SEJA BEM VINDO EM NOME DE JESUS.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

AULA DE MACUMBA NAS ESCOLAS? (Mais uma do diabo)

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Roberto Wagner
Jesus te abençoe

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados avalia a legalidade do Projeto de Lei Nº 72.323 jocosamente apelidado pelos deputados de “Lei do ‘Passe’ Livre” que dispõe sobre a obrigatoriedade das escolas ensinarem sobre as religiões de matrizes afro-brasileiras.

A Federação Umbandista Brasileira questiona o fato do Ensino Religioso nas escolas do Brasil ser exclusivamente dominado pelo cristianismo católico ou luterano.

O deputado federal e babalorixá Gilsinho Untado questiona o fato de até o Halloween ser celebrado nas escolas e nunca reservarem uma aula sequer para celebrar a entidade de um caboclo da umbanda. Para Gilsinho “todo mundo já fez uma simpatia pra trazer de volta um amor, ou conseguir um emprego. No Brasil todo mundo é meio macumbeiro”.

A Mãe de Santo Edileuza Cigana em entrevista se emociona ao dizer que “o dia que os pais de alunos conhecerem a alegria que é ver um filho incorporando uma entidade, eles vão compreender a beleza dos rituais afro-brasileiros”.

A Liga das Senhoras Evangélicas do Amapá apresentou a primeira representação contra o projeto de lei acusando o deputado Gilsinho Untado de ser um propagador da mensagem de Lúcifer. Segundo Édina Maria dos Santos, presidente da Liga, “a macumba é coisa do inimigo. Levar isso pras escolas é dar diploma pro capeta”.

O projeto recebeu parecer favorável em primeira instância, e os umbandistas agora torcem para que todos seus ‘trabalhos’ não tenham sido em vão.

JOGAR BARALHO É PECADO?

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ORIGEM DAS CARTAS DO BARALHO

"Então a cobiça, depois de haver concebido, dá luz ao pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte".
(Tiago Capítulo 1,15).

As cartas foram criadas no ano de 1392, para uso pessoal do rei Carlos da França, quando este sofria debilidade mental.

O criador das cartas era um homem degenerado e mau, que escarnecia de Deus e de seus mandamentos. Para sua criação maligna ele escolheu figuras bíblicas: o rei representa o diabo, a dama representa Maria, a mãe do Senhor. Assim de modo blasfêmico, fez de nosso Senhor Jesus Cristo um filho de Satanás com Maria. Copas e ases representam o sangue de Jesus, o valete (resisto em escrevê-lo) o próprio Senhor. Paus e outros símbolos representam a perseguição e destruição de todos os santos. Seu desprezo pelos dez mandamentos foi expresso pelo número dez das suas cartas. Quem conhece esta origem diabólica do jogo de cartas, compreende também as conseqüências diabólicas.

Nenhum jogador de cartas lembra da realidade do diabo e dos demônios, que estão no fundo desse jogo.

Quem conhece a origem das cartas de jogar, também compreende porque com as cartas se relacionam práticas diabólicas como adivinhação, esconjuração, etc.

A Palavra de Deus nos proíbe tais práticas: "Não praticareis adivinhações nem a magia. Não dirijais aos adivinhos, (cartomantes) não os consulteis, para que não sejais contaminados por eles. Eu sou o Senhor Vosso Deus." (Levitico 19, 25-31).

És inconseqüente? Esse é o mal dos nossos dias. Tu dizes que crês num poder superior. Então seja conseqüente! Se existe este poder superior, então Ele é um Deus, o Criador. Seu caráter é amor. Ele provou seu amor a ti e a mim, entregando seu Filho Unigênito, para vencer o inimigo que nos dominou. Esse inimigo é Satanás. Seja conseqüente e pensa sobre isso. Terás uma vez que responder diante de Deus à pergunta, o que fizeste com Jesus Cristo, seu dom inefável para ti? Seja conseqüente e lembra que também tens um inimigo, que quer destruir tua vida. "Ele anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar".

Isso ele tenta com vários meios, também como tais que pareçam inofensivos, por exemplo as cartas de jogar.

O mal continuamente tem que conceber o mal, e da mesma maneira como se jogar cartas irrefletidamente, sem pensar nas terríveis conseqüências, tão irrefletidamente e sem nenhuma razão o elevado e santo nome do Senhor Jesus é tomado em vão. Advertimos insistentemente a cada filho de Deus: não te envolvas com jogo de cartas.


Fonte:

Wim Malgo - Porto Alegre/ RS.

IDOLATRIA EVANGELICA

A confiança em amuletos!

Acreditamos que a fé das pessoas deve e tem que ser estimulada. Infelizmente, vemos que nessa tentativa certas igrejas estão usando um sistema não ensinado pela Bíblia. Sistema este cuja base é a troca da fé genuína, pela fé no visível e palpável. Nós, que somos protestantes, somos conhecidos por crer no Deus invisível e não aceitar o palpável (Jo 20.29). Como aceitar essa doutrina dos amuletos imposta por algumas denominações evangélicas? Cornetas, espadas, sal grosso, arruda, rosa, enxofre e muito mais. Isso tudo é inaceitável, visto não ter bases bíblicas e nunca ter sido praticado pela Igreja primitiva. Devemos ter em mente o nosso verdadeiro alvo, a fé viva em Deus, invisível, mas real (I Tm 1.17).

"...fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé..."
(Hb 12.2).

Esse desvio de alvo tornou-se tão sério que as pessoas dessas igrejas precisam quase sempre de um objeto para que sua fé funcione.

Certo dia eu encontrei um irmão, amigo meu, que congregava em uma dessas igrejas. Nesse nosso encontro ele mostrou-me uma corneta e tocou bem forte. Após isso me perguntou:

- "Você sentiu?"

-"Senti o que?"

-"O poder", disse ele.


Demonstrei na minha fisionomia que não havia entendido nada e então ele explicou-me:

- "É uma corneta ungida e o Bispo nos disse que tem poder, poder tão forte que expulsa até demônios."


Chocado eu lhe expliquei que só no nome de Jesus havia poder para tal (Mc 16.17) e que eu não sabia que a igreja dele estava dando aquilo para seus membros. Ele, um tanto chateado, disse-me:

- "Dando não, eu paguei cem reais!".


Depois desse diálogo, disse até logo e fui embora. Relatei esse fato para mostrar que se não for feito nada a coisa não vai ficar boa.

Uma vez ou outra nos deparamos com estes amuletos dependurados nas casas de certos cristãos. Isso é lamentável!

Em outra ocasião fui chamado com urgência para acudir certa pessoa com problema de possessão - era a nora de uma irmã que freqüentava uma dessas igrejas. Ao chegar contemplei sua nora terrivelmente endemoninhada, mas o que mais me chocou não foi o estado de possessão em que se encontrava a moça e sim ao ver a irmã fazendo um exorcismo com um amuleto na mão. O amuleto era o chaveiro da denominação que ela freqüentava. Quando a indaguei sobre o que fazia, a mulher disse-me que o chaveiro era ungido e que o pastor tinha lhe dito que aquilo era poderoso até para expulsar demônio. Mostrei-lhe como era o certo e a aconselhei a jogar fora aquela "idolatria Evangélica".

O Senhor JESUS nos deu autoridade para expulsar o mal em seu nome, e não usar de amuletos e artimanhas. Não nos esquecendo que estes amuletos não são de graça, custam muito dinheiro e usurpam a glória de Deus.

Fonte: http://www.cacp.org.br/estudos/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=1050&menu=7&submenu=4

quarta-feira, 20 de abril de 2011

MERECEM CONFIANÇA OS LIVROS APÓCRIFOS?



Texto longo mas vale a pena ler.


PREÂMBULO
O termo apócrifo origina-se do grego apokryphos, (Mc 4.22), cujas variantes de seu significado podem ser: oculto; escondido; secreto ou misterioso. Esta expressão tem sido aplicada comumente, em matéria bíblico-teológica, a certos livros que, embora tenham sido classificados como “sagrados” por alguns cristãos da antiguidade, não são aceitos por muitos como canônicos, isto é, de redação divinamente inspirada. Esta palavra ocorre novamente em Colossenses 2.3, para designar o depósito divino e “oculto” da sabedoria que se acha em Deus. O termo foi empregado pela primeira vez para classificar uma relação de livros, na Stromata 13, capítulo 4; obra de Clemente de Alexandria (Titus Flávios Clemens), escritor, doutor e apologista da Igreja, mestre de Orígenes.

DEFINIÇÕES
Na antiguidade, também no âmbito da Igreja, a expressão apócrifo designava qualquer obra literária da qual não se conhecia o autor, ou ainda, aquelas que ao invés do nome próprio, registrasse apenas o pseudônimo. Em matéria literária religiosa, sempre que uma obra trazia sentido dúbio em seu contexto, questionava-se sua canonicidade, aplicando-lhe o termo e, neste caso, com conotação pejorativa.

Qual é o significado das palavras cânon e canônico?

Canôn
De origem semítica, na língua hebraica “qãneh” em Ez 40.3; e no grego: “kanón”, em Gl 6.16". Tem sido traduzido em nossas versões em português como “regra”, “norma”. Literalmente, significa vara ou instrumento de medir.
Canônico
Aquilo que está de acordo com o cânon. Em relação aos 66 livros da Bíblia hebraica e evangélica.

 O livro de Apocalipse, hoje constante do cânon neotestamentário, aos olhos de Gregório de Nissa (falecido em 395 d.C.) carecia de autenticidade e, portanto, fora exclusivamente tido por ele como obra apócrifa. Orígenes de Alexandria também classificava como tal as citações bíblicas cujas origens eram desconhecidas. Jerônimo, outro doutor da Igreja, tradutor da Vulgata Latina, questionou a legitimidade do texto de Efésios 5.14, afirmando ter sido obra de um profeta desconhecido e, portanto, de origem apócrifa. Epifânio, por sua vez, entendia dever referir-se o termo aos livros aos quais não se guardava espaço na Arca da Aliança, posto serem acondicionados em outro ambiente.
Mais tarde, a palavra apócrifo alcançou maior abrangência, passando também a definir a literatura espúria e herética, muito embora no século V, continuasse a ser freqüentemente empregada para definir obras religiosas não canônicas, e não exatamente aquelas tidas por heréticas. O uso original, que se referia à ausência de canonicidade, é o que predomina até hoje. Neste âmbito, Geisler, em sua Enciclopédia de Apologética, apresenta a seguinte divergência de posicionamento quanto aa cânon das Escrituras entre as correntes doutrinárias católica e protestante:

Posição católica sobre o cânon
Posição protestante sobre o cânon
A igreja determina o cânon
A igreja descobre o cânon
A igreja é mãe do cânon
A igreja é filha do cânon
A igreja é magistrada do cânon
A igreja é ministra do cânon
A igreja regula o cânon
A igreja reconhece o cânon
A igreja é juíza do cânon
A igreja é testemunha do cânon
A igreja é mestra do cânon
A igreja é serva do cânon

APÓCRIFOS DO ANTIGO TESTAMENTO

Havia diversidade de conceitos acerca dos livros do Antigo Testamento entre os povos contemporâneos dos hebreus. Os saduceus, por exemplo, valorizavam somente os livros mosaicos (Pentateuco) como genuinamente inspirados. Os adeptos do farisaísmo, da região palestina, criam nas obras veterotestamentárias tal e qual aparecem nas atuais Bíblias utilizadas pelos evangélicos. Já os judeus helenistas respeitavam essencialmente o cânon que foi atribuído à Bíblia empregada pela Igreja Católica Romana, a mesma que hoje se utiliza. A tradução grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta (ou Versão dos LXX apóstolos), agregou em seu conteúdo os chamados apócrifos. Esta situação acabou levando os cristãos da época, que não possuíam uma definição ditada pelos doutores, a considerarem a autenticidade dos apócrifos, o que prevaleceu até aproximadamente o ano de 400 d.C., quando Jerônimo, autor da Vulgata Latina, desclassificou as obras por entender que não traziam coesão doutrinária com os demais livros, muito embora a Igreja oriental pré-patrística e a ocidental, que precedeu a Reforma Protestante, continuassem a creditar legitimidade a estas obras.
Após a Reforma, o colegiado eclesial atribuiu nova e diversificada classificação a estes livros, como: a) Comuns (não sagrados), adotada pela congregação de Westminster ou b) Registros de exemplos morais e históricos (descartando o emprego doutrinário), conforme versou a Bíblia de Genebra, os Trinta e Nove artigos da Igreja Anglicana e a Igreja Oriental.
A sagração dos apócrifos para emprego na Bíblia Católica Romana, se deu no Concílio de Trento (1546-1548), que descartou a classificação de Jerônimo que não os incluiu em sua Vulgata, desprezando, todavia, as obras: a) I e II Esdras e b) A oração de Manassés, sendo esta a posição atual. A Igreja Ortodoxa Grega entende como correta a posição do Concílio de Trulan (692), adotando na íntegra o emprego dos hoje ditos livros apócrifos.

As relações dos apócrifos constantes na Bíblia Católica, que foram inscritos na sua integralidade, contem sete títulos e alguns acréscimos: Tobias, Judite, I Macabeus, II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, Acréscimos em Daniel, Acréscimos em Ester.

Diferença entre as Bíblias hebraicas, protestantes e católicas

Bíblias
Bíblia hebraica

Bíblia protestante

Bíblia católica

Livros no A.T.
39 livros
39 livros
46 livros

Livros no N.T.
Os judeus não aceitam o N.T.

27 livros

27 livros

Dentre os quais podemos destacar uma série de narrativas comprometedoras quanto à legitimidade da reclamada inspiração, tomando por base o texto anotado na versão da Bíblia de Jerusalém.

IMPLICAÇÕES NO LIVRO DE TOBIAS

Tobias, um romance do tempo do cativeiro de Israel pela Assíria, cita um certo demônio chamado Asmodeu, isoladamente dos demais livros bíblicos, e que segundo o apócrifo, tem por especialidade destruir matrimônios, matando os maridos; a tantos quantos for a mulher entregue (Tb 3.8).
No capítulo 4, v. 10, o texto atenta contra a salvação pela fé, declarando que “...a esmola livra da morte e impede que se caia nas trevas...” o que obviamente está relacionado ao contexto espiritual. Este é sem dúvida um dos trechos dos quais Roma extrai a idéia de que as boas obras podem prover salvação.
A partir do v.4 do capítulo 5, Tobias encontra-se com Rafael, um suposto anjo de Deus que possui características particulares: é mentiroso e herege. Pela narrativa nota-se que esta insólita criatura: a) É um dos filhos de Israel (Tb 5.5); b) Se hospeda com freqüência na casa de um certo Gabael (Tb 5.6); c) Mente sobre sua identidade e afirma ser filho de Azarias, filho do grande Ananias, um dos irmãos do pai de Tobias (Tb 5.13); d) Ensina curandeirismo a Tobias, afirmando que a fumaça do coração ou do fígado de um certo peixe apanhado por Tobias, quando queimado, afugenta demônios para sempre e, o fel (vesícula), cura um determinado tipo de cegueira (Tb 6.7-9).
No capítulo 6 Tobias dá testemunho do já citado demônio Asmodeu, mas agora, declarando ter ele sentimento de “amor” por Sara, sua parenta, e por isso, matou seus sete maridos durante as núpcias (Tb 6.15).
Para aniquilar este suposto Asmodeu, o dito anjo pede para Tobias exercitar feitiçaria quando Sara lhe for dada por esposa, colocando fogo no coração e no fígado de um peixe durante as núpcias, para que a fumaça afugente Asmodeu para sempre da presença de Sara (Tb 6.17,18).
No capítulo 8, após o encantamento realizado por Tobias para afugentar o demônio, é dito que Rafael saiu atrás de Asmodeu e o seguiu até o Egito, para só então acorrentá-lo (Tb 8.1-3). A vesícula (fel) do peixe, que o suposto anjo havia dito ter poder para curar determinada cegueira, entra em ação no capítulo 11, promovendo a cura do pai de Tobias, Tobit. Esta cura, segundo a promessa do próprio anjo, seria provida por Deus (Tb 5.10); entretanto, posteriormente, a cura é atribuída por Tobias ao anjo herege e mentiroso (Tb 12.3). Em meio a tais contradições não é possível concluir quem – ou o que teria curado a cegueira de Tobit.
Em Tobias 12.7, Rafael faz uma declaração que contradiz a experiência de Jó, quando diz: “Praticai o bem e a desgraça não vos atingirá”, o que parece restringir Deus a uma automaticidade que não existe.
O ápice da heresia na obra de Tobias aparece na frase: “A esmola livra da morte e purifica do pecado”, pois o livro de Hebreus, respaldado em toda a lei e cerimonial mosaico, refere que “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb 9.22).
Após isso, o falso anjo também profetiza falsamente, declarando: “Os que dão esmola terão longa vida” (Tb 12.9). Depois disso, Rafael deixa a mentira e revela sua suposta identidade, qual seja: Ser ele um enviado de Deus para benefício da família de Tobit (Tb 12.15).
Por tudo isso, verifica-se em Tobias dificuldades insuperáveis, que desqualificam a obra até mesmo para o exame histórico.

IMPLICAÇÕES NO LIVRO DE JUDITE

Esta literatura, cuja escrituração se deu em 100 a.C. aproximadamente, acha-se repleta de vícios que desmerecem seu emprego como fonte segura de citação. Uma análise superficial é o bastante para identificar trechos fabulosos que não encontram amparo no todo da Escritura Sagrada.
Em Judite 1.1 já constatamos uma declaração isolada do mais do Antigo Testamento, a qual atribui o reinado de Nabucodonosor, rei da Babilônia (Assíria), em Nínive. Outra falha demonstrada pelo autor deste apócrifo se acha na citação de Holofernes como general do exército de Nabucodonosor (Jt 2.4), posto que este personagem sequer é citado nos textos canônicos. Quem aparece na Bíblia ocupando este cargo é Nebuzaradã (Jr 39.9-18; 40.1-6).
No capítulo 5 o autor emprega mal as palavras e afirma que os hebreus foram expulsos do Egito (Jt 5.12). Mas, como sabemos, os hebreus deixaram o Egito empreendendo fuga, o que é diametralmente avesso à expulsão.
No capítulo 13, encontramos Judite orando a Deus e pedindo-lhe força para atacar o general (vv. 4-7), todavia, não se vislumbra no texto sequer uma única referência divina de concordância ou consentimento de Deus neste ataque. No v.11, Judite atribui o homicídio a Deus, dizendo: “O Senhor nosso Deus ainda está conosco para realizar proezas [...] e exercer seu poder contra os inimigos” (v.11). Vejamos: Judite planeja o ataque; adorna-se para tal; seduz Holofernes para passar com ele a noite em sua tenda e por fim, decapita-o. Onde se acha a proeza e o exercício do poder divino? As manifestações bíblicas de Deus operando em batalhas, são avalizadas por ocorrências sobrenaturais (2Sm 5.24; Jz 7.2,7).
Um último e estranho aspecto deste livro apócrifo é a citação de entrega de vítimas espontâneas (16.18), que parece estar relacionada à oferta de sacrifícios, mas inscrita de forma a propiciar outras interpretações, como por exemplo, pessoas que sujeitassem a serem imoladas em holocaustos, posto que não há espontaneidade de oferecer-se em holocausto sequer nos animais, elementos comuns nestes rituais.
Assim, constata-se que também este apócrifo atendeu a apelação romana, que por ocasião da reforma, acresceu na Bíblia uma obra que não se igualaria jamais aos textos canônicos.

1° E 2° LIVROS DE MACABEUS

O título provém da alcunha atribuída a Judas (Macabeu) em 1Mb 2.4, sendo posteriormente estendido aos seus correligionários.
A Bíblia de Jerusalém declara, em sua nota de rodapé, que o relato de 1Mb abrange um período aproximado de quarenta anos, que compreende desde a ascensão de Antíoco Epifanes ao trono (175 a.C.), até o início do governo de João Hircano (134 a.C.).
Embora o original tenha sido escrito no idioma hebraico, preservou-se apenas uma tradução grega. Seu autor, segundo consta, foi um judeu da palestina que procedeu em sua escrituração no ano 134 a.C. A introdução do livro aponta seu herói principal – Judas Macabeu – o qual o introdutor, reconhece como o cronista (não o autor) de uma luta que culminou com a salvação do povo judeu. Quanto a 2Mb, esclarece-se não se tratar de uma continuação do primeiro volume, mas que, em parte, pode ser qualificado como um paralelo do mesmo. Atesta-se uma grande diferença entre o gênero literário do segundo para o primeiro livro, principiando pelo fato deste paralelo ter sido escrito originalmente no idioma grego e ser apresentado como um resumo da obra de um certo Jasão de Cirene (2.23), a qual, em seu formato de origem possuía cinco volumes, transformados então no compêndio que ora analisamos. É qualificado pelos críticos da igreja romana como obra cujo estilo escriturístico está relacionado às características helenistas, não sendo, todavia, dos melhores. Credita-se, porém, maior conhecimento da cultura helênica a este autor (o de 2Mb) que àquele de 1Mb.


IMPLICAÇÕES EM 1ºMACABEUS

Em 2.46, o texto nos apresenta um certo Matatias empreendendo incursões por terras israelitas circuncidando a força todos os meninos que se achavam nestas terras e que por ventura não tivessem sido atingidos pela determinação de Levítico 12.3 e, neste aspecto, provocando conflito com o texto de Zacarias 4.6, onde tal procedimento é vetado.
            Existem problemas de ordem eclesial administrativa no livro. Um deles surge em 10.20, quando Jônatas é ungido sumo sacerdote do Templo por um ímpio, que sequer pertencia à comunidade israelita. O rei Alexandre Balas, filho de Antíoco Epifanes (10.1), procede à citada ordenação, com o intuito de fazer prevalecer sua oferta a Jônatas, em detrimento de Demétrio, outro rei que, segundo a narrativa, pretende aliar-se a Jônatas. Desconhecia ou ignorou o escritor de 1Macabeus, que havia um procedimento padrão para a ordenação do sumo sacerdote, prevista em Êxodo 29, e que, obviamente, deveria partir de mandado divino e procedida por alguém habilitado para tal, o que não era o caso de Alexandre Balas. Outro procedimento atípico envolvendo a postura de Jônatas refere-se a como poderia ter sido consagrado sumo sacerdote, o qual tinha por atribuição exclusiva cuidar da administração do santuário, e ao mesmo tempo acumular as funções que eram atinentes ao que administrava os procedimentos militares? (10.21).
Em 12.21, outra declaração estranha e sem par nos canônicos se verifica. Afirma o texto: “Encontrou-se, num documento referente aos espartanos e aos judeus, a informação de que são irmãos e que pertencem a descendência de Abraão”. Não se acha na história de Esparta qualquer ligação étnica, ainda que longínqua, entre judeus e espartanos, quanto mais que refira irmandade entre estes povos.
Em 15.8, Antíoco VII encaminha uma carta a Simão, irmão de Judas Macabeu (a este tempo, já morto – 9.18) concedendo-lhe inúmeros e inigualáveis benefícios, mas um deles, em especial, chega ao absurdo: “Toda dívida que tenhas no momento para com o tesouro real, ou que venhas a contrair no futuro, desde agora e para sempre te seja cancelada”. Ora, em tese, Simão estava habilitado a tomar “emprestado” todo o tesouro real sem que tivesse qualquer obrigação em ressarci-lo, o que implica em que, querendo Simão, poderia perfeitamente tomar o reino de Antíoco VII para si.
Esta breve panorâmica demonstra que uma crítica mais séria, que considere as minúcias do texto e as práticas literárias adotadas pelo escritor desta obra apócrifa, como a transcrição integral de todas as cartas que mutuamente se enviavam, torna-se irresistível para uma consolidação do livro como autêntico.

IMPLICAÇÕES EM 2ºMACABEUS

Acompanhando o estilo de escrita de 1Mb, aqui também constatamos, entre outras coisas, uma série de anacronismos. Começando pela narrativa sobre a morte do rei Antíoco, que aqui (1.11-17) menciona uma morte brutal por apedrejamento e posterior esquartejamento, enquanto que em 1Mb 6.1-17, o relato da morte deste rei retrata uma situação bem mais amena, em que Antíoco teria morrido de tristeza por não ter alcançado seu objetivo quanto a conquista de Elimaida e de suas riquezas.
Também destoa a primeira narrativa sobre a morte de Antíoco, do que se acha em seu capítulo 9, que versa sobre o juízo divino que teria caído sobre este rei em decorrência de sua arrogância, proporcionando-lhe dores, fraturas, chagas e a ação de vermes que o levaram a morte. Destas contradições, depreende-se tratar a obra (respeitadas as menções a personagens históricos verídicos) de uma fábula, mesmo porquê, os próprios editores da Bíblia de Jerusalém reconhecem que o autor associou a morte deste Antíoco (Epifanes) a de Antíoco III, numa compilação da crença popular, posto que ninguém conhecia ao certo a forma como Antíoco Epifanes havia perecido.
Em 2.13-15 encontra-se menção de obras das quais não consta citação paralela. Trata-se de supostas obras escritas por Neemias, Davi e que estariam guardadas na biblioteca de Neemias. Judas Macabeu teria sido um dos que colaboraram na recuperação destes livros (v.14). Dos vv.19-32 pode-se vislumbrar com facilidade a artificialidade da obra, em cuja narração, feita na primeira pessoa do plural (nós), descobre-se um esforço do escritor em atender as necessidades dos prováveis leitores, o que infere planejamento humano para transcrição de algo, impedindo que se qualifique, nesta parte, como obra divinamente inspirada, quando atentamos para os ditos: “...para os que desejam adentrar nos relatos da história [...] tivemos o cuidado de proporcionar satisfação...”. (vv.24,25). Agrava-se a prova contra a inspiração e a falta de orientação divina para este livro quando o autor declara que: “Contudo, pelo reconhecimento que esperamos de muitos, de boa mente nos submetemos à dura tarefa” (v.27). O autor, com isto, efetivamente se mostra desprovido de amparo espiritual, bem diferente do que ocorre com os escritores do Antigo Testamento.
Em 10.10, nova exposição de frases retratam a obra como produção meramente humana, quando o autor relata que é ele quem irá narrá-las e que resumirá os fatos. Assim procedendo o escritor, descortinou a verdade acerca de um texto que estava completamente sob seu domínio, procedendo na sua produção como bem entendia.
Em 12.38-45 se acha narrado o episódio mais questionável de todo o livro. Trata-se da coleta de ofertas que se destinariam a Jerusalém e que seria oferecida em prol das almas dos soldados judeus mortos por terem tocado em coisa imunda, proibida pela Lei Mosaica. A comparação é prática: O episódio narrado no apócrifo é em tudo semelhante ao que se descreve em Josué 7.1-26. Assim como Acã levou para o acampamento judeu objetos que aos judeus estava vetado o contato (Dt 7.25,26), trazendo como conseqüência a derrota dos judeus numa batalha considerada ganha, igualmente os homens de Judas Macabeus ocultaram sob suas vestes objetos consagrados aos ídolos de Jamnia (2Mb 12.40), tornando-se reconhecido pelos correligionários sobreviventes de Judas que aquele havia sido o motivo da morte dos transgressores. Roma se valeu deste episódio narrado para tentar fundamentar a suposta eficácia da oração pelos mortos, mas sem considerar um contra-senso: A Acã, seus familiares e todo o seu patrimônio, restou a atroz sentença de ser apedrejado e queimado, enquanto que os homens de Judas Macabeu, além receberem sepultamento digno, se procedeu em benefícios destes uma coleta destinada a Jerusalém para expiação do pecado, para que os mesmos tivessem direito a ressurreição naquele Dia. Procederia Deus com juízo que derivasse de dois pesos e duas medidas?
Em 13.8, vemos o autor externando seu juízo de justiça, como se estivesse este juízo equiparado ao divino, ao comentar a morte de um certo Menelau, declarando a respeito que a mesma foi procedida : “...com plena justiça, pois ele havia cometido muitos pecados contra o altar...”.
Em 14.37, um certo Razias é intitulado “Pai dos judeus”. Esta designação, segundo o autor, decorria das virtudes desse ancião que sempre se propunha às demandas em benefício do povo judeu. Porém, não há como coadunar com este propósito, posto que os fariseus, os mais escrupulosos representantes da norma mosaica, reconheciam como “Pai” (no contexto terreno) apenas a Abraão (Lc 1.73; 3.8). Este adjetivo honroso era empregado com muito cuidado pelo povo judeu e sua atribuição neste apócrifo a este completamente desconhecido Razias se presta apenas ao desabono do livro. Não obstante este crédito a Razias, um procedimento particularmente seu, também narrado na obra (v.41), compromete ainda mais a suposta nobreza do personagem. No v.41, Razias, cercado de todos os lados pelo exército inimigo, segue o modelo de covardia de Saul (1Sm 31.1-6) e se atira sobre a própria espada, com a óbvia intenção do suicídio. Após tão grave ferimento, descreve o texto sua carreira em direção a muralha, da qual se arremessou sobre o povo abaixo, o que, como se já não bastasse a espada e a queda de não menos de cinco metros, ainda se acha com vida, conseguindo, não se imagina como, deslocar-se correndo no meio as tropas até chegar a uma rocha, sobre a qual, postado de pé, provavelmente valendo-se da incisão provocada pela espada em seu abdome, retira as próprias entranhas com as mãos e as lança contra o povo. O encerramento apoteótico desta narrativa realmente parece alcançar níveis cinematográficos, quando não, fabulosos e míticos. Após tantos excessos, torna-se desnecessário discutir a descabida afirmação de que o suicídio de Razias retratava sua nobreza, posto que tal iniciativa era vedada aos judeus (Êx 20.13).
O ápice da fragilidade humana surge em 15.38, quando o autor presta contas junto ao leitor sobre a qualidade da obra, nos seguintes termos: “Se o fiz bem, de maneira conveniente a uma composição escrita, era justamente isso que eu queria; se vulgarmente e de modo medíocre, é isso o que me foi possível”.
Por todo o exposto, constata-se que, embora alguns aspectos relacionados à historicidade possam merecer crédito, a obra, de um modo geral, não goza do caráter qualitativo comum aos livros divinamente inspirados.

IMPLICAÇÕES NO LIVRO DA SABEDORIA DE SALOMÃO

            A obra grega de sabedoria acha-se dividido em três partes, versando a primeira (1-5) sobre a aplicação da sabedoria da vida humana, além de uma avaliação sobre a sorte dos ímpios e dos justos nesta e na outra vida. Na segunda partição (6-9), destaca-se a origem e a natureza da sabedoria, retratando formas sobre como alcançá-la. Num último estágio (10-19), o tema central passa a ser a sabedoria de Deus interagindo na história do povo eleito, enfatizando a questão da libertação do cativeiro egípcio, apresentando, entretanto, um desvio de assunto que consome os capítulos 13, 14 e 15, que visa uma severa censura contra a idolatria.
            A autoria é atribuída a Salomão, pelo que se depreende do texto de 9.7,8, até porque, no grego, a obra é intitulada Sabedoria de Salomão.
            Embora alguns considerem que parte da obra (1-5) tenha sido escrita em hebraico, é certo que sua totalidade é originariamente grega, o que é provado pelo fato da conformidade da composição em relação a língua cuja variedade terminológica é rica.
            A época de sua escrituração remonta a segunda metade do século I a.C., sendo, portanto, o mais recente do cânon véterotestamentário adotado pela igreja romana em suas versões bíblicas.
            A obra apresenta clara semelhança com o estilo escriturístico de Salomão, entretanto, já no primeiro capítulo (vv.13-14) uma declaração chamam-nos à atenção respeitando, respectivamente, a ortodoxia e a biologia prática: “...Pois Deus não fez a morte...”. Ainda que oriunda da conseqüência do pecado, a morte (física para o caso) incontestavelmente proveio e provém de Deus, visto que, estando apenas o primeiro casal no Éden, quem, a não ser Deus, poderia adverti-los com as palavras: “... porque no dia em que dela comeres terás que morrer...”(2.17 – BJ).
            Em 2.24 é questionável a afirmação que versa que “foi por inveja do diabo que a morte entrou no mundo...”, pois não corresponde a realidade ortodoxa. Romanos 5.12 esclarece-nos que a morte decorre do pecado, o qual, concernente ao ser humano, se traduz na desobediência de Adão (Gn. 3.8-19). A consideração acerca da morte como aflição para o homem é diretamente atribuída a sua própria concupiscência e, no máximo, indiretamente, a inveja satânica.
            Em 3.13 o texto versa sobre a esterilidade imaculada, suposta virtude que, endossada pela nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém, parece reportar-se à pessoa e a doutrina mariana praticada por Roma.
            Uma nova e excessiva declaração do autor sobre os sentimentos de Deus em relação ao pecador, se acha em 14.9, nos termos: ”Pois Deus detesta igualmente o ímpio...”. Em 11.23,24, o autor declara que Deus ama todas as suas criaturas, posto não fazer acepção de pessoas (At. 10.34), já que Ele mesmo não pode pecar nesse ou em qualquer outro aspecto (Tg 2.9).
            Um contraste interessante acerca da moradia espiritual (pós-morte) do homem mau (17.1-21) e do justo (18.1-4) salta aos olhos, posto que nele não se faz caso do estado intermediário proposto pela herege tese romana que o nomeou purgatório; e que aqui no apócrifo de Sabedoria sequer encontra espaço.

IMPLICAÇÕES NO LIVRO DE ECLESIÁSTICO
 
O título no latim é Eclesiásticus, denominação recente aplicada por São Cipriano. Já na nomenclatura grega, o livro é denominado “Sabedoria de Jesus, filho de Siraque”, cujo autor se vê mencionado em 50.27.
  Na introdução, o neto do autor discorre sobre ter traduzido o livro quando viera morar no Egito, no ano 38 do rei Evergetes.
  Ben Sirac (como também é conhecido o autor) é um escriba que demonstra amor tanto pela sabedoria como pela Lei; é um homem fervoroso quanto o respeito e zelo pelo Templo e cujas cerimônias referenciam o sacerdócio, mas também conhece profundamente as Escrituras Sagradas, em especial, os escritos sapienciais.
  Nota-se que a obra, tipicamente, apresenta pouca ordem de disposição dos temas além de repetições, numa seqüência de máximas breves.
  O livro possui dois apêndices que foram acrescidos: Um livro de ação de graças em 51.1-12 e um poema que versa sobre a busca da sabedoria em 51.13-30
  Talvez o ponto de maior polêmica resida no contexto onde Ben Sirac fala de sua consciência e certeza de uma libertação vindoura, mas que decorreria da fidelidade a Lei e não como obra de um Messias Salvador.
Em 3.14,15 destaca um equívoco quanto à reparação de pecados que poderiam ser atenuados por caridades que o filho viesse dirigir a seu pai, como se fosse possível nesse ato de caridade proceder-se a devida expiação.
O livro de Eclasiático também se acha repleto de máximas desconexas e ininteligíveis, como ocorre em 7.26: “Tens uma mulher segundo teu coração? Não a repudies! Contudo, se não a amas, nela não confies. É paradoxal tal exortação, já que qualquer não escolheria para si (como esposa) mulher que não ame ou na qual não possa confiar, não podendo ser esta, portanto, segundo o coração do marido.
Outro tema amiúde tratado em apologética cristã e que respeita a iconografia romana, é o que esclarece o ponto acerca da veneração e adoração. O autor declara aos jovens: “...venera os sacerdotes”. Tal qual o erro do culto às imagens, em consonância com o costume católico que respeita ao clero, tenta se incutir na mente juvenil um excessivo valor a personalidade eclesiástica, quando não cabível.
Versando sobre o amor ao próximo, o apócrifo em análise apresenta graves distorções: “...não ajudes o pecador [...] não dês nada ao ímpio [...] recusa-lhe o pão...” (12.4,5,7). Bem ao contrário do que escreveu Salomão, o qual ensinou: “Lança o teu pão sobre as águas [...] Reparte com sete e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra” (Ec 11.1,2). Ainda que o figurativo nos remeta a uma visão evangelística, a própria metáfora faz inferir que o correto é repartir e jamais negar o pão ao que tem fome, mesmo o inimigo.
Os trechos de 3.1; 12.12; 16.24; 23.7; 31.22; 33.19 e outros, mostram-nos claramente que Ben Sirac falava do que lhe era peculiar;
tanto assim, que declarou em 13.26 que “a invenção de máximas é um trabalho penoso.” Ora, o termo invenção revela a dificuldade que ele enfrentava nessa empreitada, bem como o fato de suas sentenças se originarem em suas próprias divagações, enquanto que Salomão, em momento algum de suas linhas sapienciais murmurou dificuldades.
Em 22.3 declara: “Um filho mal-educado é a vergonha do pai, mas uma filha nasce para sua confusão”. Ora, ainda que consideremos a valoração da sociedade de então tinha para com a personalidade feminina, isso não habilitaria mesmo um contemporâneo desmerecer a tão ponto a figura da mulher. Não há precedente semelhante nas obras de Salomão ou nos canônicos. Esta máxima, de caráter quase vulgar, faz inferir que era melhor ter dez filhos mal-educados que uma filha sábia.
            Em 30.23 encontramos mais um conceito do autor de Eclesiástico que contraria a idéia de Salomão, no caso, quanto à alegria e a tristeza. Ben Sirac entende que “na tristeza não há utilidade alguma e, portanto, ela deve ser afastada de si”. Quando Salomão (Ec. 7.1-4) faz comparações entre a casa onde há festa e aquela onde há luto, atribuindo à casa de luto concentração de Sabedoria, enquanto que onde há felicidade, permanecem os tolos. Parece não haver consenso entre o sábio Salomão e o pseudo-sábio Ben Sirac.
É interessante a apresentação do entendimento de Sirac acerca do episódio que envolveu Saul e a necromante de Em Dor (46.20), quando relata na forma de máximas elogiosas a suposta manifestação de Samuel: “Mesmo depois de morrer profetizou, anunciou ao rei seu fim; do seio da terra elevou a sua voz para profetizar, para apagar a iniqüidade do povo”.
Em 48.13, semelhantemente ao que propõe de Samuel, o escritor afirma que também Eliseu, o profeta, teria profetizado após sua morte. A nota de rodapé dos editores da Bíblia de Jerusalém, de per si, desmerece o autor de Eclesiástico, citando como correlato deste texto o de 2Reis 13.20,21, que não refere tal ocorrência, narrando apenas a ressurreição do falecido que fora jogado na cova de Eliseu, ocorrida após o corpo daquele tocar os ossos do profeta, restando isolada a afirmação de Ben Sirac de uma profecia pós-morte de Eliseu.
Finalmente, ao encerrar sua exposição, surge entre colchetes a palavra “assinatura”, querendo, ao que parece, enfatizar a origem e a responsabilidade pela autoria, recurso incomum e completamente fora do padrão canônico que se aprecia nos livros inspirados.

IMPLICAÇÕES NO LIVRO DE BARUC
Quanto a sua disposição ordinária dentro das Escrituras, constatamos que, na Bíblia grega (LXX) acha-se instalado entre os livros de Jeremias e suas Lamentações, enquanto que a Bíblia latina (Vulgata), acomoda-o após as Lamentações.
Segundo a introdução do livro (1.1-14) parece ter sido escrito por Baruc, uma espécie de secretário-escrevente (Jr 36.4,32) de Jeremias nas regiões babilônicas.
A introdução da obra fora escrita originariamente no grego, enquanto que o trecho que retrata uma oração, compreendendo de 1.15 a 3.8, aparentemente comentando a oração de Daniel achada em seu livro (Dn 9.4-19), pertence a um período mais antigo, e cuja escrituração se atribui ao idioma hebraico.
A data da confecção destes textos é semelhante a dos demais apócrifos, isto é, aproximadamente 100 a.C.
O proveito do livro, segundo a visão católica, estaria na qualidade de testemunho que estes escritos possuem, como uma rememoração do profeta. O livro de Baruc não se acha repleto de implicações como se observou dos demais apócrifos constantes do cânon católico romano, todavia não se pode atribuir qualidade de obra divinamente inspirada quanto a este volume.
O ponto de maior importância a ser observado neste apócrifo é, talvez, o que se acha traduzido no capítulo 6, o qual, como um todo, depõe severamente contra a iconografia romana.
Uma apreciação perfunctória é suficiente para descortinar o equívoco romano em acrescer à Bíblia este volume, uma vez que, empregando a devida exegese do texto, norteada por uma apologética tanto lógica quanto doutrinária, vê-se possível a acusação contra a tradicional prática idolátrica ditada pelo magistério eclesiástico da igreja romana.
Em 6.34 possibilita uma análise particular, com base no texto que diz: “...e se alguém, tendo-lhes feito um voto (aos ídolos) não o cumprir, eles não lhe irão pedir contas...”. Tal e qual ocorre com qualquer que, na qualidade de devoto, apresente uma promessa diante do ícone de barro, madeira ou qualquer outra matéria, caso deixe de cumprir a parte que lhe cabe no pacto, nada de mal lhe ocorre. Apenas a crendice “terrorista” daqueles que propagam este folclore na forma de ameaça é que faz o devoto temer uma suposta represália de seu “santo” de devoção. Toda a seqüência do capítulo 6, por repetidas vezes, insiste em declarar que estas representações iconográficas “...não são deuses...”, causando problema, conseqüentemente, ao proceder dos próprios católicos romanos.

 

ACRÉSCIMOS AO LIVRO DE DANIEL


As versões católicas da Bíblia, entre Daniel 3.24-50, no episódio da fornalha de fogo, transcrevem palavras que expressam lamentações de Azarias (Abede-Nego) que não encontram paralelos entre os canônicos. Nesta seqüência, supostamente prolonga-se a estadia dos companheiros de Daniel no interior da fornalha para que o Cântico dos Três Mancebos fosse declamado por completo (51-90). A contestação que se baseia subjetivamente na impossibilidade de precisar o tempo de permanência dos mesmos no interior da fornalha não justificaria o acréscimo, já que o texto consagrado conta que tão logo o rei constatou a imunidade dos mancebos ante as chamas, cessou sua sentença.
Os capítulos 13 e 14 versam, respectivamente, a história de Suzana, onde se vislumbra a inocência pura de Daniel e as histórias de Bel e da serpente sagrada, que se constituem em jocosas censuras a idolatria.

ACRÉSCIMOS AO LIVRO DE ESTER


Estes acréscimos objetivam ir além do mero relato secular apresentado pela porção canônica do livro de Ester, costumeiramente lido nos cerimoniais do purim, ressaltando o sentido religioso da obra em sua narrativa original. A Vulgata Latina acomoda esses acréscimos no final do canônico, como um apêndice. A datação aproximada dessa obra está entre 114 a.C. e 78 a.C., para a qual se observa o idioma hebraico, posteriormente traduzido para o grego.
MERECEM CONFIANÇA OS APÓCRIFOS DO ANTIGO TESTAMENTO?
Resumindo toda esta exposição, consideramos que o amplo emprego dos livros apócrifos por parte dos cristãos desde os tempos mais primitivos é evidência de sua aceitação pelo povo de Deus. Essa longa tradição culminou no reconhecimento oficial desses livros como se tivessem sido inspirados por Deus. Mesmo os não-católicos, até o presente momento, conferem aos livros apócrifos uma categoria de paracanônicos, o que se deduz do lugar que lhes dão em suas Bíblias e em suas igrejas.
O cânon do Antigo Testamento até a época de Neemias compreendia 22 (ou 24) livros em hebraico, que, nas Bíblias dos cristãos, seriam 39, como já se verificara por volta do século IV a.C. Foram os livros chamados apócrifos, escritos depois dessa época, que obtiveram grande circulação entre os cristãos, por causa da influência da tradução grega de Alexandria. Visto que alguns dos primeiros pais da igreja, de modo especial no Ocidente, mencionaram esses livros em seus escritos, a igreja (em grande parte por influência de Agostinho) deu-lhes uso mais amplo e eclesiástico. No entanto, até a época da Reforma esses livros não eram considerados canônicos. A canonização que receberam no Concílio de Trento não recebeu o apoio da história. A decisão desse Concílio foi polêmica e cheia de preconceito.
Os livros apócrifos, seja qual for o valor devocional ou eclesiástico que possuem, não são canônicos, o que se comprova por fatos:

Por que não podemos aceitar os livros apócrifos do Antigo Testamento
A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos.
Não foram aceitos por Jesus, nem pelos autores do Novo Testamento.
A maior parte dos primeiros grandes pais da igreja rejeitou sua canonicidade.
Nenhum concílio da igreja os considerou canônicos senão no final do século IV.
Jerônimo, o grande especialista bíblico e tradutor da Vulgata, rejeitou os livros apócrifos.
Muitos estudiosos católicos romanos, ainda ao longo da Reforma, rejeitaram os livros apócrifos.
Nenhuma igreja ortodoxa grega, anglicana ou protestante, até a presente data, reconheceu os apócrifos como inspirados e canônicos, no sentido integral dessas palavras.

Em virtude desses fatos importantíssimos, torna-se absolutamente necessário que os cristãos de hoje jamais usem os livros apócrifos como se fossem Palavra de Deus, nem os citem em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Com efeito, quando examinados segundo os critérios elevados de canonicidade estabelecidos, verificamos que aos livros apócrifos faltam:

  • Os apócrifos não reivindicam ser proféticos.
  • Não detêm a autoridade de Deus.

Diante de tudo isso, perguntamos: “Merecem confiança os livros Apócrifos do Antigo Testamento?” A resposta obvia é: NÃO!


APÓCRIFOS DO NOVO TESTAMENTO

Contrariamente ao que muitos imaginam, a relação de livros qualificados como “obras ocultas” e de procedência incerta, também enumeras escritos diretamente relacionados a Jesus Cristo, inscritos num período posterior ao seu nascimento; ministério; martírio e ressurreição.
Ao contrário do que ocorreu com apócrifos do Antigo Testamento, para o Novo Testamento, não se procedeu a adições de obras “ocultas”, antes, preservou-se a paridade entre as versões bíblicas existentes, contendo todas 27 livros, dispostos na forma atual por influência da Vulgata Latina.
Dado o pouco contato da maioria dos cristãos com os temas relacionados ao cânone sagrado, permanece quase que no anonimato bíblico-literário o rol de escritos neotestamentários que não figuram entre os já consagrados.
Neste domínio, enumeraremos várias composições que, não obstante terem sido exaustivamente examinadas pelos estudiosos judeus e teólogos protestantes, não atenderam aos critérios estabelecidos pelo corpo eclesiástico que deliberou acerca da matéria à época da conclusão do cânon do Novo Testamento.
Foi no transcurso de vários séculos que o cânon passou a se reconhecido, graças a morosidade dos meios de transporte e das formas de comunicação disponíveis, o que proporcionava lentidão na apreciação dos escritos por parte dos cristãos do ocidente, para que, enfim, pudessem estarem cientes das evidências observadas nos volumes que já haviam percorrido o oriente e assim reciprocamente.
No período anterior a 313 d.C., os constantes levantes contra a igreja cristã impediram seu progresso doutrinário e teológico, determinando um intervalo nas pesquisas e considerações e, tanto assim, no processo de reconhecimento dos livros analisados.
Restabelecidas as condições necessárias, alcançou-se, em curto prazo, a relação geral de todos os livros canônicos, consagrados nos Concílios regionais de Hipona (393 d.C.) e Cartago (397 d.C.).
A definição desse primeiro rol de livros sacros inspirados não exigia regularidade precisa, mas isso somente até que Marcião divulgasse seu cânon gnóstico, no qual estava compreendido apenas o Evangelho de Lucas e dez das Epístolas do apóstolo Paulo, procedimento efetivamente concluído no século II.
Cartas e evangelhos apócrifos surgiram durantes os séculos II e III e, tendo em conta que estas obras reclamavam autoridade divina, a igreja cristã, nas pessoas de seus maiores expositores, teólogos e estudiosos da ocasião, precisou demarcar limites para o cânon para que fosse reconhecido como autêntico e inspirado, como os que já eram conhecidos.
Geisler apresenta alguns critérios que poderiam se empregados na distinção dos volumes aos quais se deseja atribuir canonicidade, enfatizando a diversidade entre determinação e descoberta, posto que Deus é o único responsável por determinar a autenticidade, enquanto que ao homem cabe apenas descobri-la. O processo se resumiria nas seguintes etapas:

O livro foi:
Escrito por um porta-voz de Deus;
Que foi confirmado por um ato de Deus;
Que foi confirmado por um ato de Deus;
Que foi confirmado por um ato de Deus;
No poder de Deus e
Foi aceito pelo povo de Deus.

Se a obra já atendia claramente ao primeiro critério, então o título canônico geralmente era dado. A contemporaneidade de homens que tivessem vivido na mesma época do profeta-escritor ou apóstolo, procedia ao atestado de veracidade oficial.
Os pais da igreja de épocas posteriores examinaram a abundância de literatura religiosa para definirem de forma oficial quais dentre as muitas estavam dotadas de inspiração divina, na forma como Paulo cita em 2Timóteo 3.16.

CRONOLOGIA DOS APÓCRIFOS NEOTESTAMENTÁRIOS
26 – 30 d.C.
Crucificação de Cristo.
45 – 70 d.C.
Escrita dos Evangelhos de Mateus e Lucas.
46 d.C.
Paulo inicia seu trabalho missionário.
50 – 70 d.C.
Possível período de compilação da fonte “Q” (frases de Jesus) e das parábolas do evangelho de Tomé.
64 – 70 d.C.
Período da escrita do Evangelho de Marcos.
70 d.C.
Roma reprime a revolta judaica e destrói Jerusalém. Morre a maior parte dos judeus seguidores de Jesus.
90 – 100 d.C.
Escrita do evangelho segundo Hebreus.
Século II
Escrita da maior parte dos evangelhos apócrifos.
144 d.C.
Marcião propõe um cânone com apenas o Evangelho de Lucas e dez epístolas de Paulo.
150 d.C.
Escrita do evangelho de Maria Madalena.
170 – 180 d.C.
Taciano propõe o Diassênteron, uma versão condensada dos Evangelhos tradicionais; obra de sua autoria que a igreja rejeita.
325 d.C.
O Concílio de Nicéia faz uma primeira separação dos Evangelhos canônicos e apócrifos.
335 d.C.
O cristianismo se torna a religião oficial do império romano.
363 d.C.
O Novo Testamento é oficialmente reconhecido como canônico, exceto o livro de Apocalipse.
397 d.C.
O Concílio de Cartago decide reincorporar o livro de Apocalipse.
1546 d.C.
Confirmação oficial do cânon (na forma como surge na Bíblia católica), no Concílio de Trento.
1945 d.C.
O texto de Tomé é encontrado.
Relacionados de acordo com a importância que se lhes atribui até os dias atuais, enumeram-se oito evangelhos cuja repercussão despertou a crítica dos estudiosos, o que lhes granjeou (aos livros) posição de destaque entre as inúmeras obras desse genro. São eles:

Proto-evangelho de Tiago
Evangelho de Maria Madalena
Evangelho de Pedro
Evangelho Segundo os Egípcios
Evangelho de Felipe
       Evangelho de Bartolomeu
Evangelho de Tomé
Evangelho segundo os Hebreus

A seguir relacionamos as principais características dos evangelhos apócrifos, dentre os quais destacaremos com maior ênfase o “Evangelho de Tomé” e o “Evangelho segundo os Hebreus”:

PROTO-EVANGELHO DE TIAGO

O título surgiu a partir da publicação, procedida no século XVI, sendo que até então, era reconhecido apenas por Livro de Tiago; seu autor é desconhecido e, o título, embora queira sugerir produção apostólica, fora aplicado tão somente com o intuito de atribuir credibilidade à obra, segundo a tradição, escrita em parceria com José (carpinteiro), este narrando trechos entra os capítulos XVIII e XXI.

EVANGELHO DE MARIA MADALENA

Dois fragmentos, um copta e um grego, propiciaram a redação desse apócrifo, que é por alguns reconhecido como escrito gnóstico. O texto copta, conhecido em 1896, fora publicado em 1955 e data do século V; o grego publicado em 1938, data do século II.

EVANGELHO DE PEDRO

A atribuição, até hoje, é tida por fictícia, referindo-se a Pedro. A data de inscrição não excede a segunda metade do século II, tendo-se por certo que seu original procede da Síria, crendo alguns, que o berço dessa obra teria sido a Diocese de Serapião, na Antioquia.

EVANGELHO DOS EGÍPCIOS

Referências de Clemente, Hippólito e Epifânio são coesas no sentido de identificar também este apócrifo como gnóstico. Seu título não é incontestável, o que impossibilita uma identificação precisa de seus usuários. Tido com a mais antiga obra gnóstica apócrifa, sua escrituração é datada da segunda metade do século II.

EVANGELHO DE FELIPE

Reconhecido evangelho gnóstico. Os acontecimentos que envolvem Jesus diferem substancialmente daqueles narrados nos evangelhos canônicos. Os trechos preservados em traduções coptas datam de 300 d.C. ou 400 d.C., já a datação dos originais, tida por controversa, está entre 120 d.C. e 180 d.C.

EVANGELHO DE BARTOLOMEU

Há um tema exótico neste apócrifo, retratando um diálogo supostamente havido entre Bartolomeu e Jesus com Belial, no qual Bartolomeu dirige uma pergunta a Belial acerca de sua queda e do motivo pelo qual negara homenagem a Adão, e cuja resposta foi: “Eu fui feito de fogo e água, e primeiro do que ele; eu não adoro o barro da terra”. Daí a provável atribuição de seu nome, isto é, “aquele que não reconhece autoridade alguma.” Data dos séculos II e III.

EVANGELHO DE TOMÉ – O DÍDIMO

A descoberta desse importante manuscrito deu-se em 1945, quando um camponês que vivia na região de Nag Hammadi (principal centro do descobrimento de manuscritos antigos) localizou-o, numa das 150 cavernas existentes nesta região do Alto Egito.
Este evangelho, qualificado pelo autor como “secreto”, possui intensa ligação com o evangelho de Felipe, e despertou grande interesse de pesquisadores do cristianismo primitivo por trazer, como atestam, preciosos esclarecimentos, entre os quais destacam-se:

O fato de distinguir-se completamente do evangelho apócrifo da infância de Jesus, mais conhecido como o evangelho do pseudo-Tomé (ou pseudo-Tomás);
A partir dele torna-se possível identificar três fragmentos dos papiros encontrados em Oxyrhinchus, os quais datam do século III;
Elucida questões atinentes ao pensamento dos gnósticos da época, bem como retrata o pensamento dos judeus-cristãos de então.

Resume-se num apanhado de frases e palavras atribuídas ao Senhor Jesus, além de parábolas evangélicas. É necessário frisar que esta obra deve ser distinta do evangelho do pseudo-Tomé.
Seu caráter gnóstico também fica evidenciado na argumentação, além do que, a existência de trechos de complexo entendimento, atesta prováveis deslizes na tradução do texto grego para o copta. Apesar dessa probabilidade, o grego não figura como idioma original, restando dúvida entre o semita e o siríaco. O seu texto, porém, parece não passar de uma tradução.
A obra em sua integridade, com 114 versículos e apenas um capítulo, caso sofresse a apreciação crítica oriunda da ortodoxia e apologética derivadas dos conceitos canônicos, sucumbiria, sem dúvida, pelas muitas incompreensões que restariam conseqüentes de sua enigmática redação.
No conteúdo desse apócrifo (v.7) encontramos, por exemplo, um trocadilho tão incompreensível quanto àqueles observados em Sabedoria e Eclesiástico, que diz: “Bendito o leão que for comido pelo homem, pois que o leão tornar-se-á homem; e maldito o homem que for comido pelo leão, pois que o leão tornar-se-á homem”.
O v.10 parece contrapor-se ao propósito dos canônicos, já que a suposta sentença prolatada verbalmente por Cristo, nos termos: “Vim para atear fogo ao mundo...”, obsta em primeiro momento dos textos de João 10.10 e 12.47.

EVANGELHO SEGUNDO OS HEBREUS

Este talvez seja o evangelho apócrifo mais antigo e mais citado entre aqueles cujo texto original extraviou-se, apresentando outras variações de nomenclatura, entre as quais: Evangelho Segundo os Hebreus; Evangelho de Mateus e Evangelho Segundo os Apóstolos.
Estudiosos referendam que esta era uma literatura comumente empregada pelos nazarenos e ebionitas. O primeiro grupo, provavelmente, descendentes dos judeus cristãos que, antes da derrocada de Jerusalém no ano 70 d.C., migraram para a orla oriental do Rio Jordão. Em relação ao segundo, não há concordância sobre serem eles os heresiarcas que empregavam o evangelho intitulado dos Ebionitas, fundamentando-se nele para negarem a divindade de Cristo, ou mais um grupo que, embasado na Lei Mosaica, negava a validade da escrita e dos conceitos cristãos, posicionados, logo, como membros do judaísmo contrários à teologia propagada pelo apóstolo Paulo, tida por eles como universalista.
O idioma do texto original, atesta São Jerônimo, teria sido o aramaico, língua usada pelos judeus naquela época, fato que está em conformidade com o título do livro.
Os escritos de São Jerônimo a respeito deste apócrifo também testemunham a tradução desse documento, por este eminente expositor, para o grego e o latim, todavia, não nos restou certeza da conclusão desse trabalho, posto as mesmas não terem chegado a épocas mais recentes.
Semelhante ao Evangelho de Tomé, porções do Evangelho Segundo os Hebreus  permaneceram preservadas apenas na língua siríaca (n.12 e n.13), enquanto que o n.41, remanesce exclusivamente em copta.
É fato que os ebionitas utilizaram apenas do Evangelho de Mateus como fonte de conhecimento e influência, o que explicaria a grande semelhança entre ambos, cogitando-se uma possível adaptação do canônico na versão apócrifa.

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