“E, como aos homens está
ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo,” HEBREUS
9.27
A Doutrina Católica do chamado Purgatório está em vigência desde o século VI, quando Gregório O Grande promulgou esse dogma. É uma das doutrinas de maior circulação popular e também é base de várias lendas populares.
O Catolicismo ensina que o Purgatório é um lugar intermediário entre o céu e a terra. Assim, quando uma pessoa morre, sua alma é
levada ao purgatório onde “purgará” seus pecados para alcançar um determinado graude pureza necessário para entrar no céu. O
Catolicismo ainda vincula várias coisas à esta ideia como por exemplo as
indulgências, missas em favor das almas e etc.
No século XVI, época da Reforma Protestante, a
doutrina do Purgatório era uma mina de ouro para a Igreja Católica. A Basílica
de São Pedro, por exemplo, foi construída nesta época com o dinheiro das
indulgências dos fiéis. Martinho Lutero se indignou contra tal prática
dedicando a maior parte de suas 95 Teses para refutar a doutrina Católica do
Purgatório. O Concílio de Trento, realizado para responder às ideias
protestantes que estavam emergindo, ignorou os argumentos de Lutero e confirmou
a existência do Purgatório.
Além da Igreja Romana, outras religiões espalhadas
pelo mundo creem no Purgatório ou em algo similar. Mas será que existe
Purgatório? Será que a Bíblia ensina tal coisa? São perguntas que necessitam de
respostas, e neste capítulo, recorreremos à viva e eterna Palavra de Deus para
obter estas respostas. Por isto, convido o caro leitor a examinar o que tenho a
dizer e sobre tudo, o que a Bíblia tem a dizer sobre este assunto.
O Purgatório e as Escrituras
“No que concerne a certas faltas
leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o
que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se alguém tiver pronunciado
uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem presente
século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta afirmação podemos deduzir que
certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no
século futuro.”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1031
A Igreja Católica declara que
sua doutrina do Purgatório tem bases Bíblicas citando alguns textos das
Escrituras. Os Teólogos e apologistas que creem em tal ideia também apresentam
alguns trechos da Bíblia para tentarem validar pelas Escrituras algo que elas
não ensinam. Permita-me analisar estes textos à luz da hermenêutica Bíblica
correta, trazendo à tona a resposta para as seguintes perguntas: a Bíblia
ensina a existência de um Purgatório? Algum texto das Escrituras prova esta
doutrina? Vejamos os textos e argumentos à favor do dogma do Purgatório:
1.
A. A História narrada em 2 Macabeus 12:41-46
O livro apócrifo de 2 Macabeus registra um fato que
segundo o Catolicismo, ensina a existência do Purgatório. Resumindo a história
narrada nesse trecho, após uma feroz luta travada entre o exército de Judas
Macabeu e o exército de Górgias da Iduméia (v. 31 e 32), onde alguns Judeus
pereceram (v. 33), Judas venceu seu adversário e voltou para coletar o corpo
dos Judeus mortos e sepultá-los (v. 39). Nesse momento, descobriram objetos
consagrados aos ídolos de Jânia (v. 40) e atribuíram a estes objetos
consagrados a causa da morte daqueles Judeus, já que Deus havia proibido o
porte de tais objetos na Lei. Diante deste fato, Judas intercede pelos Judeus
mortos (v. 42) e envia dinheiro à Jerusalém para que fosse oferecido como
sacrifício pelos pecados daqueles mortos (v. 43).
Somente o fato de que o livro de 2 Macabeus é um
livro cuja inspiração é extremamente duvidosa já depõe contra a doutrina
Católica. No entanto, existem alguns fatos esclarecedores:
§
O
escritor de 2 Macabeus fala sobre a crença de Judas Macabeu desta forma: “Mas, se ele acreditava que uma bela recompensa aguarda os que
morreram piedosamente,” (2Mac 12:45). Perceba que Judas ofereceu o
sacrifício pelos mortos, pois acreditava que eles morreram “piedosamente”.
Gostaria de fazer uma pergunta: como a morte de uma pessoa que pratica
idolatria pode ser considerada uma morte “piedosa”? Deus castigou severamente o
povo de Israel várias vezes por causa da idolatria e agora um idólatra é
considerado “piedoso”?
§ Em nenhuma parte das Escrituras é
encontrado qualquer tipo de narração semelhante a esta. Por que Moisés em Êxodo
32, após a matança dos que cultuaram o bezerro de ouro (Êx 32:27), não ofereceu
sufrágios pela “morte piedosa” deles?
§ Em nenhum lugar das Escrituras é
narrado um fato onde se oferece sacrifício pelo pecado de alguma pessoa já
falecida. Nem mesmo na Lei tal coisa está presente. No entanto, considere este
fato: no período interbíblico (período em que Judas Macabeu viveu) o povo de
Israel estava se recuperando aos poucos da forte influência pagã herdada do
cativeiro Babilônico. Pergunto: Judas não estaria oferecendo sufrágios pelos
mortos baseado em um costume pagão?
Compare a posição de Judas ao oferecer um
sacrifício e orar pelos mortos na esperança de uma ressurreição com a posição
do rei Davi:
“Respondeu ele: Vivendo ainda a
criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o SENHOR se compadecerá de
mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria
eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.”
(2Sm 12:22-23)
Davi mostra claramente a inutilidade de se orar ou oferecer qualquer tipo de sacrifício pelos mortos. Considere agora o fato de que a Lei de Moisés nem os profetas mandam que se ofereçam sufrágios ou ofertas por mortos. Então de onde Judas tirou essa ideia? Quem disse isso a ele? É evidente que Judas, inspirado por um costume pagão, resolveu oferecer ofertas pelos mortos. Foi justamente nesta época (durante os 400 anos a.C.) que os costumes começaram a adentrar à cultura Judaica e quando Jesus veio ao mundo, encontrou os Fariseus cheios de costumes e tradições inválidas (veja Mt 15:2-3,6).
Felizmente, esse costume pagão
plagiado por Judas Macabeu não foi continuado, mas tempos depois foi
ressuscitado pela Igreja Romana, pelo que Paulo já tinha alertado: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e
não segundo Cristo;” (Cl 2:8).
Vê-se portanto, que o ensinamento Católico não encontra bases em nenhuma parte das Escrituras. O Texto de 2 Macabeus, além de carecer de inspiração divina, contradiz a Palavra de Deus.
1.
B. As Palavras de Jesus em Mateus 5:25-26
Diz o texto usado pela Igreja
Católica: “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no
caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda,
e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás
dali enquanto não pagares o último ceitil”.
O Catolicismo diz que nesta passagem Jesus se referia ao Purgatório dizendo que
o guarda seria os anjos de Deus, e a Prisão seria o Purgatório. Pelo contexto
imediato, podemos ver que Jesus está falando de reconciliação do homem fiel a
Deus com seu inimigo (confira nos versos 23 e 24). Jesus utiliza uma expressão
(ou quase uma parábola) com o significado de retribuição, isto é, o homem que
não se reconciliar com seu devedor ou credor, terá de sofrer as consequências
por isto. Jesus ensina que nossa relação com nossos semelhantes aqui na terra interfere
em nossa relação com Deus, pois “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e
odeia a seu irmão, é mentiroso” (1Jo 4:20). Nos versículos 44
e 55 Jesus ainda ensina o procedimento correto de como tratar os inimigos (ou
adversário): “Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que
vos perseguem; para vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus”
(Mt 5:44-45).
Por fim, não há nada no texto que indique a
existência de um Purgatório. Jesus não relaciona as palavras “guarda” e
“prisão” com “anjos” e “Purgatório”. Essa interpretação é tendenciosa e
totalmente descontextualizada. Onde o texto faz referência ao Purgatório?
1.
C. A fala de Jesus em Mateus 12:42
O verso em questão diz: “mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado,
nem neste mundo, nem no vindouro.”. Afirmam os Católicos que este
verso diz que existem pecados que podem ser perdoados no além-túmulo. Mas será
que foi isso que Jesus ensinou? Uma análise do contexto mostra que Jesus usou
uma expressão para indicar que a blasfêmia conta o Espírito Santo nunca terá
perdão. Seria como dizer “Você não poderá comprar esse carro nem daqui a vinte
anos”. Uma prova disso é como Marcos narra o episódio: “mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá
perdão” (Mc 3:29).
Este texto, usado pelo Catecismo da Igreja Católica como base para a doutrina do Purgatório, não ensina tal coisa. Jesus ensina que existem pecados que podem ser perdoados no além-túmulo? Como se dá isto se a Bíblia afirma: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo,” (Hb 9:27)?
D. Paulo em 1 Coríntios 3:10-15
A Igreja Católica utiliza este texto para tentar
provar a existência do purgatório. Vejamos o que Paulo diz em 1Co 3:10-15:
“Segundo a graça de Deus que me
foi dada, lancei eu como sábio construtor, o fundamento, e outro edifica sobre
ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode lançar outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém
sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois aquele dia a
demonstrará, porque será revelada no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de
cada um. Se permanecer a obra que alguém sobre ele edificou, esse receberá
galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele prejuízo; mas o tal será
salvo todavia como que pelo fogo.”
Esse texto ensina a existência do Purgatório? Pode haver alguma confusão no
entendimento do texto porque Paulo utiliza a palavra “salvo” no versículo 15.
No entanto, Paulo não está falando de salvação em relação à vida eterna, mas
sim em relação às recompensas. Vejamos algumas considerações sobre o texto:
§
Em 1Co
3:12 Paulo explica muito bem o texto. Ele compara nossas obras com “ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno e palha”.
Estas obras serão provadas pelo fogo; as que permanecerem receberá galardão, as
que se queimarem receberão galardões menores, mas todas passarão pelo fogo.
§
Jesus
emprega o mesmo simbolismo em Apocalipse 3:18 dizendo à Igreja de Laodicéia: “aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te
enriqueças”. Esse “ouro refinado” são boas obras feitas com vontade
e sinceridade. O próprio Paulo demonstra isso: “que pratiquem o bem, que se
enriqueçam de boas obras” (1Tm 6:18).
§ O uso da palavra “salvo” nesse texto, segue o mesmo sentido de quando é usada no texto de 1Tm 2:14,15
§ Paulo também ensina que a salvação é pela fé e não pelas obras (Gl 2:16; Ef 2:8-9; Tt 3:4-5).
Desta forma, fica claro pelo
contexto que Paulo fala sobre o julgamento das obras dos Cristãos e não dos
Cristãos em si, pois o próprio Jesus afirmou: “Em verdade, em verdade vos digo
que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e
não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida” (Jo 5:24). O
julgamento a que Paulo se refere não é para a salvação, mas sim para julgar as
obras dos que já estão salvos, determinando o tipo de galardão que cada um
receberá. Por que Paulo estaria falando sobre recompensas para os salvos nos
versos anteriores (veja 1Co 3:8,9) e depois começaria a falar sobre salvação? A
salvação não tem nada a ver com obras. Pergunto ao caro leitor: a interpretação
“infalível” do Vaticano está correta? Considere o contexto da passagem para
responder esta pergunta, pois texto sem contexto é pretexto para heresia.
1.
E. Os textos de 1 Pedro 3:18-19 e 4:6
O Catolicismo cita dois textos da primeira carta de
Pedro tentando mostrar que a doutrina do Purgatório é Bíblica. Vejamos o
primeiro texto:
“Porque também Cristo morreu uma
só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na
verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; no qual também foi, e
pregou aos espíritos em prisão;” (1Pe 3:18-19)
Os apologistas Católicos citam os
“espíritos em prisão” como as almas que estão no purgatório. No entanto, o
restante do contexto diz: “e pregou aos espíritos em
prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus
esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca” (1Pe
3:19-20). Como as almas que “foram rebeldes” contra Deus podem estar no
Purgatório? O Purgatório, segundo ensina o Catolicismo, não é um lugar de
purificação para a entrada no céu? Então como aquele povo que foi castigado com
o dilúvio em virtude de seus terríveis pecados (veja Gn 6:5) pode estar se
purificando para adentrar no céu?
O texto é de difícil interpretação até para os mais experientes em exegese
Bíblica. Existem várias interpretações possíveis, mas nenhuma delas envolve o
Purgatório, uma vez que o texto não faz nenhum sentido se aplicado à doutrina
do Purgatório. Creio que a interpretação que mais se harmoniza com este texto é
que Jesus, pelo Espírito Santo, proclamou uma mensagem de advertência através
da pregação de Noé (leia 2Pe 2:5) àquela geração que se perdeu, não dando
ouvidos à mensagem. Esta interpretação também se harmoniza com a afirmação de
Pedro de que o Espírito de Cristo falou em tempos passados através dos profetas
(leia 2Pe 1:20,21).
Independente do sentido real do texto, a certeza que o texto nos dá é exatamente a sua não harmonização com a doutrina do Purgatório.
Outro texto utilizado pelos apologistas Católicos
se encontra um pouco mais à frente:
“Pois é por isto que foi pregado
o evangelho até aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os
homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito.” (1Pe 4:6)
Os apologistas Católicos afirmam que este texto
confirma o texto anterior de 1Pe 3:18-19. Porém, um texto não tem absolutamente
nada a ver com o outro. O contexto e o assunto são outros. A interpretação
correta deste texto é bem clara:
§
“foi pregado o evangelho até aos mortos” – os que quando
Pedro escreveu, já haviam falecido, mas ouviram o evangelho enquanto viviam;
§
“para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne,”
– eles morreram em decorrência de uma das consequências do pecado: a morte
física;
§
“mas vivessem segundo Deus em espírito.” – eles
alcançaram a salvação.
Podemos então parafrasear o texto
da seguinte forma: “o evangelho foi pregado aos que creram e
posteriormente morreram, a fim de que tivessem a vida eterna com Deus”.
O texto, portanto, não faz alusão alguma ao Purgatório.
Pudemos perceber que a doutrina Católica do
Purgatório não tem base Bíblica alguma. Não é estranho o fato do livro do
apocalipse não citar em nenhum versículo tal lugar? E as almas que estão no
Purgatório sendo “santificadas pelo fogo”, o que acontecerá com elas no fim dos
tempos? Por que o livro do Apocalipse não cita nada sobre um Purgatório? Vê-se
que a doutrina do Purgatório não é Bíblica e, portanto, pergunto: existe um
lugar chamado Purgatório? O que a Bíblia diz sobre isso?
A purificação no Purgatório
“Os que morrem na graça e na
amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham
garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a
fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1030
A doutrina Católica do
Purgatório ensina que o homem, mesmo estando debaixo da graça de Deus, precisa
ser “purificado” a fim de alcançar certo grau de santidade para adentrar no
reino dos céus. A transcrição afirma que “não estão completamente purificados”,
isto é, o sangue de Jesus derramado na cruz por eles não pode perdoá-los e
purificá-los completamente. Assim, eles têm que passar por uma purificação que
envolve o sofrimento. Será que a Palavra de Deus ensina desta forma? Esse
ensinamento é Bíblico?
Concordo que é necessário sermos
puros para entrarmos no céu. A Bíblia diz que: “carne e sangue não podem
herdar o reino de Deus;” (1Co 15:50) justamente porque a carne e o
sangue são herdeiros do pecado de Adão, portanto, impuros e indignos do céu.
Quando ocorrer o arrebatamento, Jesus transformará o corpo corruptível (carne e
sangue) em um corpo incorruptível (espiritual) que não herda o pecado de Adão e
só então poderemos entrar nos céus (veja 1Co 15:51-53). E por que Jesus
transformará o nosso corpo? Porque fomos purificados de nossos pecados e
passamos a semear a santidade no corpo corruptível para colher no corpo
incorruptível ( leia 1Co 15:44).
Contudo, não creio que seja necessária uma purificação no além-túmulo. A purificação dos pecados não vem pela purgação, sofrimentos, sacrifícios, ou coisa parecida, mas pelo que diz a Bíblia: “o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.” (1Jo 1:7). Somente pelo sangue de Jesus, tendo este nos purificado, poderemos adentrar na glória eterna com Cristo nos céus (1Jo 1:9, 3:3; Hb 1:3, 9:26; Tt 2:14).
A declaração do Catecismo da Igreja Católica de que “não estão completamente
purificados” contradiz a Bíblia. O apóstolo João escreve em 1Jo 1:9 “ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda a injustiça”. O que a palavra TODA nos revela acerca da
purificação feita por Cristo? Ela é completa, não sobram “restos” de pecados
para serem purificados no além-túmulo. Só o sangue de Jesus pode perdoar os
pecados, pois como diz a Bíblia: “sem derramamento de sangue não
há remissão.” (Hb 9:22), e foi Jesus quem se entregou por nossos
pecados. Como podem afirmar que o fogo do tal Purgatório pode purgar
pecados? Ou indo mais além, purificar o homem? Veja o que diz o autor da
carta aos Hebreus: “havendo ele mesmo feito a purificação dos
pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas,” (Hb 1:3).
Perdão e purificação são distintos entre causa e efeito; quem é perdoado imediatamente é purificado. O sangue de Jesus perdoa, salva, purifica e restaura completamente o homem. Não é necessário nenhum sofrimento ou dor para a santificação ou purificação. Quem crê em tal coisa está muito longe da verdade Bíblica.
Quando o Catolicismo diz que é necessário uma
santificação especial para se adentrar no céu, mesmo depois de ter os pecados
perdoados por Jesus, está ensinando que o sangue de Jesus não é perfeito e não
tem poder suficiente para nos santificar completamente. Isso é um grande
absurdo quando comparado ao que a Bíblia diz sobre o poderoso sangue de Jesus
Cristo.
Abaixo temos um paralelo comparando a doutrina
Católica à redenção do homem pelo sangue de Jesus:
Igreja Católica Purgatório |
Bases |
Bíblia Redenção do homem |
Bases |
Purificar
pecados para entrar no céu |
— |
Purificar
a natureza pecaminosa |
2Co 7:1 |
Fogo
apaga pecados |
— |
Sangue
de Jesus apaga pecados |
1Jo 1:7 |
Purgatório
é pena pelo pecado |
— |
Deus
não se lembra dos pecados perdoados |
Hb 8:12 |
Indulgências
ajudam as almas no Purgatório |
— |
Não há
mais oferta pelo pecado |
Hb 10:18 |
Nota-se que o Purgatório contradiz várias partes do significado da redenção do homem pela morte de Jesus. Se Cristo pagou por nossos pecados na cruz (e a Igreja Católica crê nisso), por que ainda devemos pagar por eles? Como podem afirmar que o sangue de Jesus nos purifica somente de alguns pecados ou de partes desses pecados, quando a Bíblia afirma que ele nos purifica de TODO pecado? Ora, se um pecado é perdoado ele ainda deve ser pago? Como alguém tem que pagar por uma dívida que já foi paga?
Nós Cristãos, que temos a Bíblia que é a Palavra de
Deus como única regra de fé (2 Tm 3:16; Hb 4:12), cremos que o sangue de Jesus
é o nosso purgatório instantâneo. Ele é quem nos lava, purifica, restaura e
salva de todo o pecado e de toda injustiça (1Jo 1:7, 9). Veja abaixa algumas
razões para NÂO crer na doutrina do purgatório:
I. Se o Sacrifício de Cristo é
vicário, isto é, ele morreu no nosso lugar como diz a Bíblia: “ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado por
causa das nossas iniqüidades;” (Is 53: 5), então nossos pecados já
estão pagos. Isaías declara ainda que: “o Senhor fez cair sobre ele a
iniqüidade de todos nós.” (Is 53: 6). Concluindo, se nós temos que
pagar por nossos pecados, mesmo depois de já terem sido perdoados por Deus,
então o sacrifício de Jesus não foi tão eficaz. No entanto, a Bíblia afirma uma
coisa bem diferente: “ [Jesus] se manifestou, para aniquilar o
pecado pelo sacrifício de si mesmo.” (Hb 9:26).
II. Paulo diz em Romanos 8:1: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”. Quem está com Cristo não pode ser condenado a nenhum sofrimento ou sacrifício expiatório, pois Jesus morreu para que fôssemos livres da pena do pecado. Se o Purgatório existir os crentes não estariam condenados à “prisão” do Purgatório contradizendo o que Paulo afirma?
III. O perdão de Deus é total e completo. Ninguém na Bíblia que se arrependeu e confessou seus pecados a Deus sendo perdoado por ele, recebeu qualquer pena ou qualquer tipo de sofrimento para a purificação de seu pecado: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2Cr 7:14).
IV. O apóstolo Paulo escreve um verdadeiro compêndio teológico sobre purificação de pecados e justificação em Romanos 3:21-26. Paulo não inclui o sofrimento pelos pecados em nenhum versículo. Onde está a doutrina Católica do Purgatório?
V. Em Apocalipse 7:13-17 João vê uma grande multidão trajando vestes brancas no céu. Um dos anciãos explica a João quem eram as pessoas que estavam na grande multidão dizendo que eles “levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” (Ap 7:14). A santidade (vestes brancas) obtida por aquelas pessoas não foi através do Purgatório, mas sim do “Sangue do Cordeiro”.
VI. O Purgatório não é citado, ensinado e nem sequer aludido em nenhuma parte da Bíblia. Os Cristãos que creem na Bíblia como a Palavra de Deus verdadeira devem rejeitar a existência do Purgatório.
Além das razões alegadas acima, podemos ainda citar um verso do livro de Eclesiastes que contradiz claramente a doutrina romanista do Purgatório: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (Ec 9:10). Salomão ensina nesta passagem que o homem só pode fazer algo em benefício de sua salvação na terra, porque depois da morte, não há mais o que fazer em relação à salvação de uma pessoa.
Abaixo temos as afirmações Bíblicas que ensinam a verdade sobre a purificação
do pecado e o estado pós-morte:
§ Liberto do Pecado – Ser liberto do pecado significa “libertar-se da pena pelo pecado”, ou seja, “ser livre da condenação”. A Bíblia ensina isso em Jo 3:16-18, 8:32,36.
§ Livre de julgamento – Não ser julgado implica liberdade da sentença de morte proferida por Paulo em Rm 6:23. A Bíblia ensina isso em Jo 5:24 e Rm 8:1.
§ Salvação pela fé – Significa crer em Deus como demonstrado em Hb 11:1,6. A fé salvadora é o reconhecimento de Jesus Cristo como Filho de Deus, Salvador e Senhor de nossas vidas. A Bíblia fala sobre esta fé em Jo 3:16; At 16:31; Ef 2:8.
§ Justificação pela fé – Justificar significa “imputar justiça”, isto é, tornar justo. A fé em Cristo Jesus nos torna justos e participantes da graça de Deus. A Bíblia ensina isso em Rm 5:1-2.
§ Estado atual dos mortos – Aqueles que morreram sem serem participantes da graça salvadora de Deus (ou seja, não creram em Deus e/ou levaram uma vida impura) são levados ao Hades e ali permanecem até o dia do julgamento final, conforme demonstrado em Lc 16:22-23. Os que morreram debaixo da graça salvadora de Deus (que significa que creram e viveram uma vida Cristã digna) são levados ao chamado “Seio de Abraão” ou “Paraíso”, conforme Lc 16:22 e Lc 23:43.
§ Mortos em Cristo no céu – A Bíblia não ensina que os que morreram em Cristo precisam se purificar no Purgatório para irem para o Céu. A Bíblia ensina que os mortos no Senhor são levados para o Paraíso, onde esperam o toque da trombeta, conforme a Bíblia ensina em Lc 23:43 e Ap 14:23.
§ Certeza da salvação – Ter certeza da salvação significa estar debaixo da graça de Deus. Comparando com um tipo do Antigo Testamento, a Arca de Noé (Gn 6:12-22), podemos dizer que ser salvo significa estar dentro da arca antes do dilúvio. A Bíblia não ensina que quem crê em Jesus passará da morte para a vida, mas sim que quem crê em Jesus já passou da morte para a vida. Veja Jo 3:36, 10:28; 2Co 5:8; Ef 2:8; Fl 1:21,23
Gostaria ainda de deixar uma
última pergunta: Na cruz, quando um dos ladrões disse a Jesus: “lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (Lc
23:42), Jesus lhe respondeu: “Em verdade te digo que hoje
estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43). Para onde o ladrão e Jesus
foram? Para o Purgatório obter a santidade para entrar no céu? Creio que o
texto responde por si mesmo: “estarás comigo no paraíso”.
Diante da verdade Bíblica, podemos ver claramente que a Igreja Católica não tem bases para sustentar sua doutrina do Purgatório, a não ser sua Sagrada Tradição e seu “dom infalível”. Caro leitor, se você professa uma fé Católica, gostaria de lhe dizer que o sangue de Jesus Cristo foi derramado na cruz por você, por mim e por toda a humanidade. A partir do momento que cremos em Jesus e lhe confessamos nossos pecados pedindo-lhe seu perdão, o sangue de Cristo apaga completamente todos os nossos pecados. Não é necessário nenhum sacrifício, sofrimento, indulgência ou coisa parecida, pois Jesus morreu em nosso lugar, pagando por nossos pecados. Você pode continuar a crer no que diz a Igreja Católica ou pode crer no que diz a verdadeira Palavra de Deus: “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1Jo 1:7,9)
As indulgências e o Purgatório
“Já que a Igreja Católica,
instruída pelo Espírito Santo, apoiada nas Sagradas Letras e na antiga Tradição
dos Padres, ensinou nos sagrados Concílios e recentemente também neste Concílio
Ecumênico, que existe purgatório, e que as almas que nele estão
detidas são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício
do altar,”
Concílio de Trento, Sessão XXVI, parágrafo 983
“A Igreja recomenda também as
esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:”
Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1032
Indulgências são penitências em
favor da remoção do pecado. No século XVI as indulgências eram pagas em
dinheiro à Igreja Católica, o que foi responsável por grande parte do
patrimônio financeiro que a Igreja Romana possui hoje em dia. A Igreja
abandonou a prática de cobrar pelo perdão dos pecados dos vivos e passou a
cobrar pelo perdão dos pecados daqueles que estariam no purgatório. Certas
paróquias chegam a cobrar verdadeiros absurdos para realizar uma missa em favor
de uma alma. A prática de indulgências, no entanto, não é ensinada na Bíblia e
muito menos em favor de pessoas que já faleceram.
A Bíblia ensina que o pecado
perdoado não necessita de penitência. Ninguém precisa jejuar, por exemplo, para
obter perdão de seus pecados. A Bíblia diz que somos “justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que
há em Cristo Jesus” (Rm 3:24). O que precisamos é reconhecer nosso
pecado, confessá-lo e crer que Jesus Cristo pode nos perdoar gratuitamente. E
ele o faz! A prática de indulgências não é ensinada na Bíblia e nem mesmo
exemplificada, pois todos receberam perdão sem precisar de penitência alguma
(confira Mt 9:2; Mc 4:11-12; Lc 7:47,48; Ef 4:32; Tg 5:15; 1Jo 1:9, 2:12).
O Catolicismo ainda ensina que as indulgências em favor das almas do Purgatório podem “acelerar” sua purificação. Certo Padre disse que celebrar uma missa em favor de uma alma seria como “jogar água nas chamas que a devoram”. No entanto, a Bíblia não ensina nada sobre tal coisa. O escritor aos Hebreus afirma: “Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado” (Hb 10:18). Quando Jesus Cristo nos perdoa, somos completamente purificados e nossos pegados completamente apagados. Não há mais oferta pelo pecado, nem sofrimento ou indulgência, estamos livres do pecado e cheios da graça de Deus.
Em sua volta, Jesus “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.” (Fp 3:21). Jesus fará isso “segundo a eficácia que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” e não segundo o fogo purificador de algum tipo de Purgatório. Estaremos então aptos a entrarmos no rei dos céus sem necessidade de indulgências ou purificação pelo fogo de Purgatório algum.
Se o caro leitor for Católico, pergunto-lhe: Você acha que o Purgatório realmente existe? Que há um fogo purificador que, tomando o lugar do sangue de Jesus, purifica o homem dos pecados? A Bíblia diz que “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.” (Rm 14:12), isto é, você é responsável pelo que crê, portanto, espero não se deixe levar por falsas doutrinas que destroem a sã doutrina de Cristo e pervertem a crença fiel na Palavra de Deus. Só o sangue de Jesus pode nos purificar e nos lavar de todos os pecados, pelo que a Bíblia afirma: “Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, […] Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados,” (Ap 1:5).
Não é com prata e com ouro que uma pessoa poderá
ser limpa de seus pecados, é somente pelo sangue de Jesus; não por obras, não
por missas, nem por fogo ou qualquer sacrifício, mas pelo sangue de Cristo que
foi derramado na cruz por todos nós.
Conclusão
Durante este capítulo vimos que a Igreja Católica
faz as seguintes afirmações sobre a doutrina do Purgatório:
§ Existe purgatório
§ O Purgatório purifica as almas para que entrem no céu
§ As indulgências dos fiéis “ajudam” as almas do purgatório
Quantos Católicos já pagaram por missas em favor de
almas que estariam no suposto purgatório? Certamente muitas, mas isso não é o
pior. A doutrina do Purgatório torna o sangue de Jesus ineficaz. Por outro
lado, a Bíblia ensina que o sangue de Jesus é suficiente para nos purificar de
todo pecado (1Jo 1:7) e remover a condenação, o sofrimento, a dor e a morte
espiritual decorrente do pecado. Por que então devemos crer em algo que a
Bíblia não ensina? Por que crer na existência do purgatório?
Deus não ordena nenhum sacrifício em favor de
mortos e nem nos ensina a crer que existe um lugar de sofrimento onde os
pecados são purgados. Nenhum profeta fala sobre o Purgatório, nem Jesus, nem os
Apóstolos. Existem culturas pagãs que têm definições bem parecidas com a do
purgatório, como por exemplo, o Budismo e certas crenças orientais. Não podemos
deixar que a sã doutrina seja influenciada por tais costumes, mas devemos
perseverar em observar a viva e eterna Palavra santa de Deus.
Caro amigo leitor, se você for Católico, peço que
examine com cuidado sua crença à respeito do que o Catolicismo lhe ensina.
Pergunte a si mesmo e ao Espírito Santo: existe Purgatório? Devo crer em tal
coisa? Tenho certeza de que encontrará a resposta certa.
Perguntas para meditação:
1. A Bíblia ensina a existência do Purgatório?
2. É necessário ser purificado pelo fogo para entrar no céu? O que a Bíblia diz à respeito em 1 João 1:7, 9?
3. Leia o que diz Isaías 53:5-6 e pense: como o homem é purificado? Através do fogo ou da morte redentora de Jesus?
4. A Bíblia ensina que podemos oferecer indulgências pelos mortos?
5. O ladrão arrependido de Lucas 23:42-43 foi para o Purgatório ou foi para o céu junto com Jesus?
6. Por que devemos crer em algo que a Bíblia não ensina? Não é ela a verdade revelada de Deus para nós?
Extraído do livro “O Catolicismo Romano e a Bíblia”
– Rafael Nogueira
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