Lúcifer significa “portador da luz”. Esse nome tem origem
latina e era utilizado para se referir ao planeta Vênus. Esse planeta é o astro
mais brilhante visível na terra depois do sol e da lua. Seu brilho é mais
percebido pela manhã. Daí também vem a tradução “estrela d’alva”. Com o tempo,
o nome Lúcifer passou a ser associado pelas pessoas ao diabo.
Por conta dessa associação, muita gente pensa que Lúcifer
é o nome próprio do diabo. Daí surge a curiosidade acerca do significado de
Lúcifer na Bíblia.
O
significado de Lúcifer na Bíblia
A palavra lúcifer é um substantivo masculino latino que
transmite o significa de “aquele que brilha”, ou “portador da luz”. Como a
Bíblia foi escrita em hebraico, aramaico e grego, a palavra lúcifer não é
encontrada originalmente nela.
Mas quando os textos bíblicos foram traduzidos para o
latim, a palavra lúcifer foi empregada em alguns casos para traduzir os termos
originais. Em todas essas vezes, nunca lúcifer aparece como nome
próprio. Seu sentido correto dependerá do contexto. Na tradução latina o
termo lúcifer é aplicado tanto no sentido literal para se referir à estrela
matutina, quanto no sentido figurado para indicar a proeminência e importância
de um homem, ou mesmo para se referir à glória de Deus e a pessoa de Cristo.
No Antigo Testamento, a palavra
lúcifer serviu para traduzir o hebraico helel (cf.
Isaías 14:12). Esse termo hebraico significa “brilhante” ou “o
resplandecente”. Já no Novo Testamento, o substantivo lúcifer traduz na
versão latina o termo grego heosphoro, que
significa “que leva luz” (cf. 2 Pedro 1:19).
Lúcifer é
o nome do Diabo?
Definitivamente Lúcifer não é o nome próprio do Diabo.
Não há qualquer referência bíblica que faça essa afirmação. Além disso, nem
Jesus ou mesmo os apóstolos se referiram à Satanás designando-o pelo nome
de Lúcifer.
Nos primeiros anos da Igreja, por exemplo, muitos
cristãos, especialmente romanos, se chamavam Lúcifer. Mas a partir do século 3
d.C., tornou-se comum entre os cristãos a associação do nome Lúcifer com
Satanás. Assim, pode-se dizer que o nome Lúcifer passou a ser o apelido popular
do diabo.
Isso aconteceu devido a uma
antiga interpretação cristã do século 4 d.C. sobre o texto de Isaías 14:12.
Nesse texto o profeta Isaías aplicou o hebraico helel como um título insultuoso para se referir a
pomposidade do rei da Babilônia. No auge de sua glória, esse rei desfrutava de
tamanho status entre os homens, que ele se considerava um deus.
Alguns estudiosos pensam que
nessa passagem Isaías está referindo ao imperador babilônio e aos dias de
glória que o Império Babilônico experimentou desde o governo do rei
Nabucodonosor. Então em seguida ele profetiza sua ruína. Mas outros estudiosos,
mais acertadamente, defendem que o contexto indica que Isaías está se referindo
ao rei da assíria, e profetiza sua queda. Naquela época a Babilônia estava sob
o domínio do Império Assírio, e os reis assírios também se denominavam reis da
Babilônia.
Seja como for, é nesse contexto
que o profeta aplica um tipo de canção de escárnio ao falar da queda
daquele rei e seu império. Em sua profecia ele utiliza um recurso de linguagem
poética para enfatizar a soberba e iniquidade daquele governante. Esse
tipo de estilo literário nos textos proféticos é relativamente comum no Antigo
Testamento (cf. Ezequiel 28).
Além disso, ele aplica muito apropriadamente o título de
estrela da manhã, traduzido por lúcifer, ao rei soberbo. Os babilônios e os
assírios tinham grande ligação com a astrologia, e costumavam personificar a
estrela matutina como uma divindade.
É correto
chamar o diabo de Lúcifer?
Alguns intérpretes cristãos no começo da Idade Média
entenderam que esse texto de Isaías é um tipo de referência velada à Satanás.
Daí começaram a aplicar o nome Lúcifer como um de seus títulos, sendo adotado
até mesmo por grupos que o cultuam. Mas essa é uma interpretação
equivocada do texto de Isaías, bem como uma aplicação inadequada do substantivo
lúcifer.
A Bíblia refere-se ao diabo por
outros nomes e títulos. O principal deles é Satanás, que significa
“adversário”. Mas ele também é chamado de várias outras formas. Por exemplo:
ele é chamado de dragão, maligno (belial)), pai da mentira, tentador e outros
(Apocalipse 12:3,7,9; 2 Coríntios 6:15; João 8:44; 1 Tessalonicenses 3:5).
Portanto, não é correto chamar o diabo de Lúcifer porque esse não é o seu nome.
A prova disto é que o apostolo
Pedro aplica o grego heosphoros,
traduzido para o latim pela palavra lúcifer, ao próprio
Cristo (2 Pedro 2:19). Segundo o livro do Apocalipse, o único que
verdadeiramente pode receber o título de Estrela da Manhã é o Cristo glorificado
(Apocalipse 22:16).
Por Daniel Conegero
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