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“Difundindo a Palavra de Deus”
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Olá, a Paz de Cristo.
Quando li o texto abaixo fiquei admirado como um padre que julga ser conhecedor da palavra diz tanta coisa absurda assim. Diz que estudou durante 40 anos a vida do diabo e escreveu um livro. Leia e tire a sua própria conclusão.
Henry Ansgar Kelly
QUEM É
Tem 74 anos e é professor emérito da Universidade da Califórnia. Foi seminarista quando jovem. Hoje é casado, tem dois filhos e é filiado à Associação Bíblica Católica. Apesar de estudar o diabo há 40 anos, diz não ser um “herege”
O QUE FEZ
Publicou estudos sobre a História e a literatura na Idade Média e no Renascimento
O QUE PUBLICOU
O mais célebre de seus 13 livros é The Devil, Demonology, and Witchcraft, sem tradução
O autor da biografia de Satã o compara a um “chefe do FBI” subordinado a Deus.
O diabo está nos detalhes. Com esse ditado (atribuído ao arquiteto Frank Lloyd Wright) em mente, o pesquisador americano Henry Ansgar Kelly investigou cada pedacinho da Bíblia em busca de Satã. Monstro chifrudo, inimigo de Deus, cercado de labaredas? Nada disso. Segundo Kelly, o diabo é um funcionário do alto escalão celestial. Não é um anjo que se rebelou contra Deus, mas um “chefe do FBI” que persegue os pecadores. Por isso, diz Kelly, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não estava tão errado quando chamou o presidente dos Estados Unidos de “diabo”. O resultado está em Satã: uma biografia (Globo, 388 págs., R$ 40, tradução de Renato Rezende).
ENTREVISTA – HENRY ANSGAR KELLY
ÉPOCA – Por que escrever uma biografia sobre o diabo?
Henry Ansgar Kelly – Estudei num seminário jesuíta para ser padre. Descobri que a idéia que se tinha do diabo não era aquela que estava na Bíblia. Escrevi alguns livros sobre ele e sobre espíritos do mal. Agora, quis consertar a história de Satã, mostrá-la como está na Bíblia. Por isso, a chamo de biografia original. A nova biografia foi aquela inventada pelos primeiros pais da Igreja, doutrinários dos primeiros séculos do cristianismo, como São Jerônimo.
ÉPOCA – E o que diz a biografia original de Satã?
Kelly – Satã era um empregado de Deus, uma espécie de primeiro-ministro. Hugo Chávez estava certo quando chamou George W. Bush de “diabo”. As funções são parecidas. Na Bíblia, Satã era alguém moralmente direito, que perseguia criminosos, que investigava e acusava seres humanos de seus crimes. Às vezes, ele também enganava as pessoas, levando-as a cometer delitos...
ÉPOCA – Mas para quem Bush estaria trabalhando?
Kelly – Bush alega estar trabalhando para Deus. É o próprio diabo bíblico. Voltando ao passado, John Fitzgerald Kennedy (presidente americano entre 1961 e 1963) seria Deus. John Edgard Hoover, o chefe do FBI na época, seria o diabo. E o irmão de Kennedy, Robert, que era ministro da Justiça, seria Jesus. Ambos estão trabalhando para o governo, mas Hoover é o guarda antigo e o Robert é o novo. Exatamente como na Bíblia. No Antigo Testamento, Satã é quem está no comando do mundo. E Jesus vai aparecer como o novo dirigente. Então eles vão se opor. É como quando Robert Kennedy aparece com uma nova carta de direitos civis, enquanto Hoover ainda está preocupado em perseguir os comunistas (risos).
ÉPOCA – Quando vemos Satã como um empregado de Deus, e não como a fonte de todo o mal, quais as conseqüências para o cristianismo?
Kelly – O dualismo é menor. No Livro do Gênesis, Adão e Eva são tentados pela esperta serpente. Os primeiros pais da Igreja interpretaram a serpente como Satã. A partir desse momento, ele se torna inimigo de Deus. Assim, na nova biografia, Adão, Eva e toda a humanidade foram entregues a Satã e ao inferno. Um dos doutrinários também inventou que Satã era Lúcifer, um anjo que se insurge contra Deus, e então é expulso do Céu. A idéia da nova biografia é que o diabo está encarregado de seu próprio reino e está trabalhando contra Deus. Na verdade, ele está tentando provar a Deus que muitas pessoas são pecadoras e não merecem ir para o Céu.
ÉPOCA – Como fica o pecado original na biografia bíblica do diabo?
Kelly – Não existe pecado original na Bíblia. Ninguém está interessado em Adão. Jesus nunca o menciona. São Paulo fala dele, mas como o homem que cometeu o primeiro pecado. O.k., é um pecado original, mas não está ligado a Satã nem faz com que todo mundo herde a culpa. Essa interpretação de que todos merecem ser punidos aparece mais tarde, especialmente com Santo Agostinho (354-430 d.C.). O que Jesus diz é que o mundo é cheio de pecado, e que seus seguidores devem se desviar disso.
ÉPOCA – Como judeus e muçulmanos vêem a figura do diabo?
Kelly – Os muçulmanos, no Alcorão, seguem a antiga idéia cristã de que Satã foi responsável pelo pecado de Adão e Eva. Para eles, quando Deus criou o homem em sua própria imagem, ele chamou os anjos para adorá-lo. Satã, que era um deles, se recusou, e então foi chutado para fora do Céu. Já os judeus têm a imagem de Satã que está no Livro de Jó, no qual ele é um dos anjos de Deus que testa e acusa as pessoas. Acredito que essa figura é mantida no Novo Testamento. Então, a idéia judaica, do Antigo Testamento, e a cristã, do Novo, seria basicamente a mesma. Mas os cristãos perderam isso com as interpretações posteriores.
ÉPOCA – E o inferno? Como Satã entrou lá?
Kelly – No Novo Testamento, as pessoas más são punidas no inferno, sobretudo após o fim do mundo, e as pessoas boas vão para o Céu. Mas Satã não está no inferno, na Bíblia. Essa idéia apareceu na Idade Média.
ÉPOCA – O senhor diz que o objetivo é restaurar a reputação do diabo, mas também a de Deus. Por quê?
Kelly – A imagem que temos de Deus é que ele botou o pobre casal Adão e Eva no paraíso e depois mandou uma serpente para tentá-los. E, como recompensa, a humanidade é punida para sempre. Deus parece supertirano. Isso não está na Bíblia. Uma vez que recuperamos a visão de Satã como um simples subordinado, Deus não parece tão injusto. Não é razoável que toda a humanidade vá para o inferno por causa de Adão e Eva e Deus só salve alguns.
ÉPOCA – Há algum Satã na literatura ou no cinema que seja próximo daquele retratado na Bíblia?
Kelly – Em Fausto, de Goethe, Mefistófeles é um diabo subordinado a Lúcifer, o que o aproxima do diabo da Bíblia. No poema Paraíso Perdido, de John Milton, Satã é Lúcifer, um anjo. Ele acha que pode escapar caso se rebele contra Deus. Você tem de ser bem idiota para pensar assim. Já o Satã do Inferno de Dante é muito louco! Ele fica lá no inferno choramingando e não tem controle sobre nada. Mas em todos esses retratos está a nova biografia de Satã, e não a original. Satã não é lá muito agradável, mas não é tão ruim como dizem.
Fonte: Revistaepoca.globo.com
QUEM É
Tem 74 anos e é professor emérito da Universidade da Califórnia. Foi seminarista quando jovem. Hoje é casado, tem dois filhos e é filiado à Associação Bíblica Católica. Apesar de estudar o diabo há 40 anos, diz não ser um “herege”
O QUE FEZ
Publicou estudos sobre a História e a literatura na Idade Média e no Renascimento
O QUE PUBLICOU
O mais célebre de seus 13 livros é The Devil, Demonology, and Witchcraft, sem tradução
O autor da biografia de Satã o compara a um “chefe do FBI” subordinado a Deus.
O diabo está nos detalhes. Com esse ditado (atribuído ao arquiteto Frank Lloyd Wright) em mente, o pesquisador americano Henry Ansgar Kelly investigou cada pedacinho da Bíblia em busca de Satã. Monstro chifrudo, inimigo de Deus, cercado de labaredas? Nada disso. Segundo Kelly, o diabo é um funcionário do alto escalão celestial. Não é um anjo que se rebelou contra Deus, mas um “chefe do FBI” que persegue os pecadores. Por isso, diz Kelly, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não estava tão errado quando chamou o presidente dos Estados Unidos de “diabo”. O resultado está em Satã: uma biografia (Globo, 388 págs., R$ 40, tradução de Renato Rezende).
ENTREVISTA – HENRY ANSGAR KELLY
ÉPOCA – Por que escrever uma biografia sobre o diabo?
Henry Ansgar Kelly – Estudei num seminário jesuíta para ser padre. Descobri que a idéia que se tinha do diabo não era aquela que estava na Bíblia. Escrevi alguns livros sobre ele e sobre espíritos do mal. Agora, quis consertar a história de Satã, mostrá-la como está na Bíblia. Por isso, a chamo de biografia original. A nova biografia foi aquela inventada pelos primeiros pais da Igreja, doutrinários dos primeiros séculos do cristianismo, como São Jerônimo.
ÉPOCA – E o que diz a biografia original de Satã?
Kelly – Satã era um empregado de Deus, uma espécie de primeiro-ministro. Hugo Chávez estava certo quando chamou George W. Bush de “diabo”. As funções são parecidas. Na Bíblia, Satã era alguém moralmente direito, que perseguia criminosos, que investigava e acusava seres humanos de seus crimes. Às vezes, ele também enganava as pessoas, levando-as a cometer delitos...
ÉPOCA – Mas para quem Bush estaria trabalhando?
Kelly – Bush alega estar trabalhando para Deus. É o próprio diabo bíblico. Voltando ao passado, John Fitzgerald Kennedy (presidente americano entre 1961 e 1963) seria Deus. John Edgard Hoover, o chefe do FBI na época, seria o diabo. E o irmão de Kennedy, Robert, que era ministro da Justiça, seria Jesus. Ambos estão trabalhando para o governo, mas Hoover é o guarda antigo e o Robert é o novo. Exatamente como na Bíblia. No Antigo Testamento, Satã é quem está no comando do mundo. E Jesus vai aparecer como o novo dirigente. Então eles vão se opor. É como quando Robert Kennedy aparece com uma nova carta de direitos civis, enquanto Hoover ainda está preocupado em perseguir os comunistas (risos).
ÉPOCA – Quando vemos Satã como um empregado de Deus, e não como a fonte de todo o mal, quais as conseqüências para o cristianismo?
Kelly – O dualismo é menor. No Livro do Gênesis, Adão e Eva são tentados pela esperta serpente. Os primeiros pais da Igreja interpretaram a serpente como Satã. A partir desse momento, ele se torna inimigo de Deus. Assim, na nova biografia, Adão, Eva e toda a humanidade foram entregues a Satã e ao inferno. Um dos doutrinários também inventou que Satã era Lúcifer, um anjo que se insurge contra Deus, e então é expulso do Céu. A idéia da nova biografia é que o diabo está encarregado de seu próprio reino e está trabalhando contra Deus. Na verdade, ele está tentando provar a Deus que muitas pessoas são pecadoras e não merecem ir para o Céu.
ÉPOCA – Como fica o pecado original na biografia bíblica do diabo?
Kelly – Não existe pecado original na Bíblia. Ninguém está interessado em Adão. Jesus nunca o menciona. São Paulo fala dele, mas como o homem que cometeu o primeiro pecado. O.k., é um pecado original, mas não está ligado a Satã nem faz com que todo mundo herde a culpa. Essa interpretação de que todos merecem ser punidos aparece mais tarde, especialmente com Santo Agostinho (354-430 d.C.). O que Jesus diz é que o mundo é cheio de pecado, e que seus seguidores devem se desviar disso.
ÉPOCA – Como judeus e muçulmanos vêem a figura do diabo?
Kelly – Os muçulmanos, no Alcorão, seguem a antiga idéia cristã de que Satã foi responsável pelo pecado de Adão e Eva. Para eles, quando Deus criou o homem em sua própria imagem, ele chamou os anjos para adorá-lo. Satã, que era um deles, se recusou, e então foi chutado para fora do Céu. Já os judeus têm a imagem de Satã que está no Livro de Jó, no qual ele é um dos anjos de Deus que testa e acusa as pessoas. Acredito que essa figura é mantida no Novo Testamento. Então, a idéia judaica, do Antigo Testamento, e a cristã, do Novo, seria basicamente a mesma. Mas os cristãos perderam isso com as interpretações posteriores.
ÉPOCA – E o inferno? Como Satã entrou lá?
Kelly – No Novo Testamento, as pessoas más são punidas no inferno, sobretudo após o fim do mundo, e as pessoas boas vão para o Céu. Mas Satã não está no inferno, na Bíblia. Essa idéia apareceu na Idade Média.
ÉPOCA – O senhor diz que o objetivo é restaurar a reputação do diabo, mas também a de Deus. Por quê?
Kelly – A imagem que temos de Deus é que ele botou o pobre casal Adão e Eva no paraíso e depois mandou uma serpente para tentá-los. E, como recompensa, a humanidade é punida para sempre. Deus parece supertirano. Isso não está na Bíblia. Uma vez que recuperamos a visão de Satã como um simples subordinado, Deus não parece tão injusto. Não é razoável que toda a humanidade vá para o inferno por causa de Adão e Eva e Deus só salve alguns.
ÉPOCA – Há algum Satã na literatura ou no cinema que seja próximo daquele retratado na Bíblia?
Kelly – Em Fausto, de Goethe, Mefistófeles é um diabo subordinado a Lúcifer, o que o aproxima do diabo da Bíblia. No poema Paraíso Perdido, de John Milton, Satã é Lúcifer, um anjo. Ele acha que pode escapar caso se rebele contra Deus. Você tem de ser bem idiota para pensar assim. Já o Satã do Inferno de Dante é muito louco! Ele fica lá no inferno choramingando e não tem controle sobre nada. Mas em todos esses retratos está a nova biografia de Satã, e não a original. Satã não é lá muito agradável, mas não é tão ruim como dizem.
Fonte: Revistaepoca.globo.com
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