Na medida
em que a ciência avança, torna-se cada vez mais valorizada a inteligência.
Contudo, ela não é um fim em si mesma. Assim como um motor potente não funciona
sem combustível, o inteligente também precisa adquirir conhecimento. Mas ainda
assim, pode faltar algo. Um motor em funcionamento pode ser usado para o bem ou
para o mal. Alguém pode pensar que o inteligente se dará bem na vida, mas
isto nem
sempre acontece.
Recentemente,
um jovem de 23 anos morreu na cidade de Bauru, São Paulo, ao participar de uma
disputa para ver quem bebia mais vodka. Ele bebeu 25 doses. Uma pesquisa
recente apontou que as repúblicas estudantis são os lugares onde os jovens mais
bebem. É assim que alguns usam sua recém-conquistada liberdade. Mas estes não
são aqueles mesmos inteligentes que conseguiram entrar na universidade? Onde
está aquela inteligência? Eles continuam sendo inteligentes. O que faltou foi
sabedoria, prudência, bom senso.
O jovem,
por volta dos 18 anos, pode ter a ilusão do poder e da independência. Afinal,
já pode votar, pode tirar a carteira de motorista etc. Muitos já trabalham e
ganham seu próprio dinheiro. É justamente a partir dessa idade que as maiores
tolices e loucuras são cometidas (guardadas as exceções). O ambiente universitário
traz uma série de pressões. O jovem pode se ver na obrigação de beber, de se
drogar e prostituir para provar que é macho. Hoje em dia, até algumas mulheres
querem ser “machos”. A embriaguez é um fenômeno cada vez mais frequente entre
as moças. Em ambos os gêneros, os adolescentes começam a beber cada vez mais
cedo.
Mas eles
deixaram de ser inteligentes? Não. Julius Robert Oppenheimer também era muito
inteligente, e o que ele fez? Inventou a bomba atômica. A inteligência pode ser
usada para o bem e para o mal. Pode-se ter grande conhecimento de português,
matemática, química, física, história, geografia, biologia, astronomia etc. mas
nada disso protege o jovem das loucuras da modernidade. O que lhes falta é a
sabedoria. De modo mais amplo, podemos dizer: o que nos falta, muitas vezes, é
sabedoria.
Como
podemos adquiri-la? Ela não é um “produto” que se encontra nas gôndolas dos
supermercados nem podemos comprá-la pela Internet. Uma das fontes naturais da
sabedoria é a experiência. Porém, se esperarmos décadas para consegui-la desse
modo, poderá ser tarde demais. Outras fontes são as pessoas mais velhas, mais
maduras. A experiência delas pode servir como aprendizado para os mais novos.
Para isso, é preciso perguntar, ouvir e atender. Essas pessoas podem ser os
pais, os professores e outros líderes idôneos e exemplares. Outra fonte de
sabedoria é a Bíblia, a Palavra de Deus. Paulo escreveu o seguinte para o jovem
Timóteo: “Desde a tua meninice sabes as sagradas letras, que podem fazer-te
sábio para a salvação” (2Tm.3.15).
A
respeito da infância de Jesus, a Bíblia nos diz: “E o menino crescia, e se
fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre
ele... E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo
o costume
do dia da festa... E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo,
assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os. E todos os que o
ouviam admiravam a sua inteligência e respostas... E crescia Jesus em
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.40, 42,
46, 47, 52).
Bom seria
que, desde a infância, todos adquirissem o conhecimento bíblico que, aliado à
experiência de conversão, produz a sabedoria no coração do cristão. Se isso não
aconteceu, ainda pode ser conseguido
durante a
juventude ou na idade adulta. Quanto antes, melhor. A história do jovem profeta
Daniel nos traz importantes lições. Chegando ao palácio da Babilônia, Daniel e
seus amigos demonstraram sua sabedoria
quando se
recusaram a beber o vinho do rei Nabucodonosor. Hoje, seria a cerveja, a vodka,
a cachaça e o uísque. Entretanto, o texto bíblico ainda nos fala de uma
sabedoria superior.
Depois
dos primeiros dias, nos quais aqueles jovens se alimentaram apenas com legumes
e água, o Senhor os abençoou de modo especial: “Quanto a estes quatro jovens,
Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria;
mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos” (Dn 1.17). Existe uma
sabedoria espiritual, que só Deus pode nos dar (Tg 1.5; 1Co 12.8).
Os ateus
são, geralmente, pessoas inteligentes, mas a relação com Deus não é algo que se
resolve pela inteligência. Depende de um encontro pessoal, de uma revelação. A
inteligência leva o homem até certo ponto e não mais do que isso. Um criminoso
pode usar a inteligência para praticar o mal, mas ela não lhe protege das
consequências nem lhe garante o esconderijo eficaz.
A
inteligência elege o político, mas, por falta de sabedoria, ele pode se tornar
um corrupto. A inteligência nos capacita para falar, mas a sabedoria nos faz
calar na hora certa. A inteligência nos leva a fazer muitas
coisas. A
sabedoria nos faz evitar algumas. O inteligente conquista. O sábio conserva.
Com inteligência ganhamos, mas só a sabedoria nos capacita a renunciar. Que o
Senhor nos ajude e nos dê sabedoria, não apenas para o nosso benefício nesta
vida, mas para que alcancemos a salvação eterna.
Pr.
Anísio Renato de Andrade
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