março de 1886, par. 7; em 1875, ela também declarara que “Deus especificou um
décimo da renda” como dízimo (Testimonies, vol. 3, pág. 394 e 408 e
repetiu-o em 1882: “O dízimo de toda a nossa renda é do Senhor”. Então, ela
acrescenta: “Ele é santo. Nada menos do que isso tem sido por Ele aceito em
qualquer dispensação” (“Roubará o Homem a Deus?”, Review and Herald,
16 de maio de 1882, par. 27).
111. “O
Dever de Dar Dízimos e Ofertas”, Review and Herald, 17 de dezembro
de 1889, par. 1.
112. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 82; escrito em 1896.
113. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 66; escrito em 1899.
114. Educação,
pág. 44; escrito em 1903.
115. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 82; escrito em 1875.
116. Testemunhos
Seletos, vol. 1, pág. 373.
117. Ibidem.
118. Testemunhos
Seletos, vol. 2, pág. 40, escrito em 1882. Em 1880 ela repreendeu alguns
que estavam calculando “o dízimo o mais escassamente possível” (Testemunhos
Seletos, vol. 1, pág. 555).
119. Manuscript
Releases, 13:281. Em um de seus primeiros artigos que tratam dos dízimos e
ofertas, não há instruções específicas sobre como usar o dízimo; ela
simplesmente admoesta os membros da Igreja a trazerem seus dízimos e ofertas ao
Senhor e a não roubá-Lo (Testimonies, vol, 1, pág. 321 [1861]). Em 1874,
ela incentivou os crentes a trazerem seus dízimos e ofertas a fim de
transmitir a luz do evangelho a outros (Testemunhos Seletos, vol. 1,
págs. 360, 367, 370-372, 374). Usou também os exemplos de Abraão e Jacó para
apoiar o dízimo moderno (pág. 372). Mas não fez distinção entre o uso dos
dízimos e o uso das ofertas. Em 1879, ela escreveu sobre a propagação do
evangelho por meio de dízimos e ofertas (Testemunhos Seletos, vol. 1,
pág. 551), mas menciona alguns outros usos: “Importa que se apoiem as
instituições que são instrumentos de Deus no promover Sua obra na Terra.
Devem-se erigir igrejas, estabelecer escolas, e aparelhar as casas editoras com
os meios necessários à realização de uma grande obra na publicação da verdade a
ser propagada por todas as partes do mundo. Essas instituições são ordenadas
por Deus, e devem ser mantidas com dízimos e ofertas liberais” (pág. 543). Aqui
não é feita distinção entre o uso dos dízimos e das ofertas. Foi na década de
1890 que ela recebeu mais luz do Senhor, levando-a a esclarecer o que escrevera
em 1879. Por conseguinte, o uso específico dos dízimos começou, então, a
ser diferenciado do uso das ofertas. “O relato torna claro que na metade da
década de 1890, o Senhor, por intermédio de Sua mensageira, deu instruções
específicas requerendo praxes rigorosas acerca do uso do dízimo” (Arthur L.
White, “Destaques do Começo do Sistema do Dízimo”, Documento do
Patrimônio Literário de Ellen G. White, 1990, pág. 10).
120. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 101; cf. Obreiros Evangélicos, pág.
224; Testimonies, vol. 9, pág. 247.
121. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 101.
122. Manuscript
Releases, 13:281.
123. “Nas
Regiões Afastadas”, General Conference Bulletin, 5 de abril de
1901, par. 8. A declaração não deve ser interpretada como significando que, se
em vez de duas ou três pessoas, houvesse oito ou nove, seria correto decidirem
como deveria ser usado o dízimo. Semelhante conclusão é descartada pela última
frase, a qual salienta que o dízimo pertence a Deus, e não a três, nove ou
cinqüenta pessoas.
124. Parábolas
de Jesus, pág. 300. Itálico acrescentado.
125. Spalding
and Magan Collection, pág. 166.
126. Manuscript
Releases, 13:198.
127. Conselhos
Sobre a Escola Sabatina, pág. 130.
128. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 102.
129. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 93.
130. Daughters
of God, pág. 256.
131. Testemunhos
Seletos, vol. 3, pág. 38.
132. Testimonies,
vol. 6, pág. 215.
133. Ibidem.
134. Manuscript
Releases, 5:323.
135. Ibidem.
136. Manuscript
Releases, 12:160.
137. Manuscript
Releases, 1:263.
138. Medicina
e Salvação, pág. 245.
139. Manuscript
Releases, 1:189; ver também “O Uso do Dízimo”, Echoes, 21 de
junho de 1905, par. 6.
140. Manuscript
Releases, 3:272-273.
141. Ver:
Robert W. Olson, “Comentários de Ellen G. White Sobre o Uso de Fundos de
Dízimo”, inédito, fevereiro de 1990, pág. 19. Olson insinua que, sob algumas
circunstâncias, ela talvez tenha defendido o pagamento de um salário parcial
para alguns colportores evangelistas (pág. 20). Ele baseia sua opinião numa
carta escrita por W. C. White em 11 de junho de 1902, na qual é descrito o que
era feito na Austrália, enquanto Ellen G. White ainda estava ali, para ajudar
alguns colportores evangelistas. Eles não recebiam mais do que “dois dólares e
meio por semana … do dízimo da Associação, como auxílio em suas despesas” (Ibidem).
Isto era efetuado em lugares “muito difíceis de trabalhar”.
142. Manuscript
Releases, 1:184.
143. Manuscript
Releases, 7:366.
144. Ver:
Olson, “Comentários de Ellen G. White …”, pág. 22.
145. Manuscript
Releases, 1:191.
146. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 101.
147. Testimonies,
vol. 9, pág. 247.
148. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 102.
149. Daughters
of God, pág. 257.
150. Obreiros
Evangélicos, pág. 226.
151. “O
Dízimo: Seu Uso e Abuso”, General Conference Bulletin, 1.º de julho
de 1897, par. 3.
152. Testimonies,
vol.3, pág. 103.
153. Pamphlet
157: Special Testimony to the Oakland and Battle Creek Churches, pág. 12.
Houve um tempo em que o dinheiro do dízimo foi usado, em algumas igrejas, para
pagar as despesas dessas igrejas. A razão era que estava sendo realizado muito
pouco trabalho missionário, e o dízimo se acumulava. O que se fazia necessário,
disse Ellen G. White, era maior envolvimento em atividades missionárias. A
verdadeira razão, porém, para não usar o dízimo para cobrir despesas de igrejas
era a seguinte: “A luz que o Senhor me concedeu sobre este assunto é que os
meios no tesouro, para o sustento dos ministros nos diversos campos, não deve
ser usado para qualquer outra finalidade” (Special Testimonies for Ministers
and Workers, n.º 10 (1897), pág. 18.
154.
Carta 93, 1899.
155. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 102.
156. Mensagens
Escolhidas, vol. 2, pág. 209.
157. Conselhos
Sobre Mordomia, pág. 103.
158. Manuscript
Releases, 3:218.
159. Fundamentos
da Educação Cristã, pág. 477.
160. Pamphlet004-An
Appeal for Missions, pág. 24.
161.
Robert W. Olson fez alguns comentários importantes sobre as inferências das
instruções de Ellen G. White acerca do emprego do dízimo (“Comentários de Ellen
G. White”, págs. 24 e 25). Ele insinuou que “o fundamento lógico para dar a
máxima prioridade ao ministério evangélico no emprego dos fundos oriundos do
dízimo deve ser que os pastores, evangelistas e administradores de Associações
não têm outra fonte adequada de renda disponível para o seu sustento. Isto
também é verdade a respeito de outros componentes do pessoal dos escritórios
das Associações, como secretárias, contadores, zeladores, etc.” Obviamente,
isso é certo; mas, conforme demos a entender, ela tem toda uma teologia do
dízimo que informava e determinava sua perspectiva do emprego do dízimo.
162. Ver:
Arthur L. White, “A Sra. Ellen G. White e o Dízimo”, documento do Patrimônio
Literário de Ellen G. White, 1990; Arthur L. White, Ellen G. White: The
Early Elmshaven Years, vol. 5 (Washington, DC: Review and Herald, 1981),
págs. 389-397; Alberto R. Timm, “Uma Análise de Quatro Declarações de Ellen G.
White Sobre Usos Especiais do Dízimo”, pesquisa não publicada, abril de 1991; e
Roger W. Coon, “O Dízimo: Conselhos e Práticas de Ellen G. White”, Suplemento
da Adventist Review, 1991.
163. Manuscript
Releases, 2:99 (1902).
164. Ibidem,
pág. 100.
165. Ibidem,
p. 99. Ela sentia verdadeira solicitude por pastores aposentados que estavam em
necessidade financeira porque naquele tempo a Igreja não tinha um plano de
aposentadoria. Ela escreveu: “Onde vejo obreiros nesta causa, que têm sido
sinceros e leais à obra, deixados a sofrer, é meu dever falar em seu favor. Se
isto não leva os irmãos a ajudá-los, então eu preciso auxiliá-los, mesmo que
tenha de usar parte do meu dízimo para fazer isso” (Citado por W. C. White, em
“A Respeito do Uso do Dízimo”, manuscrito não publicado, DF 384, EGWRC-GC,
[cerca de 1932]).
166. Manuscript
Releases, 2:101-102.
167. Manuscript
Releases, 5:29 (1898).
168. Ibidem.
169.
“Carta de Watson”, publicada no livro de Arthur L. White, The Early
Elmshaven Years, pág. 395.
170. Ibidem.
171. Ibidem.
172. Ibidem.
173. Ibidem,
pág. 396.
174. Patriarcas
e Profetas, pág. 530.
175. Ibidem.
176. Ibidem.
177.
“Exigindo Usura de Irmãos”, Review and Herald, 11 de março de 1884,
par. 3.
178. “A
Necessidade da Causa na Austrália”, Needs, 4 de julho de 1903, par.
21.
179. Manuscript
Releases, 7:138 (1904).
180. Ibidem,
pág. 139.
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