Essa palavra vem do grego eidolon, “ídolo”, e latreuein,
“adorar”. Esse termo refere-se à adoração ou veneração aos ídolos ou imagens,
quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode
indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição
etc, que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos.
Assim, idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de
honras divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum objeto
ou imagem. A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem sua
confiança em Deus, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem
desejado; e, em vez de se submeterem a Deus, em algum sentido submetem-se à
valores representados por aquela imagem.
Na idolatria há certos elementos da criação usurpadores da posição cabível somente a Deus. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais (Gol 3.5). Praticamente, tudo quanto se torne excessivamente importante em nossa vida pode tomar-se num
ídolo para nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora a um deus falso, sem transformar esse deus em alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma falsa divindade. Nesse caso há diferença entre ídolo e imagem.Deus condenou os ídolos (Ex 32; Lv 26.1; II Rs 21.11; Si
115.3-9; 135.15-18; Is 2.18; At 15.20; 21.25; II Co 6:16), e também condenou as
imagens para adoração (Ex 20.1-6, Nm 33.52; Lv 26.1; Dt 27.15; Is 41.29; Ez
8.942). Era expressamente proibido ao povo de Israel fabricar imagens
esculpidas ou fundidas para adoração. (ver Ex 20.4; Dt 5.8). Imagens ou
representações de deuses imaginários eram feitas em materiais como pedra,
madeira, pedras preciosas, argila, mármore etc. A lei mosaica proibia tal ação
(Ex 34.17; Lv 19). Os profetas condenaram a prática, juntamente com qualquer
forma de idolatria (Is 30.22; Qs.13.2; Hc 2.18). Essa legislação, como é obvio
impedia que Israel se tornasse uma nação que cultivasse as artes plásticas,
embora, estritamente falando, estas não fossem proibidas por lei. Tais leis não
se aplicam às artes enquanto os produtos dessa atividade não forem venerados ou
adoradas. Ainda, sobre a imagem, há de se entender que em Ex 25.18-22, 37.7-9,
Deus ordenou que se fizesse como ornamento e representação algumas figuras, mas
não para adoração ou culto, e nem para olhar para elas e homenagear ou admirar
seus feitos poderosos. Trata-se de figuras de ornamento artístico e não objetos
de culto ou adoração.
Sobre a serpente de bronze, no hebraico nachasb
necbosbetb, a expressão é empregada exclusivamente em II Reis 18.4 para denotar
a serpente feita de bronze; ou melhor, de cobre, por Moisés (Nm 21.4.9). O
motivo para a fabricação da serpente de bronze foi o incidente no qual os
israelitas se queixaram diante de Moisés do tratamento imposto por Deus. O povo
de Israel, evidentemente, sem se importar muito diante das suas anteriores
tragédias, queixou-se de que es tava recebendo uma alimentação inadequada. E
Deus os castigou com as serpentes venenosas, que já haviam matado a muitos
israelitas.
Quando o povo se arrependeu, Deus ordenou a Moisés fazer
uma serpente de bronze. Aos israelitas foi prometido: todo aquele que tivesse
sido picado por uma serpente e contemplasse a serpente de bronze, movido pela
fé, seria curado da picada da serpente e não morreria. Isso não é culto a
serpente, nem veneração e nem adoração, e evidentemente Deus jamais admitiria.
Prova disso foi que, posteriormente, indivíduos idólatras e supersticiosos
entre os israelitas começaram a adorar a serpente de bronze, quando, nos dias
do rei Ezequias, essa figura de bronze foi destruída, por haver-se tornado um objeto
idólatra (II Rs 18.4). Ezequias a chamou de Neustã (pedaço de bronze), dando a
entender que a tal serpente era metal e nada mais.
O fato do próprio Senhor Jesus comparar a sua morte na
cruz ao levantamento da serpente de metal no deserto, por Moisés, não significa
idolatria ou justificativa para colocar objetos ou imagens para veneração ou
adoração, já que o uso aqui é figurado. Assim, como tantos foram curados de seu
envenenamento físico, assim também, em Jesus Cristo, aqueles que olharem para
ele, impelidos pela fé, são salvos das eternas conseqüências do pecado e da
morte . Assim em João 3.14, nas palavras de Jesus, a serpente de metal
torna-se um símbolo de Cristo como nosso Remidor, portanto, ao ser levantado
(o que sucedeu na cruz, no caso de Jesus), ele atrairia todos os homens a si
(Jo 12.32), e a redenção por ele preparada provê cura para o pecado e para a
morte espiritual. Usualmente, a serpente serve de símbolo do mal, representando
o próprio Satanás; e essa circunstância se tornou bom símbolo da condição de
perdição dos homens, cujas almas, por estarem alienadas de Deus, estão
enfermas até à morte.
As novidades da serpente permeiam, como seu veneno, o
arcabouço inteiro de suas vítimas, e outro tanto sucede no caso do pecado, que
entremecia a personalidade humana.
No tempo de Moisés, a serpente de metal foi dependurada
em um poste a fim de mostrar aos israelitas que, embora o pecado houvesse
atraído o julgamento, todavia lhes era oferecida a cura, cura essa
verdadeiramente eficaz. Na cruz, embora não houvesse iniqüidade alguma em
Cristo, Jesus se fez pecado por nós, e na cruz foi que ele derrotou o inimigo,
e fez dele um espetáculo público, é o que nos ensina Paulo em Colossences
2.14-15.
Há também casos de ornamentação do templo de Deus ricamente
construído por Salomão, como 1 Rs 6.17-36; II Cr 3.5-17; 4.1-22, ou, ainda, a
profecia da restauração do templo (Ez 41.17-26). Porém, todos esses objetos e
imagens não eram para invocação, intercessão, ou para adoração, mas apenas
ornamentação.
Assim, um ídolo representa alguma divindade, ou então é
aceito como se tivesse qualidades divinas por si mesmo. Em qualquer desses
casos, aquele objeto recebe adoração. Contudo, é possível haver imagem, sem que
seja adorada, como no caso dos querubins que havia no templo de Jerusalém. Sem
dúvida, esses querubins não eram adorados, nem eram padroeiros dos hebreus, nem
intercediam por eles, nem eram recordações de pessoas que eles ama-varri,
formando assim exceção acerca da proibição de imagens. Urna imagem também pode
ser um amuleto que é concebido como dotado de alguma forma de poder de
proteger, de ajudar, ou de permitir alguma realização.E, naturalmente, é
possível a posse de uma imagem esculpida ou pintada, representando algum santo
ou herói, religioso ou não, sem que a mesma seja adorada, por ser apenas um
lembrete de que se deveria emular as qualidade morais e espirituais de tal
pessoa. Por outro lado, quando tais imagens são ‘veneradas’, é provável que, na
maioria dos casos, esteja sendo praticada a idolatria. As estátuas dos heróis
no Brasil são comuns, mas nunca veneradas como deuses ou com poderes divinos,
nem se faz elaboradas cerimônias ou procissões com elas. Eles são relembrados
como grandes mestres, cidadãos, líderes, e suas imagens são apenas memoriais
desses fatos.
O catolicismo romano crê na intercessão feita por aquele
santo, representado na imagem, pensa que o espírito daquele santo pode ajudar,
proteger, guardar etc, daí que todo tipo de
objeto e representação material daquele santo passa a ser
venerado, cultuado, adorado, e isso é idolatria. Além disso, as imagens desses
santos são “veneradas” ou “adoradas’ mediante alguma forma de cerimônia, que,
supostamente, lhes transmitem a honra e reverência do povo. Ora, se as imagens
são apenas “recordações dos flC)5505 irmãos de fé”, então porque se presta
consagração, procissão, oferecimento de flores de beijos e curvam-se diante
delas? Por que se ora a elas, faz-se pedidos, poesias e cânticos? Ora, se
ajoelhar diante de uma imagem, orar olhando para ela, tocá-la, beijá-la,
curvar-se diante dela, fazer oferendas, fazer procissão e elaboradas
cerimônias, e se isso não for adoração, e conseqüentemente idolatria, então
fica difícil definir o que é adoração e o que é idolatria. Assim sendo, a
declaração católica romana de que “a honra devolvida nas santas imagens é uma
veneração respeitosa, não uma adoração”, parece mais com uma charada teológica.
A Igreja Romana tem ensinado há séculos que os santos e
Maria intercedem pelos fiéis; ora, se eles estão mortos e seus espíritos são
invocados, isso é invocação de pessoas que já morreram e isso é pecado (Is
8.19). E essa prática, parece mais com o espiritismo do que com o
cristianismo. Além do mais, há um só mediador ou intercessor entre Deus e os
homens, Jesus Cristo, homem (1 Tm 2.5).
Os católicos romanos insistem em dizer que não adoram
nenhuma imagem, nenhum objeto e nenhuma pessoa humana, mas só a Deus porém, na
prática não é isso que se verifica. Os intelectuais romanistas, tal como seus
colegas budistas, dizem que as imagens de escultura são apenas memórias de
qualidades dignas de emulação, de santos ou heróis espirituais, o que,
presumivelmente, ajudaria os religiosos sinceros a copiarem tais virtudes.
Entretanto, o povo comum não é sofisticado o bastante para separar a imagem da
adoração, à autêntica distinção entre a adoração e veneração. O resultado disso
é que a idolatria tornou-se muito comum na Igreja Católica, tanto no Oriente
como no Ocidente.
Para a teologia católica, a imagem seria apenas um memorial
de alguma verdade ou pessoa espiritual; e a veneração assim prestada seria
dirigida àquela verdade ou pessoa, e não à imagem propriamente dita.
Entretanto, popularmente, as pessoas realmente veneram às próprias imagens, e a
cuidadosa distinção entre adoração e veneração é forçada ao máximo, para
dizermos o mínimo. Na verdade, a veneração de imagens, nas igrejas do Ocidente
e do Oriente, que foi tão vigorosa e corretamente repelida pelo Reforma
Protestante, é precisamente aquilo que os judeus e os islamitas diziam — é
idolatria. Esse é um dos maiores escândalos da cristandade. Teólogos católicos
romanos têm chegado ao extremo de afirmar que os objetos materiais
assemelham-se a entidades dotadas de espírito, capazes de atuar como pontes de
ligação entre o que é material e o que é espiritual. Assim, não se trata apenas
da imagem em si, mas o que está por detrás delas. Se os que morreram não podem
interceder pelos que estão vivos, e nem voltar para a terra (Lc 16.19-31; 1 Tm
2.5; Hb 9.27), como fica a situação dos romanistas que pedem ajuda, proteção e
mediação aos santos e Maria? Não estariam eles invocando espíritos? Se os
mortos em Cristo estão com Cristo, e os que morreram em pecado estão no Hades,
quem pode responder essas invocações e orações? Não seriam os espíritos deste
mundo, conforme nos escreve o apóstolo Paulo em 1 Co 8.4-6 e 1 Co 10.14-24?
E inevitável, à proporção do crescimento espiritual dos
homens, (oração e estudo da palavra de Deus), que sua abordagem à pessoa de
Deus torne-se cada vez mais mística e cada vez menos materialista. Os ritos vão
perdendo mais e mais a sua importância, e as imagens terminam por ser
abertamente rejeitadas. E, quando se obtém o contato direto com o Espírito
Santo de Deus, de tal modo que se estabelece uma comunhão viva entre o Espírito
de Deus e o espírito humano, então os homens não mais sentem qualquer
necessidade de agência intermediária. Mesmo não tendo acontecido isso no caso
dos católicos romanos e outros, após tantos séculos de existência da Igreja
Romana, somente demonstra o fato de que os homens, a despeito de tantas
vantagens, não têm progredido muito em sua espiritualidade.
Assim, por trás do ensinamento romanista de que, “a honra
devolvida nas santas imagens é uma veneração respeitosa”, está a intenção de se
ver protegido, guardado, ou que o santo representado na imagem venha interceder
pelo pedinte, e isso é pecado de idolatria, e de feitiçaria, pois o espírito do
morto não deve ser invocado pelos vivos (1 Tm 2.5; Is 8.19).
“Filhinbos, guardai-vos dos ídolos. Amém.” (1 Jo 5.21).
Pr. Natanael Rinaldi
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