Este é o primeiro verso da canção “Casar”, uma de minhas mais conhecidas composições, e que é cantada em muitos casamentos mundo afora. Sempre friso que a frase “Casar é muito bom, você vai ver” deve ser bem entonada. O “você vai ver” não é uma ameaça com o dedo em riste; é uma confirmação de que casar é mesmo bom; a melhor coisa que se faz na vida. Na sequência da letra coloco conselhos práticos que podem ajudar muitos relacionamentos a se estabilizarem.
“Casar é
muito bom, você vai ver. Não é um mar de rosas, nem prisão. Tem horas de
paixão, tem horas de
sofrer.
Compensa, é bem melhor que a solidão. Não tem que ser igual ao de seus pais.
Não tem que ser melhor que o de ninguém. Só tem que ser vocês, do jeito que
Deus fez, cedendo um pouco aqui e ali. Casar é muito bom, você vai ver. Não é
lua-de-fel, nem só xodó. Tem horas de entender, tem horas de prazer. Contudo, é
bem melhor que viver só. Não tem que ser modelo e perfeição, porém, dê todo
amor que você tem. Não deixe de dizer: I love you, minha flor; Não deixe de
zelar do seu amor. Casar é muito bom, você vai ver, quando se está disposto a
crescer. Tem hora de ouvir, tem hora de falar. Respeito e compreensão vão
ajudar. Casar é mais do que viver a dois. Casar é aprender até morrer. É ter um
só Senhor, viver prazer e dor. Casar é investir no grande amor.”
Escrevi
esta canção quando estava completando 10 anos de casado, justamente num dia em
que havia discutido com minha esposa sobre algo bobo – como sempre. Evidentemente
que a surpreendi, principalmente com o “I love you, minha flor”; e toda
discussão acabou. Tenho testemunho de pessoas que, em igual situação, ouviram a
gravação dessa música e o mesmo aconteceu a elas: a briga acabou. Mas não durou
muito e outro pequeno desentendimento aconteceu. Bem que me avisaram, quando
casei: “Vocês vão ter crise dos 2, 5, 7, 10 anos, etc”. Achei bobagem, na
época, mas... Este ano, fiz 28 anos de casado – com a mesma mulher (isso é bom
dizer). Se tivesse tido crise somente dos 2, 5, 7 e 10 anos, estaria muito
feliz.
Casamento
é crise todos os anos; todos os meses. Vamos ser francos: é totalmente utópico
um homem e uma mulher, vindos de berços diferentes, se completarem
perfeitamente. Sempre haverá rusguinhas, pequenas e grandes discussões,
beicinhos, choros, objetivos diferentes. Faz parte do jogo do amadurecimento.
Se ficar só no “I love you, minha flor” não haverá crescimento e nem se
conhecerão realmente um ao outro. Brigas “saudáveis” – entendam bem, sem
violência física, verbal ou psicológica – são para exercitar o perdão, a
paciência, a compreensão, o voltar atrás e o respeito à individualidade. Nas
discussões saudáveis é que o egoísmo cede lugar ao “preferir em honra um ao
outro”, ao amar em qualquer situação e, sobretudo, dá razão ao outro.
É na
crise do país que as pessoas se unem e crescem. É na crise política e
financeira que o Evangelho é mais conhecido e mais vivido. É na crise que se
volta ao princípio para buscar o acerto. Então, vivas às crises, às brigas, e
às discussões. Já entrevistei casais com mais de 50 anos de casados que
confirmam o que eu suspeitava desde o princípio: as discordâncias não terminam
jamais. Então, já podemos cantar nova versão da música “Casar”: “Brigar é muito
bom, você vai ver”. Anime-se. Chega um tempo em que até rimos das brigas.
Creia.
Contudo,
o importante em todo esse processo de amadurecimento é não guardar rancor,
respeitar os seus limites e os do seu companheiro, amar com todas as suas
forças, ser fiel, custe o que custar, e abolir do vocabulário a palavra
“separação”. Troque-a por “investimento”, pois, “casar é ‘investir’ no grande
amor”. Quem acha difícil ficar casado, provavelmente, ainda não experimentou
nem a solidão e nem a separação. Não queira.
Pr.
Atilano Muradas
Fonte:
Atos Hoje
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