SEJA BEM VINDO EM NOME DE JESUS.

terça-feira, 22 de março de 2022

O Crente pode ou não beber bebidas alcoólicas


1) – Cristãos que bebem um golinho estão em pecado? Por quê?

Bem, a problemática do assunto não gira nessa direção, mas se beber edifica ou não a vida de um cristão. Paulo disse – “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (I Co. 10.23).

De acordo com o texto de Levítico (Lv 10.8-10) nenhum sacerdote deveria beber bebidas alcoólicas a fim de desempenhar suas funções sacerdotais diante de Deus. A questão é: Isto é também para a Igreja de Jesus? Leiamos: Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (IPe 2.9). O apóstolo Pedro está falando a respeito da Igreja de Jesus e notem que ela é chamada de “sacerdócio real”. Deus levantou uma Igreja sacerdotal, ou seja, intercessora que ora em favor do mundo. E é claro que o nosso Deus, que da Lei trouxe a Graça, não mudou seus padrões de santidade e requer de nós as mesmas coisas. Vejamos ainda: “…e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a Ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém” (Ap 1.6).“…e para o nosso Deus os fizeste reino, e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5.10). Quando aceitamos o Senhor Jesus, como sendo nosso único Salvador nos tornamos sacerdotes de Deus e como tais, devemos observar a orientação da sua Palavra.

2) – O que a Bíblia diz a respeito?

Há pontos que podem ser interpretados como favoráveis a tal prática, mas há muitos outros extremamente contrários a esse costume. Veja, não é que haja contradição na Palavra de Deus, mas precisamos sempre analisar a questão exegeticamente e de maneira sociológica (embora, não é aqui a proposta).

Se fizermos um apanhado geral, descobriremos que a bebida fez mais mal do que bem as pessoas que dela fizeram uso, é só pesquisar. Agora, será que por que certo homem de Deus se embriagou no VT nós devemos imitá-lo? Será que alguém vai querer imitar a obtusidade de Sansão ao revelar seu segredo a Dalila? Ou será que alguém vai querer enveredar pelo caminho do adultério pelo fato do Rei Davi, homem segundo o coração de Deus, ter cometido tal pecado? Poderíamos citar vários exemplos, mas o quero que o leitor entenda é que a Bíblia registra vários fatos e acontecimentos para que deles aprendamos.

Acho relevante citar outro texto para combater aqueles que usam algumas passagens da Velha Aliança para defender a pratica do alcoolismo. Em Deuteronômio 24, encontramos a Lei dando liberdade ao marido para dar carta de divórcio a sua esposa, entretanto, em S. Mateus 19, o Senhor Jesus muda esse paradigma e o condena, dizendo que divórcio só em caso de adultério.

Com certeza, temos muitos textos que condenam o ato de se envolver com a bebida alcoólica. Vejam:

O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; todo aquele que por eles é vencido não é sábio” (Provérbios 20.1). O sábio mostra que há um perigo no vinho e que ele é enganador. “Ouve, filho meu, e sê sábio; guia retamente no caminho o teu coração.  Não estejas entre os bebedores de vinho nem entre os comilões de carne.  Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência vestirá de trapos o homem” (Provérbios 23.19-21).  “Para quem são os ais?  Para quem, os pesares?  Para quem, as rixas?  Para quem, as queixas?  Para quem, as feridas sem causa?  E para quem, os olhos vermelhos?  Para os que se demoram em beber vinho, para os que andam buscando bebida misturada.  Não olhes para o vinho, quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente.  Pois ao cabo morderá como a cobra e picará como o basilisco.  Os teus olhos verão cousas esquisitas, e o teu coração falará perversidades.  Serás como o que se deita no meio do mar e como o que se deita no alto do mastro e dirás:  Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando despertarei?  Então tornarei e beber” (Provérbios 23.29-35).  Que cena patética a do homem que se deixou vencer pelo álcool.  “Palavras do rei Lemuel, de Massá, as quais lhe ensinou sua mãe.  Que ti direi, filho meu?  Ó filho do meu ventre?  Que ti direi, ó filho dos meus votos? Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos, às que destroem os reis.  Não é próprio dos reis, ó Lemuel, não é próprio dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte.  Para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de todos os aflitos.  Dai bebida forte aos que perecem e vinho, aos amargu-rados de espírito; para que bebam e se esqueçam da sua pobreza, e de suas fadigas não se lebrem mais” (Provérbios 31.1-7).  O vinho não serve para os reis, mas sim para os que não têm nada por que viverem.  “Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice e continuam até alta noite, até que o vinho os esquenta!” (Isaías 5.11).  “Ai dos que são heróis para beber vinho e valentes para misturar bebida forte” (Isaías 5.22).  “O Senhor derramou no coração deles um espírito estonteante; eles fizeram estontear o Egito em toda a sua obra, como o bêbado quando cambaleia no seu vômito.” (Isaías 19:14).  “Mas também estes cambaleiam por causa do vinho e não podem ter-se em pé por causa da bebida forte; o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte, são vencidos pelo vinho, não podem ter-se em pé por causa da bebida forte; erram na visão, tropeçam no juízo.  Porque todas as mesas estão cheias de vômitos, e não há lugar sem imundícia” (Isaías 28.7-8).  Junto com a vergonha da embriaguez, as Escrituras geralmente frisam o efeito causado sobre a mente.  Quando sacerdotes, profetas e juízes bebem, eles desviam os homens de Deus.  O texto a seguir ressalta o mesmo pensamento:  “A sensualidade, o vinho e o mosto tiram o entendimento” (Oséias 4.11).  “Ai daquele que dá de beber ao seu companheiro, misturando à bebida o seu furor, e que o embebeda para lhe contemplar as vergonhas!  Serás farto de opróbrio em vez de honra; bebe tu também e exibe a tua incircuncisão; chegará a tua vez de tomares o cálice da mão direita do SENHOR, e ignomínia cairá sobre a tua glória” (Habacuque 2.15-16).  “Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus?  Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.” (1 Coríntios 6:9-10).  “Ora, as obras da carne são conhecidas e são:  prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, irasdiscórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias e cousas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam” (Gálatas 5.19-21).  “Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andando em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.  Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão” (1 Pedro 4.3-4).  A embriaguez é um pecado condenado.

3) Na ceia o vinho representa o sangue de Jesus derramado em favor de nós. Estamos pecando quando tomamos vinho na Santa Ceia?

No tocante à Ceia do Senhor os três primeiros escritores dos Evangelhos empregam a expressão “fruto da vide” (Mt 26.19; Mc 14.25; Lc 22.18). O vinho não fermentado é o único “fruto da vide” verdadeiramente natural, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool. A fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a videira produz. O vinho fermentado não é produzido pela videira.

O Senhor instituiu a Ceia quando Ele e seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa em Êx 12.14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença de “seor” (Êx 12.15), palavra hebraica para fermento ou qualquer agente fermentador. Seor, no mundo antigo, era frequentemente obtido da espuma espessa da superfície do vinho quando em fermentação. Além disso, todo o “hametz”, ou seja, qualquer coisa fermentada era proibida (Êx 13.7; Êx 12.19). Deus dera esta lei por ser a fermentação o símbolo da corrupção e pecado (ICo 5.7-8), sendo exatamente isso o que causa a bebida alcoólica no Homem. No Antigo Testamento, bebidas fermentadas nunca deviam ser usadas na casa de Deus, e um sacerdote não podia chegar-se a Deus em adoração se tomasse bebida embriagante (Lv 10.8-9). Jesus Cristo foi o Sumo Sacerdote de Deus no novo concerto, e chegou-se a Deus em favor do seu povo (Hb 3.1). Sendo Ele Sacerdote e conhecedor da Lei de Deus é lógico que podemos entender que ele não tomou nenhuma bebida alcoólica e que o vinho da Ceia era puro e sem álcool.  (Fonte: Bíblia Pentecostal com algumas alterações).

4) O que na sua opinião explica o crescimento no número de pessoas cristãs que bebem bebidas alcoólicas?

Os fatos e acontecimentos cotidianos aliados às profecias bíblicas a respeito das últimas coisas nos levam a crer que estamos no fim dos tempos. Um único seguimento segura essa degeneração, tentando de alguma forma manter as coisas dentro de uma ética e dos princípios de Deus, estamos falando da Igreja Cristã no mundo. Entretanto, o que assistimos nestes finais dos tempos é tão forte e corrupto que essa degeneração está entrando dentro das Igrejas. Está tentando deturpar o último reduto de seriedade e sobriedade que nos resta. Estão tentando tirar a força doutrinária da cristandade no que se trata da moral, ética e principalmente da santidade que Deus pede para que o homem cultive. – Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). –  Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação (Its 4.13). – E o próprio Deus de paz vos santifique completamente ; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (Its 5.23).

5) Jesus Cristo não bebia vinho?

O exemplo mais citado pelos defensores da bebida alcoólica é a passagem de João capítulo dois.

Que tipo de vinho era esse usado nas bodas de Caná? A resposta deve ser determinada pelos fatos contextuais e pela probabilidade moral. Acreditamos piamente que Jesus fez o mesmo vinho da Ceia, sem nenhum álcool e que era esse o vinho que ele ingeria. O objetivo desse milagre foi manifestar a sua glória (Jo 2.11), de modo a despertar a fé pessoal e a confiança no Senhor Jesus como filho de Deus, santo e justo, que veio salvar o seu povo do pecado (Mt 1.21). Sugerir que Cristo manifestou a sua divindade como filho Unigênito de Deus (Jo 1.14), mediante uma festa de bebedeira, visto que cada talha (Jo 2.6) comportava por volta de 120 litros (vezes seis, teríamos a quantia de 720 litros), sem contarmos o que já havia sido consumido. Se o vinho fosse embriagante seria mais que suficiente para todo mundo sair embaraçando as pernas e caindo pelas ruas, o que não ocorreu.

6) O senhor acha que as igrejas deveriam combater essa questão? Ou o Espírito Santo de Deus é quem deve entrar em ação?

Sim. O Espírito Santo precisa de vasos para levar sua mensagem e manter a pureza da Igreja. Ele só vai agir mediante o ensino da Palavra de Deus impetrado por homens e mulheres tementes as verdades bíblicas.

7) O pastor pode ser “dado ao vinho”? 

Sobre pastores que bebem; só posso corroborar com o profeta Isaías, que diz: “Mas também estes cambaleiam por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte, estão tontos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte; erram na visão, e tropeçam no juízo” (Is 28.7).

A Bíblia Pentecostal faz um comentário relevante sobre a problemática do pastor e a bebida em I Tm 3.3: … esta expressão (o pastor não deve ser dado ao vinho) em I Tm 3.3 (Grego me paroinon, formada de “me”, que significa “não”, e “ao lado do vinho”, “perto do vinho” ou “com o vinho”). Aqui, a Bíblia requer que nenhum pastor ou presbítero fique “sentado ao lado do vinho” ou “esteja com o vinho”. Noutras palavras, não deve SE ENVOLVER COM O VINHO.

Quero dar aqui uma dica, como um ex-ébrio e pastor que sou, se seu líder evangélico bebe e gosta da caninha, meu humilde conselho, procure outra igreja pra você congregar. Deus exterminou dois sacerdotes que foram ministrar bêbados diante dele (Lv 10.9) e penso que isso ainda deva desagradar muito ao Senhor!!! Que o seu pastor seja “Não dado ao vinho…” 1 Timóteo 3.3.

8) Em Eclesiastes 9.7 está escrito: “Vai, pois, come com alegria o teu pão e BEBE COM BOM CORAÇÃO o teu VINHO (yayin), pois já Deus se agrada das tuas obras”. O que você pensa sobre o versículo?

O Dr. Stamps (autor da Bíblia Pentecostal) comenta que a palavra yayin é a mais genérica usada para vinho. Ela ocorre 141 vezes no Antigo Testamento. Essa palavra pode indicar bebida fermentada ou não-fermentada. Tanto isso é verdade que o profeta Jeremias chama de yayin o suco ainda dentro da uva (Jr 40.10-12) e é lógico que ninguém defenderia a ideia de que esse suco estaria fermentado! Por isso, pelo contexto, se entendermos que yayin refere-se ao suco doce da uva, recém espremido, não haverá problemas nessa conjectura.

9) Se é questionado a presença do álcool no vinho naquela época. Como pode a bíblia ter o registro de casos de pessoas que se embebedaram?

Como diz certo axioma: “Aprender com os erros é bom, mas aprender com os erros alheios é sabedoria”. Acredito que a intenção de Deus é sempre mostrar e instruir o seu povo no caminho certo. Se muitos erraram ao se embriagar, nós podemos nos instruir com isso e seguir outro caminho.

10) O BEBER e o EMBRIAGAR são diferentes?

Realmente, beber e embriagar são duas coisas diferentes. Mas não podemos nos esquecer que uma coisa leva a outra! Quem entra para o caminho do “beber socialmente”, não tem como garantir que nunca vai exceder e acabar tornando-se um alcoólatra!

Interessante observar também que os defensores da maconha raciocinam da mesma maneira, a linha de raciocínio é idêntica. Afinal de contas, a maconha pode até ser usada contra a depressão! Será que os pastores, padres e os defensores cristãos “do beber socialmente” aceitariam o fumar maconha socialmente? Ou o uso da maconha em certos tratamentos médicos? E olhem que a Bíblia não arvora nada contra a maconha como fala contra a bebida! A verdade é que a ética de certos naturalistas cristãos é extremamente perigosa!

Guardo sempre a palavra de um senhorzinho, presidente do AA de minha cidade – ele me disse – “Meu filho, de todas as drogas a mais perigosa é o álcool, ela é a porta pra todas as desgraças na vida de um ser humano… a maior mentira da sociedade é o beber socialmente“… ele aponta pros seus colegas e conclui – “Aqui todos éramos consumidores sociais do álcool e acabamos no fundo do poço, pois acreditamos nessa mentira“.

11) Suas conclusões finais.

É bom observar que os judeus bebiam socialmente, isso é uma constatação factual e histórica, mas o sacerdote (no dia da expiação) e o Nazireu, não deveriam se envolver com a bebida forte. O cristão deve sempre ser zeloso e exemplo diante de uma sociedade corrupta e decaída. Paulo explicita que se comer escandaliza (I Co 8.13), ele então se isentaria de tal produto alimentício pra não escandalizar a sociedade. Há um consenso em toda a discussão – embriagar-se é pecado (Ef 5.18). A problemática se agrava pelo fato de que no Brasil temos uma legislação razoavelmente rigorosa sobre isso. O Bafômetro indica uma pessoa como bêbada com apenas um copo de cerveja – diante dessa constatação, e do fato que hoje a bebida é uma epidemia destrutiva e de fácil acesso – diferente da época antiga – nós deveríamos nos abster desse mal social e sermos paradigmas para nossos conterrâneos.

ANTES DE BEBER O PRÓXIMO GOLE, PENSE NISSO…
1) Trará isto toda honra e glória a Deus? Somente glória e honra a Deus? Com toda certeza?

2) Poria Cristo o Seu próprio nome nisto? Estarei eu representando-O dignamente? Posso eu agradecer e pedir a bênção de Deus nisto?

3) Fez Cristo isto? (ou tenho eu absoluta certeza de que o faria?)

4) Gostaria eu que Cristo me encontrasse nisto, ao vir me arrebatar para Si?

5) Ganharei eu recompensa por isto, no Bema, o Tribunal de Cristo para galardoamento dos salvos?

6a) Estou eu lembrado de que o Espírito de Deus habita em mim? De que Ele estará no meio do que estarei fazendo?

6b) Estou eu absolutamente certo de que isto deleitará, muito agradará ao Espírito de Deus que habita em mim?

7) É isto apropriado para um filho do Rei?

8) Tenho eu certeza de que estou semeando para o Espírito e não para a minha carne? E não para o mundo?

9) Irá isto, sem dúvida alguma, influenciar positivamente o descrente e/ou o meu irmão mais fraco? Ou há uma ponta de risco de escandalizar ao menos um deles?

10) Sinceramente, ante Deus, tenho eu absoluta certeza sobre o assunto, ou tenho eu, ainda, uma pontinha de dúvida?

11) Tenho eu certeza de que isto não dará a ninguém a APARÊNCIA de que estou pecando?

Que Deus nos dê bom senso acima de tudo!

Por Pr. Martinez


Veja o vídeo produzido pelo CACP



segunda-feira, 14 de março de 2022

Tudo posso nAquele que me fortalece

Para explicar esta célebre frase do cristianismo, é importante ver o contexto em que ela se encontra. Esse é um dos princípios da hermenêutica bíblica, que não aconselha a interpretar um versículo isoladamente, mas estudar quando foi escrito e com qual propósito.

Filipenses 4: 10 a 13

Ele revela assim um segredo para uma vida feliz, dizendo que aprendeu a viver contente em todas as situações, adaptando-se às circunstâncias da vida. É nesse contexto que ele fala que pode fazer tudo nAquele que o fortalece. Ele quer dizer que como Jesus Cristo lhe dá forças, ele pode enfrentar qualquer situação que apareça na sua vida.

Em seu ministério, Paulo havia lidado com diversas situações, tanto a fome, quanto a satisfação já haviam sido experimentados por ele. E a grande lição aprendida foi a de estar satisfeito e grato, em cada uma delas.

Uma das expressões mais famosas do cristianismo em todo o mundo é, com certeza: “Tudo posso nAquele que me fortalece”. Ela é o carro chefe de adesivos de carros, quadros cristãos, fitas, adesivos, temas de livros, enfim, parece estar por todo lugar.

Contudo, muitos de nós não entende bem o que a expressão quer dizer. Isto é, a maioria dos cristãos não sabe o que Paulo queria dizer com estas palavras.

A expressão “tudo posso nAquele que me fortalece” é um dos versículos mais conhecidos da Escritura Sagrada, mas também é alvo de muitas interpretações erradas. 

O versículo pode ser dividido em duas partes “tudo posso” e “nAquele que me fortalece”. O mundo declara com orgulho e confiança “tudo posso” e pronto

Filipenses 4:13 é um grande encorajamento, porque mostra quanta força Jesus nos dá.

O que “tudo posso” não significa:

Posso alcançar todos os meus sonhos, por mais impossíveis que sejam.

Posso fazer tudo que quiser, mesmo se for pecado.

Posso fazer coisas impossíveis (como saltar de um prédio e voar)

Ser cristão não significa que Deus faz tudo que queremos. Também não é garantia de uma vida fácil, em que recebemos tudo que sonhamos sem dificuldade, se tivermos fé suficiente. Deus não existe para nos servir; nós existimos para servir a Deus! E os planos de Deus são maiores que os nossos

O versículo tão conhecido de Filipenses 4 é muito usado no para nos encorajar e nos ensinar que podemos todas as coisas nAquele que nos fortalece, sempre que lembramos dele ou vemos alguém usá-lo é para algo positivo ou alguma conquista que queremos, mas não nos damos conta do que Paulo realmente quis dizer. 

O foco da passagem

Embora muitas traduções modernas como a NVI, ARA e BJ traduzam o verso praticamente igual como “tudo posso nAquele que me fortalece”.

A NTLH traz uma tradução bastante interessante “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação”. Esta tradução é salutar, pois coloca a ênfase em Cristo e demonstra que o objetivo não é as conquistas do homem e sim sua capacitação para, com Cristo, enfrentar as situações, tão adversas quanto forem, que a vida traz.

Perigo de interpretação

Existe pelo menos um perigo de uma interpretação demasiadamente genérica deste versículo. Crentes podem ficar frustrados ou duvidando das promessas de Deus se tentarem coisas que consideram dentro da vontade de Deus, mas falharem. “Cristãos frequentemente anunciam, ‘Tudo posso nAquele que me fortalece’, para assegurar a outros (e a eles mesmos) que podem ser bem sucedidos em empreendimentos para os quais eles podem ou não ser qualificados. Fracasso subsequente os deixa transtornados com Deus como se Ele tivesse quebrado uma promessa!” 

A Paulo, um homem de fé sincera e poderosa, foi negado algo bom e desejável que pediu ao Senhor uma cura. Em 2 Coríntios 12:8-9 vimos que, apesar de toda sua fé e amor ao Senhor, Paulo não recebeu o que queria. Tudo posso nAquele que me fortalece? Sim, se for da vontade de Deus.

A respeito desta passagem, D.A. Carson alerta: – Uma antiga preferência é Filipenses 4.13: “… tudo posso nAquele que me fortalece”. O “tudo” não pode ser completamente ilimitado (e. g., saltar sobre a lua, resolver “de cabeça” complexas equações matemáticas ou transformar areia em ouro); portanto, a passagem geralmente é exposta como um texto que promete aos crentes a força de Cristo em tudo o que eles têm a fazer ou em tudo o que Deus lhes ordena que façam. Sem dúvida, este é um conceito bíblico; contudo, no que se refere a esse versículo, dá-se pouca atenção ao contexto. O “tudo” aqui consiste em viver alegre em meio a fartura ou fome, em abundância ou escassez (Fp 4.10-12). Seja qual for sua situação, Paulo pode lutar com alegria por meio de Cristo, que o fortalece.

Concluímos que o ponto de Paulo em Filipenses 4:13 quanto àquilo que ele pode fazer se refere à força para enfrentar situações que a vida traz a ele, especificamente no sentido de necessidades pessoais. Mas a ênfase não está nele só, e sim nAquele que lhe dá esta força – Cristo Jesus.

 “Tudo posso nAquele que me fortalece” ensina uma verdade muito importante: Jesus é nossa força. Nosso sustento e nossa alegria vem de Jesus e toda nossa vida depende dele. Com Jesus, podemos passar por todo tipo de situação e ainda encontrar força para continuar.

O apóstolo nos mostra que a satisfação na vida, não deve estar ligada ao momento, àquilo que temos ou não. Mas em Deus, o nosso Senhor, de onde vem todas as coisas (Filipenses 4:13).

Deus o ensinou por meio dessas situações, a suportar todas as coisas, tanto a escassez quanto a abundância, por isso, ele estava seguro de que, não importando o que fosse era capaz de suportar e vencer, em Cristo

Em seu ministério, Paulo havia lidado com diversas situações, tanto a fome, quanto a satisfação já haviam sido experimentados por ele. E a grande lição aprendida foi a de estar satisfeito e grato, em cada uma delas.

Para isso é necessário ler desde o versículo 10 até ao 14 para perceber que quando dizemos “Posso todas as coisas nAquele que me fortalece”, não se refere apenas à situações de conquista, mas para tribulações também:

Paulo passou por momentos muito difíceis em sua trajetória Cristã, tanto que a maioria de suas cartas para a Igreja foi escrita quando estava preso. Neste verso, ele fala que sabe tanto ter abundância quanto padecer em necessidade, ter fartura assim como ter fome, e ele pôde passar todas essas coisa, porque Deus é quem fortalece.

E é esta a essência deste versículo, ele não é apenas para vitórias, mas para momentos ruins também. É fácil confiar em Deus quando estamos vivendo em abundância, mas confiar na hora da necessidade é sinal de fé.

Devemos saber também que todas as situações que vivemos, sejam boas ou ruins, servem para nos ensinar e moldar o nosso caráter em Cristo. O que vivemos nos ajuda a amadurecer na fé e a nos preparar para coisas maiores que Deus quer nos revelar.

Exemplo de Jó

Também temos o exemplo de Jó, que sendo fiel foi colocado à prova a ponto de perder todos os bens, todos os seus filhos e ainda ficou com o corpo coberto de feridas.

E se não bastasse isso, sua esposa falou para ele amaldiçoar a Deus e morrer e ainda apareceram seus três amigos que ao invés de consolá-lo o acusaram de ser o próprio culpado pela situação que estava vivendo. Com tudo isso, Jó confiou em Deus e se sujeitou totalmente a ele: “(…) e disse:

“Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor

Isso sim é alguém que pôde tudo nAquele que o fortalece, Jó conseguiu passar por todas as dificuldades por causa do seu temor a Deus e depois ele teve todos os bens restituídos e muito mais do que tinha.

Portanto, podemos tudo nAquele que nos fortalece nosso Deus e eterno Pai de amor, seja paz ou tribulação, abundância ou necessidade. Precisamos confiar n’Ele de todo o coração sabendo que Deus nos livra de tudo.

 

 

quinta-feira, 3 de março de 2022

Laodiceia e o problema da autossuficiência


Existem textos bíblicos que nos incomodam tanto, que passamos a observá-los por algum tempo. Geralmente esses textos ficam martelando em nossa cabeça diariamente e, por isso, buscamos compreendê-los melhor, de maneira mais profunda. Apocalipse 3.14-22 é um desses textos. Passei 3 anos consecutivos retornando a esse texto frequentemente para entender seu conteúdo e absorver sua mensagem. Ainda é um texto que retorno com frequência para sempre me lembrar do perigo que estamos correndo quando nos assemelhamos a essa igreja.

A carta à igreja de Laodiceia é uma carta muito peculiar entre as sete cartas do Apocalipse. É a única carta na qual nosso Senhor não menciona nada de positivo acerca dessa igreja. Esta é a carta mais severa entre todas elas, tudo nessa carta é selecionado a dedo por nosso Senhor, pois essa igreja era a única dentre as sete que estava causando náuseas em Jesus. Obviamente, a pergunta que todos nós fazemos é: Por que Jesus foi tão severo com essa igreja?

Existem pessoas que defendem que o problema dessa igreja era falta de fervor espiritual e fundamentam seu argumento na metáfora usada em relação à questão hídrica da cidade. As expressões quente e frio (Ap. 3.15-16) fazem referência às fontes de águas térmicas em Hierápolis (quente) e Colossos (frio), que eram famosas naqueles dias, porém Laodiceia, como não tinha fonte de águas naturais, precisava captar água dessas duas cidades por meio de um sistema de encanamentos. Quando essa água chegava à cidade, estava morna, e quem tentasse tomar dessa água sem tratá-la teria ânsias de vômito.

Embora esse seja um problema que estava presente na vida dessa igreja, o fervor espiritual não era o principal questionamento de Jesus, mas era, na verdade, o resultado do problema principal dessa igreja. A igreja de Laodiceia recebeu essa dura carta, pois era uma igreja AUTOSSUFICIENTE. Você pode notar que esse era o principal problema dessa igreja, porque ela dizia: “estou rica, eu mesma me enriqueci, por isso, não preciso de nada e de ninguém” (Ap. 3.17).

Laodiceia era aquela igreja que tinha a certeza de que já “havia chegado lá”. Era a igreja que se sentia a dona da razão, que era independente de tudo e de todos, inclusive de Jesus, ela já havia o colocado para fora há muito tempo, pois Jesus estava à porta batendo (Ap. 3.20). A autossuficiência dessa igreja estava gerando três problemas em sua vida.


1 - A autossuficiência dessa igreja estava gerando problemas quanto a sua condição espiritual (Ap.3.15-16). Essa igreja não era fervorosa, não era operante, não oferecia Jesus mais como a solução para os problemas do homem, essa igreja não servia mais para nada, a única coisa que causava em Jesus era vontade de vomitar. Talvez você esteja assim, sem fervor, não é mais operante, pois acha que já chegou lá. Talvez, você já não tem mais fervor diante de Deus pelo simples fato de que você parou de depender dele e se tornou autossuficiente. E, se você está assim, quero lhe dizer: Jesus tem vontade de lhe vomitar de sua boca.

2 – A autossuficiência dessa igreja estava trazendo problemas quanto à forma que essa igreja enxergava a si mesma, ou seja, problemas em sua identidade (Ap. 3.17). Essa igreja achava que ela era rica, abastada, não precisava de nada e nem de ninguém, havia se esquecido que sem Cristo não é possível fazer nada. Esqueceu que ser cristão é viver em dependência de Jesus. Ela se achava a tal, tinha uma concepção errada de quem era, mas Jesus sabia quem ela era de fato: ela era pobre, cega e estava nua. Talvez você esteja lendo este texto e o dedo está coçando para nos chamar de fariseus, legalistas, mas, na verdade, seu problema é ser confrontado pelo simples fato de você não saber mais quem é diante de Deus. Talvez você seja arrogante, soberbo e acha que não precisa mais de Jesus porque sua teologia é boa e pelo fato de achar que tem as respostas para todos os questionamentos do homem. Porém Jesus está vendo aquilo que ninguém está vendo. Ele vê sua podridão, sua pobreza espiritual, sua cegueira e sua miséria.

3 – A autossuficiência tira Jesus do centro e coloca o homem no centro (Ap.3.20). Aquela igreja não dependia nem mesmo do Senhor Jesus, por isso não fazia sentido tê-lo dentro da igreja. E por essa razão o texto informa que Jesus está batendo na porta da igreja, ainda dando a oportunidade dela se arrepender, pois a ama (Ap.3.19). Talvez Jesus já não é o centro da sua vida há muito tempo. Qual foi a última vez em que você consultou o Senhor para tomar uma decisão? Para fechar um contrato? Para entrar em um relacionamento? Essas pequenas perguntas são uma boa maneira de saber quem está no centro de sua vida.

A solução para a autossuficiência é simples e objetiva, sem receitas prontas, sem dicas mágicas, sem sete passos; Jesus diz que a solução é voltar-se para Ele. O texto mesmo informa: Compre de Cristo, abra a porta e deixe Cristo entrar. A solução para a autossuficiência é reconhecer quem somos e reconhecer quem Jesus é. Saber que não somos nada e que Ele é Tudo. Saber que sem Ele não podemos fazer nada.

A pergunta final é: Você é como Laodiceia?

Por Nickson R. Prado