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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Espiritismo: A Magia do Engano


Em certo sentido, pode-se afirmar que o espiritismo é a religião mais antiga do mundo. E pode-se dizer mais, que a primeira sessão espírita se realizou no Jardim do Éden, quando a serpente, incorporando o diabo, entabulou conversação com a mulher e assim conseguiu ludibriá-la (Gn 3.1-5).

A Bíblia é o livro, dentre outros, que nos dá a história do espiritismo. Começando no Êxodo, ela mostra que os antigos egípcios foram praticantes de fenômenos espíritas, quando os magos foram chamados por Faraó para repetir os milagres operados por Moisés. Quando Moisés apareceu diante desse monarca com a divina incumbência de tirar o povo de Israel da escravidão egípcia, os magos repetiram alguns dos milagres de Moisés (Êx 7.10-12; 8.18).

Mais tarde, já nas portas de Canaã, Deus advertiu o povo de Israel contra os

perigos do ocultismo dentre os quais se destacava a mediunidade como prática abominável à sua vista (Dt 18.9-12). O castigo imposto aos que desobedecessem aos mandamentos de Deus nesse particular é que seriam condenados à morte (Êx 22.18; Lv 20.27). O Antigo Testamento também indica como amaldiçoados por Deus pessoas com ligações com espíritos familiares e feiticeiras (Lv 19.31; 20.6).

O rei Saul, antes da sua apostasia, quando ainda estava sob a direção de Deus, baniu os praticantes do espiritismo em todas as suas modalidades (1 Sm 28.3-9), da mesma forma como o fez o reto rei Josias após ele (2 Rs 23.24-25). O profeta Isaías também se dirigiu aos antigos espíritas que vaticinavam para o povo de Israel que essa prática era inútil e detestável aos olhos de Deus (Is 8.19; 19.3; 47.9,13-14).

Igualmente, a queda do rei Manassés se deu como resultado das suas práticas ligadas ao espiritismo (2 Rs 21.6; 2 Cr 33.6). A Bíblia também registra a tentativa de o homem procurar conhecer o futuro e os mistérios do universo, seja por meio de adivinhação, encantamentos, feitiçaria. Egípcios, caldeus e cananitas, diz-nos a Bíblia, estavam envolvidos com essas práticas e têm continuado através dos séculos (Mq 5.12; Na 3.4).

II – Histórico do Antigo e Moderno Espiritismo

Em 1848, houve um recrudescimento do espiritismo no sítio de Hydesville, perto da cidade de Arcádia, Condado de Wayne, Estado de Nova York, nos Estados Unidos. A família Fox alugou uma casa tida como assombrada. Aí residia a família do Dr. João Fox, constituída pela Sra. Margarida Fox, esposa do Dr. João, e as filhas Margarida, cujo apelido familiar era Maggie, e Catarina, apelidada Katie. O casal Fox tinha dois filhos que moravam fora da casa paterna: David e Ana Leah (ou Lia), que era mais velha do que Maggie, 23 anos. Era um lugar muito pobre de casas e de humilde aspecto, geralmente construídas de madeira. Seus pais eram metodistas. Notava-se que naquela residência acontecia algo de anormal que obrigava os seus moradores a mudar-se. O último inquilino antes da família Fox fora um homem chamado Miguel Weekman, em 1847, tendo várias vezes ouvido baterem à porta e quando ia ver quem era não encontrava ninguém, isso ocorrendo repetidamente. Como essa cena se repetia constantemente, aborrecido, mudou-se de casa. Na referida casa, passou a habitar a família Fox: pai, mãe e as duas meninas – Katie com 12 anos e Maggie com 15. Neste mesmo ano a casa era novamente perturbada por estranhas manifestações; ruídos inexplicáveis faziam-se ouvir com tal intensidade que a família não conseguia repousar. Frequentemente esses fenômenos pareciam vir do quarto onde dormiam as duas irmãs. Mesmo quando o quarto estava fechado, percebia-se ali o movimento de objetos, móveis que arrastavam, mesas e cadeiras que giravam. Chamados os vizinhos, eles foram testemunhas dos mesmos fenômenos. Todos os meios de vigilância foram colocados em ação para descobrir de onde procediam aquelas batidas, e tudo foi inútil. Não se pôde descobrir a causa real daquelas manifestações, apesar das numerosas pesquisas. A família percebeu que a causa produtora era inteligente, pois, certa noite, quando Katie comentava com sua mãe tais coisas, procurou imitar com estalar de dedos aqueles sons misteriosos e para surpresa delas, de súbito, os mesmos estalos se reproduziram e em número igual. Surpreendida e, curiosa, Katie repetiu os estalos e os mesmos se fizeram ouvir de novo. A senhora Fox pediu ao misterioso visitante que contasse até dez. Ouviram dez pancadas! Perguntou-lhe qual era a idade de cada uma de suas filhas, obtendo resposta exata. Por meio de outras perguntas, verificou tratar-se de um espírito que respondia afirmativamente, dando dois toques e negativamente dando um toque.

Desta maneira, foram informadas que o tal espírito era a alma de Carlos Ryan assassinado naquela casa e que fora enterrado na despensa. A notícia de que era possível falar com os mortos por intermédio de seu espírito logo se espalhou e a casa da família Fox começou a ser freqüentada pelos vizinhos, que ali iam passar noites em consulta ao espírito. Em vista do crescente progresso espírita, a família decidiu se mudar de cidade, transferindo-se para Rochester. Após quatro meses nesta cidade, resolveram mudar-se para Nova Iorque.

Os investigadores dessas manifestações notaram que o fenômeno só se produzia na presença da jovem Katie Fox, atribuindo-lhe um certo poder que vieram a chamar de mediunidade.

Certa noite, sentada em volta de uma mesa, estava a senhora Fox conversando com outras duas pessoas, quando de súbito a mesa se agita e se eleva no ar. Uma das pessoas presentes deu ordem à mesa, e a movimentação cessou. Lia logo atribuiu aos espíritos a locomoção espontânea da mesa.

Lia, a irmã mais velha, com suas irmãs, teve a idéia de invocar outros espíritos e assim muitos dos que assistiam àquelas sessões espíritas foram levados pela curiosidade ou pelo desejo de também se tornarem célebres a repetir, por conta própria, as experiências e as evocações dos espíritos, de tal modo que pela América do Norte as sessões espíritas se foram multiplicando rapidamente.

Essas meninas se tornaram médiuns e durante 30 anos produziram fenômenos que se tornaram conhecidos em várias partes do mundo. No dia 21 de outubro de 1888, a Sra. Margareth Fox Kane realizou pela primeira vez seu intento de, com os próprios lábios, denunciar publicamente o espiritismo e seu séquito de truques. Apresentou-se à Academia de Música de Nova York perante numerosa e distinta assembléia e, sem reservas, demonstrou a falsidade de tudo quanto no passado fizeram sob o disfarce da mediunidade espírita:

A Sra. Maggie (Margarida) manteve-se em pé sobre o palco. Tremendo e possuída de intensos sentimentos, fez uma aberta e extremamente solene abjuração do espiritismo, enquanto a Sra. Catharine Fox Jencksen assistia de um camarote vizinho, dando, por sua presença, inteiro assentimento a tudo que a irmã dizia (The World, 22.10.1888, citado no livro “O Espiritismo no Brasil”, p. 444).

Desta maneira, o espiritismo assumia sua feição definitiva.

MONUMENTO AO ESPIRITISMO MODERNO

O Congresso Internacional de Espiritismo reunido em Paris no ano de 1925 aprovou unanimemente a proposta de erigir um monumento comemorativo em Hydesville, nos Estados Unidos para comemorar as primeiras manifestações espíritas, que tiveram lugar a 31 de março de 1848, nas pessoas das então meninas Katie e Margareth Fox. O monumento recebeu a seguinte inscrição:

Erigido a 4 de dezembro de 1927 pelos espiritistas de todo o mundo, em comemoração das revelações do espiritismo moderno em Hydesville, Nova York, a 31 de março de 1848, em Homenagem à mediunidade, base de todas as demonstrações sobre que se apóia o espiritismo. A morte não existe. Não há mortos.

III – Na Europa

Dos Estados Unidos, o espiritismo passou para a Europa, indo primeiramente à Alemanha, por meio de uma carta, onde eram expostos os processos empregados para obter-se os curiosos fenômenos. Posto fielmente em prática, foi infalível: as mesas giraram, ouvindo-se ruídos. Neste país, numerosos pesquisadores lhe dedicaram atenção, não como adeptos, mas como estudiosos dos chamados fenômenos psíquicos. Em 1869, é fundada a Bibliothek des Spiritualismus fur Deutschland y Spirite Studien. O espiritismo na Alemanha contava entre os seus principais adeptos o astrônomo Zoellner, professor de Física na Universidade de Leipzig, que se dedicou a experiências espíritas de 1877 a 1881. Neste mesmo ano de 1852 o espiritismo era introduzido na Escócia e logo depois na Inglaterra, Rússia e França.

IV – Na França

A notícia dos fenômenos misteriosos que se produziam na América suscitou na França intensa curiosidade e, em pouco tempo, a experiência das mesas giratórias era grandemente disseminada. Nos salões, a moda era interrogá-las sobre as mais fúteis questões. Durante os anos de 1851 e 1852, essas práticas eram vistas apenas como divertimento; não se tomavam essas manifestações a sério. O barão de Guldenstubbé ao entrar em contato com as mesas giratórias ficou muito impressionado pelo caráter inteligente que revestia o movimento da mesa e publica, em 1857, um livro intitulado “La Réalité des Espirits” relatando as primeiras experiências deste fenômeno. Os jornais, as revistas e as academias protestaram, ridicularizando esse novo fenômeno, chegando quase a extingui-lo.

V – O Espiritismo no Brasil

No Brasil, as mesas começaram a dançar em 1853. O Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, foi o primeiro a publicar matéria pela primeira vez sobre as mesas girantes da Europa e dos Estados Unidos, em sua edição de 14 de junho de 1853. Duas semanas depois, no dia 30 de junho, o mesmo jornal informa sob o título de A Rotação Elétrica, os fenômenos que empolgavam Paris, depois de terem feito sucesso nos Estados Unidos, México, Londres, Viena e Berlim.

No dia 2 de julho de 1853, o Diário de Pernambuco, editado no Recife, informava a seus leitores que, em Paris, grande era a curiosidade, que toda a sociedade se colocava em torno das mesas esperando algum movimento.

Jornal Cearense, de Fortaleza, na edição de 19 de maio de 1854, informava aos seus leitores sobre a evocação de almas por meio das mesas girantes: A evocação se faz por intermédio de um iluminado, a quem se dá o nome de médium (“Espiritismo Básico”, Pedro Franco Barbosa, FEB, 2ª edição, p. 68).

Foi assim que o espiritismo no Brasil conquistou adeptos, passando da mesa rodante para a mesa falante; da mesa inteligente à relação com os mortos; da comunicação com os mortos a novas revelações; destas revelações a uma nova religião, com doutrinas e práticas opostas ao Evangelho de Jesus Cristo.

A primeira sessão espírita realizada no Brasil ocorreu em Salvador, Bahia, no dia 17 de setembro de 1865, sob a direção de Luiz Olímpio Teles de Menezes. Este fundou no mesmo ano o primeiro centro espírita, com o nome de Grupo Familiar de Espiritismo.

Em julho de 1869, Luís Olímpio publica “O Eco do Além Túmulo – Monitor do Espiritismo no Brasil”, o primeiro jornal espírita do Brasil, com 56 páginas, circulando no Brasil e em capitais estrangeiras como Londres, Paris, Madri, Nova Iorque.

Em 28 de novembro de 1873, é desfeito o Grupo Familiar do Espiritismo, fundando-se a sociedade científica, sob o título de Associação Espírita Brasileira, sendo Luís de Menezes o primeiro presidente.

O primeiro movimento organizado do espiritismo, no Rio, começou em 2 de agosto de 1873, com a fundação da Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo Confúcio, sob a direção dos Drs. Francisco de Siqueira Dias Sobrinho, presidente e Antônio da Silva Neto. O Grupo Confúcio tinha como divisa; sem caridade não há salvação; sem caridade não há verdadeiro espírita (“Espiritismo Básico.” Pedro Franco Barbosa, FEB, 2ª edição, p. 70); recebia mensagens de seu patrono e tinha como guia espiritual um espírito chamado Ismael, que se revelou como diretor espiritual do Brasil; praticava a homeopatia e aplicava passes nos doentes.

Em 1º de janeiro de 1875, o Grupo Confúcio lançou a Revista Espírita, redigida e dirigida pelo Dr. Antônio da Silva Neto. Era o segundo periódico espírita do Brasil e o primeiro do Rio de Janeiro, que até então era a capital do Império. Neste mesmo ano o Grupo Confúcio publicou a tradução de várias obras de Kardec, a cargo de Fortúnio, pseudônimo de Joaquim Carlos Travassos: O “Livro dos Espíritos”, “O Livro dos Médiuns”, “O Céu e o Inferno”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Estes foram os primeiros livros publicados no Brasil, pela editora B.L. Garnier.

Em 23 de março de 1876, funda-se a Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade sob a orientação de Bittencourt Sampaio; e, em 1878, também de Antônio Luís de Sayão. Em 20 de maio de 1877, membros dissidentes da Sociedade fundaram a Congregação Espírita Anjo Ismael. No ano seguinte, outros componentes da mesma Sociedade fundam o Grupo Espírita Caridade. Essas instituições, bem como o Grupo Espírita Confúcio, desaparecem em 1879.

Em 1883, foi fundada a Revista Reformador, que mais tarde veio se tornar o órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, organizada em 1º de janeiro de 1884. A partir de então se multiplicam os grupos e centros espíritas, ocasionando a formação de federações de âmbito estadual.

O nome mais conhecido do espiritismo kardecista brasileiro é o do médium Francisco Cândido Xavier, mais conhecido como Chico Xavier. Natural da cidade de Uberaba, Minas Gerais, onde reside. Ele é muito procurado por pessoas de todas as classes sociais, vindas de todos os lugares do país, que recorrem a seus serviços mediúnicos em busca de ajuda espiritual e também de curas físicas. De acordo com a revista Veja, de 10/4/1991, p. 40, Chico Xavier já incorporou os espíritos de 605 autores mortos, 328 dos quais eram poetas, entre eles alguns dos mais famosos tanto em Portugal como no Brasil.

Tudo isso faz do Brasil o maior país espírita do mundo. Enquanto a doutrina espírita cresce no Brasil, ela praticamente desapareceu na França onde nasceu.

VI – Causas da Difusão do Espiritismo no Brasil

São variadas as causas para que o espiritismo, em todas as suas formas, progredisse tanto no Brasil, a ponto de nosso país ser considerado o maior país espírita do mundo, como apregoam fartamente os seguidores de Allan Kardec. Eis algumas razões:

  • Você é um médium – precisa desenvolver-se

São as palavras dos espíritas quando se deparam com pessoas com problemas ligados à insônia, tristeza, perturbação, arrepios e por aí afora. Logo a idéia do espírita é que essa pessoa está sob a pressão de espíritos opressores e precisa desenvolver a mediunidade num centro espírita. E lá se vai a pessoa cheia de esperança de ver-se livre desses incômodos inexplicáveis. Envolvendo-se com o espiritismo, vem em seguida o temor de sair, julgando que as consequências serão fatais.

  • A grande saudade dos mortos

Essa saudade é habilmente explorada pelo espiritismo, pois é aberta a possibilidade dessa comunicação com o ente morto. Veja o relato de uma pessoa envolvida por esse meio:

No dia 16 de julho de 1933 morreu minha irmã, então com sete anos de idade, e, logo depois, uma família das proximidades de Bemidji, Minnesota, nos disse que havia entrado em contato com o espírito da menina morta e que ela estava ansiosa por falar conosco. A família toda ficou alvoroçada e combinamos nos encontrar em Bemidji na ocasião marcada para a sessão. Com isso, deu-se o envolvimento. Certa ocasião, foi anunciada no citado centro uma sessão de perguntas e respostas e foi orientado que as perguntas deveriam ser de ordem espiritual. Foi dirigida a primeira pergunta ao espírito mentor se ele cria que Jesus era filho de Deus.

Resposta do espírito mentor:          

É lógico, meu filho, Jesus é o Filho de Deus. Crê apenas como diz a Bíblia.

Segunda pergunta: Ó tu, grande e infinito Espírito, crês que Jesus é o Salvador do mundo?        

Resposta: Meu filho, por que duvidas? Por que não crês? Tens estado conosco; por que continuas a duvidar?    

Terceira pergunta: Ó espírito, crês que Jesus é o Filho de Deus, e que Ele é o Salvador do mundo – crês que Jesus morreu na cruz e derramou seu sangue para a remissão de pecados?   

O médium, em profundo transe, foi arremessado de sua cadeira. Foi cair bem no meio da sala de estar e gemia como se estivesse sentindo profunda dor. Os sons turbulentos sugeriam espíritos num carnaval de confusão (“Eu Falei com Espíritos”, Editora Mundo Cristão, 1977, pp. 23-24).

VII – Divisões do Espiritismo no Brasil

O Espiritismo Kardecista

Pode ser chamado de espiritismo ortodoxo. Aquele que está filiado à Federação Espírita Brasileira e para quem Allan Kardec é considerado o Mestre Divino. É o maior grupo.

A Legião da Boa Vontade

O nome do fundador completo é Alziro Elias Davi Abraão Zarur e nasceu aos 25 de dezembro de 1914, de pais sírios, que eram católicos ortodoxos. Considerava-se ele a reencarnação de Allan Kardec como declara no livro “Jesus – A Saga de Alziro Zarur”. Não crê que Cristo tivesse corpo real e humano, seguindo a linha de pensamento de João Batista Roustaing.

Racionalismo Cristão

Fundado em 1910, por Luiz de Mattos. Luiz José de Mattos nasceu em Portugal (Traz os Montes em 3 de janeiro de 1860). É panteísta e fala de Deus como O Grande Foco, Inteligência Universal. Possui templos suntuosos em várias regiões de São Paulo.

Cultura Racional

Fundada por Manoel Jacintho Coelho, em 1935, no Rio de Janeiro (Meyer), idéia mais divulgada a partir de 1970, quando alcançou fama nacional. Aceita a metempsicose (retorno do espírito do morto a seres inferiores).

Umbanda

Seita afro-brasileira que é divulgada mais como folclore do que como religião, embora advogue esta última condição. Formada pelo sincretismo de cultos afros, ameríndios e catolicismo europeu trazido pelos portugueses. Declara-se com o objetivo de desfazer os males invocados pela Quimbanda através de Exus. Evoca, diferindo do espiritismo kardecista, os Orixás, seres elementares da natureza, mas evoca também os espíritos dos pretos velhos; e caboclos, que são segundo eles, os espíritos dos índios mortos.

Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento

Fundado em 1909 pelo Sr. Antônio Olívio Rodrigues. Possui espalhados pelo Brasil milhares de tattwas ou centros. Aceita a doutrina reencarnacionista.

Ordem Rosacruz

Com suas várias organizações como: AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis). A fraternidade segue uma tradição mística egípcia. Alega ser originária do reinado de Amenhotep IV, imperador egípcio no ano de 1353 a.C., mais conhecido como Akhenaton. A Fraternidade Rosacruz de Max Heindel, a FRC (Fraternidade Rosae Crucis) de Clymer. A FRA (Fraternitas Rosacruciana Antíqua) de Krummheller ou a Igreja Gnóstica e a Ordem Cabalística da Rosacruz (Igreja Expectante do Sr. Léo Alvarez Costet de Mascheville).

Finalmente, poderíamos agrupar aqui as sociedades teosóficas, as seitas orientais japonesas como Seicho-No-Ie, Igreja Messiânica Mundial, Arte Mahikari, Perfect Liberty. Seitas orientais provindas do hinduísmo, como movimento Hare Krishna, Meditação Transcendental, e outras. Todas elas são adeptas do reencarnacionismo.

VIII – Declaração Comprometedora

Declara Allan Kardec que: Um direito imprescritível é o direito de exame e de crítica, do qual o espiritismo não tem a pretensão de eximir-se, assim como não tem a de satisfazer a todos. Cada um é livre para aceitá-lo ou rejeitá-lo, mas depois de discuti-lo com conhecimento de causa… Para saber qual a parte de responsabilidade que cabe ao espiritismo em dada circunstância há um meio bem simples: inquirir de boa fé, não dos adversários, mas na própria fonte, o que ele aprova e o que condena. E isto é fácil porque ele nada tem de secreto. Seus ensinamentos são divulgados e todos podem examiná-los (“Obras Póstumas”, Opus Editora Ltda., p. 1127, 28, 2ª edição, 1985).

É justamente o que pretendemos fazer: analisar as doutrinas espíritas à luz da Bíblia Sagrada, nos dirigindo principalmente aos livros de autoria de Allan Kardec, que constituem a base do espiritismo.

IX – Doutrina Espírita

Define-se como doutrina espírita o conjunto de princípios básicos, codificados por Allan Kardec, que constituem o espiritismo. Estes princípios estão contidos nas obras fundamentais, que são: “O Livro dos Espíritos”, “O Que É o Espiritismo”, “O Livro dos Médiuns”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Céu e o Inferno”, “A Gênese” e “Obras Póstumas”.

X – O Que É um Espírita

Allan Kardec define como espírita todo aquele que crê nas manifestações dos espíritos (“O Livro dos Médiuns”, p. 44, 20ª edição). Com essa definição, embora não agrade aos espíritas kardecistas, não podem negar que os chamados cultos afro-brasileiros integram tal prática, portanto podem ser também reconhecidos como espíritas. São considerados como integrantes do baixo espiritismo.

XI – Espiritismo É Religião?

Como acontece com outras organizações religiosas que não querem assumir seu caráter de religião, o espiritismo, a princípio, nega essa sua condição de entidade religiosa:

O espiritismo é, antes de tudo, uma ciência, e não cuida de questões dogmáticas.

 Melhor observado depois que se generalizou, o espiritismo vem derramar luz sobre um grande número de questões, até hoje insolúveis ou mal compreendidas. Seu verdadeiro caráter é, portanto, o de uma ciência e não de uma religião (“O Que É o Espiritismo”, p. 294, Opus Editora Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Em lugares novos, onde os espíritas começam a penetrar, a primeira coisa que propagam é dizer que o espiritismo não é religião.

Depois, tiram a máscara e identificam-se como religião:

O espiritismo foi chamado a desempenhar um papel imenso na Terra. Reformará a legislação tantas vezes contrária às leis divinas; retificará os erros da História; restaurará a religião do Cristo, que nas mãos dos clérigos se transformou em comércio e tráfico vil; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai direto a Deus, sem se deter às abas de uma sotaina ou nos degraus de um altar (“Obras Póstumas. Obras Completas.” Editora Opus, p. 1206, 2ª edição especial).

Aproxima-se a hora em que terás de declarar abertamente o que é o espiritismo e mostrar a todos onde está a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. A hora em que, à face do Céu e da Terra, deverás proclamar o espiritismo como única tradição realmente cristã, a única instituição verdadeiramente divina e humana (“Obras Póstumas. Obras Completas.” Editora Opus, 2ª edição especial, p. 1210) (destaques nossos).

O espiritismo reivindica ser uma religião. Afirma ser a verdadeira religião, superior a todas as outras, ainda que alguns de seus adeptos aleguem que o espiritismo seja uma filosofia ou ciência.

O Cristianismo tem seus fundamentos históricos e doutrinários baseados na Bíblia. Qualquer movimento religioso que alegue ser cristão deve ter seus ensinos confrontados com a Palavra de Deus para se verificar a veracidade dos mesmos e se, de fato, podem ser chamados cristãos.

XII – A Falaciosa Propaganda Espírita

O espiritismo arroga para si a condição de ser autêntico Cristianismo. Será?

A doutrina espírita nos ensina a praticar o Cristianismo em sua forma mais pura e simples, assim, o espírita procura ser um bom cristão. Ele sente que precisa combater seus próprios defeitos e praticar os ensinamentos de Jesus (“O Espiritismo em Linguagem Fácil”, p. 61).

Resposta apologética:

Para praticar o Cristianismo em sua forma mais pura e simples, em primeiro lugar seria preciso que o espiritismo tivesse sua base na Bíblia e suas crenças fossem as mesmas do Cristianismo histórico. Não é o caso. Daí porque o espiritismo usa uma falsa propaganda ao fazer afirmações como as citadas e como outras, entre as quais destacamos:

É preciso que nos façamos entender. Se alguém tem uma convicção bem assentada sobre uma doutrina, ainda que falsa, é necessário que o desviemos dessa convicção, porém, pouco a pouco, eis porque nos servimos, quase sempre, de suas palavras e damos a impressão de partilhar de suas idéias, a fim de que ele não se ofusque de súbito e deixe de se instruir conosco. (Destaque nosso).

Então, o texto citado afirma que Allan Kardec recomenda:

Primeiro: nos servimos… de suas palavras…

Segundo: damos a impressão de partilhar de suas idéias…

Com que propósito? a fim de que ele não se ofusque de súbito e deixe de se instruir conosco…

ELOGIOS A JESUS CRISTO

Assim, para atingir seu objetivo, o espiritismo elogia Jesus Cristo dizendo:

Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e de modelo? “Jesus”

Em seguida, segue-se uma declaração de Allan Kardec, nos seguintes termos:

Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado pelo Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na terra. (Destaque nosso).

Qual o cristão que não concordaria com essas declarações sobre Jesus e seus ensinos? Encontramos aprovação bíblica para essas declarações em Hebreus 7.26; Mateus 3.16-17.

Mas, logo em seguida, coloca na boca dos espíritos as seguintes palavras que contradizem a posição antes adotada com relação à pessoa e aos ensinos de Jesus.

Se Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, que utilidade têm os ensinamentos dos espíritos? Poderão eles ensinar alguma coisa além do que ensinou Jesus?

Os ensinamentos de Jesus eram freqüentemente alegóricos e na forma de parábolas, dado que ele falava de acordo com a época e os lugares. Hoje, é preciso que a verdade seja inteligível para todos, razão por que é preciso explicar e desenvolver esses ensinamentos, tão poucos são os que os compreendem e ainda menos os que o praticam. Consiste nossa missão em abrir os olhos e os ouvidos a todos, para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas, esses que exteriormente se revestem das aparências da virtude e da religião para melhor ocultarem suas torpezas (“O Livro dos Espíritos, p 172, Obras Completas, Editora Opus, 2ª edição especial).

Resposta Apologética:

Com essa explicação dada pelos espíritos, Kardec se vê com o direito de remover da Bíblia tudo quanto a Bíblia mesma diga contra as práticas e ensinos do espiritismo. O que for contra o espiritismo pode-se alegar, com muita propriedade, que fazia parte dos ensinos parabólicos ou alegóricos de Jesus.

Enquanto os espíritas se baseiam no ensino dos espíritos, os cristãos se baseiam na Bíblia Sagrada.

Um eminente espírita assim se pronuncia sobre a Bíblia:

Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. Não rodopia junto à Bíblia. Mas a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo. A Bíblia não pode ser razão de peso contra o ensino dos espíritos (“À Margem do Espiritismo”, pp. 214, 227, Carlos Embassahy).

Allan Kardec opina sobre a Bíblia afirmando: Todos os escritos posteriores, sem excetuar os de São Paulo, são nem podem deixar de ser, apenas comentários ou apreciações, reflexos de opiniões pessoais, muitas vezes contraditórias, que não poderiam, em caso algum, ter a autoridade de um relato dos que haviam recebido as instruções diretamente do Mestre (“Obras Póstumas”, p. 1170. Opus Editora Ltda., 2ª edição especial, 1985). E nós? Temos a Bíblia como regra de fé e conduta para a vida e o caráter do cristão (1 Ts 2.13; 2 Tm 3.15-17; 2 Pe 1.20-21). Negam eles as demais doutrinas cristãs, principalmente nossa redenção por Cristo. O credo espírita é negativista em face das doutrinas cristãs, pois nega a ressurreição corporal de Jesus e da humanidade, nega os milagres de Jesus, nega a Trindade, nega a deidade absoluta de Jesus, nega a Personalidade do Espírito Santo, nega a existência dos anjos, nega a existência do diabo e dos demônios, nega a existência do céu e do inferno, nega o pecado original, nega a unicidade da vida terrestre. Poderiam, realmente, os espíritas ser classificados como cristãos? A resposta é óbvia: não!

XIII – A Terceira Revelação

Não obstante a disparidade entre as crenças espíritas e crenças cristãs, alegam os espíritas que eles surgiram na História como a terceira revelação de Deus aos homens.

A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento a tem no Cristo. O espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, mas pelos espíritos, que são as vozes do céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma legião inumerável de intermediários (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 550. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

XIV – Allan Kardec

Foi, em Lyon, na França que, no dia 3 de outubro de 1804, nasceu aquele que mais tarde devia ilustrar o pseudônimo de Allan Kardec (“Obras Completas” –Editora Opus, p. 1, 2ª edição especial, 1985).

Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu às 19 horas, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail, magistrado, juiz, e Jeanne Duhamel, sua esposa, moradores de Lyon, rua Sala, 76 (“Obras Completas.” Allan Kardec. Editora Opus, p. 1).

Seus primeiros estudos foram feitos na sua terra natal e completou a sua bagagem escolar na cidade de Yverdun (Suíça), onde estudou sob a direção do famoso mestre Pestalozzi, de quem recebeu grande influência. Inúmeras vezes, quando Pestalozzi era solicitado pelos governos, para criar institutos como o de Yvernun, confiava a Denizard Rivail o trabalho de substituí-lo na direção da escola. Bacharelou-se em letras e ciências e doutorou-se em Medicina, após completar todos os estudos médicos e defender brilhantemente sua tese. Conhecia e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano, o espanhol; tinha conhecimentos também do holandês e com facilidade podia expressar-se nesta língua. Foi isento do serviço militar e, depois de dois anos, fundou, em Paris, na rua Sèvres 35, uma escola idêntica à de Yverdun. Fizera sociedade com um tio, para esse empreendimento, irmão de sua mãe, o qual entrava como sócio capitalista. Encontrou destaque no mundo das letras e do ensino ao qual frequentava, em Paris, vindo a conhecer a senhorita Amélie Boudet, a qual conquista o seu coração. Ela era filha de Julien Louis Boudet, antigo tabelião e proprietário, e de Julie Louise Seigneat de Lacombe. Amélie nasceu em Thias (Sena), em 23 de novembro de 1875. Denizard Rivail casa-se com ela no dia 6 de fevereiro de 1832. A senhorita Amélie Boudet era nove anos mais velha do que Rivail. Seu tio, que era sócio na escola que fundaram, era dominado pelo jogo levando essa instituição à falência. Fechado o instituto, Rivail liquidou as dívidas, fazendo a partilha do restante, recebendo cada um a quantia de 45 mil francos. O casal Denizard aplicou suas rendas no comércio de um dos seus amigos mais íntimos. Este realizou maus negócios, indo outra vez à falência, nada deixando aos credores. Rivail trabalhando duro, aproveitava a noite para escrever sobre gramática, aritmética, livros para estudo pedagógicos superiores; ao mesmo tempo traduzia obras inglesas e alemãs. Em sua casa organizava cursos gratuitos de química, física, astronomia e anatomia. Escreveu: “Curso Prático e Teórico de Aritmética”, segundo o Método de Pestalozzi, com modificações, dois tomos em 1824; “Plano proposto para a melhoria da educação pública”, que assina como discípulo de Pestalozzi e em que expõe processos pedagógicos avançados em 1828. Escreveu os seguintes livros: “Qual o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da época?”, “Memória sobre estudos clássicos”, premiado pela Academia Real das Ciências, de Arras, em 1831; “Gramática francesa clássica” em 1831; “Manual dos exames para os certificados de habilitação: soluções racionais das perguntas e dos problemas de Aritmética e de Geometria”, em 1846; “Catecismo gramatical da língua francesa” em 1848; “Programa dos cursos ordinários de Química, Física, Astronomia e Fisiologia” em 1849; “Ditados normais (pontos) para exames na Municipalidade (Hotel-de-Ville) e na Sorbonne” (1849), obra escrita com a colaboração de Lévi-Alvarès. Escreveu ainda: “Questionário gramatical, literário e filosófico”, em colaboração com Lévi-Alvarès. Segundo informa André Moreil, várias de suas obras são adotadas pela Universidade da França. Era membro de inúmeras sociedades de sábios, especialmente da Academia Real d’Arras.

XV – A Primeira Iniciação de Rivail no Espiritismo

Ainda jovem, no ano de 1823, Denizard Rivail demonstrava grande interesse pelo magnetismo animal, um movimento da época chamado também de mesmerismo, porque fora criado pelo médico alemão Francisco Antonio Mesmer (1733-1815), que morava em Paris desde 1778. No ano de 1853, quando as mesas girantes e dançantes vindas dos Estados Unidos invadiram a Europa, os adeptos do mesmerismo ou magnetistas de Paris logo quiseram explicar com suas teorias magnéticas este curioso fenômeno. No final do ano de 1854, o magnetista Fortier notificou a Rivail o fenômeno das mesas dançantes que se comunicavam, dizendo-lhe: Sabe o senhor da singular propriedade que acabam de descobrir no magnetismo? Parece que não são unicamente os indivíduos que magnetizam, mas também as mesas, que podemos fazer girar e andar a vontade. No ano de 1855, encontrou o Sr. Carlotti, um antigo amigo seu que tornou a lhe falar desses fenômenos cerca de uma hora com muito entusiasmo, o que lhe fez despertar novas idéias. No fim da conversa disse-lhe: Um dia serás um dos nossos. Respondeu-lhe: Não digo que não. Veremos mais tarde (“Obras Póstumas. Obras Completas.” Editora Opus, p. 1160, 2ª edição especial, 1985).

Em maio de 1858, Rivail foi à casa da Sra. Roger, encontrando com o Sr. Fortier, seu magnetizador. Estavam presentes ali o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison que explicaram a ele aquelas manifestações. Rivail foi convidado a assistir às experiências que se realizavam na casa da Sra. Plainemaison, na rua Gange-Batelière, nº 18. O encontro foi marcado para terça-feira às oito horas da noite. Foi ali pela primeira vez que Rivail presenciou o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não houve mais dúvida nele. Numa das reuniões da Sra. Plainemaison, Rivail conheceu a família Baudin, que morava na rua Rochechouart, que o convidou para ir a sua casa para assistir às sessões semanais que se realizavam ali. Ele aceita o convite e, desde então, Rivail passa a ser muito assíduo à reuniões (“Obras Completas”, p. 1160).

Uma noite, por intermédio de um médium, seu espírito pessoal lhe revelou que eles haviam vivido juntos em outra existência, no tempo dos Druidas, nas Gálias, e que seu nome era Allan Kardec (“Obras Completas.” Editora Opus, 2ª edição, 1985 p. 1). Em 1856, Kardec freqüentava sessões espíritas que eram feitas na rua Tiquetone, na residência do Sr. Roustan e da Srta. Japhet. No dia 25 de março deste ano, na casa do Sr. Baudin, sendo médium uma de suas filhas, Rivail aceita a revelação de ter como guia um espírito familiar chamado: A Verdade. Depois ficará sabendo que se trata do Espírito Santo, o Espírito da Verdade, que Jesus havia prometido enviar.

Reuniu todas as informações que tinha sobre o espiritismo e codificou uma série de leis, publicando no dia 18 de abril de 1857 uma obra com o nome de: Le Livre des Espirits (“O Livro dos Espíritos”). Este livro alcançou grande repercussão, esgotando rapidamente a primeira edição. Allan Kardec fê-la reeditar no ano de 1858, neste mesmo ano em janeiro ele publica a Revue Spirite (“Revista Espírita”), o primeiro órgão espírita da França, e cuja existência ele assim justificou: Não se pode contestar a utilidade de um órgão especial, que mantenha o público a par desta nova ciência e o premuna contra os exageros, tanto da credulidade excessiva, como do ceticismo. É essa lacuna que nos propusemos preencher com a publicação desta revista, no intuito de oferecer um veículo de comunicação a todos aqueles que se interessam por essas questões e de vincular por um laço comum aqueles que compreendem a doutrina espírita sob seu verdadeiro ponto de vista moral, ou seja, a prática do bem e da caridade evangélica para com o próximo (“Espiritismo Básico.” Pedro Franco Barbosa, 2ª edição, FEB, p. 53).

E em 1º de abril funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.

Editou ainda outros livros: “O Livro dos Médiuns”, que surgiu na primeira quinzena de janeiro de 1861, considerado como a obra mais importante sobre a prática do espiritismo experimental. Em 1862, publicou “Uma Refutação de Críticas contra o Espiritismo”; em abril de 1864, “Imitação do Evangelho Segundo o Espiritismo”, que mais tarde foi alterado por o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, com explicações das parábolas de Jesus, aplicação e concordância da mesma com o espiritismo. Kardec interpreta os sermões e as parábolas de Jesus, fazendo de maneira que concordem com seus ensinos e com as crenças espíritas e animistas que sempre existiram. Em 1º de agosto de 1865, lançou nova obra com o título de “O Céu e o Inferno” ou a “Justiça Divina Segundo o Espiritismo”; em janeiro de 1868, a “Gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo”, com a qual completa a codificação da doutrina espírita e o nome de Allan Kardec passa a figurar no Novo Dicionário Universal, de Lachâtre, como filósofo.

Hippolyte Léon Denizard Rivail – Allan Kardec – morreu em Paris, na rua Santana, 25 (Galeria Santana, 59), no dia 31 de março de 1869, com 65 anos de idade, sucumbindo pela ruptura de um aneurisma. A senhora Rivail contava com 74 anos quando seu esposo morreu. Sobreviveu até 1883, morrendo em 21 de janeiro, com a idade de 89 anos sem deixar herdeiros diretos.

XVI – Léon Denis, o Consolidador

Diz J. Herculano Pires, no prefácio do livro “Vida e Obra de Léon Denis”, de Gastão Luce (Edicel, SP):

Léon Denis foi o consolidador do espiritismo. Não foi apenas o substituto e continuador de Allan Kardec, como geralmente se pensa. Denis tinha uma missão quase tão grandiosa quanto a do Codificador. Cabia-lhe desenvolver os estudos doutrinários, continuar as pesquisas mediúnicas, impulsionar o movimento espírita na França e no mundo, aprofundar o aspecto moral da doutrina e, sobretudo, consolidá-la nas primeiras décadas do século.

Nessa nova Bíblia (o espiritismo) o papel de Kardec é o de sábio e o papel de Denis é o de filósofo.

Nasceu em 1º de janeiro de 1846, em Foug, na Lorena francesa, e morreu em Tours, em 12 de abril de 1927, com a idade de 81 anos incompletos. Seus pais foram Anne-lucie e o mestre de pedreiro e ferroviário Joseph Denis.

Cursou as primeiras letras em Estrasburgo, mas interrompe os estudos para ajudar o pai, funcionário da Casa da Moeda; retorna em Bordéus, mas de novo os abandona para auxiliar o genitor, que agora serve na estrada de ferro de Moux; depois, em Tours, onde trabalha carregando cerâmica e estuda à noite. Dedica-se ao desenho, à geografia e à contabilidade. Preocupado com as questões filosóficas e religiosas, estuda com grande interesse a História e as Ciências Sociais, conhecimentos que aprofunda graças às numerosas viagens que faz pela França, Itália, Suíça, Espanha, Inglaterra e África (Tunísia). Seu encontro com o espiritismo se deu quando Léon tinha 18 anos de idade, lendo o “Livro dos Espíritos”.

Serviu como tenente na guerra de 1870, desastrosa para a França, e convidado para a vida política recusou, como também não se casou, pois entendia que seu tempo devia ser todo dedicado à doutrina, à sua missão, da qual os espíritos sempre lhe falavam.

Denis se encontrou algumas vezes com Allan Kardec e, como médium vidente e psicógrafo, recebia mensagens de Sorella (Joana D’arc), do Espírito Azul e de Jerônimo de Praga. Escreveu vários livros, entre eles:

“O Progresso” (conferências);

“O Por que da Vida”, (1885);

“Depois da Morte”;

“Cristianismo e Espiritismo” (1889);

“No Invisível” (1903);

“O Problema do Ser, do Destino e da Dor”;

“A Verdade sobre Joana D’arc” (1912);

“O Grande Enigma”;

“Resposta de um Velho Espírita a um Doutor em Letras, de Lyon”;

“O Mundo Invisível e a Guerra” (1919);

Participou de inúmeros congressos espiritualistas mundiais como:

Congresso Espiritualista Internacional de 1889, realizado no mês de setembro, em Paris; Congresso Internacional de 1900, realizado também em Paris, no mês de setembro, do qual Léon Denis foi nomeado presidente efetivo; Congresso de Liège, na Bélgica, realizado em 1905, cuja presidência de honra coube a Denis; Congresso Espírita Universal de Bruxelas, realizado de 14 a 18 de maio de 1910, ao qual Denis compareceu como delegado da França e do Brasil; Congresso de Genebra (II Congresso Espírita Universal), realizado em 1913, em maio, do qual participaram Denis e Gabriel Delanne; III Congresso Espírita Internacional, realizado em 1925, em Paris, de que foi presidente, aos 80 anos de idade, a pedido de seus guias espirituais, Jerônimo de Praga e Joana D’arc.

XVII – Visão Espírita da Bíblia

Allan Kardec arroga ao espiritismo a condição de ser a terceira revelação de Deus, que vem completar a revelação inicial dada a Moisés com o Antigo Testamento, depois por meio de Jesus com o Novo Testamento e, por fim, como a consumação pelos espíritos:

Aproxima-se a hora em que deverás apresentar o espiritismo tal como é, demonstrando abertamente onde se encontra a verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo (“Obras Póstumas. Obras Completas.” Editora Opus, p. 1178) (destaque nosso).

A Lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento a tem no Cristo. O espiritismo é a terceira revelação da Lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, mas pelos espíritos, que são as vozes do céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma legião inumerável de intermediários (“Evangelho Segundo o Espiritismo. Obras Completas.” Editora: Opus, p. 534). (Destaque nosso).

A Primeira Revelação era personificada em Moisés; a Segunda, no Cristo; a Terceira não o é em indivíduo algum. As duas primeiras são individuais. A terceira coletiva; aí está uma característica essencial e de grande importância (“A Gênese. Obras Completas.” Editora Opus, p. 888).

No Livro “Evangelho Segundo o Espiritismo”, Allan Kardec escreveu que: O Cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa (“Evangelho Segundo o Espiritismo. Obras Completas.” Editora Opus, p. 1178).

Se o espiritismo ensina as mesmas doutrinas que o Cristianismo, é de se esperar que os seus ensinamentos concordem com as palavras de Jesus e dos apóstolos. A melhor maneira de verificar essa afirmação é conferir o que diz o espiritismo e o que ensina a Bíblia. Como Kardec expressou que o espiritismo é uma revelação que procede de Deus, então essa revelação deve confirmar o que fora revelado pelas duas anteriores. Vejamos o que Kardec diz a respeito da Bíblia:

A Bíblia contém evidentemente fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não pode hoje aceitar, e outros que parecem singulares e que repugnam, por se ligarem a costumes que não são mais os nossos. A ciência levando as suas investigações desde as entranhas da terra até às profundezas do céu demonstrou, portanto, inquestionavelmente os erros da Gênese mosaica, tomada ao pé da letra, e a impossibilidade material de que as coisas se passassem conforme o modo pelo qual estão aí textualmente narradas, dando por essa forma profundo golpe nas crenças seculares (“A Gênese. Obras Completas.” Editora: Opus, p. 911). (Destaque nosso).

Léon Denis, o filósofo do espiritismo, expressou sua opinião sobre a Bíblia assim: ...não poderia a Bíblia ser considerada a palavra de Deus, nem uma revelação sobrenatural (“Cristianismo e Espiritismo.” Léon Denis. FEB, 7ª edição, p. 267).

Todas as verdades se encontram no Cristianismo. Os erros que nele se arraigam são de origem humana (“O Evangelho Segundo o Espiritismo. Obras Completas.” Editora: Opus, p. 564).

Com essas declarações do próprio codificador do espiritismo a respeito da Bíblia, verifica-se que o espiritismo ensina o oposto do Cristianismo.

Resposta apologética

Toda Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra (2 Tm 3.16-17).

Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido (Mt 5.18).

Como lemos, o espiritismo, através de duas de suas maiores autoridades, nega a revelação divina das Escrituras, colocando-as ao nível de uma mera compilação de fatos históricos e lendários. Os espíritas quando querem dizer que são cristãos, usam as Escrituras, citando-as como lhes convém para apoiar suas teorias espíritas. A Bíblia passa a ser então apenas obra de consulta, não faz diferença se é ou não a Palavra de Deus, desde que possam usá-la como desejam.

Carlos Imbassahy declara:

Em matéria de escritura, os espíritas, no que se referem, é tão unicamente aos Evangelhos. Não os apresentam, porém, como prova, senão como fonte de luz subsidiária, elemento de reforço (p. 126). Pois, nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do Cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas Escrituras… a nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo (“À Margem do Espiritismo”, p. 219).

O próprio Allan Kardec reconhece que, quando necessário, o espiritismo utiliza a linguagem de outras crenças com o propósito de ganhar adeptos:

É preciso que nos façamos entender. Se alguém tem uma convicção bem assentada sobre uma doutrina, ainda que falsa, é necessário que desviemos dessa convicção, porém pouco a pouco; eis por que nós nos servimos, quase sempre, de suas palavras e damos a impressão de partilhar de suas idéias, a fim de que ele não se ofusque de súbito e deixe de se instruir conosco (“O Livro dos Médiuns. Obras Completas.” Editora: Opus, p. 481, 2ª edição, 1985). Fica evidente, que o espiritismo, ao mesmo tempo em que alega ser cristão, nega a Palavra de Deus, a base do Cristianismo, e também que os expositores e defensores do espiritismo ora apelam para a Bíblia em busca de apoio, ora negam firmemente que ela tenha valor para sua fé, como lemos nas declarações acima. O Senhor Jesus e os apóstolos Pedro e Paulo afirmaram repetidamente a inspiração divina das Escrituras, reconhecendo-as como Palavra de Deus para a salvação da Humanidade, infalível em seu conteúdo.

XVIII – Ensinamentos Espíritas Sobre Deus

A doutrina espírita sobre Deus é ambígua, ora assumindo aspectos deístas, ora aspectos panteístas, ora confundindo-se com o Cristianismo histórico. No “Livro dos Espíritos”, Allan Kardec responde à pergunta sobre o que é Deus com a seguinte assertiva: Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas (“O Livro dos Espíritos – Obras Completas.” Editora Opus, p. 50, 2ª edição especial, 1985). A fim de explicar a existência de Deus, ele se vale da argumentação clássica do deísmo, de que não há efeito sem causa. Apela também para o sentimento intuitivo que todos os homens carregam em si mesmos da existência de Deus (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas”. Editora Opus, p. 51, 2ª edição especial, 1985).

De acordo com a concepção deísta, Deus teria criado o universo e depois se retirado dele, deixando-o entregue à ação das leis físicas que, desde então, o governam, como se o universo fosse um grande relógio. Deus seria, portanto, a causa primária do universo, porém não está imanente nele; qualquer contato com a divindade é impossível.

Por outro lado, o próprio Kardec afirma que: Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas.” Editora Opus, p. 52, 2ª edição especial, 1985). Este conceito que Kardec declara acerca de Deus concorda com o que o Cristianismo reconhece como alguns atributos de Deus. Porém, o fato de uma determinada religião ou seita ter pontos em comum com o Cristianismo bíblico não é suficiente para que lhe seja conferido o título de cristã.

Kardec, algumas vezes, declara-se contra o panteísmo dizendo que: a inteligência de Deus se revela nas suas obras, como a de um pintor no seu quadro; mas as obras de Deus não são o próprio Deus, como o quadro não é o pintor que concebeu e executou (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas.” Editora Opus, p. 53, 2ª edição especial, 1985).

Todavia, em outros lugares, Kardec faz declarações panteístas, por exemplo, que estão mergulhados no fluído divino (“A Gênese. Obras Completas.” Editora Opus, p. 902, 2ª edição especial, 1985). Para ele a matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos. O princípio vital retorna à massa de onde saíra (“O Livro dos Espíritos. Obras Completas.” Editora Opus, p. 63, 2ª edição especial, 1985).

XIX – Ensinamento Espírita Acerca de Jesus

Negam a deidade absoluta de Jesus Cristo:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus… Primeiramente, é preciso notar que as palavras citadas acima são de João e não de Jesus. Admitindo-se que não tenham sido alteradas, não exprimem, na realidade, senão uma opinião pessoal, uma indução que deixa transparecer o misticismo habitual, contrário às reiteradas afirmações do próprio Jesus (“Obras Póstumas, Obras Completas.” Editora Opus, p.1182, 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética

Reiterando sua posição de não aceitaram a Bíblia como a inspirada Palavra de Deus (2 Timóteo 3.16), opina o espiritismo que João 1.1 não são palavras de Jesus, mas apenas de João, o evangelista escritor. E daí? Se ele escreveu por inspiração divina, a sua declaração quanto a João 1.1 deve ser aceita. João mostra no seu Evangelho várias vezes os judeus dispostos a matar a Jesus (Jo 5.18; 10.30-33) e, principalmente, João 8.58 (comparado com Êx 3.14), quando Jesus se identificou como o Eu Sou desta última passagem. Considerem-se mais os seguintes registros bíblicos:

Jesus perdoa pecados, atribuição exclusiva de Deus (Is 43.25 comparado a Mc 2.1-12);

Aceita adoração, atitude exclusiva a se prestar a Deus (Mt 4.10 comparado a Mt 8.1-2; 14.33; 15.25; 28.9,17; Hb 1.6);

Foi chamado abertamente de Deus, sem que se opusesse a tal declaração (Jo 20.28). O mesmo escritor do evangelho de João o identifica como Deus verdadeiro (1 Jo 5.20).

XX – Respostas Apologéticas às Objeções Espíritas Contra a Deidade Absoluta de Jesus Cristo

  1. a) Em nenhuma parte do Novo Testamento encontramos Jesus afirmando formalmente que era Deus.

Resposta Apologética:

O que Jesus nunca disse foi: Eu sou Deus Pai. Repete várias vezes ser Filho de Deus e igual a Deus (João 5.16-18; 8.58; 10.30-33).

b)Jesus mesmo declarou que é inferior ao Pai (João 14.28).

Resposta Apologética:

Em Cristo havia duas naturezas perfeitas: divina e humana: 100% Deus e 100% homem. Jesus é verdadeiramente Deus (e como tal pode dizer – João 14.8-10 – Quem me vê a mim vê o Pai...); e verdadeiro homem. Como homem, é menor do que o Pai (e como tal disse: o Pai é maior do que eu).

c)Jesus falava do Pai que o havia enviado. Quem envia é maior, superior.

Resposta Apologética:

Teimam os espíritas em ignorar que Jesus tinha também uma natureza humana verdadeira e completa, na qual era evidentemente inferior à natureza divina. Na sua preexistência existia como Deus (Fp 2.6). Não se apegando a essa forma de viver como Deus, tomou a forma humana (Fp 2.7-8). E nessa condição foi feito menor do que os anjos (Hb 2.9). Numa das suas orações assim se pronunciou: E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse (Jo 17.5).

d)Se Jesus ao morrer entrega sua alma nas mãos de Deus, é que ele tinha uma alma distinta da de Deus, subordinada a Deus e, portanto, ele não era Deus (“Obras Póstumas”, p. 1146, Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Não negamos que tinha uma verdadeira alma humana distinta de Deus e submissa, mas daí não segue que não era Deus.

e) Negam a ressurreição corporal de Jesus

Depois do suplício de Jesus, o seu corpo ficou lá inerte e sem vida; foi sepultado como os corpos comuns, e todos puderam vê-lo e tocá-lo. Depois da ressurreição, quando quis deixar a Terra, não tornou a morrer; seu corpo elevou-se, apagou-se e desapareceu, sem deixar vestígio algum – prova evidente de que morrera na cruz… Jesus teve, pois, como toda a gente, um corpo carnal e um corpo fluídico… (“A Gênese”, pp. 1054, 1055. Editora Opus Ltda., 2ª Edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Negar a ressurreição corporal de Jesus é pregar outro evangelho (1 Co 15.3-6). Paulo chega a afirmar que uma organização religiosa que nega a ressurreição corporal de Jesus é uma religião inútil, sem valor (1 Co 15.14-17); é pregar outro evangelho anatematizado Gl 1.8-9).

Por outro lado, as provas da ressurreição corporal de Jesus são abundantes (At 1.3):

a) Afirmou em vida que haveria de ressuscitar corporalmente (Jo 2.19-22);

b) O corpo de Jesus não foi encontrado no túmulo, quando visitado pelas mulheres (Lc 24.1-3);

c) O testemunho dos anjos dado às mulheres de que Jesus ressuscitara, quando estavam no sepulcro à procura do seu corpo, para derramar perfumes (Lc 24.4-6);

d) Sua aparição várias vezes depois de ressuscitado afirmando que um espírito não tinha carne e ossos como Ele tinha. Mesmo diante de Tomé que duvidara da sua ressurreição, foi convidado para tocá-lo e confirmar que tinha carne e ossos (Lc 24.36-41; Jo 20.19-21, 25-28; Mc 16.9);

e) Depois de ressuscitado, permaneceu cerca de 40 dias com eles, dando provas infalíveis da sua ressurreição. Em seguida se despediu deles e ascendeu vitoriosamente ao céu (At 1.9-11).

f) Negam nossa redenção por Cristo

Léon Denis, o segundo na hierarquia espírita depois de Kardec, declarou blasfemamente: Não, a missão de Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo (“Cristianismo e Espiritismo”, 7ª edição, 1978 – p. 86).

Resposta Apologética:

Paulo, em 1 Coríntios 15.3-4, afirma que a missão de Jesus Cristo a este mundo foi a de salvar e por isso morreu por nós pecadores. Assim, a Bíblia é clara ao declarar que:

a) O seu nome (Jesus) indicaria sua missão: salvar (Lc 2.10-11);

b) Jesus declarou que essa era sua missão aqui na terra (Mt 20.28; Lc 19.10);

c) Paulo afirma que a nossa redenção é feita por Cristo e que seu sangue nos purifica do pecado (Ef 1.7; Rm 4.25; 1 Tm 1.15);

d) Pedro acentua em sua carta esse ensino (1 Pe 1.18-19; 2.24);

e) João, o apóstolo, repete o mesmo em 1 João 1.7-9; 2.12. No Apocalipse João descreve uma multidão no céu e todos tinham lá chegado pela redenção realizada por Cristo mediante sua morte na cruz Ap 7.9-14; 19.1-2).

XXI – Respostas Apologéticas de Falsos Ensinamentos Espíritas

a) Negam a existência do Céu como lugar de felicidade

A felicidade dos espíritos bem-aventurados não consiste na ociosidade contemplativa, que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade (“O Céu e o Inferno”, p. 722. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Em que se deve entender a palavra céu? Achais que seja um lugar, como aglomerados, sem outra preocupação que a de gozar, pela eternidade toda, de uma felicidade passiva? Não; é o espaço universal; são os planetas, as estrelas (“ O Livro dos Espíritos”, p. 250. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Os espíritas zombam da idéia do céu como lugar de felicidade eterna. Costumam citar João 14.2: Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E dizem: A casa de meu Pai é o Universo; as diversas moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem estâncias adequadas ao seu adiantamento (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 556. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

O texto citado de João 14.2 conclui da seguinte forma: vou preparar-vos lugar; e no versículo 3 afirma: para que onde eu estiver estejais vós também.

Ora, daí se nota que, primeiro, o céu é um lugar e, segundo, os que pertencem a Jesus estarão no mesmo lugar onde Jesus foi. E sabemos que Ele foi para o céu e sentou-se à direita de Deus (Mc 16.19; Hb 8.1; Ap 3.21). Jesus prometeu mais que os seus estariam onde Ele estivesse (Jo 17.24). Paulo falou da sua esperança celestial (Fp 3.20-21); o mesmo falou Pedro (1 Pe 1.3).

b) Negam o inferno como lugar de tormento eterno e consciente

(Jesus) Limitou-se a falar vagamente da vida bem-aventurada, dos castigos reservados aos culpados, sem referir-se jamais nos seus ensinos a castigos corporais, que constituíram para os cristãos um artigo de fé (“O Céu e o Inferno”, p. 726. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Jesus não falou vagamente sobre os castigos reservados aos culpados. Falou claramente em Mateus 25.41, 46 sobre o sofrimento eterno dos injustos. Neste último versículo, Jesus declarou que a duração da felicidade dos justos é igual à duração do castigo dos injustos: E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna. Outros textos onde Jesus empregou palavras que indicam duração sem fim do castigo reservado aos ímpios (Mateus 5.22-29; 10.28; 13.42, 49-50; Mc 9.43-46; Lc 6.24; 10.13-15; 12.4-5; 16.19-31). Nos textos citados aparecem as expressões tais como:

a) suplício eterno;

b) fogo eterno;

c) fogo inextinguível;

d) onde o bicho não morre e o fogo não se apaga;

e) trevas exteriores;

f) choro e ranger de dentes.

c) Negam a existência do diabo e demônios como pessoas reais espirituais

Satã, segundo o espiritismo e a opinião de muitos filósofos cristãos, não é um ser real; é a personificação do mal, como nos tempos antigos Saturno personificava o tempo (“O Que é o Espiritismo”, p. 297. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Há demônios, no sentido que se dá a essa palavra? Se houvesse demônios, seria obra de Deus. E Deus seria justo e bom, criando seres, eternamente voltados ao mal? (“O Livro dos Espíritos”, pp. 72-74. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

A propósito de Satanás, é evidente que se trata da personificação do mal sob uma forma alegórica (“O Livro dos Espíritos”, p. 74. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Deus não criou um ser maligno, mas um anjo de luz que se transviou (Is 14.12-14; Ez 28.14-16); Jesus disse que ele não permaneceu na verdade (Jo 8. 44). Trata-se de uma personalidade real, pois:

a) É mencionado entre pessoas espirituais (Jó 1.6);

b) Conversou com Jesus no monte, tentando-o (Mt 4. 1-10);

c) É uma pessoa inteligente, que faz planos para ludibriar os outros (Jo 8.44; 1 Pe 5.8);

d) Está condenado ao fogo eterno (Ap 20.10).

d) Negam a ressurreição do corpo

Em que se torna o Espírito depois de sua última encarnação?

Em puro Espírito (“O Livro dos Espíritos”, p. 84. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

A ressurreição do corpo é uma doutrina enfatizada na Bíblia. Isaías que viveu cerca de 600 anos antes de Jesus, já afirmava no seu livro (26.19): Os teus mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho será como o orvalho das ervas, e a terra lançará de si os mortos.

Ainda no Antigo Testamento encontramos exemplos de ressurreição realizados por Elias e Eliseu (1 Rs 17.17-24; 2 Rs 4.32-37). Jesus falou da ressurreição futura de todos os mortos em João 5.28-29. Quando Lázaro morreu, sua irmã Marta revelou crer na ressurreição. Ao ouvir que Jesus se aproximava: Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia (João 11.21-24). O mesmo fez Paulo em Atos 24.15: Tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos. No Juízo Final, diante do trono branco, todos irão ressuscitar, até mesmo os mortos nos mares, para prestar contas a Deus de seus atos praticados no corpo: E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros… E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia… (Ap 20.11-15).

e) Negam a inspiração divina da Bíblia

A Bíblia contém evidentemente fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não pode aceitar, e outros que parecem singulares e que repugnam, por se ligarem a costumes que não são mais os nossos… A ciência, levando as suas investigações desde as entranhas da terra até as profundezas do céu, demonstrou, portanto, inquestionavelmente os erros da Gênese mosaica… Incontestavelmente, Deus que é a pura verdade, não podia conduzir os homens ao erro, consciente, nem inconscientemente, do contrário não seria Deus. Se, portanto, os fatos contradizem as palavras atribuídas a Deus, é preciso concluir logicamente que Ele as não pronunciou ou que foram tomadas em sentido contrário.(“A Gênese”, p. 936. Opus Ltda; 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

O espiritismo nega a criação do homem conforme descrita no livro de Gênesis 1.26-27 e 2.7. Acredita no evolucionismo. Por isto, admite que o registro bíblico não deve ser tomado literalmente, mas apenas em sentido figurado. Jesus reiterou a criação dos seres humanos, descrita em Gênesis 1.26-27, ao dizer: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez (Mt 19.4). Em Hebreus 11.3, lemos que: Pela fé entendemos que os mundos pela Palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. E, assim, outros textos confirmam a descrição do Gênesis (Sl 19.1; 24.1). Posto isto, aceitamos as declarações de 2 Timóteo 3.16-17 que toda a Bíblia é inspirada e é a inerrante Palavra de Deus (1 Ts 2.13). A ciência, na qual se baseia o espiritismo, está mudando de opinião freqüentemente, de modo que não pode ser levada a sério, pois não tem a última palavra.

f) Negam a doutrina da Trindade

Examinemos os principais dogmas e mistérios, cujo conjunto constitui o ensino das igrejas cristãs. Encontramos a sua exposição em todos os catecismos ortodoxos. Começa com essa estranha concepção do Ser divino, que se resolve no mistério da Trindade, um só Deus em três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Essa concepção trinitária tão obscura, incompreensível… (“Cristianismo e Espiritismo”, 7a edição 1978, p. 86).

Resposta Apologética:

Definindo a doutrina da Trindade apontamos a existência de um só Deus eternamente subsistente em três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Estas três pessoas constituem um só Deus, o mesmo em natureza, sendo as pessoas iguais em poder e glória.

Tal definição pode ser explanada e biblicamente provada seguindo três fatos:

  • a) Existe um só Deus (Dt 6.4; Is 43.10; 45.5-6). Trata-se de unidade composta como se lê em Gn 2.24 (serão dois uma só carne).
  • b) Esse único Deus é constituído de uma pluralidade de pessoas (Gn 1.26; 3.22; 11.7; Is 6.1-3,8), textos que empregam o verbo façamos, o pronome nossa e nós.

Isto pode ser visto ainda pela seguinte comparação entre as seguintes passagens:

  • Em Isaías 6.1-3, quando Isaías disse que viu o Senhor;
  • Em Jo 12.37-41, João disse que Isaías viu Jesus, quando viu o Senhor;
  • Em Is 6.8-9, se lê que o Senhor falou a Isaías. Ainda no versículo 8 se lê: A quem enviarei e quem irá por nós?
  • Em At 28.25, Paulo declara que quem falou a Isaías foi o Espírito Santo.
  • a) Há três Pessoas na Bíblia que são chamadas de Deus e que são eternas por natureza:
  • O Pai (2 Pe 1.17);
  • O Filho (Jo 1.1; 20.28; Rm 9.5; Hb 1.8)
  • O Espírito Santo (At 5.3-4).

O vocábulo Trindade foi usado pela primeira vez por Teófilo de Antioquia em 189 a.D. (no livro “Epístola a Autolycus” 2.15).

g) Negam os Milagres de Jesus

Convém, pois riscar os milagres do rol das provas em que pretendem basear a divindade do Cristo (“Obras Póstumas”, 1172. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Os espíritas negam a deidade absoluta de Jesus. Conseqüentemente, negam também os milagres arrolados na Bíblia. Para os espíritas, Jesus é apenas um médium.

Com isso Allan Kardec procura explicar os milagres atribuídos a Jesus, da forma como se fora um médium, que exibe poderes extra-sensoriais. Descreve e explica os milagres de Jesus.

h) Pesca Maravilhosa – Lucas 5.1-7

A pesca qualificada de miraculosa explica-se igualmente pela dupla vista, Jesus de modo algum produziu espontaneamente peixes onde os não havia; mas viu, como um vidente lúcido acordado, pela vista da alma, o lugar onde se achavam os peixes, e pôde dizer com segurança aos pescadores que lançassem ali as suas redes (“A Gênese”, p. 1036. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Ora, quando Jesus pediu a Pedro que lançasse as redes ao mar, Pedro muito naturalmente respondeu como pescador: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede (Lc 5.5). Não havia peixe. Foi sobre a autoridade da palavra de Jesus que a rede foi lançada. E, então, o milagre foi realizado. Jesus era onisciente, e não um vidente lúcido acordado, que pela vista da alma, pudesse ver o lugar onde se achavam os peixes. Ele viu Natanael debaixo da videira (Jo 1.48-51). Jesus não precisava receber referências sobre as pessoas. Conhecia-as todas (Jo 2.24-25).

i) A cura da mulher que sofria de fluxo de sangue – Marcos 5.25-34

Estas palavras – conhecendo ele próprio a virtude que saíra de si – são significativas; elas exprimem o movimento fluídico que se operara de Jesus para com a mulher doente; ambos sentiram a ação que se acabava de produzir. É notável que o efeito não fosse provocado por ato algum da vontade de Jesus; não houve magnetização, nem imposição de mãos. A irradiação fluídica normal foi suficiente para operar a cura (“A Gênese”, p. 1036. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

A mulher, depois de curada, confessou que havia gastado todos os seus bens com os médicos, indo de mal a pior (Mc 5.26). Confessa sua cura radical pelo poder divino de Jesus e não por irradiação fluídica normal. Quase todos, senão todos, os fenômenos espíritas estão cercados de dolo. Se houvesse essa possibilidade aventada por Allan Kardec, já a mulher poderia ter sido curada muito antes porque, admite-se, devia haver outros homens nos dias de Jesus com essa ridícula irradiação fluídica normal. Doze anos de sofrimento e depois a cura milagrosa realizada imediatamente por Jesus e não por um médium que precisa de ocasião preparatória para exibir esse tipo de irradiação fluídica.

j) A cura do cego de nascença – João 9. 1-7

Aqui, o efeito magnético é evidente; a cura não foi instantânea, mas gradual e seguida de ação sustentada e reiterada, apesar de ser mais rápida do que na magnetização ordinária (“A Gênese”, p. 1037. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

 

Resposta Apologética:

Por que esse efeito magnético evidente não se manifesta espontaneamente entre os médiuns espíritas nos dias atuais?

k)A ressurreição do filho da viúva de Naim – Lucas 7.11-17 e a ressurreição da filha de Jairo – Marcos 5.21-43

O fato da volta à vida corporal de um indivíduo, realmente morto, seria contrário às leis da natureza, e, por conseguinte, miraculoso. Ora, não é necessário recorrer a esta ordem de fatos para explicar as ressurreições operadas por Cristo…

Há, pois, toda a probabilidade de que, nos dois exemplos acima, só se dera uma síncope ou uma letargia. O próprio Jesus o diz positivamente sobre a filha de Jairo: Esta menina, diz ele, não está morta, apenas dorme (“A Gênese”, p. 1045. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Kardec prefere admitir probabilidade de que só se dera uma síncope ou uma letargia a crer nos milagres de Jesus, embora a descrição bíblica deva merecer crédito. Por que a tristeza tão grande manifestada pelos pais dos filhos mortos, tanto no caso da filha de Jairo como no caso do filho da viúva de Naim, se eles estivessem simplesmente acometidos de uma síncope ou letargia? O fato é que o filho morto da viúva de Naim estava sendo conduzido ao cemitério para sepultamento. Sepultar um vivo acometido de síncope? Que descuido fatal cometido por uma mãe chorosa! Para Kardec, isso é mais fácil de explicar do que crer no milagre operado por Jesus.

l) A ressurreição de Lázaro – João 11.1

A ressurreição de Lázaro, digam o que quiserem, não invalida de forma alguma esse princípio. Ele estava, diziam, havia quatro dias no sepulcro; mas sabe-se que há letargias que duram oito dias ou mais (“A Gênese”, p. 1045. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Quando Allan Kardec explica que Lázaro não estava morto, mas apenas desacordado, negando francamente o texto bíblico que registra as palavras de Jesus, Lázaro está morto (Jo 11.14), já se nota sua pretensão de invalidar o texto bíblico. Prefere explicar o milagre como se fora Lázaro acometido de uma doença conhecida como letargia ou síncope e que tal doença podia durar até oito dias. Se a própria irmã de Lázaro declarou que o corpo do seu irmão morto já cheirava mal: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias (Jo 11.39) como ousa Kardec invalidar o texto e lançar uma hipótese contra a explicação dada por alguém presente da própria família do morto? Já se vê que sua intenção é negar a qualquer custo a deidade de Jesus. Julgando absurdo seu argumento, se antecipa e declara: digam o que quiserem… Essa sua explicação é aceita pelos seus adeptos.

m) O milagre da transformação da água em vinho – João 2.1-11

Ele deveria ter feito durante o jantar uma alusão ao vinho e à água, para tirar daí alguma instrução (“A Gênese”, p. 1047, Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Ressalta a incoerência de Kardec em admitir apenas uma alusão ao vinho e à água para daí tirar alguma instrução. Como explicar a admiração do mestre-sala diante do milagre operado por Jesus ao dizer: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já tem bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho (Jo 2.10). É certo que bebera literalmente do vinho transformado da água.

n) A multiplicação dos pães – Mateus 14.13-21

A multiplicação dos pães tem intrigado os comentadores e alimentado, ao mesmo tempo, a exaltação dos incrédulos. Estes últimos, sem se darem ao trabalho de sondar o sentimento alegórico, consideram-no um conto pueril; mas a maior parte das pessoas sérias o considera, embora sob forma diferente da vulgar, uma parábola comparando a nutrição espiritual da alma com a nutrição do corpo (“A Gênese”, p. 1047. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

Kardec nada disse dos 12 cestos de pedaços de pão que sobraram depois de todos comerem sobejamente. Eram cinco pães e dois peixes. E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram, doze alcofas cheias. E os que comeram foram quase cinco mil homens, além das mulheres e crianças (Mt 14.20-21).

O JESUS ESPÍRITA É UM MÉDIUM

Allan Kardec declara que: Segundo definição dada por um Espírito, ele era o médium de Deus (“A Gênese”, p. 1034. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

A propósito, João admoesta a que não creiamos a todo o espírito, porque existem espíritos que não são de Deus:

Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo (1 Jo 4.1).

Ora, a interpretação dos textos apontados parece ser muito simples, e o próprio Allan Kardec é um deles. Não seria ele por isso incluído entre os possíveis falsos profetas? Sim, ele poderia ser incluído, pois nega a veracidade de João 1.1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Diz Allan Kardec que essas palavras eram apenas a opinião do escritor e não podem ser tidas como prova da deidade de Jesus. Com isso, está negando a inspiração da Bíblia. Portanto, João está apontando em 1 João 4.1 que o espírito que não confessa Jesus como Deus, que veio em carne (Jo 1.14) é um falso mestre religioso. Kardec, para reforçar sua posição contra a deidade de Jesus, vai ao extremo de negar os próprios milagres de Jesus. Aproveita-se da Bíblia para dar consistência à sua doutrina espírita, mas quando a Bíblia enfatiza a deidade de Jesus, ele não só nega a declaração de João 1.1, como também nega os milagres de Jesus, como descritos na Bíblia, para provar sua condição de Deus conosco, Jesus (Mt 1.21-23; Jo 10.30, 37-38).

  1. a) Apontava para seus milagres como prova da veracidade de suas palavras e doutrinas (Mt 11.2-6; Lc 5.24; Jo 5.36; 15.22; 20.30-31);
  2. b) Aceitava adoração como Deus, sem lhes corrigir essa interpretação (Jo 20.28).

XXII – Doutrinas Peculiares Ensinadas pelo Espiritismo

  • EVOCAÇÃO DOS MORTOS ou MEDIUNIDADE
  • REENCARNAÇÃO
  • CARMA

Kardec ensina que: Os espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso chamado, isto é, por evocação. Quando se deseja comunicar com determinado espírito, é de toda a necessidade evocá-lo. Mas existe um ponto essencial quando se sente a necessidade de evocar determinado espírito.

Qual o ponto essencial quando se fala sobre comunicação dos mortos com os vivos?

Allan Kardec perguntou aos espíritos qual o ponto essencial quando se pratica a mediunidade? A resposta que lhe deram os espíritos foi:

O ponto essencial, nós temos dito, é sabermos a quem nos dirigimos (“O Livro dos Espíritos”, p. 42. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Explica, então, Kardec que o ponto essencial é identificar o espírito que fala por meio do médium. Diz ele:

A identidade constitui uma das grandes dificuldades do espiritismo prático. É impossível, com freqüência, esclarecê-la, especialmente quando são espíritos superiores antigos em relação à nossa época. Entre aqueles que se manifestam, muitos não têm nome conhecido para nós, e, a fim de fixar nossa atenção, podem assumir o nome de um espírito conhecido, que pertence à mesma categoria. Assim, se um espírito se comunica com o nome de São Pedro, por exemplo, não há mais nada que prove que seja exatamente o apóstolo desse nome. Pode ser um espírito do mesmo nível, por ele enviado (“O Que é o Espiritismo”, p. 318. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985). (Destaques nossos).

Fica claro que não se pode identificar o espírito que vem nos dar supostas notícias ou instruções do além.

Kardec pergunta:

Os espíritos protetores que tomam nomes conhecidos são sempre e, realmente, os portadores de tais nomes?

Não.

Então como fica a situação de uma pessoa convidada pelos espíritas e, levada pela saudade, vai ao centro para ter notícias de alguém morto. Por exemplo, sua mãe? Façamos de conta que o médium seja pessoa honesta e digna de toda a confiança e dando crédito de que o médium conseguiu ligação com um espírito, quem pode afirmar com segurança que será o espírito da mãe procurada? Então como fica a pessoa quando um espírito se diz ser fulano ou beltrano? Talvez seja fulano ou beltrano, mas pode também ser um espírito substituto.

O problema é mais grave quando se leva em conta as palavras de Kardec:

Esses espíritos levianos pululam ao nosso redor, e aproveitam todas as ocasiões para se imiscuírem nas comunicações; a verdade é a menor de suas preocupações, eis porque eles sentem um prazer maligno em mistificar aqueles que têm fraqueza, e algumas vezes a presunção de acreditar neles, sem discussão (“O Livro dos Médiuns”, p. 402. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Apreciemos mais um problema levantado por Kardec:

Um fato que a observação demonstrou e os próprios espíritos confirmam é o de que os espíritos inferiores com freqüência usurpam nomes conhecidos e respeitados. Quem pode, assim, garantir que os que dizem ter sido, por exemplo, Sócrates, Júlio César, Carlos Magno, Fenelon, Napoleão, Washington etc., tenham de fato animado essas personalidades? Tal dúvida existe até entre alguns fervorosos adeptos da doutrina espírita, os quais admitem a intervenção e a manifestação dos espíritos, porém indagam como pode ser comprovada sua identidade? (“O Livro dos Espíritos” – p. 41. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Pode-se insistir em obter a identificação dos espíritos que falam pelos médiuns?

Kardec diz que não, ao assim se expressar:

Insistir para obter detalhes exatos é expor-se às mistificações dos espíritos levianos, que predizem tudo quanto se quer, sem se importarem com a verdade, e que se divertem com os terrores e decepções causadas (“A Gênese”, p. 1060. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Então cabe a pergunta: Quem é quem? São as almas realmente dos mortos? São espíritos demoníacos – dizemos nós. E por quê? Porque o próprio Kardec admite perigo nas evocações dos espíritos.

Perigos da Evocação:

Admite o codificador do espiritismo haver perigos na evocação e, então, se manifesta que não existe assim tanto perigo, aconselhando os praticantes a não se deixarem levar pelo medo:

Também há pessoas que vêem perigo em toda a parte e em tudo aquilo que desconhecem. Daí a pressa com que, do fato de terem perdido a razão alguns dos que se entregaram a esses estudos tiram conclusões desfavoráveis ao espiritismo (“O Livro dos Espíritos”, 38 p. 43. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Alguns ou muitos perderam a razão pela sua prática? Alguns, quando os médicos estão de acordo em apontar o espiritismo como uma das grandes causas da loucura? Opiniões de alguns médicos.

O Dr. Xavier de Oliveira, em sua obra “Espiritismo e Loucura”, p. 211 (Rio, 1931) fala assim do “O Livro dos Médiuns”: É a cocaína dos debilitados nervosos que se dão à prática do espiritismo. E com um agravante a mais: é barato, está ao alcance de todos, e, por isso mesmo, leva mais gente, muito mais, aos hospícios, do que a ‘poeira do diabo’, a ‘coca maravilhosa’… É o tóxico com que se envenenam, todos os dias, os débeis mentais, futuros hóspedes dos asilos de insanos.

O Dr. João Teixeira Alves dirigiu a diversos médicos de grandes nomeadas carta com a seguinte pergunta: Baseado nas suas observações, que idéia faz V. Sa. do espiritismo como fator de loucura e outras perturbações nervosas?

O Dr. Juliano Moreira, diretor do Hospício de Alienados do Rio de Janeiro, respondeu: Tenho visto muitos casos de perturbações nervosas e mentais evidentemente despertadas por sessões espíritas.

Kardec tenta explicar que não existem somente espíritos do mal, mas que Deus permite que os bons espíritos venham nos dar bons conselhos.

Efetivamente, como acreditar que Deus só ao espírito do mal permita que se manifeste, para perder-nos, sem nos dar por contrapeso os conselhos dos bons espíritos? (“O Livro dos Espíritos”, p. 41. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

É muito aceitável, porque os conselhos, não digo já dos bons espíritos, mas dos ótimos espíritos, todos eles são unânimes em negar a nossa redenção por Cristo.

O CASO DE SAUL E A FEITICEIRA DE ENDOR (1 Samuel 28)

Razões que provam que houve fraude ou manifestação demoníaca no caso da consulta ao suposto espírito de Samuel:

  • Saul perdera a graça de Deus (1 Sm 15.23), daí Deus não lhe responder mais (1 Sm 28.6). Havia três maneiras de Deus comunicar-se com os homens naquela ocasião:

por sonhos – revelação pessoal (Jó 33.15-17);

por Urim e Tumim – revelação sacerdotal (Êx 28.30);

por profetas – revelação inspiracional (Hb 1).

  • Não se pode entender que Samuel, enquanto vivo, homem santo, depois de morto pudesse prestar-se a obedecer à pitonisa – mulher abominável – para a prática proibida por Deus (Êx 22.18; Lv 20.27; Dt 18.9-12; Is 8.19-20; 47.13, 14);
  • Não se pode conceber que Deus tenha proibido a feitiçaria e a consulta a mortos e depois Ele próprio concordasse em permitir a feiticeira trazer, de fato, o espírito de Samuel (Tg 1.17);
  • Em 1 Samuel 28.13, a mulher diz: Vejo deuses que sobem da terra. Quais eram? Só podiam ser deuses do inferno (Ap 12.7; Mc 5.9; Lc 8.30). O diabo pode transfigurar-se em anjo de luz (2 Co 11.13-14; 1 Sm 16.23);
  • Os mortos não se comunicam com os vivos (Lc 16.19-31; Hb 9.27; Mt 25.41-46);
  • O resultado dessa consulta foi trágico para Saul (1 Cr 10.13). De acordo com Deuteronômio 18.22, as profecias devem ser julgadas. Essas profecias do pseudo Samuel não resistem ao exame, são ambíguas, imprecisas e infundadas:
  • a) Saul não foi entregue nas mãos dos filisteus (1 Sm 28.19), mas se matou (1 Sm 31.4) e veio parar nas mãos dos homens de Jabes Gileade (1 Sm 31.11-13);
  • b) tu e teus filhos estareis comigo (1 Sm 28.19); não morreram todos os filhos de Saul como insinua essa profecia obscura. Ficaram vivos pelo menos três filhos de Saul – Is-Bosete (2 Sm 2.8-10); Armoni e Mefibosete (2 Sm 21.8). Apenas três morreram (1 Sm 31.6; 1 Cr 10.6).

REENCARNAÇÃO

A reencarnação é a doutrina central do espiritismo. Allan Kardec chega a ponto de afirmar ser ela um dogma do espiritismo. A palavra reencarnação é formada do prefixo re (repetir) e do verbo encarnar (tomar corpo). O sentido etimológico é tornar a tomar corpo. Kardec define então esse ensino da seguinte forma: A reencarnação é a volta da alma à vida corpórea, mas em outro corpo, especialmente formado para ela e que nada tem de comum com o antigo (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 561. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985). (Destaques nossos). Quando Kardec estabelece a volta da alma a outro corpo, com isso, difere da palavra ressurreição, que significa a volta da alma ou espírito ao próprio corpo. Ressurreição é uma doutrina bíblica ensinada por Jesus e os evangelhos apresentam vários exemplos de pessoas ressuscitadas por Jesus, cujo espírito retornou ao próprio corpo. Mas ele (Jesus), pondo-os todos fora, e pegando-lhe na mão, clamou, dizendo: Levanta-te, menina. E o seu espírito voltou, e ela logo se levantou; e Jesus mandou que lhe dessem de comer (Lc 8.54-55). Ressuscitar significa, pois, tornar a levantar-se, e, a reencarnação é doutrina antibíblica ensinada pelo hinduísmo e, posteriormente, ensinada por Kardec, com pequenas diferenças. Enquanto Kardec admite o retorno da alma a outro corpo que pode ser de sexo diferente, o hinduísmo ensina a metempsicose, que é o retorno do espírito aos irracionais. Diz ele: A pluralidade das existências segundo o espiritismo, difere essencialmente da metempsicose, em não admitir aquele a encarnação da alma humana nos corpos dos animais, mesmo como castigo. Os espíritos ensinam que a alma não retrograda, mas progride sempre (“O Que É o Espiritismo”, p. 85. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Quer Kardec justificar a reencarnação com a Bíblia, afirmando que:

O princípio da reencarnação ressalta, aliás, de muitas passagens das Escrituras, encontrando-se especialmente formulado, de maneira explícita, no Evangelho (“O Livro dos Espíritos”, p. 96. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Aponta como prova a história de João Batista como sendo a reencarnação de Elias; o diálogo entre Jesus e Nicodemos, quando Jesus afirmou a necessidade do novo nascimento e de outras passagens bíblicas.

Mt 11.14 – Era João Batista o Elias reencarnado?

Se, portanto, segundo a crença deles, João Batista era Elias… (“O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

João Batista era Elias, não reencarnado, mas profético, isto é, tinha as características e missão semelhantes.

  • a) Se Elias reencarnou, como se explica que não tenha desencarnado? Foi ele elevado ao céu num redemoinho, sem provar a morte (2 Reis 2.11);
  • b) Se Elias tivesse reencarnado, na Transfiguração, descrita em Mateus 17.1-6, quem deveria ter aparecido seria João Batista. Este já havia sido morto por Herodes e ele então deveria ter aparecido e não Elias, pois conforme estabelece a doutrina da reencarnação, quando o espírito se encarna toma sempre a forma da última existência.
  • c) Traços de identidade de ministérios:
  • Aparecimento de Elias descrito em 1 Reis 17.1 se assemelha ao aparecimento de João Batista como descrito em Mateus 3.1;
  • Elias repreendeu o rei Acabe, casado com Jezabel, mulher idólatra e ímpia (1 Reis 18.17-18), e João Batista repreendeu o rei Herodes por viver com a mulher de seu irmão (Mateus 14.3-4);
  • Elias foi perseguido por Jezabel (1 Reis 19.2-3) e João Batista foi perseguido por Herodias, mulher de Herodes (Mateus 14.6-8);
  • João Batista, interrogado, respondeu claramente que não era Elias (João1. 21);
  • Em Mateus 11.13, Jesus disse: Todos os profetas e a eles acrescenta João, logo Elias e João não são os mesmos.

O Novo Nascimento de Jo 3.1-7

Se o homem não renasce da água e do espírito, ou em água e em espírito, significa, pois: Se o homem não renasce com seu corpo e sua alma (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 561. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

A palavra nascer de novo (do grego anothen, significa nascer do alto). Fala Jesus da regeneração que é a mudança das disposições íntimas da alma, estando no mesmo corpo e não do retorno do espírito a outro corpo. Os escritores bíblicos interpretam a palavra água como sinônimo da palavra de Deus: Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre (1 Pe 1.23). Nicodemos perguntou: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Depois concluiu Jesus: O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. O novo nascimento é, como dissemos, a regeneração, e esta ocorre quando se ouve o Evangelho de Jesus Cristo e se crê (Jo 3.16-18,36). Fenômeno que ocorre numa existência (Ef 4.23-24; Cl 3.9-10; Tt 3.3-6; 1 Co 6.11).

João 9.2: E os seus discípulos lhe perguntaram: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Essa pergunta provaria que os apóstolos acreditavam na reencarnação.

Resposta Apologética:

Sejam quais tenham sido as idéias pessoais dos apóstolos acerca da reencarnação, é certo que longe estava Cristo de partilhá-las. Então respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mais foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus (Jo 9.3).

Esta resposta arrasa os alicerces de toda a construção reencarnacionista, baseada na opinião de que o pecado pessoal faz decorrer toda a infelicidade, todo sofrimento.

Há infelicidades e sofrimentos que Deus envia simplesmente para que sejam manifestas as obras de Deus.

Mateus 19.28-29: A reencarnação é extensiva a todos

Dizem os espíritas que não se deve acreditar seja a reencarnação privilégio exclusivo de alguns personagens eminentes, como Cristo, João ou Elias. E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.

Porque Jesus, ao dizer cem vezes tanto, promete uma centena de mães. Que significa isto? Uma centena de nascimentos, uma centena de reencarnações, evidentemente.

Resposta Apologética:

O próprio Cristo responde a esta pergunta em Lucas 18.29-30: E Ele lhes disse: Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo Reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna. Tudo nesta vida ou neste mundo. A vida e a vida eterna, que imediatamente se lhe seguirá – eis a existência do homem. Não sobra lugar para a reencarnação, que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães e filhos, e campos, com perseguições; e no século futuro a vida eterna (Mc 10.30). Ademais, a reencarnação, segundo confessam os mais ilustrados reencarnacionistas, de forma alguma vem a ser uma recompensa; ao contrário, é antes um castigo, uma vida dolorosa de purificações sucessivas.

Ora, os escritores Mateus, Marcos, Lucas e João registraram a vida de Jesus durante o seu ministério público e, então, importa confrontar os ensinos de Jesus com a doutrina da reencarnação para verificar-se se elas são compatíveis:

JESUS E A PLURALIDADE DE VIDAS TERRESTRES

Kardec procura justificar a doutrina da reencarnação afirmando que só mediante esse ensino é que se pode ter compreensão dos ensinos de Jesus exarados nos evangelhos e na própria Bíblia. Do contrário, fica tudo ininteligível e até irracional. Vejamos sua declaração:

Muitos pontos do evangelho, da Bíblia e dos escritos sagrados em geral, são ininteligíveis, muitos mesmo se nos afiguram irracionais por falta de uma chave, para se lhes conhecer o verdadeiro sentido. Ora, essa chave se acha inteiramente no espiritismo, conforme conheceram aqueles que o estudam seriamente e que melhor o reconhecerão mais tarde (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 536. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

RESUMO DA DOUTRINA REENCARNACIONISTA

A doutrina reencarnacionista pode ser assim sintetizada:

  • Pluralidade de existências terrestres;
  • Progresso permanente até à perfeição;
  • Conquista da meta final por esforços próprios;
  • Definitiva independência do corpo – espírito puro.

Devemos pesquisar se Jesus reconhecia a pluralidade de existências terrestres; o progresso permanente até à perfeição; conquista da meta final por esforços próprios; e, a vida do espírito definitivamente livre do corpo.

Jesus ensinou a unicidade da vida terrestre e não a pluralidade de vidas terrestres.

Em Lc 23.39-43, vemos Jesus pregado na cruz e suspenso no meio de dois ladrões. Os dois tinham sido muito maus, tanto é que um deles faz sua confissão ao companheiro de crimes, dizendo: E nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o que os nossos feitos mereciam; mas este nenhum mal fez. E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.

Fosse Jesus reencarnacionista, não poderia ter falado assim.

Poderia quando muito dizer: É bom que tu te arrependas, pois o arrependimento é o primeiro passo para tornar-te um espírito puro. Mas não basta. Deves ter paciência contigo mesmo. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo. Tu cometeste muitos crimes e toda a falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída e que deverá ser paga. Já não podes fazê-lo nesta existência: terás de reencarnar mais vezes, deverás voltar a esta terra, em novo corpo, para expiar e resgatar teus crimes.

Paulo, fiel discípulo e, zeloso apóstolo de Cristo, nos assegura ter recebido seu Evangelho diretamente de Jesus (Gl 1.12). E ele escreveu: E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo (Hb 9.27). Morrerem uma vez, não muitas vezes, não um número indefinido de vezes: uma só vez.

 

  1. Jesus ensinou a existência de dois lugares finais e irreversíveis depois da morte e não progresso contínuo até à perfeição.

Em Lc 16.19-31, lemos a narrativa de Lázaro e do rico. São palavras de Cristo. Oferece-se a Jesus a oportunidade do que se segue imediatamente após a morte. Os dois morrem, tanto Lázaro, que foi levado pelos anjos para o seio de Abraão assim como o rico. No Hades, o rico se encontra em tormentos conscientes e pediu compaixão: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Abraão respondeu: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.

Fosse Jesus reencarnacionista, teria agora uma boa ocasião para insistir nesta doutrina: diria que a alma se desprende do corpo, permanecendo ainda por algum tempo em estado de perturbação e confusão; explicaria como ela readquire aos poucos um estado de consciência, como vai depois se perder na imensidão dos espaços, na erraticidade; como procura novas oportunidades para reencarnar.

Esse ensino de Jesus é paralelo ao que se encontra em Mt 7.13-14, quando Jesus falou de duas portas, dois caminhos e dois lugares finais e definitivos. Esse ensino é corroborado pela referência de Mt 25.34, 41,46.

  • Jesus ensinou a nossa redenção por sua morte na cruz e não redenção por esforços próprios.

Enquanto a Bíblia aponta nossa redenção por meio de Jesus Cristo através de sua obra salvífica realizada em nosso favor no Calvário, o espiritismo anuncia: Fora da Caridade não existe Salvação. É o dogma central da doutrina espírita. Um dos mais eminentes escritores espíritas – Léon Denis – assim se pronuncia:

Não, a missão de Cristo não era resgatar com o seu sangue os crimes da humanidade. O sangue, mesmo de um Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. É o que os espíritos, aos milhares, afirmam em todos os pontos do mundo. (“Cristianismo e Espiritismo”, p85, 7ª edição).

Para justificar tal ensino blasfemo, Léon Denis se vale da informação trazida pelos espíritos, aos milhares, em todos os pontos do mundo. É também o caso de Kardec que se baseia no ensino dos espíritos quando prega a reencarnação, dizendo:

A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral inferior, a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam (“O Livro dos Espíritos”, p. 84. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Ora, ora. Que espíritos seriam esses em todo o mundo que anunciam doutrina oposta à ensinada por Jesus? Lendo Mt 16.21-23, encontramos o seguinte relato: Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que, convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens.

Satanás tinha sugerido a Pedro que Jesus jamais passasse pelo Calvário para redimir a humanidade pelo seu sangue. E quando os espíritos sugeriram a Léon Denis que nem o sangue de um Deus poderia resgatar ninguém, é de se notar que esses espíritos a que se refere esse escritor certamente são espíritos demoníacos que orientam os escritores espíritas a partir do codificador Allan Kardec. E Paulo declara que não é para se admirar que isso aconteça porque esses espíritos satânicos se transfiguram em anjos de luz: Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz (2 Co 11.13-14).

Podemos afirmar que jamais um cristão pode ser espírita, como também um espírita jamais poderá tornar-se um cristão. São francamente opostos em práticas e ensinos. O espiritismo é outro evangelho (Gl 1.8-9). O Evangelho verdadeiro está explicado por Paulo em 1 Co 15.3-4: Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.

Essas palavras de Paulo são a repetição da profecia de Isaías com relação à obra resgatadora de Jesus: Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53.4-5). É a mensagem central cristã. Nossa redenção por Cristo é a medula do evangelho bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos (Mt 20.28). O texto de João 3.16 é considerado a Bíblia em miniatura: Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

  • Jesus ensinou a ressurreição final de todos os homens. Ao contrário, o espiritismo ensina o estado final como espírito puro. Durante o seu ministério público Jesus ressuscitou algumas pessoas mencionadas nos evangelhos e, paralelamente, ensinou a ressurreição dos mortos, apontando que sua ressurreição era a base para a ressurreição dos seus seguidores. Não só isso apontou também um dia de juízo final em que todos os mortos irão ressuscitar corporalmente. Falando da sua ressurreição, afirmou: Derribai este templo, e em três dias o levantarei. Disseram, pois, os judeus. Em quarenta e seis anos foi edificado este templo, e tu o levantarás em três dias? Mas ele falava do templo do seu corpo. Quando, pois, ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isto; e creram na Escritura, e na palavra que Jesus tinha dito (Jo 2.19-22). Sobre a ressurreição universal, Ele diz: Não vos maravilheis disto: porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação (Jo 5.28-29). Diante do túmulo de Lázaro, Jesus declarou à irmã dele, Marta: Teu irmão há de ressuscitar. Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá (Jo 11.23-25). Dois pontos devem ser apontados nesse diálogo de Jesus com Marta: primeiro, declarar que o irmão dela haveria de ressuscitar; segundo, ela falou da ressurreição do último dia e Jesus não rebateu sua afirmação, dado que estava conforme o seu ensino sobre a ressurreição em João 5.28-29.

Quando, pois, os espíritas nos ensinam outros caminhos, opostos ao que Jesus estabeleceu, será tão absolutamente impossível que, esses espíritos, sejam os inimigos de Jesus, os espíritos que a Bíblia chama de demônios? (2 Co 11.14-15; Ef 6.10-12; 1 Rs 22.21-22).

  1. Dragon, no Congresso Espírita Internacional realizado em Liège, Bélgica, de 26 a 29 de agosto de 1923, disse: A reencarnação tal como tem sido exposta até agora, não passa de teoria boba para criança de escola primária. (Citado no livro “Religião & Religiões – Perguntas que muita gente faz”, p. 139. Editora Santuário, 1997).

Carma:

Paralelamente à doutrina da reencarnação segue-se a doutrina do carma que, nas palavras de Kardec, explica essa doutrina dizendo que toda a falta cometida, todo o mal praticado, é uma dívida contraída que deverá ser paga pelo próprio homem através do arrependimento, expiação (que é o sofrimento) e reparação (que são as boas obras). Assim, as condições para alguém se tornar um espírito puro são três:

Arrependimento, expiação e reparação constituem, portanto, as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas conseqüências (“O Céu e o Inferno”, p. 747. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

Resposta Apologética:

  • Arrependimento

Quanto ao arrependimento, a Bíblia afirma que o ladrão na cruz se arrependeu e ouviu de Jesus a promessa de que naquele mesmo dia estaria com Ele no paraíso: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso (Lc 23.42-43). Jesus, por sua vez, estabeleceu: se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis (Lc 13.3).

  • Expiação

Então, segundo Kardec, esta vida é uma expiação. O que sofremos é justo; foi merecido por nós, ainda que seja noutras encarnações. Muito bem. Então, quando um homem mau persegue o seu semelhante; quando alguém furta; quando o capanga mata; é sempre instrumento de justiça divina. Deus não pode deixar exceder o que a pessoa mereceu; pois que, se o sofrimento passasse o mal cometido, Deus seria injusto; faria diferença entre as suas criaturas inteligentes. Segue-se que, se matarmos, se torturarmos ao próximo, não fazemos nada de mal. É apenas o que ele mereceu noutras encarnações! Sim, pelos dizeres dos espíritas, Deus não pode permitir a injustiça; Deus não pode permitir a desigualdade do mundo. Se o permite, é porque foi merecida. E daí? Daí que resulta que não há mal nenhum em matar; que é uma boa obra o furtar; que há merecimento em martirizar os outros… e não é só isso: deduz-se que se está fazendo um bem quando todo mundo pensa que se está a fazer mal aos outros.

Quando um amigo atraiçoa outro, rouba-o, deixa-o na miséria – devia ser abraçado por este com lágrimas de gratidão. Não lhe podia fazer um bem maior.

E depois, ele já tinha mesmo de passar por essa… Estava escrito… Ele o tinha merecido na encarnação anterior. Logo, espíritas, pelas suas doutrinas, podemos e devemos praticar o mal. Quanto mais mal fizermos aos outros, maior será o benefício que eles recebem. Quanto mais pagar das suas culpas, tanto mais nos agradecerá.

Pela doutrina bíblica, fazendo mal aos outros, expomo-nos a fazer sofrer um inocente. Pela doutrina espírita, só fazemos sofrer a quem mereceu.

  • Reparação

Quanto a esta última, o espiritismo adotou o slogan: Fora da Caridade não há Salvação.

Meus filhos, na máxima, Fora da Caridade Não Há Salvação, estão contidos os destinos dos homens na terra como nos céus (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, p. 631, Ibidem).

Muitos querem identificar a caridade cristã com a filantropia. Na realidade são duas coisas distintas. Em 1 Coríntios, 13.3, Paulo afirma que alguém pode dar seu corpo para ser queimado e todos os seus bens aos pobres e ainda não ter caridade. Se não é caridade cristã, então o que é? Seria, a verdadeira filantropia. Filantropia e caridade podem apresentar um aspecto externo exatamente igual e, no entanto, haver diferença fundamental entre ambas. Dizemos, à luz da Bíblia, que a razão da nossa existência consiste em glorificarmos a Deus: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mt 5.16). Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas (Ap 4.11). Logo, o primeiro mandamento, em importância, é o amar a Deus sobre todas as coisas (Mt 22.37-39). E afirmamos que existe uma conexão entre a caridade cristã e o amor a Deus. Os dois chegam mesmo a identificar-se, pois em Mateus 25.40 Jesus declara: E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Aí está a significação da caridade. O cristão ama a Deus no próximo. Foi assim que se deu com Zaqueu (Lc 19.1-10). Ao receber Jesus em casa, logo nasceu a preocupação pelos menos favorecidos e se pronunciou espontaneamente: E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado (Lc 19.8).

As boas obras nunca salvaram e nunca ajudaram a salvar. Paulo afirma em Efésios 2.8-10: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua; criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Somos criados para as boas obras e não pelas obras e é por meio da fé que somos salvos. As boas obras são o resultado da nossa fé em Cristo. Paulo, em 2 Coríntios 5.17, declara que nos tornamos novas criaturas, abandonando as práticas más e nos voltamos para a prática do bem, desde que estejamos em Cristo Jesus. Logo, as boas obras devem ser apenas a manifestação externa do interno amor que temos a Deus.

Perguntas que fazem os espíritas:

Por que uns nascem com saúde e outros doentes e aleijados?

a) Pai sifilítico gera filho sifilítico. A TV apresentou uma reportagem a respeito de oito mil crianças nascidas aleijadas e defeituosas, porque suas mães em estado de gravidez tomaram o famoso psicotrópico Talidomida. Este é o fato inconcusso absoluto. O resto não passa de pura fantasia dos adeptos da reencarnação.

b) Por que alguns nascem ricos e outros na mais extrema miséria?

Dizem os reencarnacionistas que os ricos são espíritos adiantados e os pobres, espíritos atrasados.

Ora, se assim fosse, Cristo deveria ser um espírito muito atrasado, pois morreu pobre, crucificado entre dois ladrões e miseravelmente caluniado.

Pelo que sofreu deveria ter cometido hediondos crimes na vida passada. Ocorre que Kardec ensina que a pessoa não tem lembrança alguma dos fatos da vida anterior.

Castigar sem que o réu saiba por que parece brutalidade e não satisfaz nem o nosso próprio sentimento de justiça humana, quanto mais o da justiça divina. Um Hitler fica livre de seus crimes, porque uma menina nascida no Brasil é a reencarnação de Hitler e vai sofrer no lugar dele. Mesmo sem saber porque está acometida de uma doença grave, por exemplo, leucemia. Morre sem saber dos seus crimes numa existência anterior quando vivia como Hitler.

É lógico? Kardec afirma mais que: a reencarnação se enquadra melhor com a justiça ao dizer que é única que corresponde à idéia da justiça de Deus… (“O Livro dos Espíritos”, p. 84. Editora Opus Ltda., 2ª edição especial, 1985).

c) Qual o estado da alma, originalmente?

São criadas simples e ignorantes as almas, quer dizer, sem cultura e sem reconhecerem o bem e o mal (“O Livro dos Espíritos”, p. 324. editora Opus Ltda; 2a edição especial, 1985).

Façamos então uma comparação entre os homens e os animais. Afirma Kardec que os animais tiraram o seu princípio inteligente do elemento universal inteligente, igualmente como o que aconteceu com o homem. Posto isto, os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, inclusive passando pela erraticidade como o homem, sujeito a uma lei progressiva. Mas, por fim, fica o animal no mesmo nível de que o homem, admitindo-se o princípio de justiça de que cada qual faz por merecer? Não! Os homens sempre se colocam num nível superior aos olhos dos animais, para quem os homens são deuses, permanecendo assim os animais num estado de inferioridade. Logo, Deus criou seres intelectuais perpetuamente destinados à inferioridade, que, parece, contraria o princípio de justiça divina a que se refere Allan Kardec para justificar a reencarnação.

De onde tiram os animais o princípio que constitui a espécie particular de alma de que são dotados?

Do elemento inteligente universal.

Tendo os animais uma inteligência que lhes dá certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio independente da matéria?

Sim, e que sobrevive ao corpo.

Sobrevivendo à morte do corpo, a alma o animal fica errante, como a do homem?

Há uma como erraticidade, e vez que não se acha unida a um corpo…

Os animais estão sujeitos, como o homem a uma lei progressiva?

Sim, e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre, porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos, tendo neles o homem servidores inteligentes

(O Livro dos Espíritos, p. 167, Editora Opus Ltda., 2º edição especial, 1985).

Por que é que uns nascem inteligentes e outros medíocres?

Como acontece com os animais, os vegetais e também a parte somática do indivíduo em que não há nada absolutamente igual, assim também acontece com a inteligência do homem. Já viram porventura uma impressão digital igual à outra? De maneira nenhuma. Assim também acontece com a inteligência, faculdade da alma. Temos ainda a palavra de um médium espírita:

Anatole Barthe refuta assim as desigualdades humanas: Para desenvolver as desigualdades humanas os espíritas ensinam a reencarnação. Não sabem estes que não há dois seres, duas coisas perfeitamente iguais na natureza e que nem no imenso espaço nem tampouco ao longo do tempo podem ser encontradas? Não é precisamente na diversidade que nasce a harmonia do universo? (“Le Livre des Espirits, Recueli de Comunications Obenues par Divers Médiuns”, Paris, 1863 p. 21).

e) Regressão de idade prova a reencarnação?

Absolutamente não. Já se acha comprovado pela hipnologia: quando o hipnotizado é reencarnacionista, revela reencarnação, entretanto quando não é, nega-a. De forma que a regressão de idade para provar ou negar a palingenesia depende da opinião do hipnotizado.

Experiências Inversas – Podemos também fazer experiências de progressão de memória sugerindo que o hipnotizado tenha envelhecido, situação irreal, que se comporta como autêntico ancião. Conclui-se daí que em ambos os casos as situações são puramente imaginárias, sugeridas tanto pelo consciente como pelo hipnotizado.

f) O problema populacional:

Sabemos que a população do mundo aumenta assustadoramente, ultrapassando hoje os seis bilhões de habitantes. Sabemos também que há poucos anos eram três bilhões. No Brasil, por exemplo, em 1935, havia mais ou menos 34 milhões de pessoas; em 2001 somos mais de 160 milhões. Portanto, se a pessoa morre e se reencarna, não pode absolutamente aumentar a população. De onde, então, vêm tantos espíritos? Allan Kardec ensina que o homem vem do macaco, evoluindo. Será por isso que os macacos estão em extinção?

XXIII – Glossário Espírita:

Aparição – Fenômeno pelo qual os seres do mundo incorpóreo se manifestam à vista.

Clarividência – Faculdade de ver sem o auxílio dos órgãos da visão. É uma faculdade inerente à própria natureza da alma ou do espírito, e que reside em todo o seu ser; eis porque em todos os casos em que há emancipação da alma, o homem tem percepções independentes dos sentidos. No estado corporal normal, a faculdade de ver é limitada pelos órgãos materiais: desprendida desse obstáculo, ela não é mais circunscrita, estende-se por toda a parte onde a alma exerce sua ação: tal é a causa da visão a distância de que gozam certos sonâmbulos. Eles se vêem no próprio local que observam e descrevem ainda que este se situe mil léguas a distância, visto que, se o corpo não se acha acolá, a alma, em realidade, ali se encontra. Pode-se, pois, dizer que o sonâmbulo vê pelos olhos da alma.

Encarnação – Estado dos espíritos que revestem um invólucro corporal. Diz-se espírito encarnado, em oposição a espírito errante. Os espíritos são errantes no intervalo de suas diferentes encarnações. A encarnação pode ocorrer na Terra ou em outro mundo.

Erraticidade – Estado dos espíritos errantes, ou erráticos, isto é, não encarnados, durante o intervalo de suas existências corpóreas.

Espírita – O que tem relação com o espiritismo; adepto do espiritismo; aquele que crê nas manifestações dos espíritos.

Espiritismo – Doutrina fundada sobre a crença na existência dos espíritos e em suas manifestações.

Espírito – No sentido especial da doutrina espírita, os espíritos são os seres inteligentes da criação, que povoam o Universo, fora do mundo material, e constituem o mundo invisível. Não são seres oriundos de uma criação especial, porém, as almas dos que viveram na Terra, ou nas outras esferas, e que deixaram o invólucro corporal.

Espiritualismo – Usa-se em sentido oposto ao de materialismo; crença na existência da alma espiritual e imaterial. O espiritualismo é a base de todas as religiões.

Espiritualista – O que se refere ao espiritualismo; adepto do espiritualismo. É espiritualista aquele que acredita que em nós nem tudo é matéria, o que de modo algum implica a crença nas manifestações dos espíritos. Todo espírita é necessariamente espiritualista; mas, pode-se ser espiritualista sem ser espírita; o materialista não é uma nem outra coisa.

Expiação – Pena que sofrem os espíritos como punição das faltas cometidas durante a vida corporal. A expiação, sofrimento moral, ocorre no estado de erraticidade como o sofrimento físico ocorre no estado corporal. As vicissitudes e os tormentos da vida corporal são, ao mesmo tempo, provas para o futuro e expiação do passado.

Fluido Universal – Princípio elementar do qual a condensação resulta nos diversos estágios da matéria, que é mais ou menos condensada conforme os mundos. A partir dele desenvolve-se o princípio vital. O fluido universal não é causa da inteligência, apenas serve de veículo do pensamento.

Livre-arbítrio – Liberdade moral do homem; faculdade que ele tem de se guiar pela sua vontade na realização de seus atos.

Médium – Pessoa que pode servir de intermediária entre os espíritos e os homens. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva.

Mediunidade – Faculdade dos médiuns.

Obsessão – Domínio que alguns espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Nunca é praticada senão pelos espíritos inferiores, que procuram dominar. Os bons espíritos nenhum constrangimento infligem. Aconselham, combatem a influência dos maus e, se não os ouvem, retiram-se. Os maus, ao contrário, se agarram àqueles de quem podem fazer suas presas. Se conseguem dominar algum, identificam-se com o espírito deste e o conduzem como se fora verdadeira criança.

Perispírito – Envoltório semimaterial do espírito. Nos encarnados, serve de intermediário entre o espírito e a matéria; nos espíritos errantes, constitui o corpo fluídico do espírito. O perispírito é o órgão sensitivo do espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas à percepção das coisas materiais; pelo sentido espiritual ou psíquico, elas se generalizam; o espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluído perispirítico.

Pneumatofonia – Voz dos espíritos; comunicação oral dos espíritos, sem o concurso da voz humana.

Pneumatografia – Escrita direta dos espíritos, sem o auxílio da mão de um médium.

Princípio Vital – Nome que se dá ao princípio geral da vida material, comum a todos os seres orgânicos, homens, animais e plantas. O princípio vital é o mesmo para todos os seres orgânicos, mas se torna espécie-específico: individualiza-se no ser vivo, isto é, passa a constituir-lhe sua própria vida orgânica modificada, conforme a espécie. Tem sua fonte no fluido universal, atuando como elo entre o espírito e a matéria, na forma de fluido magnético.

Psicofonia – Comunicação dos espíritos pela voz de um médium falante.

Psicografia – Escrita dos espíritos pela mão de um médium.

Reencarnação – Volta do espírito à vida corpórea, pluralidade das existências.

XXIV – Bibliografia Recomendada

Bíblia Apologética – Instituto Cristão de Pesquisas, ICP – Editora.

Cristianismo em Crise – Hank Hanegraaff. Editora CPAD.

Desmascarando as Seitas – Natanael Rinaldi e Paulo Romeiro. Editora CPAD.

Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo – George A. Mather e Larry A. Nichols. Editora Vida.

Evidência Que Exige Um Veredicto – Josh McDowell. Editora Candeia.

Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e “Contradições da Bíblia” – Norman Geisler e Thomas Howe. Editora Mundo Cristão.

O Caos das Seitas – J. K. Van Baalen. Imprensa Batista Regular.

Os Fatos Sobre… – (toda a série), John Ankerberg e John Weldon. Editora Chamada da Meia-Noite.

O Império das Seitas – Walter Martin. Editora Betânia.

Revista Defesa da Fé – (todas as edições), ICP – Editora.

Um Manual das Religiões de Hoje – (Entendendo o Oculto, Entendendo as Religiões Seculares, Entendendo as Religiões não Cristãs e Entendendo as Seitas), Josh McDowell e Don Stewart. Editora Candeia.


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