A base do Adventismo do
Sétimo Dia é o seu ponto de vista de profecia que é a escola de interpretação
histórica, uma escola que sustenta que profecia deve ser entendida à luz do
cumprimento consecutivo na história. O exagero dessa ideia levou William Miller
e seus seguidores a ensinar que os 2300 dias de Daniel 8:14 eram realmente 2300
anos.
Compreendendo desde 457 a.C, o tempo do decreto para reconstruir Jerusalém (Dn 9.24), os Mileritas pensavam que 1843 seria a data para a Segunda Vinda de Jesus Cristo. Miller e seus seguidores, entre os quais estavam James e Ellen G. White, e outros proeminentes Adventistas do Sétimo Dia, entendiam o “santuário” de Daniel 8.14 como sendo a terra que seria purificada por Cristo no “grande e terrível Dia do Senhor”, que interpretavam como a Segunda Vinda de Cristo. Temos visto, contudo, que os Mileritas foram amargamente desapontados; e quando Cristo não apareceu, o próprio Miller renunciou o sistema e todos os movimentos resultantes, incluindo o Adventismo do Sétimo Dia. Porém, os primeiros Adventistas do Sétimo Dia, confiando na
“visão” do Elder Hiram Edson, transferiram o local do santuário da terra para o céu, e ensinaram que em 1844 Cristo foi, em vez disso, ao segundo compartimento do santuário no céu (o que os Adventistas do Sétimo Dia contemporâneos chamam a Segunda fase do seu ministério), para ali, examinar os casos daqueles julgados serem dignos da vida eterna. Essa fase do ministério do nosso Senhor, os Adventistas do Sétimo Dia chamam o “juízo investigativo”. É um tipo único de teoria Arminiana intencionado, acredito, para disciplinar os cristãos pela ameaça de juízo e condenação iminente àqueles cujos casos são decididos desfavoravelmente pelo nosso Senhor.Quando concluído, o
juízo investigativo conduzirá à Segunda Vinda de Jesus Cristo, segundo a
teologia Adventista do Sétimo Dia, e o diabo, prefigurado pelo segundo bode ou,
o bode emissário de Levíticos 16 (Azazel), arcará com a eterna destruição ou
aniquilação pela sua responsabilidade em ter causado a entrada do pecado no
universo. James White, um líder leal Adventista do Sétimo Dia, quando primeiro
confrontado com a doutrina do Juízo Investigativo, opôs-se à mesma in toto,
dando em essência muitos argumentos apresentados por todos os ex-Adventistas do
Sétimo Dia posteriores. E foi após considerável tempo que James White
finalmente concordou com a doutrina do juízo investigativo. Há muitos críticos
do Adventismo do Sétimo Dia que, quando se aproximam dos conceitos do
Santuário, Juízo Investigativo e Bode Emissário, ridicularizam e zombam dos
pioneiros Adventistas e de seus descendentes pela aceitação de tais teorias
infundadas e extra-bíblicos, mas escárnio não é a resposta, e deveria ser
relembrado que os Adventistas mantêm essas doutrinas em sinceridade. Portanto,
se têm que ser persuadidos da natureza do seu engano, nessas áreas pelo menos,
somente os fatos da Escritura e a orientação do Espírito Santo de Deus o fará.
A visão de Hiram Edson,
descrito no capítulo um, é, até aqui, à medida que diz respeito a esse
escritor, uma tentativa para escapar da terrível calamidade que desabou sobre o
movimento Milerita, e o desapontamento e embarassamento que deve ter seguido ao
fracasso das profecias Mileritas e das interpretações deles do livro de Daniel.
Nós nos limitaremos nesse capítulo, aos pontos salientes dos temas teológicos
surgidos por esses ensinos especiais ou doutrinas da mensagem do advento. No
assunto de interpretação profética, esse escritor está convencido que o
Espírito Santo tem realmente ocultado dos inquiridores e dos intelectos dos
homens verdades importantes que, sem dúvida, serão reveladas perto do tempo do
fim dos tempos. Não é para nós julgarmos se as escolas de interpretação
preterista, historicista ou futurista são corretas, e não deveríamos nos
preocupar excessivamente se Cristo vem, antes, durante ou após a Grande
Tribulação. Pelo contrário, deveríamos estar preocupados apenas com a sua
vinda, pois ela é certamente “a abençoada esperança” da Igreja Cristã (Tt
2.13), cuja esperança tanto Adventistas quanto não-adventistas que compartilham
a fé cristã, antecipam com alegria.
O
SANTUÁRIO
Desde que, os
Adventistas acreditam que o santuário a ser purificado está no céu (Daniel
8.14), o qual os Mileritas identificavam como a terra (um erro anterior
lamentável), devemos perguntar: Qual é o propósito do santuário celestial e sua
purificação ? Quais são realmente os ensinos Adventistas?
O livro de Hebreus
definitivamente aponta para um “santuário celestial” do qual Cristo é o
ministro (Hb 8.1,2), e o escritor da epístola repetidamente contrasta o Senhor
Jesus Cristo, nosso ressuscitado Sumo Sacerdote, com o sacerdócio Aarônico.
Mostra que, Cristo deriva sua autoridade segundo o poder de “vida indissolúvel”
(Hb 7.16) e que Ele foi tanto Sumo Sacerdote quanto oferta no Calvário. E isso
os Adventistas também enfatizam.
É fútil, portanto,
discutir que a palavra “santuário” não aplica-se ao céu ou algo de natureza
celestial, desde que, as Escrituras ensinam. Porém, o erro dos Adventistas é
retirar das Escrituras interpretações que não podem ser comprovadas pela
exegese, mas apóia-se em grande parte por inferência e dedução, retiradas de
aplicações teológicas da própria vontade deles.
No seu ensino do
Santuário, os Adventistas na verdade declaram nas palavras de Ellen G. White:
“Como antigamente eram os pecados do povo colocados, pela fé, sobre a oferta
pelo pecado, e, mediante o sangue dessa, transferidos simbolicamente para o
santuário terrestre, assim em o novo concerto, os pecados dos que se arrependem
são pela fé colocados sobre Cristo e transferidos, de fato, para o santuário
celeste. E como a purificação típica do santuário terrestre se efetuava
mediante a remoção pelos quais se poluíra, igualmente a purificação real do
santuário celeste deve efetuar-se pela remoção, ou cancelamento, dos pecados
que ali estão registrados”.
Aqui temos o centro
doutrinário do ensino Adventista do Sétimo Dia concernente à expiação do
pecado, a qual é, que os pecados dos crentes têm sido transferidos, depositados
ou registrados no santuário celestial, e agora estão sendo tratados no Juízo
Investigativo.
Vamos novamente ouvir a
Sra. White: “Nas ofertas para o pecado apresentado durante o ano, havia sido
aceito um substituto em lugar do pecador; mas o sangue da vítima não fizera
completa expiação pelo pecado. Apenas provera o meio pelo qual este fora
transferido para o santuário. Pela oferta do sangue, o pecador reconhecia a
autoridade da lei, confessava a culpa de sua transgressão, e expremia sua fé
naquele que tiraria o pecado do mundo; mas não estava inteiramente livre da
condenação da lei. No dia da expiação o sumo sacerdote, havendo tomado uma
oferta pela congregação, ia ao lugar santíssimo com sangue e o aspergia sobre o
propiciatório, em cima das tábuas da lei. Assim se satisfaziam os reclamos da
lei que exigia a vida do pecador. Então, em seu caráter de mediador, o
sacerdote tomava sobre si os pecados e, saindo do santuário, levava consigo o
fardo das culpas de Israel. À porta do tabernáculo colocava as mãos sobre a
cabeça do bode emissário e confessava sobre ele todas as iniquidades dos filhos
de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados,
pondo-os sobre a cabeça do bode. E, assim como o bode que levava esses pecados
era enviado para longe dali, tais pecados, juntamente com o bode, eram
considerados separados do povo para sempre.”
A Sra. White, além
disso, declarou: “Antes que o bode tivesse dessa maneira sido enviado não se
considerava o povo livre do fardo de seus pecados”.
O ensino Adventista,
então, é que Cristo como nosso sumo sacerdote transferiu os pecados dos crentes
(i.e., o registro dos pecados no pensamento Adventista) para o santuário
celestial, o qual, será finalmente purificado no final do grande dia da
expiação, o juízo investigativo tendo sido concluído. Então, os casos de todos
os justos havendo sido decididos, seus pecados serão cancelados, seguindo-se à
volta do Senhor Jesus Cristo em glória. A Sra. White esclareceu que o pecado transferido
para o santuário no céu permanecia lá até o término do juízo investigativo e a
subsequente purificação do santuário: “O sangue de Cristo, ao mesmo tempo em
que livraria da condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o
pecado; esse ficaria registrado no santuário até a expiação final; assim, no
serviço típico, o sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado,
mas este permanecia no santuário até ao dia da expiação”. Para comprovar essa
posição particular, os Adventistas citam Atos 3.19 na tradução de João Ferreira
de Almeida, Revista e Corrigida: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para
que sejam apagados os vossos pecados, e venham os tempos do refrigério pela
presença do Senhor”.
A principal dificuldade
com o argumento Adventista é que no Grego, Atos 3.19,20 não comprova o ensino
deles de que o cancelamento dos nossos pecados ocorrerá como um evento separado
do perdão dos pecados. Segundo as modernas traduções (Almeida, NVI, etc.), o
texto deveria ler: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os
seus pecados sejam cancelados, para que venham tempos de descanso da parte do
Senhor”. Pedro estava advertindo seus ouvintes a arrependerem-se, a
converterem-se de seus pecados, para receberem o perdão que vem da presença do
Senhor. Esse texto não dá apoio aos Adventistas para o ensino deles do
“Santuário celestial e juízo investigativo”.
O
JUÍZO INVESTIGATIVO
A Bíblia explicitamente
declara que quando alguém aceita Cristo como Senhor, Deus livremente perdoa
todos os seus pecados e o conduz da morte espiritual para a vida espiritual
somente nos méritos da vida e morte perfeita do Senhor Jesus Cristo. Com isto
concordam totalmente os Adventistas e isso torna o ensino deles sobre o juízo
investigativo inconsistente. Em Jo 5.24, o Grego disfere um golpe mortal ao
conceito Adventista sobre o Juízo Investigativo: “Em verdade em verdade vos
digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna,
não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (tradução literal).
Os cristãos, contudo,
não necessitam antecipar nenhum juízo investigativo por causa dos seus pecados.
Na verdade “… importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo,
para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do
corpo” (2 Co 5.10), mas isso não tem nada a ver com algum juízo investigativo.
É um juízo para recompensas. Vários juízos são mencionados na Bíblia, mas na
opinião desse escritor nenhuma passagem comprova a teoria do “juízo
investigativo”, pois ela é verdadeiramente teoria, confiando em citações fora
de contexto e apoiado pelo “espírito de profecia”.
Eles podem acreditar
nesse dogma, mas infelizmente o ensino do Novo Testamento proíbe a ideia de que
“o sangue de Cristo, ao mesmo tempo que livraria da condenação da lei o pecador
arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria registrado no santuário até
à expiação final”, ou “cancelamento”. As Escrituras claramente ensinam: “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9). Ademais, a evidência do término
do perdão de Deus e o poder purificador do sangue de Cristo é encontrado no
primeiro capítulo do livro de Hebreus, onde o Espírito Santo nos informa que
Cristo como “a imagem de Deus”, “sustentando todas as coisas pela palavra do
seu poder”, fez “a purificação dos pecados” (Hb 1.3).
Para a palavra
traduzida “purificado” ou “purificação” o Espírito Santo escolheu a palavra
Grega “katharismon”, da qual derivamos catártico. Portanto, é dito do Senhor
Jesus e de seu sacrifício que sozinho, “por si mesmo”, deu à nossa natureza
espiritual pecaminosa o completo catártico de perdão e purificação na cruz. Os
cristãos podem agora regozijarem-se pois o Senhor Jesus Cristo não está ocupado
em pesar nossas faltas e fracassos, pois “ele conhece a nossa estrutura e sabe
que somos pó” (Sl 103.14). Não podemos, portanto, aceitar o ensino Adventista
sobre o juízo investigativo desde que estamos convencidos de que a mesma não
tem apoio na Escritura. Devemos rejeitar aquilo que cremos ser conceito
anti-bíblico deles, os quais ensinam que os pecados dos crentes permanecem no
santuário até o dia do cancelamento.
Os Adventistas, no
ensino dessa doutrina, estão fazendo vista grossa ao fato de que “O Senhor
conhece os que lhe pertencem” (2 Tm 2.19) e foi uma autoridade nada menos que o
Senhor Jesus Cristo que declarou: “conheço as minhas ovelhas” (Jo 10.14). O
apóstolo Paulo declara que Cristo “morreu a seu tempo pelos ímpios . . Cristo
morreu por nós, sendo nós ainda pecadores … sendo inimigos, fomos reconciliados
com Deus pela morte de seu Filho” (Rm 5.6,8,10). Isso não se compara com o
ensino Adventista do santuário celestial, a transferência de pecados e o juízo
investigativo. Em sua epístola aos Colossences o apóstolo Paulo declarou:
“Havendo feito a paz pelo seu sangue da sua cruz … vós outros também que,
outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras
malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua
morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis”
(Cl 1.20-22). Mais uma vez o Espírito Santo declara que agora estamos
reconciliados por meio da morte de Cristo, havendo sido perdoados todos os
nossos delitos através do sangue da cruz (Cl 2.13).
Os Adventistas do
Sétimo Dia, contando com Daniel 8.14, Daniel 7.9,10, Ap 14.7 e 1.18, que se
referem a “juízo”, e tentam “provar” que se referem ao juízo investigativo, mas
um exame da cada um desses textos no contexto revela a escassez da
reivindicação. Nenhum desses textos tem alguma relação com qualquer julgamento
acontecendo agora. Nem a gramática, nem o contexto, apoiam uma tal contenção.
Uma pessoa pode basear essa interpretação somente na premissa Adventista de
que, a escola historicista de interpretação é a única correta, e pela aceitação
da definição Adventista do santuário e do juízo. É significante que eruditos
bíblicos não-adventistas jamais têm seguido essas interpretações chamadas de
“juízo investigativo”, pois não há apoio bíblico a não ser por implicação e
inferência.
Como anteriormente
mencionado, James White, no início, negou categoricamente o ensino do juízo
investigativo e deu boas razões para a sua rejeição. Embora posteriormente
aceitasse essa doutrina, suas objeções ainda são válidas. “Não é necessário que
a sentença final seja dada antes da primeira ressurreição como alguns têm
ensinado; pois os nomes dos santos estão escritos no Céu e Jesus e os anjos
certamente sabem quem ressuscitará e estará na Nova Jerusalém … O evento que
iniciará o dia de julgamento será a vinda do Filho do Homem que ressuscitará os
santos que dormem e transformará aqueles que estiverem vivos naquele tempo”.
A respeito do tempo
para o início do grande Juízo, James White citou: “Conjuro-te, perante Deus e
Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu
reino” (2 Tm 4.1). Perguntado quando esperava o juízo de Daniel sete ocorrer,
James White declarou: “Daniel, na visão da noite, viu que o juízo era dado aos
santos do altíssimo, mas não a santos mortais. Não ocorrerá até que o ancião de
dias venha, o chifre pequeno cesse de prevalecer e seja destruído pelo brilho
da vinda de Cristo”.
Vemos então, que James
White no início rejeitou o juízo investigativo com boas razões. Mas, mais duas
declarações dele são realmente reveladoras. Escreveu: “A vinda do anjo,
Apocalipse 14.6-7 dizendo com grande voz, “Temei a Deus e daí-lhe glória, pois
é chegada a hora do seu juízo” , não prova que o dia do juízo veio em 1840 ou em
1844, nem que virá antes da Segunda vinda … Alguns têm afirmado que o dia do
juízo é anterior à Segunda vinda. Esta opinião é certamente infundada na
Palavra de Deus”.
Naquele tempo, James
White estava com uma boa base bíblica, porém depois abandonou essa posição
pelas teorias e especulações proféticas divulgadas pela sua esposa e por outros
líderes Adventistas influentes. O próprio Senhor Jesus Cristo colocou o juízo
depois de sua Segunda vinda quando disse: “Quando vier o Filho do Homem na sua
majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono de sua glória,
e todas as nações serão reunidas em sua presença” (Mt 25.31-32). Alguém precisa
apenas ler os seguintes textos para observar que os juízos de Deus sobre os
crentes e descrentes são eventos futuros. Observe a linguagem empregada:
1. “de vivos e mortos”,
“em sua presença no seu reino” (At 10.42; 1 Pe 4.5).
2. “As ovelhas e os
bodes quando o Filho do Homem vier em sua majestade” (Mt 25.31-46).
3. “O trigo e o joio no
fim do mundo” (Mt 13.24-30, 36-43).
4. “Porque importa que
todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Co 5.10).
5. “Assim, pois, cada
um de nós, dará conas de si mesmo a Deus” (Rm 14.10-12).
6. “manifesta se
tornará a obra de cada um, pois o Dia a demonstrará” (1 Co 3.13).
Além desses versículos
que inequivocamente indica o juízo futuro, o escritor aos Hebreus declara: “E,
assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o
juízo” (Hb 9.27). Isso, para alguns näo-adventistas, é evidência conclusiva que
não há juízo investigativo ocorrendo agora para os crentes temerem.
O livro aos Hebreus
também expõe o conceito enganoso do juízo investigativo: “E não há criatura que
não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão
descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb
4.13). Desde que, nosso Senhor conhece a disposição de “casos” alegadamente
sendo revisados no Céu, que necessidade há para o “juízo investigativo?” Cremos
que as Escrituras não apoiam decididamente uma tal doutrina.
Concluindo nossos
comentários sobre o juízo investigativo, observamos que recompensas para os
crentes serão repartidas depois da Segunda vinda do nosso Senhor, ou na
“ressurreição dos justos”, para a ressurreição da vida (Jo 5.29, Lc 14.14). Até
mesmo os Adventistas concordam na crença de que o juízo investigativo conflita
com o ensino bíblico sobre o juízo com respeito a crentes e descrentes. Ao ver
desse escritor, o grande erro dos ensinos do santuário e do juízo investigativo
é a premissa que os pecados confessados pelos cristãos não são completamente
tratados até o término do juízo investigativo, uma posição que a Escritura não
permite.
Os Adventistas, na
opinião de eruditos conservadores bíblicos, estão apenas especulando com suas
teorias do santuário e juízo investigativo. De fato, muitos concordam que
criaram doutrinas para compensar pelos erros na interpretação profética. Mas –
muitas doutrinas intencionadas a resolver seus problemas teológicos têm, por
sua vez, aumentado o dilema deles – um dilema que têm ainda de resolver! O
apóstolo Paulo declarou: “Agora, pois, já nenhuma condenação (i.e. juízo, no
grego), há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1); aqui cada causa do
cristão deve descansar. Jamais podemos ser indiciados novamente por nossos
pecados nem condenados por eles, porque Cristo pagou plenamente a penalidade.
Para aqueles que creem em “segurança eterna” não há, pois, juízo, para a
penalidade do pecado, i.e., separação eterna de Deus. Contudo, as Escrituras
ensinam que, seremos julgados pela maneira como vivemos como cristãos (2 Co
5.10). Os Adventistas do Sétimo Dia aprovam uma doutrina que nem soluciona as
dificuldades deles nem engendra paz de mente. Mantendo como fazem a doutrina do
Juízo Investigativo, é extremamente difícil para entendermos como podem
experimentar a alegria da salvação e a compreensão de pecados perdoados.
Contudo, isso é verdade com respeito à pretensa teologia Arminiana como um
todo, a qual ensina que vida eterna concedida por Deus aos crentes, não é
realmente eterna em duração. Segundo esta escola, é uma vida condicional, a ser
revogada por Deus quando à sua vista transgressões suficientes tenham ocorrido.
No livro aos Romanos contudo, declara: “porque os dons de Deus e a vocação de
Deus são irrevogáveis” (Rm 11.29). Deus está totalmente consciente de nosso
passado, presente e futuro quando nos chama e reivindica; sua onisciência é
nossa garantia de segurança eterna.
Há, contudo,
esclarecimento e sumário da doutrina do juízo investigativo no livro Questions
on Doctrine (Perguntas sobre Doutrina), é dito: “É nosso entendimento que
Cristo, como sumo sacerdote conclui seu ministério intercessrio no céu em uma
obra de juízo. Começa sua grande obra de juízo na fase investigativa. No
término da investigação, a sentença do juízo é pronunciada. Então, como juiz,
Cristo desce para executar, ou pôr em prática, aquela sentença. Pela sublime
grandeza, nada na palavra profética pode comparar-se com a descrição de nosso
Senhor quando desce dos céus não como sumo sacerdote, mas como Rei dos reis e
Senhor dos senhores. E com Ele estão todos os anjos do céu. Ele ordena aos
mortos, e aquela vasta hoste inumerável daqueles que dormem em Cristo ressurgem
para a imortalidade. Ao mesmo tempo, aqueles entre os vivos que são
verdadeiramente filhos de Deus são arrebatados juntos com os redimidos de todas
as épocas para encontrar o seu salvador no ar, e ficar para sempre com o
Senhor. Como temos sugerido, os Adventistas do Sétimo Dia creem que na Segunda
vinda de Cristo, o destino eterno de todos os homens terá sido irrevogavelmente
fixado pelas decisões de um tribunal de juízo. Um tal juízo obviamente
ocorreria enquanto os homens estão vivos ainda na terra. Os homens poderiam
estar completamente desapercebidos do que está em andamento no céu.
Dificilmente é para ser imaginado que Deus falharia em avisar aos homens de um
tal juízo iminente e de seus resultados. Os Adventistas do Sétimo Dia creem que
a profecia prenuncia um tal juízo, e na verdade indicam o tempo no qual era
para iniciar… Quando o sumo sacerdote no serviço típico tinha concluído sua
obra no santuário terrestre, no Dia da expiação, vinha à porta do santuário.
Então, o ato final com o segundo bode, Azazel, ocorria. “Da mesma maneira,
quando nosso Senhor completar seu ministério no santuário celestial também
virá. Quando fizer isso, o dia da salvação terá terminado para sempre. Cada
alma então, terá feita sua decisão a favor ou contra o divino Filho de Deus.
Portanto, sobre Satanás, o instigador do pecado, é colocada sua
responsabilidade por ter iniciado e introduzido à iniquidade no universo. Mas
ele (Satanás), em nenhum sentido, expia vicariamente pelos pecados do povo de
Deus. Todos estes, Cristo totalmente levou e expiou vicariamente por todos, na
cruz do calvário”.
É evidente, então, que
para os Adventistas, o juízo investigativo é algo muito real, e creem que, o
cancelamento final dos seus pecados depende dos resultados daquele juízo,
culminando na destruição final (aniquilação) dos ímpios e Satanás, tipificado
pelo bode emissário de Levíticos 16.
O
BODE EMISSÁRIO
Talvez nenhuma doutrina
dos Adventistas do Sétimo Dia tenha sido mais mal compreendida do que o ensino
concernente ao bode emissário (Lv 16). Por motivo de certas escolhas infelizes
de palavras por alguns escritores Adventistas, a impressão que tem sido dada é
que os Adventistas consideram Satanás como um parcial portador de pecados para
o povo de Deus. Isso pode ser considerado pelo fato que nos primórdios do
Adventismo, eles formaram muito da sua teologia sobre a tipologia do santuário
Mosaico, usando quase que exclusivamente a fraseologia da bíblia King James
Version (a versão Almeida Corrigida). A partir daqui, entram em dificuldades
quando tratam com conceitos tais como o bode emissário (Lv 16). Muitos
eruditos, todavia, apoiam o conceito Adventista do Sétimo Dia que, Azazel
representa Satanás. Seja como for, o aspecto importante aqui é o lugar do bode emissário
com respeito à expiação de Cristo. Os Adventistas creem que Satanás
eventualmente torna-se o portador de seus pecados? Em absoluto! Esse escritor
está convencido que o conceito Adventista do bode emissário, com relação ao dia
da expiação, o santuário e o juízo investigativo é uma combinação bizarra de
interpretação profética e tipologia; mas de modo algum essa é uma doutrina
destruidora de almas como muitos pensam que seja. Deixemos que os próprios
Adventistas falem:
“Assumimos nossa
posição inigualável sobre a plataforma do evangelho: a morte de Cristo
providencia a única propiciação pelos nossos pecados (Jo 2.2; 4.10); não há
salvação através de nenhum outro meio ou mediador e não há nenhum outro nome
pelo qual possamos ser salvos (At 4.12); e que somente o sangue derramado de
Jesus Cristo traz o perdão para os nossos pecados (Mt 26,28). Esse é o
fundamento.
“Quando Satanás tentou
nossos primeiros pais para pegar e comer do fruto proibido, ele, assim como
eles, tiveram responsabilidade inevitável naquele ato – Ele, o instigador,
através das eras, em todo pecado, está envolvido em responsabilidade, como
originador e instigador, ou tentador (Jo 8.44; Rm 6.16; 1 Jo 3.8).
Agora, com relação aos
meus pecados, Cristo morreu por eles (Rm 5.8). Ele foi traspassado pelas minhas
transgressões e por minhas iniquidades (Is 53). Ele assumiu minhas
responsabilidades, e apenas o seu sangue purifica-me de todo pecado (1 Jo 1.7).
Expiação por meu pecado é feita somente pelo sangue derramado de Cristo.
“Em relação ao pecado
de Satanás e sua responsabilidade como instigador e tentador, nenhuma salvação
é providenciada para ele. Deve ser punido pela sua responsabilidade … Ele mesmo
deve ‘expiar’ pelo seu pecado em levar os homens a transgredir; da mesma forma
que um mestre do erro sofre na forca ou na cadeira elétrica por sua
responsabilidade nos crimes pelos quais levou outros a cometerem. É somente no
mesmo sentido que podemos entender as palavras de Levíticos 16.10 com respeito
ao bode emissário fazer expiação por ele.
“Satanás é a mente
mestra responsável no grande crime do pecado, e sua responsabilidade retornará
à sua própria pessoa. A evidência esmagadora pela sua responsabilidade nos
pecados dos ímpios tanto quanto nos dos justos, deve ser colocada sobre ele. A
simples justiça exige que, enquanto Cristo sofre por minha culpa, Satanás deve
também ser punido como o instigador do pecado.
“Satanás não faz
nenhuma expiação por nossos pecados. Mas, no final, terá que sofrer a punição
retributiva pela sua responsabilidade nos pecados de todos os homens, tanto dos
justos quanto dos injustos.
“Os Adventistas do
Sétimo Dia, portanto, repudiam in toto alguma ideia, sugestão, ou implicação
que Satanás seja, em algum sentido ou grau nosso portador dos pecados. O
pensamento é detestável para nós, e um sacrilégio assustador.
“Somente Cristo, o
criador e o único Deus-homem, faria uma expiação substitutiva pelas
transgressões dos homens. Isso Cristo fez completamente, perfeitamente e de uma
vez por todas, no Gólgota”.
Com certeza, os
Adventistas do Sétimo Dia têm um conceito inigualável do bode emissário, mas à
luz da explicação deles, nenhuma crítica poderia incriminá-los honestamente por
heresia com respeito à expiação de nosso Senhor. Os Adventistas têm declarado
inequivocamente que Jesus Cristo é a única propiciação pelos pecados deles e
que Satanás é o mestre do erro do universo e que isso é axiomático; portanto,
ele deveria sofrer como o instigador da rebelião angélica e humana. Há,
naturalmente, muitas interpretações de Levíticos 16 expostos por eruditos
cultos, a grande maioria dos quais não são certamente Adventistas; assim, na
melhor das hipóteses a discussão está aberta. O Abingdon Bible Commentary
(Metodista), a respeito de Levíticos 16 e do bode emissário declara: “Sobre os
bodes são lançados sortes, um para Jeová e o outro para Azazel. A tradução
emissário na margem da Revised Version aqui (conferir remoção na ASV, margem) é
inadmissível, sendo fundamentada em uma etimologia falsa. O significado da
palavra é desconhecida, mas seria mantida como um nome próprio de um demônio do
deserto”.
Com relação a essa
declaração seria acrescentada as opiniões de Samuel Zwemer, E.W.Hengstenberg,
J.B.Rotherdam e J.Russel Howden, o último dos quais escreveu no Sunday School
Times de 15 de janeiro de 1927: “O bode para Azazel como é algumas vezes
traduzido enganosamente, tipifica o desafio de Deus a Satanás. Dos dois bodes,
um era para Jeová significando a aceitação de Deus da oferta pelo pecado; o
outro era para Azazel. Provavelmente, isso é para ser entendido como uma pessoa
em paralelo a Jeová na cláusula precedente. Azazel é provavelmente sinônimo
para Satanás”.
Embora os Adventistas
não tenham apoio exegético para as suas teorias do santuário e do juízo
investigativo, uma coisa é certa: Eles têm mais do que apoio erudito razoável
para atribuir o título “Satanás” a Azazel em Levíticos 16 concernente ao bode
emissário, mas onde a Escritura especificamente não esclarece é mais sábio não
comentar. Muitos críticos, zelosos para pungir o Adventismo e classificá-lo
como “uma seita anti-cristã perigosa”, enfatizam demasiadamente sobre o ensino
do bode emissário. À luz das declarações atuais do conceito referente ao bode
emissário, em relação à má compreensão do passado, têm finalmente esclarecido de
uma maneira plausível.
Muito, muito mais
poderia ser escrito acerca dos conceitos Adventistas do Sétimo Dia do
santuário, juízo investigativo e do bode emissário desde que estão
interligados. Mas escritores tais como W.W.Fletcher (The Reasons for my Faith),
e outros ex-Adventistas do Sétimo Dia têm exaustivamente refutado a posição da
filiação anterior deles. Recomenda-se ao leitor consultar a Bibliografia para
informação adicional sobre esse assunto. O mérito especial de toda situação é
que, os Adventistas felizmente negam as conclusões lógicas para as quais suas
doutrinas os conduzem, i.e., uma negação da plena validade da expiação de
Cristo, cuja validade, absolutamente afirmam e abraçam com considerável fervor,
uma situação paradoxal, na melhor das hipóteses.
NOTA
DO AUTOR
Desejaríamos que
algumas das primeiras declarações não-representativas dos Adventistas do Sétimo
Dia sobre o bode emissário não tivessem sido feitas, ou melhor, ainda, que elas
não fossem disseminadas em algumas de suas publicações. Contudo, ignorar suas
declarações atuais, é, acreditamos, basicamente desleal. Parece-nos ser pouco
mais do que preconceito cego. Uma recente análise do livro, Questions on
Doctrine, contém um erro frequentemente encontrado em escritos críticos.
Imputando-lhes uma posição que não mantêm, o analista então procede para
destruí-lo como se fosse verdade e em última análise exposto e refutado como
sendo um erro pernicioso. Enquanto seja verdade que os Adventistas do Sétimo
Dia creem que Azazel, em Levíticos 16, representa Satanás, a interpretação
deles é removida por esse analista de palha. Após a citação do Adventismo do
sétimo dia declara: “mas, então, dois capítulos inteiros são dedicados para
provar que Satanás carregou nosso pecado”. Continua descrevendo a posição
Adventista como “repulsiva blasfêmia” e “perversa confusão da Escritura”. Se os
Adventistas do Sétimo Dia fossem íntegros em tudo, e ainda mantivessem esse
erro grosseiro, ainda teríamos que considerá-los como uma seita anticristã”.
Agora, com algumas
outras partes dessa análise concordamos. Mas muitas dessas declarações mostram
uma marcada predisposição referente à remoção de várias declarações dos
Adventistas do Sétimo Dia as quais contradizem essas críticas fora de contexto.
Cada capítulo claramente aludido mostra que esse ensino repudia o sentido que o
analista anexou ao conceito do bode emissário. Como temos observado, é
lamentável que esse ensino tenha sido assim declarado em alguns escritos
Adventistas para dar a impressão que o bode emissário represente Satanás no
papel de portador vicário de pecados, mas os Adventistas têm esclarecido isso,
sem qualquer sombra de dúvida, na ampla maioria de suas publicações.
No livro Questions on
Doctrine, esclarece o conceito do bode emissário na teologia Adventista do
Sétimo Dia. Para os Adventistas, quando o Senhor Jesus Cristo voltar, Ele
colocará sobre Satanás a total responsabilidade pelo seu papel de instigador e
tentador do pecado. Desde que Satanás causou aos anjos e aos homens a se
rebelarem contra o criador deles, os Adventistas concluem que Azazel, o bode
emissário de Levíticos 16, é um tipo de Satanás recebendo a sua devida punição.
Como temos visto, contudo, os Adventistas repudiam a ideia que Satanás seja o
portador vicário de seus pecados em qualquer sentido.
Ressaltam, e
corretamente o fazem, que em Levíticos 16 somente o primeiro bode era
sacrifício como a oferta vicária. O segundo bode não era sacrificado, mas era
enviado ao deserto para morrer. Satanás, semelhantemente, arca com o peso da
culpa e castigo final culminando na aniquilação, como o mestre do erro, que tem
promulgado o pecado durante o período da graça de Deus para com os homens
perdidos. Citando os Adventistas:
“A morte de Satanás
umas mil vezes jamais poderia torná-lo salvador em qualquer sentido. Ele é o
arquiperverso do universo, o autor e instigador do pecado. Somente Cristo o
criador, o único e somente o único Deus-homem poderia fazer uma expiação
substitutiva pelas transgressões dos homens. E isso Cristo fez completamente,
perfeitamente e de uma vez por todas no Gólgota”.
Martin, Walter R. The
Truth About Seventh-day Adventism.
Zondervan Publishing House, 1960, Grand Rapids, Michigan
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