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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

“Casar é muito bom, você vai ver”


Este é o primeiro verso da canção “Casar”, uma de minhas mais conhecidas composições, e que é cantada em muitos casamentos mundo afora. Sempre friso que a frase “Casar é muito bom, você vai ver” deve ser bem entonada. O “você vai ver” não é uma ameaça com o dedo em riste; é uma confirmação de que casar é mesmo bom; a melhor coisa que se faz na vida. Na sequência da letra coloco conselhos práticos que podem ajudar muitos relacionamentos a se estabilizarem.

“Casar é muito bom, você vai ver. Não é um mar de rosas, nem prisão. Tem horas de paixão, tem horas de
sofrer. Compensa, é bem melhor que a solidão. Não tem que ser igual ao de seus pais. Não tem que ser melhor que o de ninguém. Só tem que ser vocês, do jeito que Deus fez, cedendo um pouco aqui e ali. Casar é muito bom, você vai ver. Não é lua-de-fel, nem só xodó. Tem horas de entender, tem horas de prazer. Contudo, é bem melhor que viver só. Não tem que ser modelo e perfeição, porém, dê todo amor que você tem. Não deixe de dizer: I love you, minha flor; Não deixe de zelar do seu amor. Casar é muito bom, você vai ver, quando se está disposto a crescer. Tem hora de ouvir, tem hora de falar. Respeito e compreensão vão ajudar. Casar é mais do que viver a dois. Casar é aprender até morrer. É ter um só Senhor, viver prazer e dor. Casar é investir no grande amor.”

Escrevi esta canção quando estava completando 10 anos de casado, justamente num dia em que havia discutido com minha esposa sobre algo bobo – como sempre. Evidentemente que a surpreendi, principalmente com o “I love you, minha flor”; e toda discussão acabou. Tenho testemunho de pessoas que, em igual situação, ouviram a gravação dessa música e o mesmo aconteceu a elas: a briga acabou. Mas não durou muito e outro pequeno desentendimento aconteceu. Bem que me avisaram, quando casei: “Vocês vão ter crise dos 2, 5, 7, 10 anos, etc”. Achei bobagem, na época, mas... Este ano, fiz 28 anos de casado – com a mesma mulher (isso é bom dizer). Se tivesse tido crise somente dos 2, 5, 7 e 10 anos, estaria muito feliz.

Casamento é crise todos os anos; todos os meses. Vamos ser francos: é totalmente utópico um homem e uma mulher, vindos de berços diferentes, se completarem perfeitamente. Sempre haverá rusguinhas, pequenas e grandes discussões, beicinhos, choros, objetivos diferentes. Faz parte do jogo do amadurecimento. Se ficar só no “I love you, minha flor” não haverá crescimento e nem se conhecerão realmente um ao outro. Brigas “saudáveis” – entendam bem, sem violência física, verbal ou psicológica – são para exercitar o perdão, a paciência, a compreensão, o voltar atrás e o respeito à individualidade. Nas discussões saudáveis é que o egoísmo cede lugar ao “preferir em honra um ao outro”, ao amar em qualquer situação e, sobretudo, dá razão ao outro.

É na crise do país que as pessoas se unem e crescem. É na crise política e financeira que o Evangelho é mais conhecido e mais vivido. É na crise que se volta ao princípio para buscar o acerto. Então, vivas às crises, às brigas, e às discussões. Já entrevistei casais com mais de 50 anos de casados que confirmam o que eu suspeitava desde o princípio: as discordâncias não terminam jamais. Então, já podemos cantar nova versão da música “Casar”: “Brigar é muito bom, você vai ver”. Anime-se. Chega um tempo em que até rimos das brigas. Creia.

Contudo, o importante em todo esse processo de amadurecimento é não guardar rancor, respeitar os seus limites e os do seu companheiro, amar com todas as suas forças, ser fiel, custe o que custar, e abolir do vocabulário a palavra “separação”. Troque-a por “investimento”, pois, “casar é ‘investir’ no grande amor”. Quem acha difícil ficar casado, provavelmente, ainda não experimentou nem a solidão e nem a separação. Não queira.

Pr. Atilano Muradas

Fonte: Atos Hoje

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