Teria Maria pecado?
A Igreja Católica ensina que Maria foi concebida sem pecado e nasceu sem
mancha de pecado original, ou seja, que Maria foi gerada pelo seu pai, porém o
seu nascimento foi imaculado. Esta é a fórmula de dogma de fé que Pio IX
proclamou a oito de dezembro de 1854, na bula ineffabilis:
“É de Deus revelada, a doutrina que mantém que a bem-aventurada Virgem
Maria no primeiro instante do seu nascimento, pela singular graça e privilégio
do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo Salvador do gênero
humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original”.
Os cristãos protestantes manifestam que este dogma não tem nenhum
fundamento bíblico. Pio IX separa Maria da sua condição humana, e a faz uma
exceção ao lado de Jesus. A Bíblia, que cremos ser a Palavra de Deus, declara
que todos somos pecadores: “… todos estão debaixo do pecado. Como está escrito:
não há um justo, nem um sequer” (Romanos 3.9-10).
Como se atreve o apóstolo Paulo a garantir que não há sequer um justo,
se existia a exceção de Maria? Como é que Deus escreveu por meio dos seus
santos profetas e apóstolos, colunas da verdade revelada, que não há nem um só
justo, se estava a Virgem Imaculada concebida sem pecado?
A Bíblia não ensina que Maria estivesse livre do pecado original, por
uma graça especial, desde o mesmo instante do seu nascimento. Maria não
reclamou para si o privilégio de ser sem pecado. A própria Maria não cria
porque no seu magnificat, reconhece ser pecadora e faz menção do seu Salvador.
A virgem Maria, a mais bem-aventurada entre todas as mulheres, falou de Deus,
na pessoa de Jesus Cristo, como “Meu Salvador”, ao dizer: “A minha alma
engrandece ao Senhor; e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lucas
1.46-47). Se ela não fosse pecadora, não teria a necessidade de um Salvador.
Ao falar nesses termos de bendita virgem, não queremos dizer que a
escolhida por Deus não fosse a melhor e mais pura entre as mulheres. Porém, não
era imaculada, pois ela mesma declara levar como todos nós, a marca do pecado
quando invoca a Deus, chamando-lhe “Meu Salvador”. Por que chamou assim a Deus?
Por que ela, do mesmo modo que todos os homens, necessitou se salvar e obter a
vida eterna através do arrependimento e fé.
A Bíblia é igualmente clara em mostrar a doutrina da universidade do
pecado: “Certamente em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha
mãe” (Salmos 51.5); “Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e nunca
peque” (Eclesiastes 7.20); “Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus” (Romanos 3.23). Nessas passagens não se indica a exceção de Maria; ela
como descendente de Adão, participou não só das consequências da queda, senão
também do pecado; “Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram… assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens”
(Romanos 5.12-18).
O argumento que usam alguns católicos, de que Jesus não podia ser
imaculado (ou seja, sem pecado original), se a que Lhe concebeu não tivesse
sido, está carente de razão. Vejamos:
1º) Porque Jesus nasceu por obra do Espírito Santo, não de um varão.
2º) Porque Jesus é Deus, na qualidade de Segunda Pessoa da Trindade, mas
Maria era humana. Cristo não tinha necessidade de que a sua mãe fosse santa,
porque foi concebido pelo Espírito Santo; Ele é santo ainda que nascido de uma
mulher pecadora, porque no seu corpo “havia a plenitude da Divindade”.
3º) Se todos os homens herdam a mancha do pecado, os pais da virgem
Maria também a herdaram, e os seus filhos foram igualmente herdeiros da
natureza pecaminosa do homem. Não há nenhuma base para crer que alguns dos seus
filhos a herdaram, enquanto que a sua filha Maria não a herdou.
4º) Porque, pela mesma razão, tinha sido necessário que fossem
imaculados os seus pais e as avós; assim sucessivamente desde Eva.
Esses argumentos não lhe soam ridículos? Se em algum caso tinha que
operar-se o milagre de nascer um imaculado, seja quem for, deveria ter sido
Jesus, que era divino.
Respeitamos Maria
com o mesmo respeito com que o fizera o anjo da Anunciação. Sentimos por ela um
profundo carisma ao ver que foi eleita providencialmente por Deus para ser mãe,
segundo a carne, do Salvador. E cremos que é bem-aventurada entre as mulheres
como membro da comunidade dos remidos.
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